Capítulo 31 – Distanciamento Necessário

Rony saiu da sala arrasado, chorou como um garoto no corredor. Após alguns minutos tentou se acalmar e resolveu sair e voltar para a sala de espera, mas seus olhos vermelhos o denunciaram.

— Minha nossa, o que houve? – perguntou Harry.

— Ela “terminou” comigo... Quer dizer... Nem sei se ela sente como se algo houvesse começado entre nós...

— Dê um tempo para a Mione... Ela precisa ter este período sossegada para poder ajudar na recuperação – disse Gina.

— Eu vou dar um tempo... Mas não vai ser nada fácil... Não sei como vai ser minha vida sem ela...

— Rony, do jeito que você fala parece até que ela morreu... – falou a ruiva.

— A sensação é a mesma... Você precisava ver o olhar dela... Não tinha o mesmo brilho, a mesma paixão... Ela não me ama... Não essa “nova Hermione”...

— Ela está confusa... Se coloca no lugar dela... – disse Harry.

— Mas é diferente Harry... Se era para ela estar no “passado”... Lembro que o olhar dela no passado era diferente, ela já sentia algo por mim... Mesmo quando estava com aquele troglodita do Krum.

— Olha, na pior da hipóteses... Caso ela não se recupere, o melhor que podemos fazer é tentar criar novas lembranças, fazer com que ela se apaixone novamente... – disse Gina.

— Mafalda falou a mesma coisa... – Rony pensou um pouco, suspirou e completou – Bom, acho que hoje não tem mais nada que eu possa fazer por aqui... É melhor eu ir...

Despediu-se de todos e foi embora para A Toca.

[Na Toca]

#Crack

Rony aparatou no jardim e viu Mafalda lendo um livro sentada na varanda.

— Mafalda... Onde está mamãe?

— Está lá dentro arrumando umas coisas do jantar. E aí, como foi a visita?

— Horrível – disse Rony se sentando ao lado da prima – Mione terminou comigo...

— Terminou!?

— Pois é... Nem sei se esse é o termo correto. Porque nem parecia minha Mione. Parecia-mos dois estranhos conversando... Foi bem esquisito.

— Ela está confusa...

— Todo mundo me fala isso... Mas, a única pessoa que ela trata diferente sou eu! Não é fácil!

— Não estou dizendo que é fácil... Mas isso deve ser um reflexo positivo...

— Como pode ser positivo? Ela terminou comigo!

— Presta atenção... Se o que você diz for verdade... Sobre a única pessoa a ser tratada diferente se você... Então é um sinal de que você é a pessoa mais importante na vida dela. E esse trauma causou essa “estranheza”, mas que algo está adormecido dentro dela. Talvez ela precise de estímulos...

— Pode ser... Mas nem sei o que posso fazer com relação a isto...

— Bom, nós vamos descobrir...

— Obrigado prima... Fico feliz que você esteja por aqui para podermos conversar...

— Bom... Mas... Mudando totalmente de assunto. Lembrei que quando éramos criança jogávamos muuuuito xadrez. E estes dias no Beco Diagonal vi uma coleção incrível. Não resisti e comprei para você – falou Mafalda puxando o embrulho para junto de si e entregando ao primo.

— Nossa! Obrigado! Não precisava...

— É só uma pequena lembrança primo...

Rony abriu a embalagem e se surpreendeu.

— Nossa! Eu havia visto essa! Mas custou uma nota! Não posso aceitar...

— Você não só vai aceitar, como vai jogar comigo agora, vamos!

Rony ainda hesitou, mas, não conseguiu se segurar e se rendeu ao pedido da prima. Assim, passaram o resto da noite jogando.

[No dia seguinte...]

— Rony, acorda! – dizia Gina batendo na porta do quarto do irmão.

— Oi Gi... Que desespero é esse uma hora dessas? – falou o ruivo ao abrir a porta.

— Estamos indo ver a Mione, vai se arrumar...

— Eu não vou...

— Mas Ron...

— Foi terrível ontem e não estou recuperado o suficiente para poder sofrer hoje novamente...

— Mas Rony, todo mundo vai...

— Eu sei disso... Mas, olha só... Você mesma me disse que eu devo dar um tempo pra ela. Estou fazendo isso. Então por favor, vamos deixar assim.

— Tudo bem... Tudo bem... Mas, você sabe que ela vai receber alta hoje?

— Não sabia. Mas, espero que ela melhore logo... Torço mesmo! Mas não me peça pra ir lá maninha...

— Tudo bem, eu te entendo. Eu falo pra ela que você desejou melhoras.

— Ok, obrigado – disse depositando um beijo na testa da irmã.

Gina e todos os outros foram ao hospital acompanhar a liberação de Hermione para ir para casa. Rony ficou sozinho em casa.

Decidiu dar uma arrumada em uns papéis antigos da escola, jogar fora o que não utilizada mais e dar espaço para outras coisas que viessem a surgir agora que ele pretende se tornar auror.

Encontrou muitas provas antigas, trabalhos e foi rasgando tudo e jogando em uma caixa de papelão. Para seu desespero encontrou algumas fotos antigas dele com os amigos e isso o deixou um pouco abalado. Pois Hermione estava presente em quase todas.

Depois de um tempo que conseguiu reunir o máximo possível de lixo, colocou a caixa de lado e deitou na cama segurando as fotos. Não conseguiu segurar as lágrimas.

— Mione, você precisa se lembrar de nós...

[No hospital]

— Mione, estamos todos aqui para te dizer que estamos do seu lado, e que vamos te ajudar neste momento... – disse Molly.

— Obrigada Srª Weasley.

— Quero convidar todos vocês para um almoço em comemoração a recuperação da nossa Hermione.

Todos concordaram.

— Inclusive, vocês também estão convidados – falou para os Grangers.

— Obrigada Molly. É muita consideração sua. – disse Wendell.

Hermione cochichou para Gina.

— Gi, onde está o Rony?

— Ai Mione... Tá complicado pra ele viu!? Mas ele te entende...

— Mas ele entendeu porque tivemos aquela conversa ontem? - interrompeu a morena

— Entendeu, mas não aceitou muito bem... Você sabe como ele é... Terminar com você foi um baque tremendo...

— Imagino... Eu queria que fosse diferente. Mas, continuar esta história da forma que eu estou, toda confusa... Não seria correto... Ele merece ter uma pessoa por inteiro... E não me sinto dessa forma agora...

— Entendi... Mas isso vai se ajeitar... O tempo cura tudo.

— Assim espero... Gi...

— Oi...

— E Viktor? Eu ainda mantenho algum tipo de contato com ele?

— Que eu saiba não, já faz um bom tempo que você me falou dele.

— Hum... Entendi.

— O que foi?

— Nada, só preciso tentar entender o que eu sou hoje em dia, o que eu faço... Podem ser coisas assim que me ajudem a nortear minhas ações de agora em diante.

— Certo... Estou entendendo... Está pensando em voltar a falar com ele?

— Não sei... Foi uma ideia que me passou pela mente, mas não sei dizer...

— A única coisa que sei, é que vocês nãod eram certo por conta da distância...

— Lembro que isso é complicado pra nós... Digo... Era complicado pra nós naquela época...

— Hum... Hum...

— Bom, então vejo você amanhã no almoço – disse Hermione esticando o braço para abraçar a amiga.

Hermione foi para sua casa e toda a família Weasley retornou para a Toca.

Ao chegarem na Toca Harry perguntou:

— Gi, será que o Rony ainda está lá no quarto?

— Deve estar, Harry... Vai lá dar uma força pra ele...

— Vou sim... Vou ver o que posso fazer por ele – disse dando um selinho na noiva e se dirigindo ao andar de cima.

[No quarto]

Rony arrumava alguns itens de colecionador do Chudley Cannos quando ouviu alguém bater na porta.

— Quem é? – perguntou.

— Harry!

— Pode entrar!

— E aí amigão, vim saber como você está...

— Péssimo... Mas vou melhorar...

— É isso que queremos ver! – falou Harry incentivando-o – O que está fazendo?

— Arrumando o quarto, me livrando de umas coisas antigas para dar espaço para o que vier de novo agora que não estamos mais na escola.

— Isso é muito bom... Vai doar a coleção?

— Hahaha, muito engraçado! Só estou organizando.

— Hum... Certo...

— Mas o que foi? Como foi a saída dela do hospital?

— Foi tranquila. Agora ele foi pra casa dela. Mas amanhã ela está por aqui. Sua mãe vai organizar um almoço com as duas famílias.

— Hum... Legal... Assim quem sabe eu posso ter uma chance...

— Chance de quê?

— De tentar reconquistá-la...

— Pois é... Mas, vai com calma tá?

— Certo, vou respeitar o espaço dela. Fique tranquilo.

— Bom, eu também queria saber se está pensando em fazer algo mais tarde.

— Na verdade não.

— Então que tal sairmos para tentar espairecer um pouco?

— Pode ser. Gina também vai?

— Só se você quiser... Mas estava pensando em ser uma noite dos amigos sabe? Poderíamos até chamar Jorge, Neville e Simas...

— Hum... Gostei da ideia, acho que vai ser legal encontrar com todos e colocar o papo em dia...

— Então posso combinar?

— Por mim tudo certo!

Harry combinou o encontro dos amigos e assim puderam se encontrar como nos velhos tempos, quando havia aqueles passeios a Hogsmead. A noite correu tranquila e Rony pôde esquecer um pouco todo o drama que estava vivendo com Hermione.