Lyra Evans - E o sangue de Fénix!

Isso basta por agora


O quarto era quente e abafado, cheio de paixão e desejo. Só se ouviam os gemidos de puro prazer e os sussurros dos nomes que saiam dos seus lábios como uma oração.

Na cama desarrumada localizavam-se Lyra e Sirius, ambos nos braços um do outro com os lábios ligados e o corpo colado.

Era verdade que sempre foram atraídos um pelo outro. James e Lily costumavam dizer que os dois acabariam por ficar juntos, não importa quanto tempo levasse a perceberem isso. O destino era algo misterioso e cheio de segredos, e se o próprio havia causado estes sentimentos dos dois jovens na cama, ele actuaria a seu tempo e à sua maneira.

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Não importa se se passaram anos desde que se viram pela última vez; se Sirius era acusado de assassinato ou não; ou se o mesmo era feiticeiro e Lyra não era.

Não havia como negar que os dois estavam ligados de forma inexplicável e misteriosa.

Com a respiração acelerada e o peito subindo e descendo fortemente, Lyra afastou-se de Sirius, repousando a cabeça de cabelo castanho desgrenhado na almofada. Manteve os olhos azuis fechados. Estranhamente a sua temperatura corporal havia baixado e as gengivas já não lhe doíam.

Só mais um segundo de paz pensou para consigo, só mais um segundo e depois voltaremos ao mundo real.

Não falaram por um longo momento. Sirius permaneceu quieto no lado esquerdo da cama, mas o calor que o mesmo irradiava era reconfortante para Lyra.

Ela pensou em Harry por um momento, e não conseguiu deixar de se sentir envergonhada. Que tipo de tia era ela e que tipo de exemplo estava ela a dar ao jovem rapaz? Enquanto o seu sobrinho andava aterrorizado com a notícia de um assassino em massa que andaria com certeza atrás de si, a sua madrinha andava a rolar nos lençóis com o homem que lhe deveria a andar a provocar pesadelos. Sentiu vontade de chorar.

Como se lhe lesse os pensamentos, Black disse com a voz baixa e rouca:

— Não tens nada que te envergonhar.

Lyra queria dizer-lhe que tinha pois algo com que se envergonhar. Queria dizer-lhe que era uma péssima tia, que não merecia o amor de Harry e sim o seu desgosto, mas o simples pensamento entupiu-lhe a garganta e ela não fora capaz de proferir uma única palavra.

Continuou porém, a ouvir o som da respiração regular de Sirius enquanto o mesmo observava a imagem dos dois no espelho estranho que ela tinha no teto, no local exato onde por baixo se localizava a cama.

— Ele não sabe o que aconteceu, e sinceramente, não acho que ele vá desejar saber o que o seu padrinho e a sua tia fazem no quarto.

— O que pensará ele quando descobrir?

Sirius virou-se para ela, e Lyra fora obrigada a abrir os olhos e olhar para ele.

— Eu sou um homem inocente Lyra, e entretanto o Harry saberá desse facto. Não tens que te envergonhar por te teres deixado levar. Ambos sabíamos que mais cedo ou mais tarde isto iria acontecer.

As bochechas da mulher avermelharam-se e ela abriu os lábios para contraria-lo.

— Não tentes negar.

E Lyra não negou.

O silêncio foi pesado no quarto. Lyra fez menção de se levantar, mas Sirius agarrou-lhe suavemente pelo pulso e ela não se afastou.

— Isto não se deverá repetir. — Ela contou por fim, não o olhando. — Não podemos.

— E porque não? — Questionou ele.

Lyra não tem resposta a essa pergunta. Volta a baixar o corpo e repousa agora a sua cabeça no peito tatuado do homem. Sentiu-o rígido, quase como se não esperasse esse gesto da parte dela, e ela sabe que ele não o fez. Reza por tudo para que ele não a afaste, e lentamente ele puxa o corpo dela para junto de si, mantendo o braço à volta da sua cintura.

Ela fecha os olhos e por detrás das suas pálpebras vislumbra novamente Sirius em cima de si: o cabelo revolto, o corpo em movimento. O seu corpo incendeia-se repentinamente.

— Contar-me-ás?

Sirius parece à beira do sono quando lhe pergunta:

— O quê?

Lyra gagueja um pouco: — Tu sabes… quando tu… quando estavas preso, em Azkaban… Como foi?

Ele fica em silencio e ela sabe que ele não quer falar sobre o assunto. Mas, no fundo, ela quer saber. Precisa de saber.

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— Lamento verdadeiramente. — Lyra começa por dizer — Durante anos acreditei que fosses tu o traidor, que tinhas entregado a minha irmã e o meu cunhado às mãos da morte sem remorsos e sem vergonha. Julguei que tivesses sido tu. Todos julgámos. Mas eu deveria ter desconfiado. Tu nunca trairias o James. És acusado de um crime que não cometeste, foste preso injustamente, e o Harry… o Harry pensa que tu…

Ela não soube que chorava até sentir Sirius limpar-lhe as lágrimas que desciam-lhe rapidamente pelo rosto com os polegares.

Através dos cílios viu que o mesmo sorria fracamente.

— Está tudo bem. Eu perdoo-te.

Ela soluçou: — Eu não me consigo perdoar.

Sirius puxou o seu corpo para mais perto, esfregando-lhe as costas reconfortantemente.

— Eu sou inocente, e sabes disso agora. Um dia o mundo irá saber também, e aí, serei um homem livre e o Harry não sentirá vergonha de dizer que eu sou o seu padrinho. Um dia o Harry saberá a verdade.

Soluçando ainda um pouco, Lyra faz círculos com a ponta dos dedos pelo peito nu de Sirius.

— Acho que foi isso que me fez manter a minha sanidade.

Lyra sentou-se, com o lençol tapando a sua nudez. Limpou as lágrimas e observou Sirius sentar-se também.

Ela não precisou de dizer nada para que o mesmo continuasse a falar.

— Eu sabia que era inocente. Nem os Aurors, nem o Ministério, ou os Dementors poderiam tirar-me isso da cabeça. Eu sabia que era inocente, que não fora eu que havia entregado o James e a Lily. Eu sabia quem fora, mas nem tu nem o Harry sabiam. E isso manteve-me intacto. Mas julgo que manter a sanidade num lugar como Azkaban era mais difícil. Se tivesse enlouquecido, o tempo não pareceria arrastar-se.

Ele fechou os olhos como se recordasse esse tempo. Lyra pegou-lhe na mão e beijou-a.

— A cela da Bellatrix não ficava muito longe da minha. Perdeu completamente o juízo e eu fora obrigado a ouvir as suas gargalhadas enlouquecidas durante a noite, e a ouvir o prazer que ela tinha nos seus crimes durante o dia. Ela dizia-me que fora eu. Que fora eu que entregara os Potter’s mas eu sabia que não fora. Mas com o tempo comecei a sentir-me culpado, apesar de não o ser. Recordei-me que fora eu que disse ao James que o Peter era a melhor opção, que ninguém suspeitaria daquele verme. Foi praticamente entregar o James e a Lily aos pés do Voldemort.

Lyra acariciou-lhe a face suavemente. — Não digas isso. Tu não sabias.

— Mas quando me transformava em Padfoot a minha mente parecia clarear-se, pois os Dementors não me atacavam naquela forma. Eu tinha que contar a verdade ao Harry. Tinha que te contar a verdade. Julgo que foi esse pensamento que me fez aguentar… que me fez sobreviver.

Começara a chover lá fora. Os pingos chocavam contra o vidro da janela, provocando arrepios na espinha de Lyra. Cada pingo era um minuto que demoraria até os Aurors descobrirem que era ali que Sirius estava, e cada pingo era um minuto até que os mesmos o viessem buscar.

Abanou a cabeça, e suavemente beijou os lábios de Sirius, sentindo um choque elétrico passar-lhe pelas veias e incendiando-lhe o sangue.

Sirius puxou-a para si e aprofundou o beijo. Ele soube que Lyra estava arrependida e ela soube que Sirius a perdoava.

Quando se voltaram a separar, pesadamente, e entre várias inalações bruscas de ar, ela disse:

— Ambos sabemos que estás inocente, e isso basta por agora.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.