Intrínseco

Sua Pele


O racismo não existe, aê
Ele 'ta nos olhos de quem vê
O sinhozinho já chamou, aê
Com arrogância, para quê ?
O chicote já bateu, rasgou minhas pele, minha alma
Eu já não sou mais humana, sou tratada como escrava
Minha pele já ferveu, no sol quente da lavoura
E no mercado eu já fui, valho menos que a arroba
Fui trazida pro Brasil, em um navio negreiro
E agora me perguntam, "se eu sou mesmo brasileira"
Meu passado foi roubado, lá na terra que eu nasci
O meu povo, devastado, arrancado da raiz
A polícia me parou, me prendeu, me bateu
Morta em um camburão sem saberem quem sou eu
Indigente nessa vida, como fui lá no passado
Era morta pela fuga, na senzala ou no mato
Amarrada ao pelourinho, clamando por minha vida
Hoje não é diferente, eu que lambo minhas feridas
Aqui não tem mais quilombo, mas'inda dá pra proteger
O meu povo dos abusos, que a gente sofre até morrer
Espancado até a morte o traficante, mó otário
É a manchete de amanhã que tá no noticiário
O menino da favela, do subúrbio, coisa e tal
Confundido com bandido, só assim sai no jornal
E ainda vem gente dizer, que eu sempre tô exagerando
Se eu sou mesmo radical, quem é que são esses humanos ?

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