Oh My God, It's a Little Puppy Wolf!

O Lobo Mal Humorado, O Jovem Hiperativo e o Pequeno Feijão.


It’s a Little Puppy Wolf!

02:45

Os olhos esverdeados do lobisomem observavam calmamente o peito do homem ao seu lado subir e descer ritmicamente, os lábios entreabertos, o cabelo castanho bagunçado e algumas vezes a pálpebra esquerda contraindo-se suavemente.

Derek permitiu-se sorrir como um bobo ali, no quarto quase escuro já que a lua cheia brilhava no breu a fora, assistindo de forma assustadora o incrível namorado hiperativo. Há mais ou menos meia hora este mesmo hiperativo estava colocando os restos do jantar para fora no banheiro enquanto Derek estava ao seu lado prontamente como apoio ao outro.

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No entanto, Derek sabia que seu lobo ficava inquieto e até mesmo um tanto angustiado ao ver a expressão desgastada de Stiles em apenas um mês e uma semana de gravidez. Ambos sabiam das consequências, porém Derek sabia da teoria, e Stiles sabia muito bem da prática desta. Sendo assim, lá estava ele analisando formas em que poderia tranquilizar a si mesmo e ao homem ao seu lado, durante esta nova fase da vida deles.

Com um suspiro, aconchegou-se mais ao outro, enlaçando seu braço direito ao redor de Stiles, seus pensamentos cruzando-se com os últimos meses e agora, e em como eles teriam uma pequena pessoa para cuidar por muito, muito tempo. Sem hesitar, seus dedos traçaram suavemente a barriga ainda lisa e pálida do outro, e realmente pensou que além do estranho fato da gravidez, ele seria pai em alguns meses. Isto o levou a lembrar vagamente de Cora quando pequena, e sua mãe tirando várias fotos, ainda que estas ficassem borradas por conta do flash da câmera.

Como em um estalo, Derek olhou de volta ao rosto adormecido de Stiles e sorriu ao finalmente perceber como ambos poderiam passar por estes oitos meses de maneira... Diferente.

Seu último pensamento antes de se concentrar na respiração ao seu lado e no leve aroma de Stiles para dormir, foi que a partir do momento em o beijou e viu o sorriso no rosto deste, ele se prontificou quase de forma instintiva de que tentaria fazer o que pudesse para manter o riso travesso do seu namorado enquanto estivessem juntos.

Mas, claro, depois de uma boa noite de sono.

Segundo Mês.

– Oh Deus, me dá uma folga, feijão. – Stiles se jogou no sofá da sala de estar do loft, sentindo sua cabeça girar como se ele estivesse em uma montanha-russa.

Derek veio da cozinha com um copo d’agua, sentando-se no pequeno espaço que havia sobrado ao lado do outro. Sorriu levemente ao ver a careta congelada no rosto salpicado de pintas, mais pálido que o normal, ainda que o deixasse preocupado.

Mas o lobisomem percebeu que ele seria infelizmente um companheiro e pai altamente protetor. Se Stiles lidaria com isso? Bem, ele teria que dar um jeito.

– Obrigado. – o jovem pegou o copo de suas mãos e bebeu o líquido em goles curtos. – Como eu pareço?

Derek arqueou as sobrancelhas.

– Você quer que eu seja aquele tipo de pai que mente e diga ‘’Nossa, querida, você não engordou absolutamente nada e parece incrivelmente linda esta manhã’’, ou eu posso ser sincero sem me preocupar com um humor alterado devido à gravidez?

Stiles piscou.

– Eu acho que essa foi a frase mais longa que eu já ouvi você dizer durante este curto tempo de relacionamento. – ele conteve o riso ao ver o outro revirar os olhos. – Bem, eu quero saber a sua mais sincera opinião, Sr. Hale.

– Você parece horrível. – Derek respondeu sem hesitar, entrelaçando a mão livre de Stiles com a sua.

– Dois meses e eu já pareço um zumbi! – Stiles gemeu angustiado sentindo os vestígios de náuseas, porém sorriu ao sentir um beijo em sua testa suada. – Eu vou levar essas suas palavras comigo pelo resto da vida.

Derek riu se levantando e indo em direção ao quarto para buscar um cobertor ao humano com o talento fantástico para o drama. Quando o retirou da prateleira do armário no quarto, seus olhos pararam na caixa preta... Talvez fosse um bom momento para usar o objeto e começar o que prometeu a si mesmo naquela madrugada.

Ao descer as escadas, parou e observou a figura encolhida no sofá, parecendo tentar combater novamente os enjoos que seriam infelizmente inevitáveis por mais algumas semanas. Derek, observador como sempre, notou as pequenas diferenças aparecendo lentamente em Stiles, como o cansaço aumentando, as náuseas recorrentes... Ambos tinham entrado em discussão sobre a mudança de alimentos que o jovem teria que consumir, cortando quase absolutamente tudo que Stiles particularmente considera como ‘’comida saudável’’.

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Isso resumiu ao silencio pesado e tenso entre eles por algumas horas, até que Stiles pôde sentir o olhar penetrante de Derek sobre ele por vários minutos, dando um fim à barreira entre os dois.

– Derek Hale, se você continuar aí de pé perto da escada me olhando desta maneira assustadora, dentro de dez segundos eu vou subir no Jipe e fugir de você.

Stiles abriu os olhos e olhou para a figura que agora estava a sua frente acomodando o cobertor favorito sob ele, ao que fez levá-lo a um suspiro contente. Mas, obviamente percebeu a caixa preta nas mãos do lobisomem.

– O que é isso?

Derek retirou o objeto de dentro da caixa e viu a expressão confusa de Stiles mudar para genuína surpresa.

– Uma... Câmera fotográfica? – ele sentou-se enrolando-se com o cobertor, os olhos castanhos cheios de curiosidade.

Derek podia sentir um sorriso brotando em seus lábios.

– Sim. Ela vai registrar bons momentos a partir de hoje.

– Wow... Quem diria que Derek Hale, Ex- Alpha Assustador e Lobo Ninja seria um pai bobão e, oh meu Deus, não, você não vai fazer isso!

Derek o ignorou e ligou a câmera, a posicionando em frente a Stiles, em contagem regressiva para uma foto deste.

Três...

– Derek, eu estou horrível, por Deus!

Dois...

– Sério, eu prometo comer aquele brócolis horrív-

Um...

Click.

– Eu odeio você.

Derek riu ao ver na câmera a foto capturada de uma carranca adorável do outro, enrolado em uma pilha de cobertor olhando chateado e nervoso diretamente para ele.

– E esta, será a primeira de muitas. – Derek suspirou, tirando os olhos da foto para ver Stiles o observando com a expressão, agora, leve.

– Você é um idiota.– Stiles se moveu para o colo do lobisomem, tirando a câmera de sua mão e o beijando. – E infelizmente eu amo você.

Derek sorriu entre o beijo ao escutar o click novamente. Bem, era uma via dupla entre eles.

Terceiro Mês.

– Eu preciso que você me lembre novamente do porquê de estar aqui andando numa floresta fria, às seis da manhã.

Derek olhou para Stiles ao seu lado, com os punhos dentro dos bolsos do capuz vermelho, a calça escura de moletom modelando seu corpo magro fazendo um conjunto de ‘’Derek Hale me expulsou da cama antes do horário permitido’’.

– Porque entramos em um acordo depois de visitarmos Deaton e, com recomendações do mesmo, você teve que entrar com os recursos necessários para que a gestação seja saudável. Ou seja, mais caminhadas, menos fast food e...

Derek parou de falar quando Stiles passou por ele em silencio e passos rápidos. O lobisomem resolveu segui-lo e parou quando o viu a alguns passos do fim de um dos montes da floresta de Beacon Hills.

– Stiles...?

Segundos depois, os batimentos cardíacos do jovem aumentaram e o aroma evidente de lágrimas e estresse foi sentido por Derek.

– Sabe, no momento em que ambos nos reconhecemos como pais e responsáveis por outra vida, eu entendi que não seria apenas eu e sim um pequeno feijão brotando dentro de mim sem mesmo nenhum aviso. É só que, às vezes, eu penso que as dúvidas que surgem são angustiantes.

Derek engoliu em seco e se aproximou do outro, que ainda olhava para as luzes da cidade ao longe, aos poucos desaparecendo, deixando os tímidos raios de sol surgirem mais e mais.

– Sem hambúrguer, sem batata frita, sem refrigerante, pizza e nachos... Isso me incomoda, mas não a ponto de que eu vou fazer vinte anos daqui a poucos meses e o peso apenas se alastra em pensar que não serão somente escolhas feitas para mim, mas para outra pessoa. E se eu for um mau pai? Ou se eu não conseguir cuidá-lo como deveria, ou fazer alguma besteira? Eu sou apenas um idiota desengonçado com TDAH e intrometido que praticamente está chorando porque se deu conta de que ser adulto é uma merda, e mais merda ainda quando estou prestes a ter um ataque de pânico porque vou ser um pai que vive com um homem que me proíbe de comer coisas que eu gosto e que mesmo assim eu o amo.

Stiles arrancou fôlego, cerrando os punhos trêmulos. Ele voltou seu olhar para os olhos esverdeados do outro, com um medo que Derek havia visto poucas vezes enquanto conhecia o jovem Stilinski.

– Stiles, eu estou com você. Estamos juntos, agora por um motivo a mais. – Derek colocou suas mãos por cima das trêmulas de Stiles, sem quebrar o olhar com este. – Não é somente porque você se tornou algo essencial na minha vida, mas porque você está me proporcionando momentos que eu não planejei ter há quase dez anos.

Quando você está se sentindo horrível a cada vez que coloca o jantar ou o café da manhã pra fora, ou quando fica irritado de repente, ou quando se queixa de quase tudo, eu me aborreço. E, ao mesmo tempo, eu me surpreendo, porque isso não se tornou negativo pra mim. Eu estou abraçando pra mim a responsabilidade de ser pai e de estar com você. E não por obrigação. Sim, eu ainda fico assustado e com dúvidas, mas eu também sei que você vai estar comigo para me apoiar.”

As palmas grandes de Hale seguraram o rosto molhado de lágrimas do outro.

– O feijão, como você tanto diz, é uma parte nossa. Eu vejo a certeza nos seus olhos quando eu pego você distraído olhando e colocando as mãos quando acha que eu não o observo.

Stiles bufou.

– É claro, você é um stalker assustador. – Stiles não conseguia desviar os olhos dos intensos de Derek.

– Em qualquer momento, ruim ou bom, eu sei que você estaria comigo. E agora, acho que como pais, nós dois vamos enfrentar isso juntos. Ok?

A garganta de Stilinski apertou, enquanto este limpava o rosto sem retirar o contato das mãos do outro em si.

– Pais de primeira viagem, então?

– Pais de primeira viagem. – Derek sorriu, suspirando aliviado quando Stiles o apertou contra si, ambos sentindo que precisavam daquele abraço. Do contato, e de suporte.

Mas não demorou muito...

– Mais uma frase longa sua e eu não respondo por mim e o meu tesão.

Derek revirou os olhos, dando um tapa atrás da cabeça de Stiles fazendo-o rir.

Uma hora depois, quando chegaram no loft, Derek foi para a cozinha preparar algo para ambos comerem. Quando os alimentos já estavam arrumados sob a mesa, o lobo chamou o outro, que havia se retirado para ir tomar um banho, porém, o silêncio do chuveiro começou a incomodá-lo.

Derek desligou o fogão e subiu as escadas, indo em direção ao quarto dele. Quando parou no batente, seus olhos voltaram-se imediatamente para Stiles.

O espelho refletia o corpo esbelto, os músculos se tornando um pouco mais fortes com os meses de correria com o sobrenatural. A toalha azul quase escorregava do quadril não tão magro como há dois meses, puxando a sua atenção para as mãos pálidas que, tímidas, mapeavam a colisão que começava a aparecer. Os olhos castanhos estavam focados, agora quase claros por causa da luz que entrava na janela larga do quarto reformado, colidindo sob o jovem aparentemente distraído consigo mesmo.

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Ao desviar o olhar rapidamente, encontrou a câmera em cima da uma pequena mesa perto da entrada da porta e, sorrateiro como sempre, Derek usou o melhor ângulo que podia para focar e então...

Click.

Stiles olhou para cima e encontrou Derek o observando com a câmera em mãos e um sorriso suave. Talvez ambos tenham se comunicado apenas com isto, pois no momento em que Hale o abraçou por trás beijando o seu pescoço, sabiam que o silêncio por si só era o melhor para transmitir os sentimentos ali, tão palpáveis.

Quarto mês.

Derek perdeu as contas de quantas vezes havia suspirado para manter a calma.

Após jantarem na casa do Sheriff Stilinski, e as variadas perguntas e questões levantadas por este, o tópico faculdade mostrou-se à tona. Logo no início da gravidez, Stiles havia dito que trancaria pelo menos até o nascimento do ‘’feijão’’. Sendo assim, mesmo que ainda relutante ao ver algo que Stiles estava construindo ser parado por um tempo, ambos tinham entrando em um acordo de que ele poderia encontrar formas de entretenimento.

Só que Derek estava sentindo além da pele as consequências disto.

Se ele questionasse, era uma discussão. Porém, ele ainda seria aquele que jogaria um travesseiro no rosto de Stiles para que ele parasse de ser tão teimoso. Derek tentava lidar com os instintos protetores do seu lobo, em estar o tempo todo verificando se algo estava errado, se o seu companheiro estava confortável o suficiente. Mas ele sentia-se às vezes à deriva, em alguns momentos do dia.

Relativamente, na maior parte do dia. Quando Stiles caia no sono, o alívio alastrava Derek.

Quando chegaram em casa, Stiles sabia que tinha algo incomodando Derek, e ele tinha certeza de que se ele quisesse paz interna, teria ele mesmo que descobrir o que estava acontecendo. Deitados na cama, esperando o sono chegar, Stiles levantou a cabeça do peito do outro homem, e viu calmamente as pálpebras abrirem e os olhos esverdeados o encararem.

– Então... Quer transar? – Stiles piscou, tentando seduzir o outro, mas como sempre, Derek o encarou com uma carranca de indiferença.

– Qual é... Eu e você aqui... Ambos inquietos e possivelmente estressados em apenas ler livros sobre gravidez, e recomendações alimentícias, e métodos para ajudar Scott a proteger o Pack...

– Não esqueça do tópico ‘’Ajudar a Lydia com as compras para o berçário’’. – Derek arqueou uma sobrancelha, passeando suas mãos nas costas de Stiles.

– Oh Deus, este pesadelo começara logo, logo. – o jovem suspirou, passando a mão pelo cabelo, bagunçando-o ainda mais. – Eu odeio estar me tornando uma bola, e ter que mudar meu guarda-roupa.

– Você sabe que é até uma vantagem...

– Eu vou empurrar você da cama. – Stiles espiou um olhar gelado para Derek, que lutou fortemente para não sorrir.

– Okay.

– Mudando de assunto, o que está passando por aqui ultimamente? – Stiles cutucou levemente a testa de Derek.

Hale desviou o olhar para as cortinas que balançavam com a brisa fria da noite. Podia sentir os seus olhos mudarem para o azul quase royal de seu lobo.

– Preocupações bobas.

– Oh... – Stiles passeou a mão pelo peito de Derek. – Via de mão dupla, lembra?

– Eu só... Quero que vocês dois fiquem bem. Nós vivemos em uma cidade fora do normal, com coisas estranhas até mesmo em uma esquina, e, ainda assim, mesmo que eu fique do seu lado quase o tempo todo, eu sinto que não é o suficiente.

Stiles balançou a cabeça, entendendo o ponto.

– Eu percebo a sua preocupação a vapor, Derek. Você não é o único com o hobby de observação aqui. E acho que até agora estamos sendo a âncora um do outro, porque provavelmente você teria pirado bem antes de tudo isso. Veja só, por exemplo, fim de semana passado...

– Stiles, não. – Derek alertou sentindo seu peito apertar.

– Nós gritamos, nós berramos, por quê? Porque eu saí para a casa do meu pai sem avisar você e era como se eu tivesse começado o apocalipse! E, logo em seguida, uma criatura horrenda apareceu e voi lá! Stiles Hiperativo Stilinski e seu pequeno feijão corriam perigo até o momento que o super pai apareceu e nos salvou, para então começarmos novamente com as discussões.

Stiles terminou, olhando para Derek que olhava para algum ponto no escuro, tentando infalivelmente ignorá-lo.

– E eu sei que você teria rosnado pra mim neste exato momento, porque sei que fui imaturo em não ter te avisado, eu sei que você sabe que errou ao tomar uma postura defensiva durante toda a semana. – Stiles segurou o queixo de Derek, a barba roçando seus dedos, o trazendo para mais perto. – Eu amo você Derek, mas eu espero que ao mesmo tempo em que tento entender que eu não posso mais correr por aí com um bastão na mão, você tem que confiar em mim. E entender que eu não sou uma donzela indefesa, ainda que eu carregue o nosso filho. E não, acariciar minha barriga não faz com que isso melhore.

Derek recolheu a mão imediatamente.

Stiles franziu a testa, sentando e cruzando os braços.

– Você ainda quer transar? – o mais velho murmurou sorrindo de canto.

– Eu te odeio, Derek Hale.

Duas horas depois, o lobisomem dormia de bruços ao seu lado, enquanto Stiles traçava os dedos sob a tatuagem nas costas largas deste. Bocejando, levantou-se e colocou sua calça de flanela e desceu as escadas tentando fazer o menor barulho possível.

Ao abrir a geladeira, os olhos castanhos escaneavam as prateleiras, até que com um soco no ar, achou o seu alvo.

Enfim, na cozinha escura do loft, às três e quinze da madrugada, Stiles saboreava sua colher imensa de sorvete de flocos com calda de chocolate, apoiado no balcão de madeira polida, o pote quase pela metade em sua mão. Até o segundo seguinte, já que este pulou ao escutar o clique familiar da câmera que ele não precisava adivinhar que era Derek atrás dele com um olhar duro. O sorvete se espalhou pelo chão, seu rosto e mãos.

– Pote de sorvete durante a madrugada, mais meia hora de caminhada amanhã. – Derek se aproximou com a câmera em mãos, ignorando o choramingo de Stiles ao se ver todo sujo e por ter que caminhar com o outro pai do seu filho, aparentemente sádico e impiedoso.

Click.

E um beijo estalado no rosto lambuzado de Stiles.

– Vou preparar a banheira pra você, ok? – com um sorriso vitorioso, Derek saiu em direção ao banheiro.

Depois de alguns minutos, ainda no mesmo lugar, Stiles se deu conta que seu namorado era realmente um sádico. Porra, ele era apaixonado por esse idiota.

Quinto Mês.

Okay, talvez o seu pequeno feijão quisesse dar um olá.

Mas um olá um tanto forte demais.

Stiles estava na árdua tarefa de escolher uma roupa realmente decente e que não aparentasse que ele estivesse com uma considerável barriga de gravidez para sair com Lydia em busca de roupas para ele e o bebê, e outros acessórios. No entanto, no meio de sua movimentação, houve o momento inesperado onde Stiles Stilinski parou de cantarolar e ficou sem ação ao notar uma leve vibração abaixo de sua barriga.

– Oh. – Stiles olhou para a colisão e esperou realmente não estar alucinando. Até que, mais uma vez, ele percebeu o mesmo movimento. – Seu outro pai vai rosnar pra mim o resto da semana quando souber que não estava aqui pra sentir o seu primeiro chute, feijão.

Como resposta, um leve chute sobressaltou Stiles, e este resolveu ignorar o atraso que teria ao se arrumar e sair com sua melhor amiga para sentar-se na ponta da cama e posicionar sua mão onde o bebê havia se movimentado.

– Hey, você aí. – sussurrou como se não quisesse quebrar o momento. – Será que pode guardar mais um chute desse para o seu papai lobo mal humorado? Sabe, acho que podemos nos divertir ao vê-lo ficar com os olhos arregalados e um sorriso bobão...

Stiles começou a rir de repente, sentindo os olhos marejarem.

– Se eu fico alertando Derek em como ele vai ser um pai um tanto assustador, a ponto de querer proteger você de tudo, pequeno wolfie, quando eu conhecê-lo pessoalmente, serei bem pior.

Derek balançou a cabeça quietamente. Stiles estava tão concentrado em falar com o filho deles que não notou o lobisomem trancar a porta do loft, guardar as compras e, por fim, procurar por ele e sentir seu peito apertar com a cena que se desenrolava no quarto. E como se o destino realmente apoiasse Derek, este estava com a câmera ao seu alcance, pronta para registrar o momento.

Mas, desta vez, em vídeo.

Ele queria mais do que tudo, se aconchegar em Stiles e sentir o chute do bebê deles sob sua mão, mas ele queria registrar aquilo para eles. Talvez, mostrar a criança deles daqui a uns anos, o quanto ele já era amado desde a sua ‘’estadia’’ em Stiles.

– Sabe, uma vez eu aborreci o seu pai porque começamos a pensar em alguns nomes pra você. É obvio que ele não gosta quando chamo você de feijão, mas qual é, até que combinou certo? – Stiles esperou por um chute como confirmação, mas nada veio.

Derek sorriu ao escutar o bufo do outro.

– É claro que você tem que se aliar ao seu pai, não é? Eu já vejo vocês dois manipulando a mim, pobre humano que se defende apenas com um bastão, sem garras ou orelhas pontudas ou dentes afiados... – ele divagou distraidamente, ainda sem notar a outra presença no quarto. – Quando eu vi o seu pai em forma de lobo pela primeira vez, eu fiquei um tanto assustado, pequeno wolfie.

O lobisomem, sem perceber, ficou tenso. Porém, esperou.

– Ele e eu não nos damos bem, como a maioria de histórias de amor que você talvez vá conhecer quando crescer. Não foi nada de amor à primeira vista, feijão. No entanto, nós temos algo bem melhor e que continua melhorando tanto... Hoje, quando eu vejo os olhos do seu pai brilhando intensos pra mim, num tom de azul tão forte, eu confesso... Que até perco a respiração. Eu admiro-o muito hoje, sabe?

Stiles se encolheu mais, acariciando mais a cima de sua barriga.

– Depois eu comecei a perceber que seu pai passou por tantas coisas que o fizeram ser o que ele é hoje, e é o que me faz amá-lo tanto. E juntando a rosnados, empurrões na parede e muitas caretas feias, você está aqui. – Stiles suspirou contente ao sentir outro chute. – É, você aí. Bagunçando as nossas vidas, tornando a mim e Derek dois pais bobos por um pequeno feijão.

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Derek só percebeu que estava chorando quando uma lágrima alcançou seu lábio inferior. E quase saltou quando, nem com seus sentidos afiados, notou Stiles o chamar de costas a ele.

– Papai Lobo bobo pode se juntar a nós, se ele quiser... O que você acha?

Derek desligou o vídeo, com passos calmos se movendo até Stiles, ajoelhando-se em frente a ele. Ele tinha certeza, de que se ele próprio fosse viver por muito tempo, aquele momento ficaria eternizado com ele e Stiles.

Stilinski sorriu ao ver a expressão desnorteada de Hale, e o puxou para um beijo lento e tranquilo. E acabou rindo quando Derek, admirado, sentiu sua mão ser guiada por uma outra salpicada por pintas até a colisão não tão mais pálida do outro e sob a sua palma, sentir o bebê deles vivo e o coração deste batendo forte.

Porém, é claro que o momento foi interrompido pelo toque do celular de Stiles ao seu lado.

– É Lydia. – Stiles arregalou os olhos ao lembrar novamente do compromisso entre eles. Por fim, respirando fundo atendeu. – Heeeey, Lyds...

– Stilinski, é melhor que você esteja pronto porque daqui a cinco minutos eu vou estar aí na frente do loft e você sabe que eu odeio atrasos.

– Sim, claro, por favor, Lydia, aqui é a pontualidade em pessoa falando com você. – Derek revirou os olhos e levantou-se a procura de algo para Stiles vestir. – Sim. Sim. O quê? Não, acho que Derek não irá. O que eu posso fazer, ele é quase um eremita.

Stiles sorriu quando ouviu um rosnado.

– Bem, okay eu vou terminar de me arrumar. Até logo.

Depois de pronto, disfarçando um pouco o volume com um casaco, camisa xadrez abotoada e uma camisa lisa, Stiles se sentiu seguro. Um pouco. Ele girou, esperando a opinião de Derek, que havia ido para a cozinha, começando a preparar algo para o almoço.

– Então, ainda parece que eu carrego um pequeno bebê lobo dentro de mim?

Derek parou de cortar a cenoura em frente a ele, rapidamente olhou Stiles de cima a baixo e deu de ombros.

– Sim.

Stiles gemeu, nervoso e irritado com o outro. Sério, ele estava começando a repensar a promessa sobre não mentir sobre o seu estado de gravidez.

– Você não está ajudando, Hale!

– Eu sei. Porém, você acreditaria se eu dissesse que você está lindo?

Stiles abriu a boca para retrucar, porém não soube exatamente o que dizer, pelo elogio e pelo chute que recebera no canto inferior da barriga. Bem, optou pelo óbvio.

– Eu não sei. Apenas sei que seu filho se tornou seu aliado, e eu me sinto sozinho nesta relação a três.

Derek riu, tentando não parecer tão orgulhoso. Portanto, mudou de assunto ao levantar a cabeça em direção à porta.

– Lydia chegou, é melhor você ir. E, por favor, tome cuidado.

Stiles prontamente se agitou, arrumando mais uma vez suas roupas. Contornando o balcão, beijou Derek rapidamente se despedindo, indo para o tormento de fazer compras.

Três horas depois, Derek levantou os olhos do livro que lia para observar seu companheiro arrastar seus pés ate ele no sofá, com a expressão exausta.

– Lydia não é mais minha melhor amiga!

– Stiles, ainda tem sacolas no carro, sabia? – Lydia entrou segundos depois com algumas sacolas em mãos, andando pelo loft alegremente.

Em resposta, ele apenas suspirou com os olhos fechados no ombro de Derek que deu um tapinha amigável em suas costas.

– Quem sabe mais tarde, possa haver uma boa massagem, huh? – ele tentou animar o namorado, parecendo obter sucesso quando viu o sorriso de canto nos lábios carnudos.

– Você é o melhor.

Depois de uma hora, o resto do pack apareceu, e acabaram por organizar uma noite de filmes improvisada. Scott, como o melhor amigo que Stiles poderia ter, acabou por levar as comidas não nomeadas e proibidas que o jovem hiperativo não consumia há semanas.

– Scott, eu juro que vou socar a sua cara.

– O que eu fiz?! – Scott virou-se com a boca cheia de batata frita para Stiles, que fechou os olhos, respirando fundo, tentando não cometer um assassinato. – Oh, desculpe bro.

– Desculpe bro, desculpe bro, você se tornou meu arqui inimigo. – ele levantou-se bufando e indo para a cozinha, onde haveria um prato com verduras e suco natural esperando por ele.

Derek, observando a cena com certa pena do pai do seu filho, levantou-se do sofá, mas antes passando por Scott e dando um leve tapa em sua cabeça.

– Hey! Lydia, eu já pedi desculpas a ele!

Lydia, mais entretida com o celular do que com a televisão, apenas revirou os olhos.

– Você mereceu, McCall.

E nisso, Allison, Isaac e Scott começaram a discutir sobre os mais variados tipos de comida.

Quando Derek viu Stiles sentado à mesa, com os ombros caídos, cutucando as verduras em seu prato, sentiu que as barreiras haviam se disperso.

– Stiles.

– Shhh. Me deixe aqui na miséria com o pequeno feijão, enquanto eu como esta deliciosa batata cozida. – O jovem murmurou olhando para a batata como se ela tivesse o ofendido.

Bem, a julgar pela expressão dele, talvez.

Suspirando, Derek caminhou ate a geladeira, retirando dela, um pote de sorvete com flocos juntamente com uma pequena garrafa de calda de chocolate, posicionando-os em frente ao outro que arregalou os olhos e a boca aberta como se estivesse vendo a melhor coisa da sua vida.

– Oh meu Deus.

– É. – o mais velho concordou, sentindo o aroma da excitação de Stiles ao seu lado, enquanto sentava-se.

– Derek, eu realmente...

– Sim, você pode. No entanto, de forma moderada.

Stiles realmente sabia que Derek estava fazendo um modesto esforço para permitir que ele voltasse a comer, ainda que pouco, sobremesas como sorvete e derivados. Portanto, nada menos do que merecido ao seu namorado do que um beijo demorado, prontamente recebido por Hale que o puxou para mais perto de si.

Este escutando os murmúrios perto deles, sabia que o pack estava observando-os e provavelmente tirando fotos, se deliciando com um dos momentos raros onde ele e Stiles se deixam levar em frente aos outros.

– Obrigado.

– Disponha. Mas ainda vamos visitar Deaton, para sabermos se há mais exames e saber como o bebê está.

Stiles bufou, contrariado.

– Aquele traidor... Tudo bem, que seja. De qualquer forma, podemos ir semana que vem? Estou ansioso para saber o sexo.

– Tem certeza de que quer realmente saber antes? – Derek pôde escutar ao longe o murmúrio exasperado de Lydia. ‘’Do que esse maluco está falando? Vai dar menos trabalho para arrumar o berçário e- ’’ ‘’Shh Lydia!’’ ‘’Não faça Shh pra mim, Lahey!’’

– Nah, eu quero saber antes. Nosso pequeno wolfie pode ser uma grande garota ou garoto. Só quero vê-lo saudável. – ele levou a colher cheia de sorvete a boca, deliciando-se com os flocos derretidos. – Oh meu Deus, você tem que provar.

Sendo assim, Derek buscou uma outra colher, dividindo não apenas o sorvete com o seu companheiro, mas o momento de paz que tinham com o pack, que registrava a cena com fotos tiradas orgulhosamente por Allison e os outros.

Sexto Mês.

Um menino.

Dez dedos das mãos, dez dedos dos pés de genética Hale–Stilinski.

Quando Derek e Stiles observaram mais uma vez as fotos do ultrassom, ambos sentiram mais uma vez a importância gigantesca que este pequeno ser tinha para eles. E a expectativa só aumentava a cada semana que era deixada para trás. No inicio deste mês, Stiles começou a sentir os chutes mais fortes, fazendo com que andar e correr por todo o canto, fosse algo que ele teria que abolir. Ficar em pé por muito tempo, se tornou desgastante, assim como estar sentado também.

O que resultou em um jovem com TDAH muito aborrecido, e um Derek muito paciente.

Com as novas recomendações de Deaton, além de sempre manter uma alimentação saudável, e poucas atividades que resultasse em cansaço físico e emocional a Stiles, Derek se tornou mais atencioso e compreensivo, algo percebido não somente por Stiles, mas pelo Sheriff e o pack. Porém, ao estacionar o carro em frente a casa dos Stilinski, Derek estava revendo o conceito de tranquilidade ao ter que passar a tarde fora em outra cidade, para investigar o que estava acontecendo com o outro grupo de lobisomens. Ele e Scott se encontrariam logo perto da saída da cidade para que pudessem ir a cidade vizinha.

Mas, depois de acompanhar as novas dores de Stiles, ele repensou esta pequena tarefa.

– Derek, está tudo bem! – o jovem tirou o cinto de segurança, e voltou-se ao outro que o fitava calado. – Eu e o pequeno feijão estamos bem, ainda que eu sinta umas dores estupidamente desconfortáveis, mas...

Hale sorriu, balançando a cabeça.

– Bela maneira de me convencer a ir.

– Eu sei, certo? – Stiles sorriu de volta, em seguida segurando a mão do lobisomem. – Eu não vou ser teimoso agora, e nem me aventurar para outro lugar a não ser do meu quarto para a sala, da sala para o banheiro e do banheiro para a cozinha.

– Stiles, as coisas costumam sempre dar errado quando alguém esta vulnerável demais. E não falo somente com você, mas pelo resto do pack.

– Bem, noticias novas: isto é Beacon Hills, amor. Não importa, sempre haverá algo estranho para nos deixar de cabelo em pé. – Stiles o puxou para um beijo, acariciando atrás do pescoço de Derek que relaxou visivelmente. – E você sabe, meu pai tem uma espingarda e o sangue Stilinski. Não nos entregamos facilmente, capiche?

Derek teve que concordar.

– Sim, capiche. – com um último beijo, Derek mais uma vez alertou. – Qualquer suspeita de perigo, ou ameaça, por favor, ligue pra mim ou Isaac. Ele prometeu ficar por perto da sua casa só por precaução.

Stiles revirou os olhos, dando um aperto na mão de Derek para sair, desengonçado do carro e se dirigir a sua antiga casa. Ao entrar, acenou para o homem dentro do carro, antes de fechar a porta.

– Derek esta ficando maluco, não é? – o Sheriff observou de onde estava sentado perto da mesa, lendo algumas fichas de casos, Stiles tirar o casaco o pendurando atrás da porta.

– Sim, algo perto disso. Mas de certa forma, eu compreendo a preocupação dele, pai. Derek é naturalmente protetor com as pessoas nas quais ele se importa, e ter mais um pequeno feijão para pensar, é impactante.

– Até quando você vai chamar o seu bebê de feijão, garoto? – o homem mais velho, tirou os óculos do rosto, se perguntando mais uma vez se o seu filho tinha uns parafusos a menos.

Stiles riu, e levantou-se para buscar algo em seu casaco. Quando voltou, tinha um envelope em mãos, e entregou ansioso ao seu pai.

– Bem, desde que foi confirmado que o nosso pequeno feijão será o mais novo membro da família.

O Sheriff arregalou os olhos, sem saber o que dizer. Rapidamente, ele tirou os papeis de dentro do envelope, confirmando o anúncio de seu filho, que o observava com carinho. As lágrimas encheram seus olhos, quando foi envolvido pelo súbito abraço de seu pai, respirando fundo para que não chorasse copiosamente.

Bem, ele sempre pode culpar os hormônios.

– Garoto, você ainda vai levar o seu velho pai ao hospital. – O Sheriff respondeu, orgulhoso.

– Nah, você tem um papel importante como avô agora. O pequeno wolfie terá que ter alguém para levá-lo à estação, conhecer seu gabinete e sair pra pescar com o vovô.

Vovô, Jesus, esse garoto.

Ao se separarem, e fingirem prontamente que as lagrimas não estavam lá, o Sheriff notou a mão do filho apertar levemente o lado esquerdo de sua barriga.

– Está tudo bem? – perguntou preocupado, puxando a cadeira para Stiles sentar. E percebeu algo de errado, quando este sentou, sem mesmo contrariá-lo.

– Ultimamente eu venho sentindo mais dores, nas costas, pés e pernas. – Stiles suspirou cansado, deixando-se relaxar no encosto da cadeira. – Mas pelas indicações de Deaton, não é nada além do esperado. Wolfie está saudável, eu também... Qual é pai, pare, você esta me olhando igual a Derek!

O Sheriff sorriu.

– Você apenas me lembrou sua mãe. – ele sentou-se novamente, agora ao lado do filho que mordeu os lábios parecendo pensativo. – Mesmo grávida, ela não parava. Sempre se movendo, procurando coisas novas, me deixando com mais cabelos brancos aos meados dos trinta anos...

– Pelo menos Derek não vai ter que se preocupar com cabelos brancos tão cedo, eu acho.

Eles se entreolharam e riram cúmplices.

– Vocês estão juntos nisto, não é?

– Sim, nós estamos. Ainda que com as discussões, algo vem se fortalecendo conosco... Eu sinto isso, pai. Eu o amo muito, e reconheço que é mútuo todos os dias em que passo com ele.

Sheriff apertou o ombro do filho, acenando.

– Eu apenas queria confirmar o que eu e os seus amigos já notamos há muito tempo, filho. Mas esteja preparado para os momentos ruins ok?

Stiles acenou, antes de fazer uma careta ao sentir uma pontada de dor na parte inferior das costas.

– E essa é a sua deixa para ir ao seu quarto. Está do mesmo jeito que deixou, quando foi pra faculdade.

– Obrigado pai. – Stiles o abraçou rapidamente antes de se afastar em direção à escada. – Eu e feijão nos retiramos agora, para uma boa soneca da tarde.

– Stiles?

– Sim? – ele virou-se, pisando no primeiro degrau, esperando.

– Eu sei que você vai ser um bom pai.

Depois de alguns segundos, encarando os olhos que Stiles conhecia tão bem, ele balançou a cabeça.

– Você e Derek com essa ridícula ideia de me fazer chorar a qualquer oportunidade!

– Linguagem, garoto! – o Sheriff voltou-se aos seus papeis, sorrindo.

– Desculpe!

Quando seu corpo repousou no colchão, Stiles pôde escutar os sinos angelicais. Retirando os tênis, aconchegou-se o máximo que pôde e fechou os olhos, relaxando enquanto escutava calmamente a chuva começar a se alastrar pela cidade. A sessão de chutes novamente começou, e Stiles gemeu baixinho, massageando o local movimentado.

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– Ok, nada de dor para o papai. Que tal uma soneca, huh? – Stiles perguntou suavemente, olhando distraído para a janela em seu quarto, lembrando que esta serviu de passagem para um certo lobo entrar em horários inapropriados para vê-lo, há um ano.

Seus olhos vagaram depois pelos cartazes de bandas e pôsteres, e pode sentir as lembranças e memórias e no quanto poderia refletir sobre a mudança radical pela qual passava. No entanto, ao sentir seu filho sob sua mão naquele momento, ainda que com uma leve dor desconfortável, Stiles estava feliz.

Uma batida leve na porta fez com que ele voltasse sua atenção para a entrada de seu quarto, reconhecendo seu pai com um objeto familiar em sua mão.

– Oh meu Deus, Sr. Purples! – ele riu e estendeu a mão, maravilhado com o fato de que seu pai tinha guardado o coelho de pelúcia que ele carregava para todo lado até os quatro anos.

– O pobre coitado está um pouco desgastado de tanto ser arrastado por você, mas acho que ele deve ser forte para mais um uso. – o homem se abaixou beijando a cabeça do filho e se afastando para voltar ao estudo de casos.

– Eu amo você, pai. Obrigado. – Stiles alternava seu olhar para o coelho de pelúcia e seu pai com uma onda de calor no peito.

– Descanse, garoto. Também amo você.

Por fim depois de alguns minutos, e agarrando-se ao Sr. Purples, ele fechou os olhos, deixando-se adormecer.

Derek ao chegar horas depois, Beacon Hills estava no final da tarde. Ansioso, e parcialmente aliviado por não receber ligações emergenciais, ele bateu na porta da casa dos Stilinski e foi recepcionado pelo Sheriff.

– Boa noite, senhor.

– Boa noite, Derek. – o Stilinski mais velho fechou a porta, guiando o lobisomem para dentro da casa. – Stiles esta em seu quarto descansando. Pode subir se quiser.

– Obrigado.

– Ah, e Derek?

Hale virou-se esperando ansioso.

– Cuide bem deles. – O Sheriff balançou a cabeça ao andar de cima, e Derek acenou de volta.

– Sim, senhor.

Uma hora mais tarde, o Sheriff os encontrou dormindo na estreita cama de solteiro de Stiles no quarto deste, onde perambulou por toda a sua infância e adolescência. Brincando, rindo, chorando, estudando, resolvendo mistérios sobrenaturais...

Conhecendo a mais, Derek Hale.

Com um suspiro resignado, ele olhou para a câmera do filho ao lado da cabeceira da cama, e pareceu certo quando o Click registrou aqueles dois que passaram por vários desafios juntos, abraçados intimamente como se fosse algo tão natural, dormindo tranquilos, enquanto a chuva em Beacon Hills ainda caía, mesmo que agora, vagarosamente.

Deixando a câmera no mesmo lugar, Stilinski fechou a porta silenciosamente.

Sétimo mês.

Derek estava quase para explodir.

Ele imaginava que se ele passava por estresse durante esses últimos meses, o que dirá Stiles que esta carregando um bebê. No entanto, os acontecimentos de semana passada até o dia anterior, o levaram ao patamar quase extremo de impaciência a ponto de ter que sair e correr pela floresta em sua forma de lobo. E ele realmente acha que fez o certo, quando pode finalmente respirar o ar úmido e sentir sobre suas patas a terra molhada o acalmando e equilibrando seus instintos.

Assistindo e acompanhando quase 35 semanas de gestação do companheiro, Derek procurou ser o mais compreensivo e paciente namorado, nada mais do que o correto. Porém, ver a cada dia Stiles se queixar da dor, às vezes tentando esconder dele o quão desconfortável ele sentia-se com o próprio corpo, e voltando a comer comidas gordurosas, o fez se perguntar se ele próprio estava fazendo algo errado.

Sua promessa de fazer o jovem hiperativo tirar proveito desses nove longos meses, se divertindo com a ideia de ser pai, não foi tão certa. Ele acabou percebendo que era natural que alguns problemas ocorressem durante a gestação, mas após ler tantos livros que explicavam sobre possível depressão na gravidez, o deixou mais preocupado e sentindo-se inútil. Ainda que Stiles tentasse tranquilizá-lo de alguma forma.

Lydia, Allison, Scott e Isaac, ao perceberem uma leve tensão entre eles dois no último fim de semana com o encontro do grupo no loft, resolveram que estava na hora de planejarem como seria o berçário e o quarto do bebê. Poucas discussões foram levantadas, apenas o que Hale e Stilinski avisaram era que não queriam nada muito espantado e cores livres de estereótipo. Naquela terça-feira, se fez um dia ensolarado com clima agradável até, que acabou por motivar Lydia Martin a retirar novamente Stiles do seu conforto para continuarem com as compras, mas desta vez com os outros amigos.

– Não Lydia, me deixe apenas dormir ok? – afundado embaixo do cobertor no sofá, Stiles murmurou angustiado ao pensar em andar no gigante shopping com variadas lojas, ouvir crianças chorando ou gritando, discussões ou qualquer outra coisa que tirasse seu estado confortável.

A ruiva andou ate ele, o salto da bota ecoando no chão frio do loft. Ela jogou o cabelo sobre o ombro, cruzando os braços, o olhando de forma questionadora.

– Stiles, você esta no sétimo mês. Eu sei que você deve estar se sentindo como uma morsa possivelmente inchada e incapaz de fazer outras coisas além de reclamar, mas isso é necessário.

– Puxa, você realmente sabe levantar o astral de um cara grávido. – Stiles respondeu mal humorado.

– Desculpe, eu me deixei levar. – ela sorriu de canto, passando as mãos suavemente pelos fios castanhos de seu amigo. – Ele realmente não está te dando mais folga, huh?

Parecendo saber que estavam dele, houve um chute que fez Stiles apertar os olhos.

– Bem, o chute foi a própria resposta deste bebê lobo.

Lydia o encarava ainda, relutante em deixar de fazer compras num dia em que considerava bom para ir. E Stiles entendia que eles realmente precisavam o quanto antes comprar camisas, calças, macacões, meias, fraldas, toucas, mamadeiras e entre outros.

Mas seus pés estavam levemente inchados, suas pernas doíam, sua barriga crescia mais e mais e ele estava com uma terrível dor nas costas que o deixou surpreso em pensar que não cometeu algum ato desesperado.

Ugh, pobre Derek.

E falando no lobisomem...

– Hey, o que aconteceu? – ele entrou com compras nos braços, empurrando a porta com a ponta do pé.

– Stiles não quer ir às compras. – Lydia suspirou parecendo derrotada. – Pelo visto terei que avisar ao resto do pessoal que vamos transferir as compras para outro dia.

Derek alternou seu olhar para a ruiva que retirava o celular da bolsa, enquanto Stiles massageava sua barriga tentando acalmar seu filho.

– Eu posso ir... Se você quiser.

Os jovens viraram o pescoço tão rapidamente que deixaram o lobisomem surpreso por não terem quebrado algum osso.

– Mesmo? Derek, olha, eu sei que você odeia sair para comprar algo e...

– Stiles. – ele se aproximou do outro, massageando o seu tornozelo inchado. – Eu realmente posso ir. Além do mais, eu tenho que dar um veredicto sobre o berço e o quarto do nosso filho. Eu observei você lendo algumas revistas que Allison e Lydia trouxeram outro dia, e talvez ajude para escolher o certo e ser rápido nas compras.

Stiles abriu a boca para questioná-lo, mas Lydia foi mais rápida.

– Okay, então essa é a nossa chance. Vamos às compras! – ela levantou-se subitamente, e virou-se com uma expressão séria a Stilinski. – Se você fizer qualquer movimento brusco, ou alguma besteira, eu juro que vou queimar as suas revistas HQ’s que você tanto ama, Stiles.

Ele engoliu em seco, acenando positivamente.

Lydia voltou-se para Derek com um sorriso angelical.

– Podemos ir?

Hale piscou demoradamente ainda tentando entender o que tinha acontecido. Mas como não tinham muito tempo, resolveu ignorar e sair antes que desistisse e ficasse ali com o seu companheiro, que o fitava pesaroso como se Derek fosse para a guerra.

– Boa sorte, amor. – Stiles sorriu largamente ao sentir os lábios do mais velho sobre os seus. – Antes que você abra a boca, sim, eu vou ligar caso aconteça algo.

Derek deu um último selinho, antes de levantar-se e seguir Lydia porta afora.

Quando Stilinski não escutou mais o barulho do carro na rua, este se levantou o mais cuidadosamente e espiou as grandes sacolas que Derek havia trazido. Surpreso, riu ao ter uma ideia que talvez fosse a melhor para que pudesse relaxar, ao invés de passar o resto do dia gemendo de dor sob o sofá.

Duas horas e meia mais tarde, um Derek Hale exausto entrou no loft com diversas compras. Algumas presenteadas pelo pack, e outras que ele mesmo comprou de acordo com o que ele e Stiles haviam lido e que o seu próprio namorado escolheu minuciosamente em revistas de lojas de peças de bebês.

O lobisomem de início ficou tenso ao ver o cobertor de Stiles jogado no sofá e nem sinal deste no primeiro andar do loft. Porém, relaxou ao poder escutar dois batimentos cardíacos conhecidos e o aroma familiar do mais jovem no andar de cima, juntamente com ruídos de música.

Como sempre, resolveu ser o mais sorrateiro possível e subiu as escadas. Antes mesmo de entrar no quarto que daqui a dois meses seria o cômodo do bebê, Derek resolveu buscar sua câmera que na última semana ficou guardada para uma melhor utilização.

E bem, ele aprendeu que conviver com Stiles e observá-lo às escondidas sempre renderia boas fotos ou vídeos.

E ali não foi diferente.

Ele não sabia o que sentir ao ver o jovem que amava vestindo um macacão jeans surrado, descalço, o cabelo bagunçado e seus braços nus manchados de tinta verde, testando tímidos passos de dança com a batida suave de alguma musica aleatória que tocava em seu respectivo celular.

As paredes estavam parcialmente pintadas, folhas de jornais espalhadas sobre o piso de madeira polida, latas de tinta abertas e a escada de metal centrada perto de Stiles, que a cada pincelada, soltava um cantarolar suave de acordo com a melodia.

A câmera estava ligada e muito bem posicionada em sua mão, mas seus olhos permaneciam vidrados no homem a poucos metros de si, de costas a ele. Derek não admitiria para ninguém além dele mesmo, mas ele tinha certeza de seus próprios olhos olhavam para Stiles como ele olhava para lua em sua forma de lobo.

Em mais plena admiração.

I don’t know where the years have gone, Just know I’m worse for hangin’on... Maybe it’d be best if I just let things lie... Guess i’m never gonna get back to ojai...

Mais uma pincelada, um passo gingado para direita, dois para a esquerda.

Mais uma pincelada, um leve carinho sob sua barriga escondida por uma camisa qualquer de super-heróis.

Mais uma pincelada, uma nota desafinada e um sorriso divertido.

Mais uma pincelada, e Derek desistiu. Ele foi até o celular do outro, dando pause na musica que estava quase no fim, tirando a atenção de Stiles que se voltou em sua direção.

– Oh meu Deus, eu não ouvi você chegar. – ele riu divertido, coçando o nariz arrebitado, sem notar que o sujava com tinta. – Pode, por favor, cavalheiro, apertar no play novamente?

Derek colocou no replay e andou até Stiles, retirando o pincel de suas mãos recebendo um bufo exasperado e uma gargalhada deste, ao ser puxado pelo lobisomem para uma estranha e lenta dança no quarto do filho deles.

Rodopiaram, tropeçaram, sujaram-se, ambos sempre mantendo o contato das mãos e dos olhos castanhos aos esverdeados.

A música finalizou, com Derek abraçando a não mais estreita cintura de Stiles, e este sentindo o perfume de seu namorado, suspirando ao sentir a tranquilidade novamente em seu corpo, mesmo com o conjunto de dores que o seu pequeno feijão lhe presenteava.

Muitas fotos foram registradas naquele dia.

Oitavo mês.

– Stiles, este era o meu último alcaçuz! – Allison exclamou ao ver seu amigo roubar o doce do pacote que havia se esvaziado com facilidade dentro de poucos minutos.

Stiles, com o boné dos Mets virado para trás, vestindo um moletom bastante folgado e uma das camisas velhas de Derek, olhou inocentemente para a morena que estava recostada sobre o ombro de Lydia.

– Desculpe?

– Este já é o quinto alcaçuz, Stiles. – Derek alertou enquanto entrava na sala do loft com latas de soda e refrigerantes.

Para Stiles, suco natural, ele pensou revirando os olhos.

– Okay, eu sinto muito. Aqui está. – ele devolveu, pesaroso, o doce vermelho e se recostou contra as almofadas fofas do sofá, agradecendo em seguida a Derek pela lata entregue por este.

– Então bro, ainda com muitas dores? – Scott o cutucou com a ponta do pé, estirado no chão, em frente ao melhor amigo. – Você vem parecendo bem cansado.

– É, sabe... Algumas delas eu consigo suportar, mas a cada dia elas vem piorando. Derek me ajuda às vezes quando realmente estou muito mal. Sendo assim, com as recomendações de Deaton, eu preciso descansar o máximo que posso.

Scott bufou, imaginando Stiles quieto por mais de cinco minutos.

Lydia trocou um olhar com McCall, concordando, parecendo ter o mesmo pensamento.

– Shhh, os Mets estão prestes a marcar os pontos! – Isaac sibilou apontando para a televisão, ansioso pela última jogada.

Pelo menos sobre time de beisebol, ele e Stiles tinham algo em comum.

E foi com o ponto da vitória, com comemoração de quase todos aos sorrisos e cumprimentos, todos se voltaram confusos ao homem grávido que tentava segurar o choro.

– Desculpe, eu apenas... Esse não foi o melhor jogo dos Mets até agora? – Stiles perguntou com a voz embargada, emocionado.

– Hm... Não? – Isaac falou, olhando para os outros em busca de apoio.

– Oh meu Deus, você não entende nada de esporte, Lahey! – Stiles enxugou as lagrimas se aconchegando prontamente no abraço que Derek o oferecia após observar calmamente a terceira crise de choro de Stiles somente naquele dia.

Pois houve várias durante o inicio do mês, seja com séries, filmes da Disney, HQ´s, documentários, noticias sobre o tempo e, por fim, comerciais de vendas na tv.

Derek não ousou levantar uma palavra, apenas oferecendo uma caixa de lenços e seu ombro para que o outro soluçasse quanto quisesse.

– Este foi o melhor jogo dos Mets da temporada, Stiles. – Scott interveio enchendo as mãos de salgadinhos.

– Obrigado, bro. – Stiles respondeu mais calmo, para logo depois buscar o olhar de Derek com um olhar que o lobo sabia muito bem. – O que acha de vermos Star Wars?

Lydia bufou com desdém enquanto rodava a sua lata de refrigerante em mãos.

– E ainda acham que eu sou viciada em The Notebook.

– Mas você é, Lydia. – todos eles responderam em coro.

– Pelo menos eu não tenho pôsteres, dvd’s de coleção, canecas, copos e nem mesmo roupas intimas dos filmes. – a ruiva alfinetou.

Se uma agulha caísse no chão, provavelmente apenas os lobisomens escutariam.

Se alguma entidade religiosa existisse, Derek já estava orando mentalmente a ela.

– Retire o que você disse, Lydia Martin. – a voz de Stiles ela perigosamente baixa.

Ela virou-se em direção ao jovem que praticamente tinha quase uma veia saltando na testa a encarando concentrado.

– Não.

Com o máximo de equilíbrio que Stiles poderia conseguir, este se levantou quase tropeçando por causa do peso da barriga e arremessou seu boné dos Mets no rosto de Lydia.

– Ótima sessão de The Notebook pra vocês, meros mortais. – ele se virou pisando duro, subindo as escadas e desaparecendo.

Derek provavelmente distraiu-se ao observar que agora Stiles com uma barriga de oito meses, não conseguia mais fazer um clima de tensão, e sim... Agradável. Passando a mão pelo rosto, colocou a melhor carranca que pode e virou-se para Lydia, que tentava fingir indiferença.

– Vá falar com ele.

Cinco minutos, depois de quatro pares de olhos a encarando, Lydia limpou sua saia ao levantar-se, com a cabeça erguida, subindo as escadas.

O silêncio foi interrompido por Isaac.

–Sério, alguém achou este jogo o melhor jogo da temporada?

Allison e Scott reviraram os olhos.

Concentrado em apenas balançar-se suavemente na cadeira de balanço perto a janela do quarto do bebê, Stiles fechou os olhos escutando o barulho inconfundível dos saltos de Lydia se aproximarem. Mesmo que ele não quisesse, um sorriso brotou em seus lábios.

Ele sentiu a sua presença e o perfume caro que ela usava todos os dias, e o toque suave em seus ombros.

– Até que a cor ficou boa no quarto.

Nenhuma resposta de Stiles, fez com que Lydia suspirasse.

– Acho que se um pintor profissional tivesse pintado não teria ficado tão bom.

Nada.

– Hm... Gostei do macacão vermelho. Você e Derek que escolheram?

Nop.

– Eu sinto muito, eu não quis ofender você lá embaixo, ok? – ela suspirou rendida, mas apenas por que seu melhor amigo estava altamente emocional e sendo mimado.

Stiles abriu os olhos e enxergou os olhos claros de Lydia o observarem cuidadosamente.

– Sinto muito por ter zombado do seu filme favorito, também. – ela sorriu, os lábios vermelhos sempre impecáveis pelo batom. Ele se levantou e a abraçou contra o seu corpo.

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Depois de alguns segundos abraçados, Lydia pode sentir uma vibração conhecida contra ao seu corpo e ela e Stiles riram.

– Espero que o meu cargo de madrinha ainda esteja de pé.

Stiles se afastou brevemente para olhá-la com uma sobrancelha levantada.

–E quanto à Allison?

– Ela vai sobreviver, não se preocupe. – a ruiva o beijou no rosto, logo depois o puxando para uma conversa sobre fraldas e brinquedos que eles compraram semanas atrás.

Derek balançou a cabeça, desligando a câmera e a guardando consigo, resolvendo descer e controlar a bagunça do pack de Scott McCall.

Nono mês.

Stiles estava quase subindo pelas paredes.

Derek estava de olhos fechados, deitado ao seu lado, acordado a mais ou menos dez minutos sentindo a angustia de Stiles procurar uma boa posição para dormir sem que o machucasse e o incomodasse. Com poucas horas dormidas, estresse, com as dores intensas nas costas e nos pés, ficar perambulando pelo loft sem poder sair, estavam se acumulando sob o jovem hiperativo.

O lobisomem tentava ajudar de alguma forma, sendo fazendo jantares com o pack, massagens, comprando algumas guloseimas que o outro gostava, ou livros novos, mas nada disso mais parecia satisfazer seu companheiro. E ele podia sentir a ansiedade e o medo em ondas de Stiles a cada vez que ele passava pelo quarto do bebê, ou segurando um tênis menor que a palma de sua mão.

Mas não era apenas Stiles que estava extremamente ansioso pela grande chegada.

– Derek... Eu não consigo dormir. – o mais velho olhou para o relógio na cabeceira da cama, e suspirou ao ver que eram três e meia da manhã. Ao virar-se para levantar e fazer um chá a Stiles, ele sentiu a mão em seu braço.

Seu coração quase parou ao ver os olhos cheios de sono, e a expressão cansada de Stiles.

– Eu não quero chá. Eu só quero logo ele aqui, eu não aguento mais senti-lo chutar e chutar sem sentir os minúsculos pés e mãos sob meus dedos, e nem poder mostrá-lo músicas incríveis, e abraçá-lo. Ao mesmo tempo em que não aguento mais ser uma bola gigante e emocional todos os dias por mais uma semana.

Derek entrelaçou seus dedos, o encarando até que teve uma ideia.

– Coloque seus tênis, vamos sair. – ele buscou sua calça jeans e Henley para vesti-los.

O resquício de sono pareceu sumir brevemente quando os olhos castanhos se arregalaram.

– O quê? Eu não posso sair assim, Derek!

– São três horas da madrugada, Stiles, ninguém vai vê-lo. Vamos!

Stiles, sendo persuadido com alguma aventura desconhecida na qual sentia falta, levantou-se e calçou seus tênis. Quando pronto, Derek o puxou sorrindo para o andar de baixo, parando apenas para pegar as chaves e a sua jaqueta de couro para Stiles.

– Wow, um encontro com o Sr. Hale e tendo a honra de vestir sua peça de roupa favorita... Deve ser realmente importante. – o jovem sorriu bobo, vestindo-a, e riu quando foi puxado novamente pelo namorado saindo do loft.

Perto de quarenta minutos depois, e inesgotáveis perguntas para onde estavam indo pela parte de Stiles, Derek parou o carro perto, deixando-o estacionado próximo a um caminho estreito dentro da grande floresta que rodeava a estrada vazia.

– Se eu estivesse passando por isso há dois anos atrás, eu realmente estaria com os dedos coçando para ligar ao 911.

Derek deu de ombros, trancando o carro e dando a volta para segurar a mão de Stiles entre a sua.

– Pelo menos você já passou por bons momentos na sua vida... Caso aconteça algo.

Stilinski gaguejou indignado ao ver o silêncio tenso que se estendeu acompanhado pela expressão estoica do outro.

– Não ouse fazer algo maquiavélico comigo e o seu filho, Sourwolf. Saiba que eu vou lutar com unhas roídas e rosnados contra você. Droga, eu sabia que deveria ter trazido meu taco.

Hale não conteve o riso, orgulhoso que o homem ao seu lado ainda permanecia ridiculamente corajoso e forte, ainda que a maneira própria de Stiles.

Eles andaram por cinco minutos, Stiles seguindo Derek que o alertava de qualquer tronco ou galho para que não tropeçasse ou escorregasse. Quando chegaram do outro lado da floresta, ambos foram beneficiados com a visão da costa da praia deserta, enxergando ao longe as ondas do mar batendo contra a areia, e a brisa gelada contra suas peles.

– Oh meu Deus, isso é fantástico. – Stiles soltou a mão de Derek ainda encantado, suas pegadas afundando na areia a cada passo deixado para trás, gingando suavemente.

Derek andou em direção a ele com passos vagarosos, com a câmera escondida, tirando uma fotografia do companheiro em pé no meio da praia, a jaqueta de couro apertada contra seu corpo, as mangas desta cobrindo a metade de seus dedos longos. Os olhos castanhos olhavam para a lua que ainda estava presente no céu escuro, e a luz desta o banhava graciosamente.

Hale suspirava aliviado ao ver que aos poucos, o estresse e o cansaço desapareciam do rosto do outro dando margem para a tranquilidade. Sorriu com carinho quando as mãos pálidas repousaram sobre a camisa esticada com a estampa do Batman.

Sentando-se na areia, e apoiando-se a uma pedra, Derek continuou a observá-lo, sentindo a brisa acomodá-lo. Ele riu quando Stiles tirou o All star, e caminhou até a beira do mar para molhar seus pés e consequentemente a barra da calça de moletom que usava.

– Esta muito fria! – ele gritou abraçando a si próprio, virando-se para Derek e gargalhando. – Oh, por favor, abaixa essa câmera, seu stalker assustador!

Click.

Stiles revirou os olhos, marchando até Derek e sentando-se por fim entre as suas pernas, apoiando suas costas contra o peito do mais velho.

– Melhor passeio de todos, obrigado Der. – Stiles apertou suas mãos contra as do outro, o beijando suavemente.

– E a viagem com o nosso filho para a Disney? – Derek perguntou interrogando-o. Ele era totalmente contra a ir para um parque gigantesco, com milhares de pessoas com ruídos extremos e aromas inesgotáveis, mas Stiles soube persuadi-lo muito bem durante a discussão.

Hm.

– Ugh, meus dois lobos favoritos com o chapéu do Mickey Mouse, mal posso esperar. Esta câmera será bem usada, espere para ver. – ele riu ao ver o sorriso ser substituído pela habitual carranca mal humorada.

– Eu odeio você.

– Oh, eu adoro quando você diz palavras doces pra mim, baby. – Stiles beijou o rosto barbeado de Derek, este apertando mais seus braços em volta dele.

Os minutos se arrastaram, trazendo aquele momento tranquilo a ambos que admiravam a chegada da manhã aos poucos. Derek olhou para a posição relaxada do companheiro, beijando em seguida atrás de sua orelha, acariciando de leve a barriga deste.

– Desse jeito eu vou acabar dormindo, Derek.

– Esta é a intenção.

Stiles sorriu se aconchegando com o calor do namorado.

– Uma semana... Dá pra imaginar a loucura que vai ser? – os olhos sonolentos pareciam distantes, fitando o mar a frente deles. – Nós vamos ser pais. Nós pesquisamos, lemos, ouvimos conselhos de amigos e do meu pai, mas eu ainda me sinto inseguro. Você não sente isso também?

Derek pensou por um momento, olhando para Stiles fixamente, absorvendo suas palavras.

– Sim, eu sinto. Mas eu sei de algo que me tranquiliza todos os dias, Stiles.

Ele escutou o murmúrio do jovem Stilinski, quase adormecido em seus braços.

– Você vai ser um pai maravilhoso. Eu posso ver você o balançando nos seus braços enquanto ele estiver com cólicas ou sem sono, ou colocando-o nos seus ombros quando forem passear pela floresta ou visitarem seu pai. Ou até mesmo colocando a trilha de Star Wars para que ele possa dormir.

Derek escutou o suspiro pesado, e sentir o aperto mais leve entre suas mãos, dando indícios de que Stiles estava quase a mercê do sono.

– Posso ver você o equilibrando sobre seus pés, o movendo pela sala, dançando com o seu sorriso mais ridículo que eu gosto tanto. E vocês dois me manipulando para que eu faça as suas vontades... Ao mesmo tempo em que eu posso imaginar você cuidando dele com um carinho e proteção que terei também, até o dia em que ele for sair de casa e seguir o seu próprio caminho. Ou melhor, até o ultimo dia de nossas vidas. Então, as dúvidas sempre existiram, mas estamos juntos nessa, ok?

A resposta que teve foi um sonoro ronco.

O lobisomem riu baixinho, apreciando os primeiros raios de sol, ainda tímidos, dando inicio a um dia cheio de emoções que ambos não estavam esperando.

Mais tarde, por volta das oito da manhã, enquanto ambos estavam na banheira coberta de espumas por ideia de Stiles, este deu uma risadinha ao sentir algo estranho.

– Derek, se você continuar me tocando aí, eu–

– Eu não estou tocando você. – Derek o interrompeu, parando de passar a esponja umedecida sobre as costas salpicadas de pintas.

Stiles arregalou os olhos, segurando a respiração.

– Como assim não é você? Então o que, oh meu Deus... – ele virou o pescoço e encarou os olhos esverdeados o olhando assustado. – Acho que vamos presenciar horas de terror hoje, por que o bebe vai nascer.

Meia hora depois de gemidos, gritos e murmúrios trêmulos de um Stiles ansioso e desesperado, eles estavam no carro em direção ao hospital, onde Deaton e Melissa já esperavam com outros dois colegas que já tinham conhecimento do caso do jovem Stilinski, para que pudessem dar inicio ao parto.

Claro que até lá, ele teria que aguentar as maravilhosas dores das contrações.

– Oh meu Deus, eu acho que vou explodir! – Stiles falou respirando rápido, apertando com força a mão livre de Derek, já que este caçava avidamente o número do Sheriff. – Eu preciso de água.

Hale acenou levantando-se e servindo o copo de plástico com água, e entregando a Stiles.

– Ugh, tira essa água da minha frente, cara. Eu preciso de ar, preciso que ele saia logo, preciso de algum sedativo, oh Deus. – ele ofegava apertando os lençóis da cama do hospital, com a testa suada e ao lado um lobisomem que começava a entrar em pânico internamente, já que ele não conseguia acalma-lo.

– Me dê a sua mão. – ele pegou a mão trêmula de Stiles, puxando para si um pouco da dor que ele sentia, dando lugar a uma leve tontura, porém nada alarmante.

– Eu pensei que estava vendo a luz das escadas para o paraíso, obrigado Derek. – ele suspirou mais calmo, fechando os olhos, aguentando as dores que ainda vinham rapidamente. – E o meu pai?

– Ele deve estar vindo logo, não se preocupe.

– Quantas horas ainda faltam para o fim dessa tortura? – Stiles perguntou tentando se concentrar em algo além da dor.

– Talvez mais duas horas, ou um pouco antes.

Stiles gemeu angustiado.

– Eu vou repensar seriamente em sexo sem camisinha, eu juro por Deus. Eu não quero mais ter uma bola de basquete dentro de mim que se mexe a cada cinco minutos como se estivesse me esfaqueando, enquanto eu olho pra você e sinto por raiva por estar tão sexy e bonito.

– Obrigado. – Derek sorriu com escárnio. – Quer saber, me conte um pouco sobre os filmes da DC.

Se o momento não fosse tão sério, Derek teria rido ao ver o ofego do outro diminuir e ser mirado pelos olhos castanhos. A intenção era distrai-lo o quanto podia, mas em vez disso, percebeu que quase foi responsável por uma guerra intensa.

–Sério, Derek Hale? Se eu fosse casado com você, eu teria me levantando daqui, ligado para um advogado e pedido os documentos para o divórcio, seu idiota.

– Eu não seria a favor do divórcio. Quem faria melhores massagens nas suas costas do que eu?

Stiles o encarou sem palavras, preferindo olhar para o outro lado, carrancudo.

– Que seja.

– Eu te amo.

Stiles revirou os olhos, massageando a barriga, suspirando ao sentir as pontadas de dor diminuindo graças ao poder abençoado do seu namorado lobisomem.

– Bom, a DC obviamente tem os melhores heróis e...

Isso se pendurou por mais alguns minutos, até que Deaton apareceu com Melissa ao seu lado.

– Hey Stiles, como se sente?

– Como uma garota branca e loira bonita numa limusine com os cabelos ao vento, tomando uma bela vodka extremamente cara, apreciando a sua vida, mas é claro que não, eu me sinto horrível! – ele exasperou controlando a respiração ao sentir outra contração.

Derek piscou.

– Bem, neste caso, que tal dar fim a isso, dando início à cirurgia? – Deaton perguntou se locomovendo pelo quarto, colocando as luvas, e preparando o sedativo.

– Acho que esta é a primeira vez que me sinto feliz ver uma seringa na minha frente.

Naquele momento, o Sheriff apareceu no batente da porta com Scott e os outros atrás de si., acenando preocupados.

– Jesus, garoto, você realmente está mal.

– Culpe Derek, ele fez isso comigo. – Stiles apertou a mão de Derek que ficou calado, observando Deaton aproximar-se com o sedativo.

– Preciso que todos fiquem na sala de espera, entraremos com Stiles na sala de cirurgia em poucos minutos.

O Pack acenou novamente, para em seguida desaparecerem no corredor do hospital. O Sheriff rapidamente aproximou-se do filho, o beijando na testa, bagunçando mais os cabelos castanhos. Ele apertou o ombro deste, e pai e filho trancaram o olhar por um instante, sem precisar de qualquer palavras.

Por fim, ele se despediu e seguiu porta a fora. Stiles começou a sentir seus olhos pesarem, e antes de adormecer, sentiu os lábios de Derek sobre os seus.

– Eu estou aqui com você.

Uma hora e quinze minutos depois, Enzo Hale Stilinski gritava aos plenos pulmões sendo observado avidamente por dois pais muito corujas, obrigado.

Três horas depois, Stiles segurava a sua quase réplica, se não fosse pelos cabelos mais escuros e os olhos claros como os de Derek.

– Hey, pequeno feijão... Finalmente você está aqui. – ele sentiu seus olhos encherem de lágrimas e não as parou, nem mesmo quando riu ao ouvir Derek entrar no quarto murmurando ‘’Por Deus, até quando você vai chamá-lo de feijão. ’’ Stiles notou um objeto conhecido e familiar por nove meses sob as mãos do homem de sua vida.

Hale e Stilinski se olharam, parecendo dividir o mundo naquele instante. O mundo só deles, que os faziam tão completos. Com passos silenciosos, Derek sentou-se perto deles na cama, posicionando a câmera em frente à sua família, e o seu coração imerso de calor, sabendo que ele logo iria se juntar às lágrimas como Stiles.

Stiles beijou o topo da cabeça de filho deles, sentindo o aroma suave e sorrindo feliz e cansado, quando então, ouviu o já tão conhecido ruído por eles.

Click.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.