Inverno de 2006...

Sophia se levantou com Renesmee nos braços quando dois jovens corpulentos chegaram a casa dos Cullen, e logo ela soube que faziam parte de bando de lobos que a encurralara na floresta e a trouxera até lá naquela mesma manhã.

O cheiro das panquecas que Edward preparava invadia o cômodo e um deles reclamou de fome, fazendo com que Esmee risse e Rosalie resmungasse.

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Sophia gostou imediatamente dos Cullen e sentiu inveja deles, pois jamais poderia fazer parte de algo assim. Não podia criar raízes, nem mesmo com outros vampiros.

Todos estavam espalhados pela sala.

A criança híbrida tocou o rosto de sua nova amiga mostrando um dos visitantes. Tímida, Sophia se aproximou do garoto que conversava animadamente com Bella e Alice.

— Er... ela quer você.

Ele a pegou, enchendo-a de beijos.

Sophia se virou para ir à cozinha quando esbarrou no outro garoto-lobo. O lugar parecia repentinamente muito cheio, a sala de estar pequena demais para tanta gente.

— Desculpe — disse rapidamente, mas se distraiu com a intensidade do olhar dele.

E tudo pareceu parar, não havia movimento e ninguém mais falava absolutamente nada. As panquecas estavam queimando e ninguém se movia.

Sophia e o rapaz se encaravam fixamente.

Ele era alto e bastante forte, mas esquio. Seus olhos castanhos contrastavam com o cabelo preto, sua expressão era inocente e boa.

Ele sorriu, o que o deixava estonteante.

— Então você é a invasora...

Ela corou.

— Foi um acidente.

— Pretende ficar por aqui, eu espero.

— Talvez...

— Eu te amaria para sempre se ficasse.

Sophia riu.

— Então é melhor eu pensar com carinho.

O sorriso dele se alargou.

— Eu sou Seth.

— Sophia.



Outono de 2013...

— Estais aí? — disse Eric ao telefone, tirando-a de seus devaneios.

— Sim — respondeu Sophia.

— Ouviu o que eu disse? Eles estão a caminho — alertou.

— Eu ouvi.

— Então se apresse!

— Não viriam até aqui. Seria muito arriscado.

— Tu achas mesmo que passariam assim tão perto por acaso? Acreditas que não tem nada a ver contigo?

— Querido, eu não posso ir embora.

Ele esperou por um minuto, respirando profundamente, mas não conseguia se controlar, não poderia permitir que a pessoa mais importante de sua existência fosse tão imprudente.

— Dane-se teu marido! Não podes arriscar-te desta maneira, sabes bem o que poderá acontecer se te pegarem!

— Não poderão me obrigar a nada, eu não cometi crime algum.

— Sabes muito bem que eles podem sim obrigar-te a qualquer coisa!

— Mas eu não fiz nada.

— Achastes mesmo que Aro aceitaria tua união com o lobo? Pela aurora dos tempos mulher! Os Volturi queriam eliminar os Cullen antes de eles os terem enfrentado, e antes de saberem da ligação deles com esta matilha, imagine agora! Tua união apenas torna essa alcateia uma ameça maior! E acredite em mim, Aro não precisa de mais um motivo para eliminar esta aldeia!

A mestiça hesitou, agarrando-se a primeira desculpa que lhe ocorreu.

Eu posso contra eles! E os lobos me protegerão com certeza!

Ele riu, o riso nervoso de alguém que está a ponto de explodir. Suspirou.

— Se esperar pelos Volturi estará colocando em risco a nós dois e a todos eles, isto é loucura! Se te pegar Aro a colocará em uma jaula!

— Ele não faria isso.

— Sabes que ele faria.

Ele tinha razão.

— Não posso deixá-lo.

Eric tomou fôlego.

— Jane, Alec, Felix e Demetri estão indo até você. Ainda acreditas que existe possibilidade de diálogo?

— Eu não a temo.

— Queres que alguém se machuque?

— Eu acabo com aquela bastarda em apenas dois minutos!

Tu, mas e eles? Suportarias ver algum de seus queridos contorcendo-se de dor? Suportarias ver Seth ferido?

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Sophia se encolheu. Havia se apaixonado por um homem perfeito, por uma vida perfeita que jamais poderia ter. Ela havia cometido um grande erro há muito, muito tempo, e teria que pagar por isso por toda a eternidade.

— Quando terei de partir? — sussurrou por debaixo do fôlego.

— Hoje. De preferência em meia hora.

Lágrimas deslizavam por seu rosto, ela fechou os olhos com força, deixando-as cair.

— Tu sabes que lamento muito, não sabes?

— Sei — respondeu com um fio de voz.

— Tudo ficará bem.

— Eu acho que não.

— Não fale assim...

— Desculpe. Não me peça para ter esperança agora.

Ele ficou em silêncio, ouvindo-a chorar. Nada que pudesse dizer a faria se sentir melhor.

— Eu te amo.

— Também te amo querido.

Desligaram.

Sophia se arrastou até o closet e começou a jogar roupas sobre da cama; aprontou as malas rapidamente. Não havia escolha. Seu marido não poderia acompanha-la ou tentar segui-la, era perigoso demais, ela não podia arriscar.

Sem pensar, apanhou uma folha de papel em sua escrivaninha e uma caneta, riscando as palavras que soavam cruéis demais, verdadeiras demais. Descontente com a veracidade da carta, ela a amaçou, não percebendo quando o papel rolou e caiu atrás da mesa. Sophia pegou outra folha e recomeçou, tomando um rumo diferente.

Cada palavra abria um corte ainda mais profundo. Ela nunca se perdoaria por cada uma daquelas palavra como jamais se perdoaria por ter envolvido Seth. O que estava pensando? Seu inferno nunca acabaria.

Aro jamais a deixaria em paz.

Seth,

Estive pensando sobre nós e nosso casamento e cheguei à conclusão de que isso não é para mim. Estar em uma relação não é o que eu queria, e nunca pensei que a nossa pudesse vir a chegar tão longe.

Eu jamais prometi que nunca partiria, pelo contrário, e sinto que esta é a hora. Nós chegamos longe demais, e sinceramente não sei o que passou em minha cabeça quando aceitei casar-me contigo.

Já havia percebido meu erro antes, e há alguns meses venho preparando minha partida. Desculpe-me por não ter mencionado isso antes.

Leonard tinha razão: eu sou uma criatura livre, e não nasci para ficar amarrada a um cachorro gigante.

Fique bem.

Sophia

Afogando-se no vazio, Sophia deixou a carta sobre a cama, pegou as malas e partiu, se perguntando se a vida valeria a pena dali em diante.