Surtos

Quero arriscar


Beijo, ósculo, afago, carinho, carícia... Chame do que quiser. Mas dizer que aquilo fora um beijo de verdade, igual aos que se vê na televisão, demorado, recíproco, apaixonado, seria não contar a verdade por completo.

Demorado? Pelo contrário... Rápido até de mais.

Recíproco? Sem tempo suficiente para o tal.

Apaixonado? Ao menos pela parte de Patrick, sim.

– O que foi... Isso? – sussurrou Teresa quando o pequeno beijo cessou.

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– Um beijo – ele disse apenas, mas Teresa esperou que ele continuasse.

– Como assim “um beijo”? – ela perguntou novamente, um pouco alterada desta vez.

Então Patrick virou-se para olhá-la nos olhos, e segurou sua mão.

– Você não percebe, Teresa? Eu só consigo ficar bem quando estou perto de você... E isso não vem de hoje – ela se preparou para dizer algo, mas as palavras, travessas, fugiram de sua boca – Eu pedi para o FBI me dar o trailer porque assim eu poderia estacionar perto da sua casa... Você não sabe, mas é o que eu tenho feito. Aliás o seu vizinho de trás deve estar sentindo minha falta – ele disse a última parte pensativo – Olha, Teresa, eu sei de todos os riscos de ficarmos juntos... Sei que eu posso te irritar de mais no trabalho e você acabar de cansando de mim. Sei que podemos misturar as coisas sem querer... Sei que meus surtos nervosos podem piorar... Mas eu quero arriscar. Porque você vale a pena o risco.

A cabeça dela rodopiava e revia como um filme todo o discurso de Patrick.

“Oh, palavras... Onde estão vocês quando eu preciso?” pensava ela

– Não vai falar nada? – ele perguntou um pouco triste

– Patrick, eu... – “Vamos você consegue! Apenas atire as palavras... Depois você pensa nas consequências” ela dizia para si mesma em sua mente, então apertou os olhos e finalmente continuou – Também quero me arriscar – ela disse rápido, tão rápido como se deve tirar um band-aid

Patrick sorriu.

Não porque ela também queria se arriscar, mas sim por causa da forma da qual ela falou.

Ele levou a mão até o queixo dela, fazendo com que ela abrisse os olhos e olhasse para ele.

– Está com medo? – o sorriso ainda não havia saído do rosto dele

– Pare de rir! – ela o repreendeu batendo no ombro dele – Quer saber? Mudei de ideia...

– Não mudou, não! – ele continuava sorrindo

– Não quero mais me arriscar.

– Quer sim! – seu sorriso ficava cada vez maior

– Arrrrgh! Por que você tem sempre que estar certo?

– Então estou certo?

– Você estava blefando! – ela afirmou com um leve tom de indignação em sua voz – Seu filho da mãe! – ela pegou uma almofada e bateu em Patrick com ela, começando uma guerra de almofadas na sala.

Nem havia uma possibilidade para Patrick vencer aquela “guerra”, mas esperto como é, ele segurou o braço de Teresa, e fingiu ter tropeçado, então a trouxe consigo. Nenhum deles parava de rir, e ficaram ambos deitados no chão, olhando para o teto.

Quando eles se acalmaram, Patrick levantou seu torso e se inclinou sobre Teresa, capturando seus lábios quentes.

Macio, molhado, gostoso, demorado, apaixonado, recíproco, delicado, saboroso, envolvente e viciante.

– Você beija bem... – ele sussurrou

– Eu ainda vou precisar de mais desses para descobr-

E mais uma vez naquela noite ela fora calada com a boca de seu melhor amigo, ex-consultor e, agora, namorado.

Pensando nos beijos doces de sua namorada, Patrick adormeceu, e nunca achou um sofá tão confortável.

Mas talvez seja porque ele estava viajando nas mais altas nuvens.