Cartas de Amor
De volta aos sábados a noite
– Você acha que está muito cedo pra você me ligar?
Essa é Annabeth, falando coisas sem sentido logo no café da manhã, acho que a festa de ontem provavelmente não fez muito bem pra ela.
– São dez horas da manhã de um sábado, eu acho que está cedo. Pode me passar a manteiga?
– Não foi isso que eu quis dizer. - Ela respondeu me passando a manteiga. - Eu queria saber se está muito cedo pra você me ligar e me convidar pra sair.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Nós moramos juntos! Por que eu te ligaria pra te convidar pra sair? Posso fazer isso pessoalmente. Então, onde você quer ir?
– Não, você ainda não entendeu. Passa a faca por favor.
– Não entendi mesmo. - Respondi enquanto lhe entregava a faca.
– Você pegou meu número ontem, na festa, lembra? O próximo passo deve ser você me ligar e me convidar pra sair, certo? - Annabeth perguntou curiosa.
– Certo.
– E então, está muito cedo pra você me ligar? - Ela indagou novamente.
– Se eu não te conhecesse diria que você está desesperada pra sair comigo.
– Eu não estou desesperada. - Ela tentou se defender.
– Annabeth, são dez horas da manhã e a festa foi na sexta, ou seja, ontem. Tem certeza de que não está desesperada? - Questionei irônico.
– Talvez eu esteja um pouquinho. Mas qual é? Eu preciso saber o que aconteceu depois! - Ela se justificou fazendo uma carinha fofa.
– Não sei não!Acho que está muito cedo! Acho que eu deveria esperar mais um pouco pra te ligar, tipo, uns dez dias! O que você acha? - Resolvi torturá-la um pouco, porque não há nada melhor do que torturar uma mulher desesperada no café da manhã.
– Por mim tudo bem, amorzinho! - Ela respondeu fazendo uma expressão fofa e compreensiva, e seria completamente adorável se ela não tivesse apontando a faca pra mim de uma maneira extremamente psicopata.Pensando melhor: não há nada melhor do que sair vivo do café da manhã. Sério.
– Vou pegar o celular. - Afirmei enquanto a loira dava um sorriso vitorioso.- Aqui. - Disse entregando o celular dela pra ela e a terceira carta para servir de roteiro.
– Então, como vai funcionar? Você vai fingir que me liga e eu fingir que estou surpresa com a sua ligação?
– Basicamente isso.
– Faça as honras.
Coloquei o celular na orelha, o que fez a situação toda parecer bem patética, ainda mais porque nós estávamos sentados frente a frente.
– Alô. Annabeth? - Comecei.
– Sim? Quem é? - Ela entrou no papel.
– Seu futuro marido. - Brinquei.
– Seu bobo. Isso não está na carta, siga o roteiro. - Ela disse tentando me repreender,porém estava rindo.
– Mas não é verdade? - Provoquei.
– É sim. - Ela disse com um sorriso enorme que recompensou toda aquela situação ridícula.
– Você tem bom gosto, Annabeth.
– Eu sei. - Annie falou isso olhando nos meus olhos, sem nem tentar negar, o que definitivamente fez todo o meu esforço valer a pena e me fez sorrir largamente também.
– Agora responde de verdade. Quem é?
– Percy.
– Ah! Oi Percy, como está?
– Muito bem, e você?
– Ótima.
Fiquei em silêncio depois enquanto Annabeth continuava a ler o resto do diálogo e entendesse que apesar de ser minha vez de falar não foi exatamente isso que eu fiz.
– Own! Você era tão tímido! Que gracinha!
Poderia parecer fofo pra ela, mas não era nada legal na época.
– Então, por que me ligou? - Ela continuou.
– Ah, bem, então, eu queria saber se você vai fazer alguma coisa hoje a tarde.
– Não tenho nenhum plano, por quê?
– Eu estava pensando que nós podíamos, sei lá, tomar um café.
– Eu odeio café. - Ela começou a rir muito quando pronunciou isso. - Eu realmente disse isso?
– Disse. Você me deixou muito constrangido na hora. Não foi a coisa mais legal que você já falou.
– Eu não sei se eu adoro a minha sinceridade ou me odeio por ter feito isso!
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Continuando o momento " vamos constranger o Percy". Hã. É. Que tal ir ao cinema então?
– Oh! Eu não aguento mais comer pipoca.
– Ah!- Pronunciei essas duas letras que não parecem nada inteligente juntas.
–Mas eu gosto de pizza, conhece alguma pizzaria boa?
– Tem uma que inaugurou faz pouco tempo, poderíamos ir lá. O que acha?
– Parece bom. Me pega as sete?
– Claro, qual seu endereço?
– Moro no seu apartamento mesmo.
– Nosso apartamento.- A corrigi.
– Nosso apartamento. - Annabeth repetiu.- Percy? - Ela voltou pra interpretação.
– O quê?
– Isso é um encontro?
– Só se você quiser.
– Eu quero. Mas isso quer dizer que você vai ter que me elogiar,muito.
– Pode deixar isso comigo.
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– Ei! Eu já vim aqui! - Annabeth afirmou enquanto nos acomodávamos na mesa da pizzaria.
– É claro que já, nós estamos revivendo nosso primeiro encontro. Lembra?
– Não foi isso que eu quis dizer. Você me trouxe aqui depois do acidente. Lembra?
– Lembro. E você gostou daqui?
– Muito.
– Você está muito bonita hoje, e eu falo isso não só porque eu prometi ou porque eu falei isso alguns anos atrás. - A elogiei.
– Obrigada. Você também está bem bonito. E eu não prometi nada e nem lembro de ter falado isso.
– Então vou acreditar em você. Vamos pedir?
– Qual pizza eu pedi na época?
– Quatro queijos.
– Foi a mesma que você pediu da vez passada. Estava tentando reviver nosso primeiro encontro sem nem me avisar. Que feio senhor Jackson.
– Não foi nada disso. - Tentei mentir, porque era exatamente isso.
– Sei que não. – Annabeth pronunciou e eu fiquei em dúvida se ela havia sido irônica ou compreensiva, porém achei melhor deixar por isso mesmo. – E então, sobre o que nós devemos conversar?
– Sobre o que você quiser. – Afirmei.
– O que a carta manda?
– Ela manda que nós nos conheçamos.
– Ok! Você começa perguntando. – Ela declarou como se fosse uma brincadeira e ela estivesse ganhando.
– O que você quer fazer quando se recuperar totalmente do acidente?
– Como assim? – A loira perguntou duvidosa.
– No que você quer trabalhar? Você trabalhava como arquiteta e eu tenho que te confessar, era a melhor da cidade e aposto que ainda pode ser.
– Está falando sério? – Annabeth perguntou com os olhos brilhando, como ela sempre fazia quando o assunto era arquitetura.
– Mais que sério. – Confirmei. – Ia até abrir seu próprio negócio, já tinha até comprado o lugar.
– Ai meu Deus! E você me diz isso só agora? – Ela parecia uma criança que tinha acabado de ganhar o melhor presente de natal.
– Você nunca perguntou.
– Mas eu também não perguntei agora.
– É verdade, esquece o que eu disse.
– Nem morta.- Ela falou rápido demais e alto demais.- Você tem que me levar pra conhecer esse lugar. – Ela praticamente me obrigou.
– Mas a próxima carta diz... – Fingi-me de desentendido.
– E daí? Nós podemos seguir as cartas e fazer isso. Por favor, prometa-me que vai fazer isso.
– Eu prometo.- Afirmei solenemente enquanto comíamos nossa pizza, era algo tão simples que não precisava de promessa, a levaria amanhã mesmo, mas mesmo assim, prometi, e prometeria de novo só para poder voltar a ver aqueles seu cinzentos olhos brilhando mais uma vez.
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