A outra Potter

Carrie McSimmons: a filha que nenhuma mãe quer ter.


Ela abriu uma fresta dos olhos, sem ter muita noção do lugar que se encontrava. A única coisa que sabia, é que onde quer que fosse o lugar que estava o barulho era intenso. Ela conseguia sentir uma mão sob a sua, assim como sentia o seu pulmão respirando com dificuldade, e como parecia que sua garganta estava entupida de sangue. Ao longe ouvia os gritos de uma mulher pedindo por silêncio, e bem no fundo dos murmúrios não tão baixos, ela conseguiu ouvir a voz de Daniel. Não entendera bem o que ele dizia, mas sabia que ouvira com clareza a palavra assassina entrar nos seus ouvidos como uma brisa de um amanhecer gelado. Aquele tipo de brisa que nunca ficamos agradados de sentir em nosso rosto.

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– Se estão falando do belo corte que tão generosamente ganhei no meu pulso, espero que não estejam falando coisas ruins. Afinal, eu mereço de todas as maneiras o direito de defesa. Até onde os meus conhecimentos de direito vão. – murmurou Carrie.

Ela conseguiu sentir muito bem o espanto de todos da sala. A mão que estava sob a sua se afastou rapidamente, deixando sua pele sensível em contado com o ar gélido. Até pensou em abrir um sorriso irônico, mas percebeu que agiria como Lawrence se fizesse isso. Por esse motivo, se contentou em somente abrir os olhos completamente, e virar a cabeça para ver todos os rostos no local.

– Srta. McSimmons! Acordada... Isso é incrível se levarmos em conta a quantidade de sangue perdido. A estimativa era que ficasse adormecida por duas semanas. – falou Madame Pomfrey surpresa – Estávamos até considerando a possibilidade de leva-la ao St. Mungus, mas não podemos negar que a sua recuperação estava sendo fantástica desde o primeiro remédio. Tens um corpo forte! – exclamou empolgada.

Eram muitos os rostos que tinham na sala. Além da enfermeira e de Daniel, estavam lá, Dumbledore, Fudge, Umbridge, McGonagall e uns três policiais bruxos. Franziu as sobrancelhas ao notar os três últimos, e ficou levemente irritada com o sorriso de satisfação no rosto da professora Dolores. Por último, conversando com uma mulher ao longe, esta que Carrie não reconhecera por estar de costas, estava o Professor Snape.

– Minha irmã sempre foi forte. – falou uma voz ao seu lado.

Ela quase se esquecera da pessoa que agarrava sua mão. Virou a cabeça rapidamente, se deparando com dois grandes orbes cor de mar a olhando. O garoto sorria. Deveria ser pelo menos cinco anos mais velho que ela, mas não dava para negar a beleza. Era alto e forte, trajando uma camisa social branca, com a gravata preta meio solta, junto com uma calça jeans e um converse preto. O cabelo era desgrenhado, preto, que contrastava com sua pele pálida. Em um sorriso desafiador nos lábios, ele exibia 32 dentes parelhos e brancos, que davam inveja em qualquer garoto propaganda de pastas de dente. Os olhos tinham cílios espessos, e eram azuis.

– Alan? – arfou, perguntando ao garoto. Sabia que estava passando vergonha com uma roupa de enfermaria e com um cabelo mais bagunçado que o de Harry Potter, mas não pôde deixar de abrir um sorriso irônico – Caramba... Eu não te vejo desde que aprendi a falar a palavra assassino!

O irmão de Carrie sorriu, bagunçando mais ainda os cabelos, e dando uma risada pelo nariz. Se a morena não fosse sua irmã, seria mais uma daquelas que corriam atrás dele babando. Alan era sexy, daqueles que podiam ter quinze amantes, mas a namorada nunca abriria mão porque era o mais bonito do colégio.

– Seu senso de humor é brilhante maninha. Principalmente quando está quase morta em uma cama de enfermaria. – falou alto, já chamando a atenção do professor Snape.

– Meu senso de humor é brilhante desde que a tarefa de fazer o papai rir quando você foi embora, sobrou para mim. – sibilou, sentindo suas bochechas ficarem coradas e seu cabelo mudar de cor lentamente. Alan riu e abriu um sorriso de canto.

– Pelo visto continua craque em respostas. Sabe Carrie, é por isso que você sempre foi a minha preferida. Se não tivesse sete anos quando fui embora, eu levava você comigo. Mas você seria um estorvo se fosse junto, então eu deixei-a para trás. Sempre foi tão... Decidida? – falou encostando o polegar na ponta de seus lábios, sendo afastada rapidamente pela mão da morena, que baixou o rosto – Lamento que tenha se tornado tão fraca... – completou levantando o queixo da menina, que já exibia algumas lágrimas no rosto. Todos encaravam a cena, apreensivos.

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Carrie tirou a mão do irmão do queixo, e o empurrou da cadeira, se levantando com dificuldade da cama. Conseguiu ver pelo canto do olho, Daniel insinuando vir a seu encontro, para impedi-la de fazer algo ruim. Não deu muita atenção, voltando seu olhar para o rosto risonho do irmão, que exibia o sorriso mais debochado que poderia dar. Cerrou os dentes, com os cabelos mudando ligeiramente a cor para um roxo tão forte, que parecia quase a cor de seus cabelos. Os olhos azuis mudaram também, assustando o irmão claramente. De todas as transformações da garota, nunca mudara nada além do cabelo. E dessa vez, os olhos estavam violetas.

– O que lhe fez voltar, Alan? – gritou – Voltou para me lembrar de como matou o nosso pai há três anos, enquanto ele tentava ME proteger? Como olhou nos meus olhos depois que ele estava estirado no chão, e disse “isso é tudo culpa sua”? Ou voltou com a esperança de me ver morta, e ao eu ser enterrada falar “isso é porque foi fraca”? – o irmão riu – Ou é para estampar esse mesmo sorriso irônico nos lábios? - gritou, quebrando um vaso em cima do bidê, sem nem mesmo tocá-lo.

– Já chega Carrie McSimmons! Já está passando dos limites! – gritou a mulher que conversava com o professor Snape.

Ela era tão bonita quanto o irmão da menina. Usava um tubinho preto que ia até os joelhos, junto com um salto alto preto. Os cabelos negros estavam presos em um coque lateral, e o pescoço tinha um colar de pérolas, assim como as orelhas continham brincos do mesmo estilo. Ela tinha lábios finos e tremulantes, e os olhos pretos expressavam raiva.

– Mãe... – murmurou Carrie, olhando a mulher dos pés a cabeça, então abrindo um sorriso – Pelo visto veio preparada para o meu enterro. – riu – Bom, acho que ainda não estou morta. Desculpe desapontar. Por que você e o seu filho tão querido e defendido não vão embora? Já estou bem, como podem ver. Assine os papéis necessários e vá embora. Nunca precisei da ajuda de nenhum de vocês – disse sem preocupação, se deitando novamente na cama – Não é em Hogwarts que precisarei.

– Ótimo. – ela abriu um sorriso, ajudando o filho a se levantar – Fico feliz em não precisar ajudar uma filha ingrata. – ela disse dura.

– E você não sabe como seu fico feliz em não precisar da ajuda de uma mãe surda, que se negou a entender que o filho é um assassino. – falou a morena cínica.

– Foi comprovado que Alan nunca matou ninguém! – crispou as sobrancelhas.

– Eu não preciso comprovar nada para saber que ele ofereceu dinheiro aos policiais em troca da própria inocência. – ela retrucou calma, com os cabelos adquirindo um tom esverdeado, mas bem claro – Ainda mais quando o chefe dos investigadores era o melhor amigo dele.

– Nunca mais acuse o MEU filho assim! – gritou a mulher.

– Queira se retirar, por favor, Sra. McSimmons... – falou Dumbledore.

– Sra. Carter, por favor. Eu me recuso a ter o mesmo sobrenome que ela. Venha filho. – e apressados, os dois saíram sob o sorriso calmo de Carrie.

A morena olhou para Daniel, que encarava a cena, perplexo. Por um momento ela pensou em sorrir e murmurar para ele um “está tudo bem”, ou um “isso é o que acontece todo dia na minha casa”. Mas não fez nada disso. Em vez de fazer o que queria, simplesmente desviou o olhar, e encarou todos os presentes.

– A que devo a honra de policiais? Não sabia que eu era tão importante assim.

– Desculpe-me Srta. McSimmons. Mas no seu pulso estava sendo escrito repetidamente a palavra “assassina”. Isso é um fato que não pode ser levado levianamente pelo ministério. – falou o ministro – Ainda mais com os fatos decorridos nesse ano em Hogwarts.

– Ah, faça-me o favor... – murmurou – Isso é trabalho de algum maníaco em Hogwarts, que acha que eu sou a assassina de Amanda, e que decidiu tentar me matar. Criatividade é o que não falta. – ela riu.

– Bom-dia senhorita. – falou um homem de cabelos grisalhos, com um bloquinho na mão – Sou o chefe do departamento de polícia dos bruxos. Meu nome é Corey Montgomery. – apertou a mão da menina – Se não se importa, vou fazer algumas perguntas sobre isso. E se não se importa igualmente, vou pedir para o Sr. Surrey, que estava com você, responder algumas coisinhas também. Concordar, afirmar, negar...

– Tudo bem. – assentiu séria, vendo Daniel se sentar ao seu lado, e lhe dar um leve sorriso. Ela retribuiu, mas ainda sim com o semblante mais sério.

– Vai ficar tudo legal, Carrie. – Surrey afirmou, colocando sua mão sob a mão da menina – Eles vão perceber que você é inocente na quinta pergunta. – a morena assentiu.

– São namorados? – perguntou o policial, enquanto anotava calmamente algumas informações do relatório.

– Merlin me livre! Esse garoto? Por favor. – o loiro arqueou uma sobrancelha – Digo... Não é que eu não agradeça por estar no mesmo corredor que eu quando eu desmaiei, mas é que... Tipo... Ah. Deixe para lá. – desistiu de tentar explicar – Afinal, há quanto tempo estou dormindo? Uma hora, duas horas, três horas...

– Sete dias exatos. – respondeu o policial - Está me dizendo então, que...

– Três dias? – gritou a menina assustada – Mas então hoje é...

– Halloween? Sim. – respondeu Daniel.

– Continuando... Então você não sabe quem fez isso no seu pulso? – Carrie olhou de relance para Umbridge, o que não deixou de ser notado pelo Surrey.

– Não.

– Tem ideia do motivo pela qual escolheram justamente essa palavra para escrever no seu pulso?

– Me ferrar? Sei lá. Isso é bastante relativo. Se colocassem essa palavra no meu pulso provavelmente a culpa iria ir toda para cima de mim. Alguém suspeitou que eu fosse a assassina sabe-se lá por qual motivo, e decidiu se vingar.

– Sabe que essa acusação sob você é grave? – o policial perguntou, recebendo um riso da menina.

– Quem tem que saber é a pessoa, e não eu. Não sou eu que estou acusando... Mas sim, sei.

– Quero que me descreva seu dia, quando Amanda foi morta. – disse o policial.

– Bom... Faz dois meses desde que isso aconteceu. Eu não saí da sala do professor Snape desde que eu fui para a aula de poções, até o meio-dia. Isso o próprio professor pode afirmar. Depois, de tarde, eu tive aula sem pausas a tarde toda, e depois na hora da janta, eu fui para a biblioteca, porque eu precisava terminar o meu trabalho de história. Isso, a Madame Pince pode afirmar também. Depois eu voltei para as masmorras, onde tive uma conversa muito amigável com Lawrence, Draco e Daniel, foi quando a Pansy veio gritando que ela estava morta. – respondeu simplesmente.

– Certo. Algum detalhe a acrescentar, Sr. Daniel? Concorda com tudo que ela falou.

– Não passei o dia com ela para saber, mas com a última parte, concordo sim. Tirando a parte amigável da coisa. Mas acho que vale a pena acrescentar, que a Carrie estava estranha naquele dia. Não queria conversar, e queria ir direto para a cama. – falou o loiro, se lembrando das ações da menina no dia.

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– Concordo com ele. Realmente aquele dia não fora dos melhores. Minhas aulas de reforço com o professor Snape não estavam indo muito bem, e o meu trabalho de história poderia ser considerado o pior em séculos. Não tinha nada que pudesse me fazer sorrir naquele dia. Sem falar que cafés se transformando em baratas não é uma coisa legal.

– Certo. – falou o policial – Bom. Eu quero que diga o motivo pela qual anda com uma adaga no bolso.

– Defesa? Sei lá. Eu não estava me sentindo a pessoa mais segura do mundo depois da morte da Amanda.

– E sobre a ameaça feita ao seu amigo, Daniel? Segundo ele, as palavras proferidas foram exatamente essas: “eu poderia lhe matar”.

– Poderia mesmo. – afirmou – Mas como eu disse logo depois: não tenho coragem. Daniel estava me irritando, e falou umas das poucas coisas que eu não suporto ouvir. Somente fui impulsiva e quase cravei aquela faca no pescoço dele. Afinal, vocês devolverão a minha adaga? Lawrence já roubou o meu... – o apertão na mão que recebera de Daniel, a fez parar.

– Lawrence roubou o seu...

– Cortador de unha. Isso. Cortador de unha. Prateado. Vale bastante. Eu queria minha adaga de volta, porque vale bastante também.

– Sei... – disse o policial desconfiado, se levantando – Infelizmente teremos de levar sua adaga para a perícia. E depois, caso não seja achado nada, poderemos devolver. Para sua família. Uma escola não é um lugar onde podemos andar com adagas. Bom. Por hoje é só. Obrigada Srta. McSimmons.

O policial se dirigia para fora da enfermaria quando a voz de Carrie pôde ser ouvida.

– Sr. Montgomery? Só para deixar claro... – olhou nos olhos do policial que saía – Eu e Daniel, não somos amigos. – o homem somente assentiu, e saiu do estabelecimento.

***

Já eram 20h30min. A morena não havia recebido visitas a tarde inteira, e estava quase dormindo ao ouvir a porta se abrindo lentamente. Pensou ser Madame Pomfrey voltando da festa, já que conseguia ouvir as comemorações de todos os alunos por causa do Halloween.

– Carrie? Já está dormindo? – perguntou uma voz feminina. A McSimmons se virou confusa, e direcionou o olhar para o grupo de seis pessoas dentro da enfermaria. Franziu a sobrancelha, e abriu a boca lentamente, assustada.

– Lawrence? O que faz aqui? Digo: o que vocês fazem aqui? – indagou, olhando as pessoas ao lado da antiga melhor amiga.

Além de Lawren, havia mais cinco pessoas ali. Draco, Daniel, Harry, Ron e Hermione. E ela não fazia ideia do que nenhum dos garotos fazia ali. Por que não estavam comemorando o Haloween com os outros? Por que o trio de ouro estava com eles?

– Viemos dar uma animada no seu Halloween. – falou Hermione, docilmente, mas mesmo assim parecendo meio revoltada.

– Isso tudo foi ideia do Daniel. – falou Draco, apontando para o Surrey, que se encontrava escorado na parede, com um sorrisinho.

– Não achei justo o fato de não poder comemorar o Halloween, que é a data mais esperada do ano letivo. Então, eu decidi animar um pouco esse dia, para que você não passe deitada em uma cama hospitalar. Acredite isso não é só por você. É por todos aqui. Ninguém estava muito animado com a ideia de ter que dormir às 22h00min numa sexta-feira. E as hipóteses de quebrar mais uma das regrinhas da Umbridge são fantásticas.

– Mais uma? – perguntou confusa.

– Em sete dias ocorreram mais coisas que nesses dois meses inteiros. – falou Rony.

– Mas isso nós explicamos para você depois. Vamos te levar a um lugar. – falou Harry, simpático para com a menina – Agora... Vamos?