Fragilidade violenta.

XII- Um pequeno descontrole.


Ignorei tudo aquilo que eu tinha sonhado e tentei ao máximo não me preocupar nem demonstrar nada a respeito, afinal, eu e Luke tínhamos combinado de estudar sobre aquela ilha depois da escola já que sairíamos mais cedo.

Lola também parecia indiferente com tudo. Embora às vezes me olhasse torto durante a aula, e parecesse disputar comigo em qualquer atividade que o professor passasse. O que ela não sabia, era que eu amava rivalidade tanto quanto amava Freya. Ou quase.

Roger, Petter e Kovski não deram uma palavra para perguntar nada, provavelmente querendo me ver livre da preocupação ou achando que não teria sido nada demais, e aquilo me aliviava.

Eu não tinha mais visto Rafael. Ele estava com alguns futuros calouros apresentando a escola, então só nos veríamos novamente amanhã.

Já sobre o Diretor, tinha sido chamada a diretoria por ele. O mesmo só questionou o fato de eu ter passado duas aulas na enfermaria, e eu respondi que era uma questão pessoal – afinal mentir pra ele não era uma opção muito favorável. Do mais, o dia passou como qualquer outro.

~~~~*~~~~*~~~~

—Bom, mas se ela está expandindo e provavelmente é maior que nosso planeta...

—Pode-se dizer que até ela aparecer completamente, o mundo que conhecemos já vai ter acabado. Na verdade, todos os mundos. – Eu disse séria encarando os olhos de Luke, que pareciam não prestar atenção em nada que eu falava, e era difícil manter foco numa conversa com ele olhando toda hora pra minha boca. Era tentador.

—Cara, isso é sinistro demais pra mim. – Ele se deitou esparramado na cama enquanto eu continuava sentada na frente do computador, tentando evitar a tentação de olhá-lo naquela posição. Eu deveria me controlar se tivesse esperanças de um dia ter algo com o Rafael, mesmo que nem eu mesma mais soubesse se queria mesmo. – Aliás, Luna, descobriu algo sobre a Lola?

—Nada que você possa saber ou que eu possa te falar, ainda. – Continuei concentrada e ouvi-o resmungar.Revirei os olhos quando ele se levantou e ficou de pé por trás de mim.

Senti as mãos dele na minha cintura e em seguida me levantando da cadeira e me jogando nos ombros, fazendo com que eu gritasse.

— Mas você vai me falar sim, senhora. Eu não tô usando minhas folgas pra estudar sobre seu mundinho pra você não me contar essas paradas – Ele me tacou na cama e ficou por cima de mim. O contato tão próximo fez com que meus instintos gritassem tão alto que eu quase, quase mesmo o beijei. Mas antes que eu pudesse tentar me soltar, ele começou a me fazer cócegas na barriga e eu ri descontroladamente implorando para que ele parasse. – Vai me falar agora? – Ele riu.

— Não. – Respondi fingindo uma expressão brava. – Agora me deixa terminar, eu tenho que ir pra casa!

— Tem mesmo? Por quê? – Ele continuou pressionando o corpo por cima do meu, e eu gemi de leve não sabendo o que responder. Era obsceno, errado, muito errado. Mas meu desejo era quase incontrolável, e ele pareceu perceber. – Quer que eu me afaste, Luna? – Ele sussurrou.

Sim, quero! Minha sanidade gritava. Não, por favor... Minha luxúria implorava. Eu suspirei me rendendo, não sabia o que fazer.

Cerrei os olhos sentindo seus longos dedos tirando os cabelos do meu rosto. Como uma brisa suave, senti sua respiração na minha nuca e em seguida, a sensação molhada e quente de seus beijos em meu pescoço. Por Odin, aquilo estava me corrompendo.

—L-Luke, para... Por favor... – Eu tentei, mas inconscientemente acabei agarrando os seus cabelos, o que só demonstrava mais o quanto eu estava adorando aquela situação constrangedora e sensual. A sensação quente, molhada e afrodisíaca fazia com que eu tivesse arrepios por todo o corpo e uma estranha pressão se concentrasse em minha virilha, sem contar o volume que eu sentia nas calças dele, também.

Senti sua língua subindo até chegar ao meu queixo, e “chupando” lá de uma maneira que eu nunca achei que pudesse ser carinhosa. Ele encostou a testa na minha e parecia que eu enxergava sua alma no fundo de seus olhos negros.

— Todas as elfas tem esse gosto de morango que você tem? – Ele disse com um sorriso de canto e eu pude ver o seu rubor, mas eu também sentia meu rosto extremamente quente. Então era mesmo de morando aquele creme do vestiário, pensei.

— Não sei, mas elfas não gostam de ser abusadas assim, então sai de cima de mim! – Eu dei soquinhos no peito dele sentindo o quanto eram durinhos, e o ouvi rindo. No fundo eu queria continuar com aquilo pelo resto da noite, o que era muito safado. Ele se levantou e depois se sentou na cama ao meu lado o que me fez fazer o mesmo, e eu acho que ele esperava que eu contasse sobre a Lola.

— Então... – Luke me incentivou.

— Bom, ela é uma elfa da Lua Sangrenta, elfos que são banidos por traição e perdem parte de seus poderes e direitos de permanecer em Saelland. – Ele arqueou a sobrancelha e eu ri. – Saelland é o nome que tem meu mundo, lembrei graças a Lola, aliás.

— Certo, chega por hoje, é demais pra eu processar. – Ele se tacou na cama de novo e eu me levantei pegando minha bolsa na intenção de ir embora. – E pode esperar aí, eu vou com você.

— Eu não preciso que você vá comigo. – Eu disse cruzando os braços de uma maneira desafiadora.

Ele deu um pulo e foi andando em direção a mim enquanto eu tentava me afastar dando passos pra trás. Sua expressão era um tanto quanto irritada, e eu estava com os olhos arregalados quando senti a parede gelada nas minhas costas.

Senti suas mãos em minha cintura de novo, mas dessa vez eu sentia sua excitação pressionada contra o meu ventre e aquilo quase me enlouqueceu. Ele passeou com os dedos nas minhas costas enquanto eu soltava alguns suspiros, até que chegou ao meu cabelo, puxando-os para trás com certa força.

— Se eu “não precisar ir com você”, eu juro que te taco naquela cama de novo, e acredite, você não sai daqui até amanhã de manhã. – Sua voz era sussurrante e eu gemi com aquela sensação quente no meu ouvido. Eu virei o rosto e tentei afastá-lo de perto de mim, o que pareceu deixá-lo irritado. – No mínimo.

Ele se afastou e eu permaneci paralisada enquanto o via sair pela porta com uma expressão enfurecida no rosto. Droga, será que eu tinha feito algo errado?

~~~~*~~~~*~~~~

Fizemos toda a trajetória até minha casa em silencio absoluto, e de certo modo eu achava aquilo meio engraçado: Luke estava com vergonha de andar comigo depois daquilo? Não que eu não estivesse, minhas pernas tremiam e eu respirava ofegante, mas ele era uma coisa meio engraçadinha de se ver envergonhado.

Quando chegamos, ele simplesmente se virou e começou a caminhar de volta para sua casa sem nem ao menos se despedir, o que me deixou meio chateada e mais ainda, preocupada.

—L-Luke... – Eu chamei e ele parou se virando pra mim, um pouco distante. – O que aconteceu?

—Por quê? – Seu olhar era indiferente. Eu arqueei a sobrancelha com uma expressão de “é meio óbvio né queridinha” e ele revirou os olhos. – Sabe, Luna... O que um garoto mais detesta, é uma garota que não sabe o que quer. – Ele me encarou friamente dessa vez. – Você vive me provocando, e depois simplesmente me evita. Como acha que eu me sinto? Hã?

— Mas eu não...

—É, EU SEI, TALVEZ SEJA ESSA SUA MALDITA RAÇA! – Ele gritou fazendo com que meus olhos lacrimejassem. Falar da raça era uma coisa que magoava profundamente elfos, que são tão orgulhosos. – Só que eu também não tenho culpa. E se você é toda apaixonada pelo Rafael, porra, não provoca. – Ele tinha as mãos dentro do bolso da blusa de frio, e desviou o olhar de mim. Eu não sabia o que fazer.

— Me desculpa, eu não queria te causar tanto desagrado. E... Você tá certo, é... De quem eu gosto é o Rafael. – Minha voz era fraca, eu não suportava o pensamento de entristecer o Luke, de maneira alguma. Muito menos gostava de mentir.

Eu o vi vindo em minha direção e acabei deixando as lágrimas tão sentimentais caírem sobre meu rosto. Senti seus braços me envolvendo tão fortemente que eu me senti como uma boneca frágil e impotente.

—É... O Rafael. – Ele sussurrou beijando o topo da minha cabeça e eu senti uma vontade incontrolável de beija-lo ali mesmo. Incontrolável.

Tão incontrolável que antes mesmo de eu perceber, minhas mãos pararam em sua nuca e eu vagarosamente encostei nossos lábios. Foi uma sensação estranha, um calor me atingiu como se eu tivesse entrado em uma fornalha e eu apertei meus braços ao redor do seu pescoço.

Nós não fazíamos nada além de permanecer com os lábios tocados. Sem língua, sem perversões, só a sensação e a imaginação ali naquele momento, e eu devo dizer que foi incrível.

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