Burned Soul

Capítulo 09


Burned Soul

Kaline Bogard

Capítulo 09

Caras, tentei localizar pelo numero do GPS, mas não deu certo – a voz hesitante de Danny atraiu os olhares de Derek, que estava andando em círculos pelo quarto e de Scott, sentado na cama com os braços apoiados no joelho – Então cruzei as referencias na prestadora e identifiquei um ponto de envio. Só que... não faz muito sentido...

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– Tem uma localização? – McCall ficou em pé.

– Condado de Los Angeles. Palmdale. Isso não é, tipo, muitas milhas fora do curso? Como é possível?

A incredulidade de Danny não encontrou eco em Scott e Derek. Ambos sabiam como lobisomens podiam ser rápidos. Teoricamente um Digamma era agraciado com força e agilidade fora de escala.

– Obrigado – Scott cortou o assunto, pois não tinha como explicar para o colega toda aquela confusão.

– Obrigado nada – o goleiro resmungou – Se eu for indiciado vocês pagam o advogado.

– Com certeza – Derek prometeu com pressa de sair logo dali agora que tinham a informação preciosa. Ele torcia para que não descobrissem a invasão que Danny fizera ao sistema. Mas se o pior ocorresse, garantiria todo o amparo legal. Afinal, na sua opinião, os fins justificavam os meios. E no caso o objetivo era resgatar Stiles, o namorado que amava – Obrigado.

O agradecimento desconcertou Mahealani, que jamais esperaria um gesto assim de alguém com o jeito do “primo Miguel”.

Finalmente os lobisomens se foram. Ao sentar-se na moto, Scott discou para Allison para saber das novidades. A garota parecia animada com o que descobrira. Combinou de encontrar-se com eles na mansão Hale dentro de meia hora.

oOo

– Lydia está furiosa – Allison foi dizendo ao entrar na sala em reformas – Ela disse que somos péssimos amigos por não ter avisado sobre Stiles.

Scott fez uma careta. Na confusão nem se lembrara de avisá-la.

– Que furada – a voz de Isaac não parecia sentir de verdade.

– Não foi legal isso – McCall disse passando a mão pelo cabelo.

– Depois você resolve. Ela disse que vai se livrar da mãe e vem para cá o mais rápido que conseguir. Meu pai só não me pos de castigo por causa do Stiles, mas depois... – Allison deu de ombros.

– O que descobriu? – Derek cortou o assunto. Não tinham tempo a perder com papo furado.

Aquilo deu inicio a reunião. Allison puxou uma pasta arquivo da mochila e mostrou para todos.

– Peter disse que aqui nos Estados Unidos os Digammas praticamente desapareceram – lançou um olhar rápido para o homem, que apenas prestava atenção – Você tem razão. Minha família registrou atividades de um Digamma norte-americano até o ano de 1901. Depois disso não consta mais nenhum. Todos os outros mencionados tem a marca de... bem... terem sido eliminados.

– Então esse deve ser turista – Peter debochou. Recebeu olhares impacientes que apenas aumentaram seu sorriso – Que carma ruim...

– Nos registros de Digammas de fora do país constam: um na Ucrânia, um na Inglaterra e um na Bulgária. Três Digammas vivos até hoje.

– Ta brincando comigo? Como eu nunca fiquei sabendo disso? – Peter não escondeu a surpresa.

Allison virou as folhas do arquivo com impaciência.

– O búlgaro é prisioneiro do governo. Faz pelo menos setenta e cinco anos que ele foi capturado. A existência dessa criatura é veementemente negada, mas meu avô registrou no arquivo como uma certeza. E meu avô não se enganaria.

Todos ali presentes tinham certeza disso. O velho caçador Argent era do tipo que grudava no osso e não largava por nada.

– O que mais tem aí? – Derek indagou.

– Restam dois. O ucraniano e o inglês. Ambos possuem abrigos aqui nos Estados Unidos e já vieram para cá em mais de uma ocasião. A vigilância sobre eles é acirrada, mas não consta nada que justificasse uma ofensiva de caçadores.

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– Até agora... – Peter suspirou.

– Só que com tudo o que aconteceu nos últimos meses nossos caçadores estiveram ocupados... não tem informações atualizadas sobre eles – Allison olhou para Scott, como se pedisse desculpas.

O jovem Alpha se aproximou da ex-namorada e pegou a pasta arquivo.

– Tem o endereço dos abrigos deles aqui nos Estados Unidos?

– Claro – a menina virou algumas folhas até localizar a informação que queria, um mapa dos estados, e bateu a ponta do dedo para que Scott visse as marcas vermelhas – Propriedades em Michigan, Pensilvânia, Connecticut e Palmdale.

– Palmdale?! – Scott e Derek disseram ao mesmo tempo.

– Sim – Allison recuperou a pasta e leu as informações que alguém marcara a tinta vermelha – Pertence ao Digamma inglês. Francis Aberline.

– É esse – Derek afirmou com certeza – Aquele garoto descobriu que o SMS de Stiles veio de algum ponto de Palmdale.

Ele agitou-se diante da perspectiva real de recuperar seu namorado.

– Se partirmos agora chegaremos lá à noite – Peter destacou um ponto importante ao mesmo tempo em que deixava clara a intenção de fazer parte do grupo de resgate – Sugiro que chame os siameses para ajudar.

– Farei isso – Scott não ia cometer nem um erro tendo algo tão importante quanto a segurança de seu melhor amigo em jogo.

– Vou com vocês – Allison afirmou em um tom de voz que não admitia recusa.

– O que mais sabemos que pode ser útil? – Derek aproximou-se tentando ver a pasta nas mãos da menina.

– Temos fotos da propriedade de Aberline. Meu pai disse que um Digamma sempre mantém um servo, alguém que funciona tipo boi de piranha e fica a frente de seus negócios, para distrair a atenção. Em troca esse servo pode usufruir a fortuna e os bens do Digamma enquanto durar o acordo. Coisa de trinta, quarenta anos. Hoje é noite de lua cheia, o costume é o servo trancar o Digamma e afastar-se do abrigo, por que qualquer presença deixa o lobisomem hostil. Ele volta pela manhã para libertar seu “senhor” – terminou a longa explicação olhando para todos os presentes.

– Mas tirando o lance de maior força e tal, esses caras são como a gente? – Isaac perguntou em dúvida.

– Basicamente – Peter respondeu – Em teoria são mais fortes, rápidos e selvagens. Acredito que nos batam em massa corporal também. As fraquezas são as mesmas: prata, wolfsbane, mistletoe, cinzas das montanhas... fogo. As histórias dizem que Digammas não manipulam a transformação como nós. Como não existem “Alphas”, “Betas” e “Ômegas”, quando se transformam é direto na forma completa. E o lobo assume totalmente o controle. Não há meio termo.

– Meu pai explicou que foi dai que surgiram as lendas antigas – Allison mordeu os lábios enquanto pensava no que dizia – Por que Digammas se transformavam e atacavam sem distinção. Com o tempo foram sumindo e as histórias viraram apenas mito.

– Teremos números ao nosso favor – Isaac ponderou – Sem contar que os gêmeos adquiriram muita experiência em lutas. Mesmo se ele assumir a forma completa e for tão poderoso assim.

– É difícil até montar uma estratégia de ação. Ele vai nos sentir chegando – Scott passou a mão pelo queixo – O jeito é nos dividirmos em dois times. Derek, Peter, os gêmeos e eu atacamos de frente e chamamos a atenção do Digamma. Isaac, Allison e Lydia encontram o Stiles.

– Não acha melhor escalar o Isaac para o nosso time? – Peter perguntou fazendo uma careta – Por precaução...

– Não posso deixar Allison e Lydia sem cobertura – Scott meneou a cabeça.

– Sem cobertura?! Elas terão prata. E wolfsfbane. E flechas pontiagudas... de prata com wolfsbane.

– Peter...

– Okay, ignore a minha sugestão sensata, Alpha Scott – o tom de voz de Peter saiu um tanto mais irritado do que ele pretendia, mas foi exatamente o que Scott fez.

– Allison, você busca Lydia. Isso se ela conseguir despistar a mãe. Isaac, encontre os gêmeos. Derek, você deixa o senhor Stilinski a par do que a gente conversou e o convença de que ele não deve ir e continuar sem tentar ligar para Stiles. Sei que será difícil, mas não quero arriscá-lo. Kira terá que ficar, ela tem pouca experiência e muita vontade de agradar, isso é arriscado. Vou falar com minha mãe e explicar tudo. Partimos em meia hora.

A postura de um verdadeiro líder impressionou a todos, humanos e lobisomens. Ninguém ousou questionar as ordens, nem mesmo Peter.

oOo

O dia passou com uma lentidão desesperadora. Stiles já estava cansado de testar a porta inúmeras vezes. Além disso, procurava passagens secretas apenas por distração, por que mesmo que abrisse a porta, o que faria? Tentar correr? Não iria longe... mas não conseguia simplesmente ficar sentado esperando.

Já trocara de blusa e acabara com os petiscos. Apesar de todo cansaço físico e emocional e de estar acordado cerca de vinte e quatro horas, não conseguira relaxar e desligar a mente nem para um simples cochilo. Mil coisas passavam por sua cabeça e a proximidade da noite apenas piorava tudo.

Quando Aberline abriu a porta de sua prisão e sentou-se no chão, do lado de fora, Stiles sentiu o sangue gelar nas veias.

– Está na hora...? – o menino perguntou. Francis apenas balançou a cabeça, concordando – Eu... tem certeza que é seguro?

Stiles perguntou olhando ao redor. O lobo de Aberline era grande. Enorme, na verdade. Quebrar as paredes não seria uma tarefa impossível, pelo contrário. As quebraria como se feitas de isopor.

O inglês compreendeu a preocupação de seu hóspede. Tratou de tranqüilizá-lo.

– Não tema. Essa sala é construída com uma camada dupla de tijolos e entre elas há uma placa de prata pura de um centímetro de espessura. A porta também é feita de prata. Nem meu lobo a quebraria. E... – ele agitou-se um pouco, pareceu sentir dor – meu lobo o reconheceu como parceiro. Ele jamais o machucaria.

– Você é um beta? Os olhos do seu lobo são dourados, mas sua forma era completa.

– “Beta”? Não. Tais rótulos são a herança da pós modernidade. Parece a última moda se intitular “isso” ou “aquilo”. Mas eu sou unicamente aquilo que sou: um lobisomem – um gemido finalizou a oratória.

– Você está...?

A resposta a para a pergunta incompleta não precisou ser expressa em palavras. A transformação começara. Garras surgiram primeiro, destruindo as roupas elegantes em pedaços que voavam arremessados longe. Garras tão afiadas que também rasgavam a carne de Aberline, fazendo sangue e pele se espalhar. Enquanto pêlos negros cresciam, a pior parte começou. Um grito rouco de dor ecoou arrepiando Stiles, em igual proporção ao som de ossos quebrando e remodelando, como se o corpo de Francis fosse manipulado por mãos invisíveis e cruéis. Mãos de um artista dando vida a criatura digna do pior de todos os pesadelos. O processo era doloroso como Stiles jamais imaginaria. Nunca fora assim como seus amigos! O que aquele monstro tinha de diferente?!

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A fera vinha a superfície, crescendo e tomando corpo, ganhando proporções. As presas afiadas sequer lhe cabiam na boca, permanecendo ameaçadoras a mostra, pingando baba pegajosa. As garras gotejavam o próprio sangue no chão, de feridas já cicatrizadas instantaneamente.

O lobisomem ofegou. Rosnou agitado, recuperando-se e sentindo tudo ao seu redor.

Stiles, colado na parede o máximo que as leis da física permitiam, sentia o corpo dolorido de tanta tensão. Gotas de suor frio juntaram-lhe na fronte e nas costas, deslizando pela tez como dedos frios brincando com seus sentidos. Mal respirava, tamanho o medo que a criatura lhe impunha.

Então a forma completa fixou os olhos dourados sobre Stiles. Por alguns segundos apenas observou o garoto trêmulo e assustado, para em seguida erguer o focinho e soltar o uivo mais aterrador que alguém jamais ouvira.

Stiles sentiu o coração bater descompassado e a boca ficar seca. Ele teve apenas uma certeza diante da visão aterradora: se a morte assumisse uma forma física, seria exatamente como aquele lobisomem.

Continua...