Na terça-feira, Davi e Megan combinaram de passar o dia juntos. A garota iria com ele a todos os locais onde ele gostaria de filmar falando sobre sua vida, e depois iriam para a casa de Rita, revirar as caixas de fotos que havia lá.

_ Então, onde vamos primeiro? – os dois estavam no carro de Herval, que chamava menos atenção. Megan estava com os cabelos presos em um coque, em uma tentativa de não atraírem muita atenção.

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Brian e Dorothy haviam conversado com os dois e Jonas, e explicado que a exposição do relacionamento poderia gerar represálias para o reality, por Davi ser participante. Não pediram que escondessem, apenas que fossem discretos, o que estava sendo estranhamente fácil.

Em uma semana que estavam juntos, nenhuma foto dos dois havia saído na mídia, e Megan estava longe dos holofotes. O grande lance dos sites de fofoca era a trigésima ida de Lindsey Lohan para a reabilitação.

_ O calçadão não faz muito your style. – comentou Megan, enquanto o rapaz estacionava o carro.

_ Mas cachorro quente sim. – ela arregalou os olhos – Aqui no Brasil rolou uma novela, que tinha uns personagens que vendiam hot-dogs, e aí um cara pegou e trouxe isso aqui para o calçadão... Hotdog do Félix.

_ E você vai me fazer comer hot-dog here? – ela arregalou os olhos, arrancando risos do rapaz.

_ Relaxa loirinha, é tudo limpo. – ele piscou, saindo do carro – Agora vem logo.

Eles caminharam até o quiosque, decorado como se fosse uma van. Um rapaz magrelo apareceu atrás do balcão, com uma flor na cabeça e a camisa amarrada, deixando a barriga a mostra. Megan arregalou os olhos, estarrecida.

_ Bem vindos ao Hotdog do Félix, posso ajuda-los?

_ Dois hot-dogs, completos e caprichados. – o hacker pediu, dando o dinheiro. Encarou Megan, que ainda estava estarrecida – Você vive com a Dorothy e se choca com isso?

_ Dorothy é uma coisa. Isso é outra totally different. – ela engoliu em seco ao ver os sanduíches – Eu não consigo comer isso, no way.

_ Obrigado. – Davi ignorou a garota, apanhando os lanches. Logo, o atendendo começou a gritar, chamando freguesia, enquanto o casal se afastava, Megan ainda olhando aquilo chocada – Achou que gente excêntrica era exclusividade americana?

_ Davi, é sério... I can’t eat this. Minha calça vai, like, explodir. – ela encarou o lanche – E não tem garfo e faca.

_ Claro né Megan, você come mordendo. – ela arregalou os olhos de novo – Você nunca comeu hot-dog?

_ Já. Mas era much smaller e bem mais chic.

_Mereço cachorro quente gourmet. – bufou Davi, apanhando o lanche – Me copia, tá bom?

Ela assentiu, pegando o lanche com cuidado. Davi riu, puxando uma parte do suporte e mordendo o lanche, indicando que ela fizesse o mesmo. Megan encarou o sanduíche, suspirando, antes de abrir a boca e mordê-lo.

Começou a mastigar, toda sorridente por ter conseguido comer, até ouvir Davi gargalhando.

_ Espera um segundo, por favor. – ele soltou o hot-dog, apanhando o celular e tirando uma foto da garota – Pronto, pode se olhar porquinha.

Ele virou o celular para Megan, que quase deu um grito. Na foto, ela aparecia com o nariz sujo de catchup, enquanto as laterais de sua boca estavam sujas de purê de batata e mostarda. A patricinha deixou o lanche na mesa, apanhando todos os guardanapos possíveis e esfregando na cara.

_ Como você não fica all dirty like me? – ela fez biquinho.

_ Anos de prática loirinha. Mas você foi bem. – ele acariciou o rosto dela – A primeira vez que minha mãe trouxe eu e o Matias comer cachorro quente, nós parecíamos palhaços, com a boca toda suja e colorida.

_ Please, diga que tem pictures disso. – ela pegou o lanche temerosa, mordendo com cuidado.

_ Isso, sujou menos. – Davi riu, limpando com o dedo – Tem uma, sim. Minha mãe comprou uma maquininha quando eu tinha três anos, então temos uma foto. Ruim, mas temos.

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_ E o que vocês filmar aqui?

_ Nada, só queria te trazer comer cachorro quente. – ele sorriu travesso, vendo-a cerrar os olhos – Qual é, se eu te chamasse sem desculpas, você nunca viria. E vai dizer que não gostou?

_ You’re so stupid. – ela bufou, enquanto continuava seu lanche.

~*~

No final da tarde, o casal voltou a Gambiarra. Haviam passado pela praia da dança na chuva, onde Davi falou sobre os pais. Visitaram o campus da faculdade, onde o rapaz contou sobre sua vida acadêmica. E por fim foram a Plug@r, onde ele falou sobre Rita, Herval, Matias, Dante e o trabalho que a ONG realizava.

_ Bom, tá aqui todas as caixas de fotos. – sorriu Rita, entregando para o filho – Vocês já gravaram tudo?

_ Já sim. – confirmou Megan – E o Davi falou tão pretty sobre os pais biológicos.

_ Queria ter falado mais, só que não sei muita coisa. – o hacker admitiu, enquanto olhava as fotos. Rita suspirou, atraindo a atenção dele – Que foi mãe?

_ Filho, eu acho que você já é bem grandinho para saber a verdade das coisas. – o rapaz franziu o cenho, imitado por Megan. Rita apanhou as caixas de fotos, colocando sobre a mesinha de centro – Davi, eu não sou sua tia.

_ O que? – o nerd arregalou os olhos, surpreso – Que história é essa?

_ Eu e a sua mãe, nós nos conhecemos na faculdade. Nós duas fazíamos pedagogia, e nos tornamos amigas quase instantaneamente. Tínhamos valores e ideias semelhantes, e nos dávamos muito bem.

_ Faculdade. – Davi fez eco, os olhos perdidos. Megan deslizou a mão até a dele, entrelaçando seus dedos. Ele apertou a mão delicada dela, tremendo.

_ E-eu não conheci o seu pai. – suspirou Rita – Sua mãe sempre falava sobre ele, o namorado que ela tinha. Mas nunca me disse o nome, nem nada disso. Quando ela descobriu que ela estava grávida... Bom, eles dois ficaram em festa, pelo menos no primeiro momento. – Davi encarou a mãe adotiva com os olhos desesperados – A doença da sua mãe, ela veio com a sua gravidez. Foi uma gravidez delicada, de risco, ela ficou o tempo todo de cama. Quando você nasceu, ela aguentou o quanto conseguiu, mas ela estava muito debilitada, e nós não tínhamos como cuidar dela, e infelizmente ela morreu.

Davi absorvia as palavras com lentidão, tentando processar tudo que Rita havia dito. Megan segurava sua mão com força, acariciando-a vez ou outra, sem saber ao certo o que fazer.

_ E o meu... Pai? – ele engoliu em seco, e Rita suspirou.

_ Eu não sei ao certo o que aconteceu, mas um dia, ele simplesmente foi embora. Eu fui levar uns trabalhos para a sua mãe, e ela disse que ele simplesmente havia partido, que você e ela eram empecilho para o sucesso dele. – a pedagoga suspirou – Que ele escolheu a carreira, ao invés de escolher vocês.

O nerd assentiu em silêncio, sentindo os olhos transbordarem de lágrimas. Megan o puxou para si, o abraçando, enquanto ele enterrava a cabeça no colo dela e começava a chorar, como havia muito tempo não chorava. Chorou alto, forte, sofrido. Chorou com todo o coração.

A patricinha acariciava suas costas com carinho e delicadeza, enquanto sussurrava pedindo que ele se acalmasse. Mas era impossível, ela sabia disso. Se ouvisse uma revelação como aquelas, seu mundo cairia. Apesar das brigas, sua mãe e Jonas eram tudo que ela tinha na vida, e não suportaria que essa certeza fosse destruída.

_ Davi, eu não quero que você duvide nem por um segundo do quanto sua mãe te amou. – pediu Rita, se ajoelhando em frente ao sofá e acariciando os cabelos do rapaz – Eu te garanto que a Sandra te amou cada segundo da vida dela, desde o momento em que você existiu dentro dela. Ela te esperou e cuidou de você com todas as forças que tinha, e fez o melhor para que você tivesse um futuro. Ela pediu tanto que eu e o Dante cuidássemos de você como cuidávamos do Matias, porque ela queria que você fosse alguém como você é hoje: íntegro, correto, batalhador. Eu já te disse isso muitas vezes, mas eu repito: sua mãe teria e tem muito orgulho de você, não importa onde ela esteja.

Ele apenas se atirou para a mãe, a abraçando apertado. Ela o envolveu carinhosamente, deixando que ele chorasse o quanto quisesse. Megan se sentia uma intrusa naquele momento, mas sabia que Davi precisava dela, de um jeito ou outro.

_ Isso pode ficar apenas entre nós três? – sussurrou ele, quando conseguiu se acalmar – Você e o Dante são meus tios, meu pai morreu em um acidente e minha mãe adoeceu, essa é a minha história, a minha vida.

_ Se você quiser, é claro que podemos. – concordou a pedagoga.

_ For me too. – garantiu Megan, enquanto Davi pegava sua mão – Acho melhor escolhermos as pictures depois, você não está very well.

_ Megan está certa. – Rita acariciou o rosto do filho – Vai descansar querido, dormir um pouco.

Davi apenas assentiu, beijando o rosto da mãe e se levantando. Ele estendeu a mão para Megan, que se levantou e seguiu com ele para o quarto. Não passavam todas as noites um na casa do outro, mas não conseguiam evitar que isso acontecesse na maioria.

_ Você está ok? – perguntou Megan, após um tempo. Ela estava escorada à cabeceira, com a cabeça de Davi em seu colo, lhe fazendo cafuné.

_ Eu não sei o que eu to sentindo. – ele admitiu, abraçado com uma das pernas dela – Eu to bem confuso sobre tudo.

_ Não liga para o seu pai, ele foi asshole. – pediu a loira – O que importa é que você teve uma mãe que loved you very much, e que te deu essa família amazing.

_ Você tá certa. – ele concordou com um sorriso amarelo, e Megan puxou o rosto dele.

_ Nós não precisamos falar disso, if you don’t want. – ela garantiu – Eu posso apenas te abraçar e protect you, até você dormir.

_ Me proteger do que loirinha?

_ Desse monte de shit que está na sua cabeça. – a patricinha se ajeitou na cama, aninhando o rapaz a si. Ele riu da atitude dela, deitando a cabeça sobre o peito de Megan e escutando seu coração – Pode dormir Davi, I’m gonna stay here.

_ Para sempre? – ele sussurrou, erguendo os olhos e encarando os dela – Megan, você quer namorar comigo?

_ What?

_ Eu sei que é rápido, e que a situação tá meio louca por conta do reality, mas eu gosto de você e do nosso relacionamento. E eu quero que seja oficial. Pelo menos, o mais oficial possível. – ele explicou – Então, você aceita ser minha namorada, pra valer?

_ Achei que já fossemos boyfriend e girlfriend, ou você só estava me enrolando stupid boy? – Megan brincou, fazendo Davi rir – Of course que eu aceito, my stupid, stupid boy.

_ Minha loirinha chata. – ele riu, a abraçando mais apertado – Obrigado por estar aqui.

_ Eu não vou a lugar nenhum, never more.

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