O garoto novo

Capítulo 40


Paguei o taxi e fui deixar o Gui na casa dos pais do Art, toquei várias vezes a campainha, mas ninguém atendeu. Acabei levando ele pra minha casa e deixei ele dormindo na minha cama. Desci pra sala e fiquei esperando a tia Marta chegar em casa.

E o pior disso foi que quando eu finalmente me sentei no sofá da sala, comecei a pensar. E isso na minha situação era muito ruim. Primeiro porque o Art estava solteiro. Quando eu voltei de Londres, mesmo ainda sendo apaixonada por ele, eu não contava com a possibilidade de encontrar ele solteiro. Aí eu descubro que além de solteiro, ele ainda está apaixonado por mim. Juntando tudo isso ao fato de que ele não tinha ficado com nenhuma menina depois de terminar comigo, porque a única depois de mim foi a Priscilla, tornava a minha situação extremamente complicada.

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Minha vida estava complicada demais, eu ainda amava o Art do mesmo jeito de quando a gente namorava, mas isso não ajudava, porque por mais que nós ainda gostássemos um do outro, eu tinha a sensação de não merecer ele. Eu estava no meio desses devaneios quando o telefone tocou:

Ligação on

Manu:– Alô.

xXx:– Anãzinha, bora sair mais tarde? – Reconheci a voz como sendo a do Rodolfo.

Manu:– Pode ser. – Tentei disfarçar a voz de cu que eu tava.

Rodolfo:– Que foi?

Manu:– Que foi o quê? – Perguntei confusa.

Rodolfo:– É obvio que tu não tá bem, fala logo o que foi.

Manu:– Não foi nada, sério. Eu to bem.

Rodolfo:– Manuela, eu te conheço, tu não tá bem. Eu vou passar aí, chego em vinte minutos, no máximo.

Manu:– Rodolfo, não... – E ele desligou na minha cara.

Ligação Off

E esse era o problema de ter amigos que te conhecem tanto a ponto de saber como você se sente só pela voz. Eu não tava afim de conversar com o Rodolfo, porque ele ia encher meu saco até eu falar o que tinha acontecido. E ele era o único que me fazia falar mesmo que eu não quisesse, com as outras pessoas se eu não quisesse falar de jeito nenhum, conseguia me controlar, até mesmo com o Vini. Mas o Rodolfo não, ele me convencia sempre.

Tava tão absorta nos meus pensamentos que quase não vejo a tia Marta chegando, abri a porta e gritei por ela. Ela virou pra ver quem era e atravessou a rua. Assim que chegou na porta me abraçou.

Ficamos conversando um pouco e eu fui buscar o Gui pra ela. Entreguei ele e me despedi dela. Pouco tempo depois o Rodolfo chegou:

Rodolfo:– Oi. – Ele me abraçou.

Manu:– Oi, entra.

Ele se jogou no sofá e ficou me encarando.

Rodolfo:– Então, agora pode falar.

Manu:– Não foi nada, é sério, Rodolfo.

Rodolfo:– Tu sabe que tu não vai conseguir continuar mentindo por muito tempo né?!

Manu:– Ahhhh. Eu te odeio.

Rodolfo:– Também te amo, anã. Agora desembucha.

Manu:– Eu fui na casa do Art.

Rodolfo:– Já to imaginando o que foi, mas prossiga.

Manu:– A gente ficou e ele me contou que nunca transou com a Priscilla, nem mesmo no dia do aniversário dele.

Rodolfo:– Continua.

Manu:– Bom, agora eu estou muito confusa...

Rodolfo:– Normal. – Nós rimos.

Manu:– Enfim, eu to muito confusa porque quando eu voltei, não pensava que ia encontrar ele solteiro. E o pior disso tudo é que eu encontrei-o solteiro, ainda apaixonado por mim e pelo visto, na seca. Sendo que eu fiquei com uns dois ou três garotos em Londres para tentar esquecer ele.

Rodolfo:– Entendi... E me deixa adivinhar. Tu tá se sentindo culpada e achando que não merece o Art.

Manu:– É...

Rodolfo:– Qual o problema de vocês dois? Porque vocês dois não se convencem que foram feitos um pro outro? Manuela, quando tu foi pra Londres o Arthur sofreu muito, como eu nunca tinha visto antes, mesmo quando vocês ficaram separados, na época que tu reatou com o Pedro. Ele te ama mais que tudo, ele me disse que quando te viu entrando no avião a vontade que ele teve foi de sair correndo atrás de ti e não te deixar ir, mas ele não fez isso... Ele não fez isso porque ele te amava, ainda ama na verdade, e por isso ele sabia que não devia te impedir de ter a chance da tua vida. Ele abriu mão do amor da vida dele porque te amava. Mas ele me disse que não era só por isso. Ele te deixou ir, porque ele achava que tinha te magoado demais que já tinha te feito passar por coisa demais, tinha te feito muito mal e não queria nunca mais fazer isso, mesmo que pra isso ele tivesse que te deixar. Ele achava que não te merecia, porque na concepção dele tu era boa demais pra ele. E tu acha exatamente a mesma coisa dele. Manu, vocês já passaram por coisas demais juntos, vocês já superaram um pai idiota, uma vadia atirada, um skatista traficante, uma distancia enorme por mais de dois anos. Você passaram por tudo isso e mesmo assim continuam se amando, qualquer casal no lugar de vocês teria desistido na metade do caminho, teria esquecido o outro, mas vocês não... Vocês continuam se amando. Manu, pelo amor de Deus, nenhum de vocês é bom demais pro outro. Tanto tu, como o Art tem defeitos e isso faz de vocês melhores ainda, porque mesmo com esses defeitos o amor de vocês não morre, vocês foram feitos pra ficarem juntos e se mesmo tendo passado por tudo isso vocês deixarem de ficar juntos por acharem que não são bons o suficiente, eu juro que eu bato a cabeça de vocês na parede, até vocês perceberem que tem que ficar juntos.

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Não preciso nem dizer que eu já tava chorando quando ele terminou de falar né?!

Manu:– Eu juro que eu não sei como tu consegue saber exatamente o que se passa dentro de mim, mas eu sei que eu amo isso. – Ele me abraçou e eu deixei a camisa dele toda molhada com as lágrimas.

Depois que eu me recompus, ele me perguntou se eu tava afim de sair com toda a galera. Eu acabei aceitando, depois que ele me garantiu que o Art ia, porque eu precisava falar com ele o quanto antes. Ele combinou de passar na minha casa 19h00min pra me pegar e de lá a gente ia pra um restaurante que tinha uma boatezinha de leve no segundo andar.

Quando meus pais chegaram, avisei que ia sair. Tomei banho e fui me arrumar, coloquei um vestido preto com a parte acima do decote toda feita de renda, calcei um salto azul e peguei uma bolsa da mesma cor. Deixei o cabelo solto e passei só rímel, um batom vermelho e passei sombra preta com platinado. Quando deu 19 em ponto o Rodolfo buzinou.

Desci, me despedi dos meus pais e fui. Quando chegamos lá só a Ju e o Kaio tinham chegado, o Luc e a Van chegaram pouco tempo depois, seguido do Pepe e da Pamela e também do Vini e da Déh, o Art foi o último e tava lindo.