Aprendendo a viver novamente

Uma briga, uma consequência.


— Olha aqui mãe, não preciso de ajuda! - falei rapidamente, sentindo os olhos dela cravados nas minhas costas.
— Filha... - minha mãe parou de falar, respirou fundo e continuou. – Por favor Melanny, vamos conversar e diga-me o que está acontecendo com você. - implorou.

Me virei e olhei para ela. Eu não podia contar. Ninguém me entenderia. Nunca entenderam.

— Eu não posso! - digo finalmente.

— Você pode sim! Confie em mim. - tentou me encorajar, como nas últimas mil vezes.

Ela me olhou com um brilho de esperança no fundo dos olhos verdes. Por um momento passou pela minha cabeça contar, mas não contei. Eu não iria arriscar. Eu não poderia arriscar.

— MÃE PODE ME DEIXAR EM PAZ POR FAVOR?! - gritei.
Antes de sair do meu quarto ela se virou para mim e disse:

— Eu te amo Mel! Mas se você não confia em mim, não vou insistir. - e saiu do meu quarto. Corri e fechei a porta me jogando na cama e começando a chorar.

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Vários pensamentos confusos vieram me atormentar de forma que eu não sabia controlar. Acabei dormindo por um bom tempo.

Acordei, levantei da cama e sai do meu quarto, descendo as escadas lentamente enquanto coçava os olhos e então, encontrei minha mãe falando no telefone.

— Clarck eu não aguento mais! Ela também é sua filha e essa é a única solução.

Minha mãe se virou e me viu parada junto a escada, olhou-me espantada e imediatamente desligou o telefone. Saí correndo de casa e mesmo ouvindo a voz desesperada dela me chamando, não olhei para trás nem parei de correr.
Eu não precisava ouvir mais nada. Tinha entendido tudo. Ela queria que eu fosse morar com ele. Tentei não acreditar, mas estava na cara que era isso. Como minha mãe, minha própria mãe, podia está fazendo isso comigo?

Avistei um banco em uma praça e me sentei. Eu precisava pensar, por meus pensamentos em ordem.
Fique lá por mais ou menos uma hora, até que decidi que tinha que falar com minha mãe... Entendê-la e se ela realmente achava que a única solução era eu ir morar com meu pai, eu iria. Quem sabe não é o melhor para mim?

Voltei para casa e, assim que eu entrei, minha mãe correu e me abraçou dizendo:

— Filha me desculpe? Eu não queria que você ficasse assim!

A abracei mais forte.

— A única que tem que pedir desculpas sou eu! Tenho agido de forma muito rude contigo!

Ela me soltou um pouco para que pudesse me olhar, então começou a falar:

— Mel, acabei de falar com seu pai, que concordou em você ir morar com ele. Filha, juro que isso é o que eu nunca queria que viesse a acontecer. - minha mãe começou a chorar e confesso o quanto me doeu ver como ela sofria por minha causa. Limpei as lágrimas dela.

— Mãe, eu te amo muito! Mas se a senhora acha que é o melhor, irei morar com meu pai. Me desculpe por ter deixado as coisas chegarem a esse ponto...