Frozen Heart

Cuidado com o coração congelado


Elsa observava as imagens de seu espelho atentamente, analisando a cena. Tinha a impressão de que dessa vez daria certo. A loira nunca foi boa dando uma de cupido nem qualquer coisa do tipo, mas algo— chame de intuição feminina, sexto sentido ou qualquer coisa dessas— a dizia que havia potencial na relação de Jack e Hiccup.

O problema é: ela sabia que se dependesse de Jack, ele continuaria criando muros em volta de si que não ajudariam em nada a quebrar a maldição. Precisava dar um jeito de aproximar os dois garotos, e nada melhor que uma situação de quase-morte, não é? Bom, talvez existissem outras alternativas, mas o tempo era curto.

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Observou quando Jack saiu do hospital, entrando na noite fria. Toothless estava parado do lado de fora, mordendo algo enquanto esperava pacientemente por seu dono. Encarou Jack quando ele passou, seus olhos curiosos, quase como se estivesse pedindo por uma resposta.

Creio que você não pode entrar, não é? — Jack perguntou retoricamente — Hiccup vai ficar bem. Não graças a você. Nunca mais faça algo parecido com aquilo, entendeu?

Toothless inclinou a cabeça para o lado.

Ótimo, agora estou conversando com um cachorro. — Jack resmungou.

O pastor belga parou de dar atenção ao garoto em sua frente e deitou-se em frente a porta do hospital, voltando a morder uma pedra arroxeada. Jack não deu muita atenção a esse fato, na verdade, ele nem imaginava que era aquilo que o cão tinha pego nos rochedos horas antes.

— Eu gostava dessa pedra, seu pulguento. — Elsa resmungou.

— Que pedra? — uma segunda voz perguntou e Elsa pulou de susto.

Rapunzel estava parada na porta de seu quarto, os olhos verdes curiosos tentando enxergar o espelho. Elsa balançou a mão, dissipando a imagem enquanto se virava para falar com a prima.

— Bater na porta é bom. — ela disse.

— Ah, Elsa, não seja assim. — a loira brincou, entrando no quarto, seus cabelos loiros criando uma trilha atrás de si — Céus, esse lugar tem que ser sempre tão frio? — resmungou, passando as mãos por seus braços na tentativa de se aquecer.

— Já disse pra não entrar aqui sem uma blusa. — rebateu.

— Eu sei, eu sei. — fez um gesto de desdém — O que estava fazendo?

— Nada. — respondeu mais rápido do que deveria — Nada de importante.

Rapunzel sorriu divertida.

— Estava observando o garoto de novo, não é?

Elsa se mexeu desconfortável.

— Talvez. — murmurou.

— Você mente muito mal, Elsa. — comentou, sentando na cama queen size da prima.

— Eu só queria ver como ele está se saindo. — respondeu — Sabe, o tempo dele está acabando.

— E algum progresso? — perguntou curiosa.

— Não sei. — franziu o cenho — Talvez. Ele conheceu alguém, e acho que talvez dessa vez seja a pessoa certa, mas...

— Mas...? — incentivou.

— Jack está frustrado e afastando todos de si. Acha que já perdeu e não vai conseguir se livrar da maldição. Bom, com esse pensamento que não vai mesmo. — terminou em um resmungo.

Rapunzel apertou os olhos, avaliando a outra. Sabia que ela estava preocupada.

— Você ainda se importa com ele.

— Não, não me importo. — defendeu-se.

— Se importar não é um crime, Elsa.

Elsa desviou o olhar, respirando fundo.

— Você ainda pode retirar a maldição. — Rapunzel disse.

— Você sabe que não posso. Nem você consegue curar alguém que tem um coração congelado, Punzie.

Rapunzel abaixou o olhar, sabendo que era verdade.

— Talvez você tinha que ter pensado melhor antes de congelar o coração dele. — murmurou, recebendo uma expressão irritada como resposta — O que? É verdade. Eu uso meus poderes pra ajudar as pessoas enquanto você sai por aí amaldiçoando elas.

Elsa encarou a prima quase incrédula.

— Eu estou tentando criar um mundo melhor. — rebateu — São pessoas como ele que estão deteriorando nosso mundo, sendo gananciosas, pensando apenas em beleza, status, em se sentirem melhores fazendo os outros se sentirem como lixos. — seu tom foi se elevando, e quando percebeu que estava quase gritando, respirou fundo e tentou se acalmar — São pessoas como ele que estão tornando o reflexo da nossa realidade quebrado. Eu pensei que você, de todas as pessoas, entendesse isso depois do que te aconteceu.

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— Elsa... — Rapunzel começou, seus olhos se fechando em menção ao seu passado. Lembranças que ela não precisava.

— Eu sei que cometo erros. Ainda sou humana. — cortou a outra — Mas tudo que estou tentando fazer é construir um mundo melhor. Um mundo melhor para pessoas como você. Como Anna. — completou, sua voz quebrada.

— Eu sei. — Rapunzel disse — Eu sei. Me desculpe. Tem razão.

Elsa respirou fundo pela segunda vez e encarou a outra loira.

— Me desculpe. — disse sinceramente — Acho que exagerei.

— Está tudo bem. Eu não devia ter dito aquelas coisas. Você tem razão. — levantou e se aproximou da prima, segurando os braços pálidos da garota — Vai dar tudo certo. — disse com um sorriso terno em seu rosto.

— Eu espero que sim. — murmurou.

— Vai sim. Não se preocupe, ok? — assegurou e respirou fundo, determinada a encerrar aquela conversa — De qualquer forma... Eu vim aqui dizer que o jantar está pronto. Temos que descer antes que minha mãe venha nos buscar.

Elsa sorriu fracamente e seguiu a prima para fora do quarto, olhando para o espelho uma última vez antes de sair.