Eu Gosto Desse Abraço [HIATUS]

"That' Why I Love Danger"


"That's Why I Love Danger"

Os dois dias seguintes transcorrem sem grandes incidentes, a não ser que se leve em conta o sexto caldeirão derretido por Neville na aula de Poções. O Professor Snape, que, durante as férias, parece ter alcançado novos níveis em sua gana de se vingar do garoto, deu-lhe uma detenção, da qual Neville voltou com um colapso nervoso, pois teve que destripar uma barrica de iguanas.

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— Você sabe por que Snape está nesse mau humor tão grande, não sabe? — pergunta Rony a mim e Harry, enquanto eu tento ensinar a Neville um Feitiço de Limpeza para remover as tripas de iguanas presas sob suas unhas.

— Hum-hum — dizemos eu e Harry. — Moody.

É do conhecimento de todos que Snape quer realmente o lugar de professor de Artes das Trevas, e acaba de perdê-lo pelo quarto ano seguido.

Snape detestou todos os professores anteriores dessa matéria e demonstrou isso — mas parece ter extrema cautela para esconder sua animosidade contra Olho-Tonto Moody. De fato, sempre que eu vejo os dois professores juntos — na hora das refeições ou quando passam pelos corredores — tenho a nítida impressão de que Snape evita os olhos de Moody, fosse o mágico fosse o normal.

— Acho que Snape tem medo dele, sabe — diz Harry pensativo.

— Imagine se Moody transformasse Snape em iguana — diz Rony, seus olhos se toldando. Eu sou obrigada a rir com essa. — e fizesse ele ficar saltando pela masmorra...

Outra coisa que vem me enchendo muito o saco é Jorge. Sim, ele mesmo. Desde o meu "selinho" com Fred dois dias atrás ele vem me enchendo o saco mais do que o normal. E eu também não posso ficar na presença de Fred sem ficar com vergonha, mas eu disfarço bem. É, pelo menos eu acho, né. Hermione também não deixa de dar risadinhas ou me cutucar quando Fred está por perto, o que começou a ficar extremamente irritante, mas sempre que eu falo isso pra ela, ela fala que é pra isso que servem os amigos. Grandes amigos esses, hein. É incrível.

Todos nós alunos da quarta série da Grifinória estamos tão ansiosos para ter a primeira aula com Moody que, na quinta-feira, chegamos logo depois do almoço e fazemos fila à porta da sala, antes mesmo da sineta tocar. A única pessoa ausente é Hermione, que chega no último instante para a aula.

— Estava na...

—... biblioteca — termino a frase dela.

— Anda logo senão não vamos arranjar lugares decentes. — diz Harry nos puxando.

Nós corremos para pegar quatro cadeiras bem diante da escrivaninha do professor, apanhamos nossos exemplares de As Forças das Trevas: Um Guia Para Sua Proteção, e esperamos anormalmente quietos. Não tardamos a ouvir os passos sincopados de Moody que vêm pelo corredor e que, ao entrar na sala, parece mais estranho e amedrontador que nunca. Seu pé de madeira em garra aparece ligeiramente por baixo das vestes.

— Podem guardar isso — rosna ele, apoiando-se na escrivaninha para se sentar —, esses livros. Não vão precisar deles.

Todos tornamos a guardar os livros nas mochilas, Rony tem um ar excitado.

Moody apanha a folha de chamada, sacode sua longa juba de cabelos grisalhos para afastá-los do rosto contorcido e marcado, e começa a chamar os nomes, seu olho normal percorrendo a lista e o olho mágico girando, fixa-se em cada aluno quando ele responde.

— Certo, então — conclui ele, quando a última pessoa confirma presença.

— Tenho uma carta do Professor Lupin sobre esta turma. Parece que vocês receberam um bom embasamento para enfrentar criaturas das trevas, estudaram bichos-papões, barretes vermelhos, hinkypunks, grindylows, kappas e lobisomens, correto?

Há um murmúrio geral de concordância.

— Mas estão atrasados, muito atrasados, em maldições — diz Moody. — Então, estou aqui para pôr vocês em dia com o que os bruxos podem fazer uns aos outros. Tenho um ano para lhes ensinar a lidar com as forças das...

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— Quê, o senhor não vai ficar? — deixa escapar Rony.

O olho mágico de Moody gira para se fixar em Rony, o garoto fica extremamente apreensivo, mas, passado um instante, o professor sorri — a primeira vez que eu o vejo fazer isso. O efeito foi entortar mais que nunca o seu rosto muito marcado, mas de qualquer forma é um alívio saber que ele era capaz de um gesto amigável como sorrir. Rony parece profundamente aliviado.

— Você deve ser filho do Arthur Weasley? — diz Moody. — Seu pai me tirou de uma enrascada há alguns dias... É, vou ficar apenas este ano. Um favor especial a Dumbledore... Um ano e depois volto ao sossego da minha aposentadoria.

Ele dá uma risada áspera e então junta as palmas das mãos nodosas.

— Então... Vamos direto ao assunto. Maldições. Elas têm variados graus de força e forma. Agora, segundo o Ministério da Magia, eu devo ensinar a vocês as contra-maldições e parar por aí. Não devo lhes mostrar que cara têm as maldições ilegais até vocês chegarem ao sexto ano. Até lá, o Ministério acha que vocês não têm idade para lidar com elas. Mas o Professor Dumbledore tem uma opinião mais favorável dos seus nervos e acha que vocês podem aprendê-las, e eu digo que quanto mais cedo souberem o que vão precisar enfrentar, melhor. Como vão se defender de uma coisa que nunca viram? Um bruxo que pretenda lançar uma maldição ilegal sobre vocês não vai avisar o que pretende. Não vai lançá-la de forma suave e educada bem na sua cara. Vocês precisam estar preparados. Precisam estar alertas e vigilantes. A senhorita deve guardar isso, Srta. Brown, enquanto eu estiver falando.

Lilá leva um susto e cora. Esteve mostrando a Parvati o horóscopo que aprontou por baixo da carteira. Aparentemente o olho mágico de Moody pode ver através da madeira, tão bem quanto pela nuca.

— Então... Algum de vocês sabe que maldições são mais severamente punidas pelas leis da magia?

Vários braços se erguem, hesitantes, até os de Rony e Hermione. Eu decido não levantar ainda.

Moody aponta para Rony, embora seu olho mágico continue mirando Lilá.

— Hum — diz Rony sem muita certeza —, meu pai me falou de uma... Chama Maldição Imperius ou coisa assim?

Estremeço.

— Ah, sim — diz Moody satisfeito. — Seu pai conheceria essa. Certa vez, deu ao Ministério muito trabalho, essa Maldição Imperius.

Moody se apoia pesadamente nos pés desiguais, abre a gaveta da escrivaninha e tira um frasco de vidro. Três enormes aranhas pretas correm dentro dele.

Eu engulo em seco. Tenho uma enorme fobia de aranhas, aperto fortemente a mão de quem está do meu lado, e é Rony. Em qualquer outra situação, tenho certeza que ele ficaria envergonhado, mas nesta situação eu só preciso saber que ele me entende. Que qualquer um me entende.

Moody mete a mão dentro do frasco, apanha uma aranha e segura-a na palma da mão, de modo que todos podem vê-la. Aponta, então, a varinha para o inseto e murmura "Império!" A aranha salta da mão de Moody para um fio de seda e começa a se balançar para frente e para trás como se estivesse em um trapézio. Estica as pernas rígidas e dá uma cambalhota, partindo o fio e aterrissando sobre a mesa, onde começa a plantar bananeiras em círculos.

Moody agita a varinha, e a aranha se ergue em duas patas traseiras e sai dançando um inconfundível sapateado. Todos riem, menos eu e Moody. Eu sei como aquela sensação era horrível. Até porque já aplicaram em mim para um "teste" ou coisa do tipo, prefiro não lembrar disso.

— Acharam engraçado, é? — rosna ele. — Vocês gostariam se eu fizesse isso com vocês?

As risadas param quase instantaneamente.

— Controle total — diz o professor em voz baixa, quando a aranha se enrola e começa a rodar sem parar. — Eu poderia fazê-la saltar pela janela, se afogar, se enfiar pela garganta de vocês abaixo...

Eu e Rony apertamos as mãos mais forte.

— Há alguns anos, havia muitos bruxos e bruxas controlados pela Maldição Imperius — diz Moody, e eu entendo que ele está se referindo ao tempo em que Voldemort foi o todo-poderoso. — Foi uma trabalheira para o Ministério separar quem estava sendo forçado a agir de quem estava agindo por vontade própria.

— A Maldição Imperius pode ser neutralizada, e vou lhes mostrar como, mas é preciso força de caráter real e nem todos a possuem. Por isso é melhor evitar ser amaldiçoado com ela se puderem. “VIGILÂNCIA CONSTANTE!" — vocifera ele, e todos nos assustamos.

Moody apanha a aranha acrobata e atira-a de volta ao frasco.

— Mais alguém conhece mais alguma? Outra maldição ilegal?

A mão de Hermione volta a se erguer e, para a minha surpresa, a de Neville também. A única aula em que Neville normalmente voluntaria informações é a de Herbologia, que é, sem favor algum, a matéria que ele sabe melhor. O garoto parece surpreso com a própria ousadia.

— Qual? — pergunta Moody, seu olho mágico dá um giro completo para se fixar em Neville.

— Tem uma, a Maldição Cruciatus — diz Neville, numa voz fraca, mas clara.

Estremeço mais uma vez.

Moody olha Neville com muita atenção, desta vez com os dois olhos.

— O seu nome é Longbottom? — pergunta ele, o olho mágico girando para verificar a folha de chamada. Neville confirma, nervoso, com a cabeça, mas o professor não faz outras perguntas. Eu sei muito bem que os pais de Neville tinham sido torturados até serem levados à loucura pela maldição Cruciatus por uma Comensal da Morte chamada Bellatrix Lestrange. Ele havia me falado disso certa vez, na biblioteca, acho que foi isso que nos aproximou como amigos. Bellatrix é uma monstra.

Tornando a voltar sua atenção à classe, Moody mete a mão no frasco mais uma vez, apanha outra aranha e coloca-a no tampo da escrivaninha, onde o inseto permanece imóvel, aparentemente demasiado assustado para se mexer.

— A Maldição Cruciatus — começa Moody. — Preciso de uma maior para lhes dar uma idéia — diz ele, apontando a varinha para a aranha. — Engorgio!

A aranha incha. Está agora maior do que uma tarântula.

Eu e Rony empurramos nossas cadeiras para o mais longe da escrivaninha de Moody, aterrorizados. O professor torna a erguer a varinha, aponta-a para a aranha e murmura:

— Crucio!

Na mesma hora, as pernas da aranha se dobram sob o corpo, ela vira de barriga para cima e começa a se contorcer horrivelmente, balançando de um lado para outro. Não emite som algum, mas eu tenho certeza de que, se tivesse voz, estaria berrando. Moody não afasta a varinha e a aranha começa a estremecer e a se debater violentamente... Meu olhar recai em Neville, que está totalmente horrorizado olhando para a aranha. Ele está vendo o jeito que seus pais foram à loucura, me posto ao seu lado e pego sua mão livre, já que a outra segura a carteira com tanta força que seus dedos estão brancos. Algo dentro de mim diz que eu entendo o que ele está passando. Mas a questão é o quê? Quero dizer, meus pais estão ótimos...

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Neville está a ponto de um ataque vendo aquelas aranhas, e eu não duvido que esteja diferente.

— Para com isso! — berro com Hermione.

Moody ergue a varinha. As pernas da aranha se descontraem, mas ela continua a se contorcer.

— Reducio — murmura Moody, e a aranha encolhe e volta ao tamanho normal.

Ele a repõe no frasco.

— Está tudo bem... — sussurro para Neville ao meu lado.

— Dor — explica Moody em voz baixa. — Não se precisa de alicates nem de facas para torturar alguém quando se é capaz de lançar a Maldição Cruciatus... Ela também já foi muito popular. Certo... mais alguém conhece alguma outra?

Mal noto minha mão se erguendo, eu estou tremendo, mas sei a maldição.

— Sim! — diz Moody olhando-me.

— A-Avada... — minha voz quebra, tento a firmar. — A maldição da morte. Avada Kedavra. — falo com a voz agora firme.

Vários colegas me olham constrangidos, inclusive Rony.

— Ah — exclama Moody, outro sorrisinho torcendo sua boca enviesada. — Ah, a última e a pior. Avada Kedavra... A maldição da morte.

Ele enfia a mão no frasco e, quase como se soubesse o que a espera, a terceira aranha corre freneticamente pelo fundo do objeto, tentando fugir aos dedos de Moody, mas ele a apanha e a coloca sobre a escrivaninha. O inseto começa a correr, desvairado, pela superfície de madeira. Moody ergue a varinha.

— Avada Kedavra!— berra Moody.

Há um relâmpago de ofuscante luz verde e um rumorejo, como se algo vasto e invisível voasse pelo ar, instantaneamente a aranha vira de dorso, sem uma única marca, mas inconfundivelmente morta. Várias garotas abafam gritinhos. Eu somente estou com uma expressão que na certa é de perturbação. Estou me forçando para não chorar. Alguma coisa dentro de mim faz com que eu reconheça o breve sentimento que a aranha sentiu quando morreu, mas como eu sinto isso? Nunca levei um Avada Kedavra na vida! Mas... Será que... Não. Impossível.

Eu nunca levei um Avada na vida, mas então por que é que minha mente me mostra estranhas memórias fragmentadas?

Rony se atira para trás, quase caindo da cadeira, quando a aranha escorrega em sua direção. Moody empurra a aranha morta para fora da mesa.

— Nada bonito — diz calmamente. — Nada agradável. E não existe contra maldição. Não há como bloqueá-la. Somente uma pessoa no mundo já sobreviveu a ela e está sentada bem aqui na minha frente.

Vejo Harry corar quando os (dois) olhos de Moody fitam os dele. Toda a sala olha para ele. Mas eu não. Eu olho para as aranhas. Cada uma teve uma maldição imperdoável aplicada em si. E eu já sentira uma. Duas, na verdade, mas isso foi um trauma que eu prefiro não mencionar no momento. Ou talvez até três... Não, Jamie. Não.

Eu desejo poder entender Harry, e também não ao mesmo tempo. Quero saber o que ele sente para poder falar que o entendo, mas algo me diz que eu já entendo. Mas também não quero perder minha família, isso é uma dor que eu não posso suportar. Penso nos pais de Harry, nos de Neville... Ambos sofreram por duas maldições, uma pior que a outra. Como uma pessoa poderia ser tão sem coração a ponto de sentir prazer ao fazer outra pessoa sofrer? Eu nunca entenderia.

E então, subitamente, eu penso em uma guerra. Uma guerra travada por Voldemort e seus servos contra todos os outros. Penso se perderia muitos amigos. Provavelmente. Sinto um nó em minha garganta e logo lágrimas molham meu rosto.

Tenho a impressão de que Moody recomeçou a falar de muito longe.

Com um enorme esforço, eu me obrigo a voltar ao presente e fixar a atenção no que o professor diz.

— Avada Kedavra é uma maldição que exige magia poderosa para lançá-la, vocês podem apanhar as varinhas agora, apontá-las para mim, dizer as palavras e duvido que consigam sequer que o meu nariz sangre. Mas isto não importa. Não estou aqui para ensiná-los a lançá-la.

— Ora, se não há uma contra-maldição, por que estou lhes mostrando essa maldição? Porque vocês precisam conhecê-la. Vocês têm que reconhecer o pior. Vocês não querem se colocar em uma situação em que precisem enfrentá-la.

— “VIGILÂNCIA PERMANENTE!" — berra ele e a turma inteira torna a se sobressaltar. — Agora... Essas três maldições, Avada Kedavra, Imperius e Cruciatus, são conhecidas como as Maldições Imperdoáveis. O uso de qualquer uma delas em um semelhante humano é suficiente para ganhar uma pena de prisão perpétua em Azkaban. É isso que vão ter que enfrentar. É isso que preciso lhes ensinar a combater. Vocês precisam estar preparados. Vocês precisam de armas. Mas, acima de tudo, precisam praticar uma vigilância constante, permanente. Apanhem suas penas... Copiem o que vou ditar...

Nós passamos o resto da aula anotando sobre as famosas maldições. Ninguém ousa abrir a boca até a sineta tocar indicando o fim da aula. Me adianto a ser a primeira a sair da sala, ando lentamente, como um zumbi, chorando sem parar, para um corredor lateral. Paro no meio do corredor, de olhos fixos na parede de pedra oposta, aposto como minha expressão está idêntica a de antes, uma expressão perturbada. Já não basta eu ter sofrido aquelas maldições, fui forçada a revivê-las vendo aquelas aranhas.

Eu não consigo emitir um som, estou paralisada. Alguém coloca a mão em meu ombro, eu nem me dou ao trabalho de me sobressaltar. Estou com os olhos desfocados e uma expressão vazia e perturbada. A pessoa ao meu lado é Neville, olho para ele que apenas assente, entendendo o que eu sinto, de certa maneira.

Coloco minha cabeça no seu ombro, e fecho os olhos, sentindo todas as lembranças das maldições me atingirem como um baque.

Ouço vozes ao longe.

— Anda logo — diz a voz. É Hermione

— Não é a biblioteca outra vez, é? — pergunta outra voz que é a de Rony.

— Não — responde ela, secamente, provavelmente fazendo algum gesto com a mão. — Neville e Jamie.

— Neville? Jamie? — pergunta ela com a voz mansa.

Levanto minha cabeça do ombro de Neville e nos viramos.

— Ah, alô — diz Neville, a voz mais aguda do que habitualmente. — Aula interessante, não foi? Que será que tem para o jantar, estou... Estou morto de fome, vocês não?

Eu sei como ele se sente. A diferença é que eu não consigo falar nada.

— Neville, você está bem? — pergunta Hermione.

— Ah, claro, estou ótimo — balbucia ele, na voz anormalmente aguda. — Jantar muito interessante... Quero dizer, aula... Que será que tem para se comer?

Vejo Rony lançar a Harry um olhar assustado.

— Neville, Jamie, que...?

Mas nós ouvimos às costas um som seco e metálico estranho e, quando nos viramos, vemos o Professor Moody vindo em nossa direção. Nós cinco ficamos em silêncio, observando-o apreensivos, mas quando ele fala, é como um rosnado bem mais baixo e gentil do que tínhamos ouvido até então.

— Está tudo bem — diz ele a Neville e a mim. — Por que não vem até a minha sala? Vamos... Podemos tomar uma xícara de chá...

Neville parece mais assustado ainda, eu não demonstro nenhuma emoção, muito menos mudo de expressão. Não nos mexemos ou falamos. Moody vira o olho mágico para Harry.

— Você está bem, não está, Potter?

— Estou — diz Harry, quase em tom de desafio.

O olho azul de Moody estremece de leve na órbita ao examinar Harry. Então fala:

— Vocês têm que saber. Parece cruel, talvez, mas vocês têm que saber. Não adianta fingir... Bom... Venha, Longbottom, tenho uns livros que podem lhe interessar. Venha você também, Diggory.

Sacudo a cabeça lentamente, processando as diversas imagens que pairam em minha mente. Moody acena com a cabeça, percebendo que eu não irei de jeito nenhum. Neville me olha suplicante, mas nada posso fazer senão ficar quieta.

— Que foi que houve? — pergunta Rony, observando Neville e Moody virarem para outro corredor. — Jamie, você está bem?

Não respondo, continuo a fitar algo com meus olhos desfocados.

— Hermione, ela não está respondendo. Por que ela não está falando nada? — pergunta Rony de modo meio desesperado para Hermione, que parece confusa e ao mesmo tempo preocupada.

— Ela está traumatizada, Rony, assim como Neville. Não irá falar conosco, está presa em seus pensamentos. Como se estivesse sob a Maldição Imperius. — fala Mione. Solto algo como uma exclamação baixinho, agarrando o braço de Harry com força. Fecho os olhos com força, sacudindo a cabeça freneticamente, tentando ao máximo espantar as piores das lembranças.

— Ei, Jay, está tudo bem, se acalme — fala Harry baixinho pra mim.

Rony parece um pouco mais recuperado de seu desespero.

— Mas foi uma aula e tanto, hein? — diz ele a Harry, quando nos dirigimos ao Salão Principal. — Fred e Jorge tinham razão, não é? Ele realmente conhece o assunto. Quando ele lançou a Avada Kedavra, o jeito com que aquela aranha simplesmente morreu, apagou na hora...

Mas ele para de súbito quando vê minha expressão e a de Harry. E nenhum de nós torna a falar até chegarmos ao Salão Principal. Me sento ao lado do trio mas não abro a boca para falar uma única palavra. Logo, Fred e Jorge se sentam conosco na mesa da Grifinória, ambos com largos sorrisos nos rostos. Eles dois e Rony fazem um ou dois comentários sobre a aula de Moody, até que os gêmeos percebem que há algo de errado comigo.

— Jamie, você está bem? — pergunta Jorge, tentando não deixar sua preocupação transparecer, empurrando meu ombro de leve. Eu quero poder falar que estou bem, mas não é verdade, sem falar que eu estou em um tipo de "transe", não encontro voz para responder às pessoas, nem para simplesmente responder com um gesto. Mas Hermione me poupa.

— Ela ficou muito abatida com a aula de Moody e com as maldições imperdoáveis, sabem. Alguma coisa entre o Crucio e o Imperius deixou ela perturbada. — explica ela. Me sinto imensamente agradecida, porque eu mesma não conseguiria dar uma resposta melhor. Fred e Jorge fazem um som de entendimento. Fred me abraça pelos ombros.

— Não precisa ficar assim, Jay. Você sabe que está tudo bem, estamos com você — diz ele sorrindo. Aceno com a cabeça. Sei que minha reação pode estar sendo meio exagerada quanto às três maldições, mas eu tenho trauma, então não me culpe.

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Então, quando me dou conta eu estou caminhando pelos jardins. Paro em frente ao Lago Negro, apenas o observando, enquanto as primeiras gotas de uma chuva começam a cair em mim. Me encosto de lado na árvore em que eu cantei para Fred e levei uma bolada na cara por Jorge. E fico apenas refletindo

Reviver aquela dor foi uma das piores coisas que já me aconteceram, mesmo que não tenham sido aplicadas diretamente em mim. Logo eu sinto alguém passar os braços em torno de mim. É Fred.

Eu o abraço, sem nem ligar para o que ele irá pensar. Logo sinto as lágrimas caindo pelo meu rosto.

— Aquelas... Maldições... — soluço o abraçando com mais força, minha voz quebra pela falta de uso, geralmente sou muito tagarela, sabe, então...

— Shh... Shh, não precisa falar nada, Jay. Vai ficar tudo bem. Eu estou aqui. Eu estou aqui com você, Jay, calma... — fala ele retribuindo o abraço com mais força. — Você sabe que eu te amo, não é? — ele diz olhando bem no fundo dos meus olhos. É claro que você me ama, Fred, só não do jeito que eu amo você, obviamente. Aceno com a cabeça novamente e volto a abraçá-lo.

— Você sempre vai e-estar comigo, Fred? — pergunta gaguejando um pouco. Fred pega minhas mãos, olha novamente em meus olhos e diz:

— Sempre.

X . X . X .

Todo o jantar eu e Fred ficamos brincando na chuva. É claro que ele sempre fica brigando comigo e falando para voltarmos para dentro do castelo e que ele está com fome, mas eu apenas rio e corro dele, que insiste em me perseguir. Não me importa se irei ficar doente, muito menos se Fred está com fome, já que ele facilmente pode entrar na cozinha com Jorge na madrugada, eu só quero aproveitar um momento raro meu e do Fred. Mesmo brigando comigo, eu posso ver ele sorrindo ao correr atrás de mim, o que me deixa extremamente feliz e mostra que ele também está gostando do momento.

— Veja, Fred! Eu estou dançando na chuva! — berro sorrindo para ele, enquanto danço e canto.

Nós só voltamos para dentro do castelo quando um monitor nos pegou.

— Ei, vocês dois! Já passou da hora de dormir, saiam daí! — berra uma voz conhecida ao longe. Eu e Fred nos viramos, e nos deparamos com meu lindo e lustroso irmão com cara de desconcertado e lesado, mas essa já é a cara normal dele, então...

— E AÍ, MANINHO? — berro com um enorme sorriso, abanando as mãos de um jeito escandaloso.

— Ah, são só vocês dois — suspira de alívio. Cedrico se aproxima de nós cobrindo a cabeça com uma capa se deparando com um Fred e uma Jamie completamente encharcados e risonhos, imaginem a cena. — Aliás, o que estão fazendo aqui há essa hora? E, Jamie, sabia que você está à beira de um resfriado? —

Reviro os olhos. Cedrico as vezes é tão mala.

— Eu não vou ficar resfriada! Meu Deus, você é tão irritante, Cedrico. — digo, ignorando o fato de que estou tremendo dos pés à cabeça. Me abraço, morrendo de frio, sendo que ainda garoa de leve e o vento parece ter sido programado pra me matar.

Cedrico dá de ombros, com uma expressão de inocência.

— Depois não diga que eu não avisei. Assim como aposto que Fred também lhe avisou.

Fred acena prontamente com a cabeça, me olhando com um meio sorriso de deboche que me dá vontade de socá-lo e beijá-lo. Obviamente não ao mesmo tempo. Isso seria estranho. Mas eu sou estranha, né, enfim...

— Agora acho que está na hora de vocês voltarem para a sala comunal. — diz Ced. Quando ele faz sinal de que vai voltar para dentro, o chamo de volta.

— EI, Ced! Espera aí, preciso falar com você! — berro para ele, que logo volta para perto de mim e Fred. — Pode ir indo, Fred, eu já te acompanho. — falo para ele, que assente, meio relutante, e volta para dentro, mas fica esperando na porta. Me volto para Cedrico, que mantém a capa sobre a cabeça.

— E então, tampinha, o que quer falar?

— Você vai entrar naquele Torneio? — pergunto sem ter que enrolar ou desviar de minha dúvida. Meu irmão parece meio apreensivo, como se pensasse se deveria ou não me falar.

— Acho que sim, Jay. Sei que parece ser perigoso, mas eu tenho idade e quero ter pelo menos uma chance, sabe. Sei também que há chances de morte, mas prefiro não pensar nessa parte, é melhor só ver a parte das tarefas legais. — ele diz, colocando a capa agora sobre os ombros, já que a chuva parara mas os ventos estavam piorando. Devo ter feito uma expressão muito feia, porque Ced logo nota que eu estou preocupada.

— Mas e se você se machucar? Quero dizer, não quero nenhum irmão com rosto deformado, por favor. — falo, tentando amenizar a tensão. O que dá certo, porque meu irmão ri.

— Não precisa ficar preocupada, Jay. Vai dar tudo certo. E, além do mais, nem sabemos se eu sequer vou ser escolhido como um dos campeões. — diz ele dando de ombros. Isso me relaxa um pouco, de certa forma. É a melhor maneira de pensar.

— Tem razão, acho que tive uma reação meio exagerada. Foi mal, maninho. Até mais. — digo e dou um abraço forte nele. Voltamos para dentro do castelo e Cedrico continua sua ronda do outro lado.

Sigo em direção a Fred, que está encostado em uma das pilastras, ainda encharcado. Quando me vê, dá um sorriso de lado que me faz ter pernas de gelatina, mas melhor não falar disso.

— Ei... Está tudo bem? — ele pergunta, passando um dos braços pelos meus ombros, uma corrente quente passa por meus ombros, no momento em que seus braços estão ali. Me arrepio, mas não falo nada. Aceno com cabeça numa clara afirmação de que estou bem. — Que bom, porque é assim que eu sempre quero te ver. Bem. Na verdade, bem e feliz, mas você entendeu. — diz ele, então me aperta em seu abraço e beija o topo de minha cabeça.

Andamos o caminho todo até a Sala Comunal sem trocar muitas palavras. Em certo ponto, Fred enlaça seu braço no meu. Em outras circunstâncias ou ocasiões, eu teria ficado mais do que envergonhada. Mas eu ainda tremo de frio por estar molhada e seu braço é muito confortável.

Caminhamos assim até o retrato da Mulher Gorda.

— Ah! Ah! Que bom que finalmente se entenderam! Não sabem por quanto tempo estivemos esperando este dia chegar! Jamie e Fred... Finalmente um casal! — exclama a Mulher Gorda, batendo palmas. Arregalo os olhos e sinto meu rosto esquentar de uma maneira descomunal, solto o braço de Fred rapidamente. Engulo em seco.

— Não estamos... Não estamos namorando, tia. — falo olhando para todos os lados, menos para Fred. Adquiri essa mania de chamar a Mulher Gorda de "tia", na verdade faço isso bastante com vários professores, quadros e fantasmas. — Bolas Festivas. — digo me lembrando da senha, mas a Mulher Gorda parece não ter pressa alguma em abrir a passagem para nós.

— Mas vocês fariam um casal tão lindo! E mais... — chego perto da Mulher Gorda e começo a estapear seu retrato.

— Bolas Festivas! Bolas Festivas! BOLAS FESTIVAS! — ela finalmente se dá por vencida e abre a passagem do buraco para mim e para Fred.

Achava que o salão estaria vazio, já que já passa do horário de dormir, no entanto ele está mais do que lotado. Vários alunos conversam animadamente sobre vários assuntos, um deles eu capto como sendo o da aula de Moody. Estremeço ao lembrar das maldições, mas isso não tira meu sorriso animado.

Logo uma criatura se atira em cima de mim, e eu caio com tudo no chão.

— Jamie do céu e da terra do mar e do oceano! Não, espera aí, é a mesma coisa... — é Jorge. Ele não para de falar coisas desconexas enquanto me abraça, sou obrigada a rir de sua desesperação. — E... Por que você está tão molhada? — ele pergunta, ajudando-me a levantar e só agora reparando em minhas roupas e cabelos encharcados, e nos de Fred também. — Resolveram dar uma nadada no Lago Negro? — fala debochado.

— É, por aí — dou de ombros, rindo, Fred me acompanha. — Na verdade, eu meio que fiquei dançando e cantando na chuva enquanto Fred falava que eu vou pegar um resfriado. — explico, e bem nessa hora solto um espirro.

Fred ergue as sombrancelhas com uma expressão vitoriosa.

— Eu te disse.

Reviro os olhos, passando a mão nos meus cabelos encharcados.

— Quer saber? Eu nem me arrependo! — falo e então começo a cantar como cantei na frente do Lago Negro, saio dançando e girando no meio da Sala Comunal. Todos que me veem dançando soltam risos e me aplaudem. Dou um salto e faço uma reverência às palmas, que ficam mais altas.

Solto uma risada e me vejo rodeada por três figuras, duas morenas e uma ruiva. Hermione, Harry e Rony. Hermione logo se adianta, me puxando pela mão para o sofá. Me sento no meio, Mione senta-se à minha direita e Harry à minha esquerda, Rony se esparrama no chão em frente a lareira.

— Então, Jay, vejo que você está muito bem, hein — ri Harry, passando o braço pelo meu pescoço. É TOTALMENTE INOCENTE, GENTE, EU AMO O FRED, SAIBAM DISSO! Rio de volta. Hermione toma a palavra.

— Acho melhor te aquecer, Jamie — diz ela, pegando um cobertor da poltrona ao lado e colocando sobre meus ombros. Então, ela pega uma caixa e uma pedaço de pergaminho e os coloca sobre seu colo.

— Devo ficar com medo ou perguntar sobre o que se trata? —sussurro como se a pergunta fosse confidencial para Rony. Ele finge estremecer e sacode a cabeça.

— Corra e se salve enquanto há tempo, Jaymisitcha! — diz ele me segurando pelos ombros e me balançando.
Hermione tira um distintivo azul de dentro da caixa, com quatro letras gravadas nele:

— F.A.L.E. — diz ela, pego o distintivo e o examino. Tento traduzir as siglas, mas não é tão difícil quanto parece.

— Fundo de Apoio à Liberação dos Elfos! — digo, animada. Harry e Rony ficam de boca aberta, mas Hermione parece mais admirada do que chocada. — Genial.

— Sim! — fala Hermione, exalando animação. — Finalmente alguém que entende meu tipo de negócio!

— HEY! — exclamam Rony e Harry, com cara de ofendidos.

Então, eu e Hermione começamos uma conversa sobre a libertação dos elfos, Harry e Rony ouvem até certa parte, mas então ficam cansados de ouvir nossa conversa e começam a falar sobre Quadribol e o Torneio Tribruxo, ou coisa parecida.

Só recobramos o juízo de que é tarde quando o número de alunos no salão começa a reduzir, e o sono começa a se apoderar de mim. Nós quatro resolvemos ir para a cama, demos boa noite uns para os outros e eu e Hermione seguimos para o dormitório feminino enquanto Rony e Harry seguem para o masculino.

— Vi que você teve um jantar bem agradável com o Fred, hein — diz Hermione, quando nós duas já estamos deitadas vestindo nossos pijamas nas camas. Mesmo no escuro sem poder ver seu rosto, sei que ela está erguendo as sombrancelhas de um jeito insinuador.

— E foi mesmo, Mione, foi mesmo... — digo, sorrindo de leve ao me lembrar da minha dança e cantoria na chuva enquanto Fred corria atrás de mim, rindo sem parar. Solto um bocejo enquanto a última lembrança do sorriso de Fred aparece em minha mente antes de eu cair no sono.

– X -

Parece que eu havia acabado de fechar meus olhos quando acordo no meio da noite. O relógio ao meu lado marca 4:00. Presumindo que não conseguirei voltar a dormir tão cedo, desço para o Salão Comunal que agora se encontra deserto e escuro, exceto pela lareira que continua queimando acesa. Sento-me no chão, agachada sobre os calcanhares no tapete, e coloco as mãos próximas ao fogo, procurando por aquecimento, já que o vento gélido que vêm da janela me impede de permanecer quente.

Permaneço ali por certo tempo, mas o sono se recusa a vir e eu começo a ficar com fome.

— Maldita hora pra ficar com fome! — resmungo esfregando uma mão na outra e soprando entre elas quando uma rajada de vento entra pela janela.

Avalio minhas opções em relação à minha fome e a hora que é. (1) Posso invadir a cozinha em busca de um salgado, tendo em mente que posso ser pega e que os elfos talvez se recusem a me prover com comida, ou (2) posso passar fome o resto da noite até o sono vir ou amanhecer e eu puder comer no café da manhã.

Ambas opções são horríveis, uma vez que eu não acho que meu sono resolva vir tão cedo e que não quero ir sozinha para a cozinha. Ou seja, minha única solução é chamar alguém para vir comigo. Bem, sei que Hermione nem é uma opção, pois sei que ela odiaria a ideia de quebrar as regras ou ser acordada nessa hora da madrugada, também não acho que ela vá apoiar a ideia de ir pedir comida para que os elfos tenham que fazer todo o trabalho. "Trabalho escravo" posso ouvir sua voz falando essas palavras e ecoando em minha mente. Harry e Rony não são opções, dois preguiçosos, não virão de jeito nenhum. Acho que minha única opção mesmo é...

Bem, Fred.

Sei muito bem que posso chamar Jorge mas, cá entre nós, eu não quero.

Subo as escadas do dormitório masculino, tomando cuidado para não fazer barulho e acabar acordando algum monitor ou coisa parecida. Paro em frente a porta do dormitório de Fred, Jorge e Lino. Tento criar coragem para bater na porta, porque estou com certo receio de me deparar com Lino ou Jorge e falar que estou procurando por Fred para furtarmos comida de pobres elfinhos domésticos.

Dou três batidas de leve na porta. Penso ter sido leve demais e que ninguém ouviu quando não ouço barulho dentro do dormitório, estou prestes a bater novamente quando ouço molas de cama se movendo e passos com o som ficando cada vez mais perto de mim. Quase penso em voltar atrás, achando que não seria Fred quem atenderia a porta, mas agora já é tarde demais.

Mas quando a porta se abre, uma onda de alívio passa por mim. Lá está o Fredzinho, com uma linda cara de sono, os cabelos bagunçados, calças de moletom e uma blusa de pijama regata que deixam seus músculos a mostra. Vamos, Jamie, respire e pare de olhar para os braços do seu amor... MELHOR AMIGO! Do. Seu. Melhor. Amigo.

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Ele pisca os olhos com certa força, provavelmente para ver se conseguiria acordar mais um pouco. Solta um bocejo enquanto pergunta:

— O que aconteceu, Jay?

— Vem comigo pegar comida na cozinha? Por favor, eu to morrendo de fome — falo de maneira manhosa. Fred esfrega os olhos, agora parecendo totalmente acordado.

— Só porque também estou com fome. E espero que se lembre que é totalmente por sua causa, se eu não tivesse que ficar te perseguindo pela chuva na hora do jantar, nós teríamos comido e não estaríamos nessa situação agora, sabe — diz ele, cruzando os braços com uma expressão de teimosia no rosto.

— Ah, você sabe que foi legal, Fred. E, aliás, onde estaria a diversão agora se nós tivéssemos, de fato, ido jantar? — levanto uma sombrancelha e, ao ver que ele não uma tinha resposta, pego sua mão e saio andando, quase que saltitando, em direção às escadas.

Passamos silenciosamente pela Sala Comunal até chegar no retrato da Mulher Gorda. Saímos do salão e nos deparamos com todos os corredores escuros, sem luz alguma.

— Tem certeza que vamos fazer isso? Quero dizer, é perigoso. Podemos ser pegos pelo Filch — sussurra Fred.

— Eu sou uma garota perigosa.

Fred me abraça por trás e sinto seu hálito de maçã verde no meu ouvido quando ele sussurra:

— É por isso que eu amo o perigo. — eu me arrepio, sorrindo como nunca, e, então, nós dois mergulhamos na escuridão que Hogwarts nos proporciona nessa madrugada.