Querido Charles,

Eu não pintei as paredes de branco.

Eu não pintei meus dedos em seu rosto.

Você não teve remorso.

Você não tinha a chave.

A porta estava trancada por fora.

E eu na companhia de mim mesmo e dos fantasmas que acompanham as lembranças.

E é nesse momento que tudo se complica: as lembranças; Veja bem, Charles, eu sempre disse que você nunca iria ler essas cartas, mas no fundo sempre houve a esperança.

Sempre houve o amor. Sempre haverá.

Ainda há.

A Dominika correta, de órgãos corretos, cabelos grandes e sanidade veio me visitar esses dias. Meu espelho Louise, o lado bom de mim que não me pertence, me deu sorrisos, carinhos e abraços. Louise que faz balé, e não cicatrizes. Louise que aprecia os quadros, e não caí bêbada sobre eles. Louise que merecia você, que parece Dominika, mas não é. Ela que sempre deu risada conosco, e que eu nunca senti falta. Ela veio me visitar, me clarear, e por isso essa carta tem uma caligrafia aceitável. Porque eu sou a Dominika Barllet em seu melhor momento de sanidade, tentando mascarar a realidade da vida mais uma vez.

Há verdade agora, e mais dor. Porque ainda não há você. E nunca haverá. Você não vai voltar. E eu não vou sair das paredes brancas. Emma foi minha chave, pois não houve Charli, Izzy. Henry, Thomas ou Seth depois.

Talvez seja por isso que há muitas coisas nessa carta, e ao mesmo tempo nada - pois o que há dentro de mim está saindo, literalmente, e eu não me importo com as manchas pois a única pessoa a quem importaria a beleza é você.

Eu não te esperarei voltar.

Eu não chorarei.

Não irei contar com a sorte de ter ver na rua, está certo agora: eu irei até você. E talvez seja a melhor-saudável decisão da minha vida.

Mas eu não sei de nada.

Do que eu estou falando?

Meu peito está cheio, das mais conflitantes emoções, assim como meus olhos e essa folha de papel, Charles, muito obrigada.

Nada me fará mais feliz do que

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.