Não consigo descobrir quanto tempo se passou. Robert me deixou sozinha, e apagou todas as luzes. O breu é sufocante.

Apesar dos machucados no meu pulso, eu sinto que a corda afrouxou. Está tão frio que eu começo a bater meus dentes. Sinto que eu estou em um déjà vu. Tento com a corda mais um pouco, quando consigo desvincular a minha mão direita. Com dor eu consigo livrar minha outra mão. Sinto o cheiro do sangue no meu pulso. Sem enxergar eu me abaixo e engatinho sem direção. Tento me lembrar da direção da porta. De repente eu ouço um ruído vindo de fora do galpão, depois disso um forte estrondo faz o ar em minha volta vibrar. Paro e reconheço o som de um tiro. O que pode estar acontecendo? Penso no pior. Eles pegaram o Oliver.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

A luz se acende e me vejo suja de sangue e cascalho, meu pulso está pior do que eu imaginava. Meu anel falso de noivado está impregnado. Penso em Oliver novamente.

Alguém abre a porta. Minhas esperanças se esvaem quando vejo Robert, mas ele está com as duas mãos na cabeça.

— Agora quero que você deite no chão. —Uma voz forte e conhecida.

Robert faz o que a voz manda, assim que ele abaixa, eu posso ver Oliver. Com um olhar feroz e frio, ele examina o local.

— Charlotte, fique onde você está!

Ele retira de um dos bolsos uma algema, e prende os pulsos de Robert, que fala alguma coisa inaudível.

— Pronto, Charlotte, venha até aqui.

Alivio esperança, alegria, é só o que eu consigo sentir nesse momento.

Atrás dele vejo uma movimentação estranha.

— Oliver!—Eu grito

Mas em uma fração de segundos ele já esta empunhando uma arma e de costas atira com habilidade. No fim vejo um dos capangas de Robert, caído no chão, com a testa perfurada. Sinto uma ânsia incontrolável.

Olho para o rosto de Oliver, ele não demonstrou nenhum tipo de hesitação. Ele está impassível.

Me aproximo com cuidado. Robert está rindo.

— Esse é o tal Oliver então?—A risada que ele da em seguida é estridente.

— Você não tem sorte querida! E eu achava que a pior pessoa que você conhecia era eu.

Não consigo entender o que ele diz, não consigo olhar para seu rosto. Estou congelada olhando para Oliver que aponta a arma para mim.

Ele me examina dos pés a cabeça. O olhar dele se transforma quando ele nota a minha situação, agora posso ver um pouco de sentimento no seu olhar. Ele abaixa a arma e vem em minha direção.

Sou envolvida pelo calor dos seus braços.

— Me desculpe, quando eu vi você achei que era outra pessoa.

Não consigo pensar em mais nada, as palavras dele me envolvem como o vento, e só o tom da sua voz consegue ser ouvido por mim. Quando ele me solta, eu me sinto vulnerável de novo.

— Não posso acreditar que o às de espadas em pessoa veio me pegar. —Fala Robert.

— Ás de espadas? – Falo baixinho.

Oliver vai até Robert.

— Não fale nada desnecessário. —Oliver fala dando uma coronhada na cabeça de Robert.

Com Robert desacordado, Oliver o coloca nas costas. O que me faz lembrar do nosso primeiro encontro.

— Charlotte, venha comigo.

Passamos pela porta do galpão, onde o corpo de um dos capangas está. Olho para fora e noto o outro sentado perto de um caminhão, com um ferimento horrível no peito.

Oliver joga Robert no chão e abre o baú do caminhão. De lá ele retira um galão e me entrega.

— Jogue isso em todas as marcas de sangue. — Ele me diz isso como se pedisse um favor. Ainda confusa eu pego o galão e o obedeço.

Enquanto eu faço a limpeza, Oliver com uma força descomunal coloca todos os corpos dentro do baú do caminhão. Por ultimo ele coloca Robert.

Quando ele termina , fica de frente para mim.

— Precisamos cuidar desse seu ferimento.

Olho para os meus pulsos e esqueço-me da dor. Tem tanta coisa passando pela minha cabeça que a dor física não consegue ser pior.

— Minha vida é uma mentira. – Falo com um sorriso torto nos lábios.

Oliver se aproxima de mim. Perto o bastante para que eu possa sentir o cheiro dele.

— Sua vida é real para mim.

E ele me beija, não como da outra vez, agora eu posso sentir o que tanto eu quis esconder. As pessoas dizem que quando nos apaixonamos, sentimos borboletas na barriga, sempre achei essa metáfora ridícula, pelo menos até hoje. Agora eu posso compreender o que elas falam.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Eu ainda não sei o que vai acontecer comigo. Ainda não tive tempo para pensar. Não sei o que Robert falou é verdade. Existe um enorme peso sobre mim agora.

Ao entrarmos no caminhão.

— Onde está seu carro?—Pergunto ignorando minhas verdadeiras dúvidas.

— Acho que você tem dúvidas mais importantes que essa, não é? Mas se você quer saber mesmo, eu troquei com o seu avô. Troquei meu corvette 2013 edição limitada por um caminhão velho. – Ele disse isso sorrindo, com uma satisfação estampada no seu lindo rosto. Ele sempre foi lindo, mas sua beleza aumentou consideravelmente hoje.

— Eu te encontrei, por causa do rastreador que tem na pistola de dardos. —Ele respondeu minha pergunta antes de eu fazê-la.

— E eu ouvi tudo o que o Richard te disse. Eu estava escondido, só esperando a hora certa. Me desculpe por ter demorado tanto. Me desculpe por aquilo que aconteceu com a sua irmã.E me desculpe por ter te deixado sozinha.