The Lost World: Change
Filho Pródigo
Vozes demasiado desesperadas, demasiado altas, demasiado irritantes. Seria pedir muito um pouco de Paz?! Só quero dormir!
–É impossível que esteja tudo bem, Challenger. Simplesmente, não é.
Estava a dormir! Quero o meu sonho idiota de volta. Isto não é um sonho, certo?
Mais tarde perceberia a desespero no timbre. Mais tarde preocupar-se-ia. Mais tarde recordaria acontecimentos recentes e compartilharia duvidas e angustias. Mas isso seria mais tarde. Neste momento o sono era demasiado apelativo e corpo exigia descanso.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!–Roxton, meu amigo, você sabe que tudo farei para descobrir o que se está a passar. Acontece que, até o momento, todos os exames têm sido inconclusivos.
Essa voz, já a ouvi. Roxton? Eu conheci um.
–Mas não pararei até encontrar algo. No que depender de mim, ela ficará bem. Sei que é difícil mas...
Novamente essa voz. Não importa. Não quero saber. A minha cabeça está a ponto de entrar em ebulição. A ciência adoraria estudar esse fenómeno. Ciência, isso lembra-me... Dorme!
–Tudo bem, meu velho. A culpa não é sua. Eu… Eu, sei que não é.
Não basta falarem, têm de me fazer pensar?
Parem! Porque não vão falar para longe? Porque não se calam? Porque a minha voz não me obedece?
–Só quero vê-la despertar. Preciso olhar nos seus olhos e que me diga que está tudo bem. Necessito ouvir a sua voz irritada, a dizer–me que não é um bebé ou uma inválida.
Um suspiro. Um mero suspiro mas soa-me a um trovão. Tudo vibra e ecoa, dentro do meu crânio.
–Sinto que vou enlouquecer, não tarda.
Ele não sei mas eu, decerto vou. Pudesse eu falar e já os teria mandado calar, a plenos pulmões. Bom, talvez não gritasse. Afinal, sinto-me de ressaca. Pena que o motivo não seja bebida. Sei que não é essa causa mas, então, qual é?
–Calma! Ela necessita de nós e não a poderemos ajudar se deixarmos o pânico dominar-nos.
Tentei novamente forçar os meus olhos. Senti as minhas pálpebras vibrar e abrir, ligeiramente. Na minha alma, gritei e pulei de alegria. Por fora, não existiu qualquer alteração. Nenhuma mudança, além da conquista de uma visão nublada.
Provavelmente esta conquista seria, um dia, alvo de piadas pessoais. No entanto, um minuto pode fazer a diferença entre a vida e a morte. E, como tal, permitiu-se sentir afelicidade de verificar o responder do corpo.
–Tem razão! Sou um caçador e um Lord, devo me comportar como tal.
Um caçador e um Lord. Porque não me lembro?
–Obrigada por estar aqui e obrigada por me colocar no lugar.
O emaranhado de sombras, finalmente, começam a tomar forma. Estão absorvidos na conversa, de tal modo que não me olham.
–Vocês são os filhos que nunca tive. Todos vocês são mais do que amigos, para mim. São a minha família.
O homem colocou a mão sobre o ombro do mais jovem, em sinal de apoio e compreensão.
De algum modo, a força e esperança que lhe transmitia chegou até mim. E com ela, o reconhecimento.
Senti uma pressão no meu peito. Respirar tornou-se uma tarefa difícil de cumprir, com a inatividade do meu corpo. Os meus músculos, já doridos, exigiam movimento. Mas algo faltava. Os meus sentidos tinham voltado. A visão estava clara, no entanto, os globos oculares recusavam-se mover e o pestanejar era involuntário. Sentia cheiros, mas era incapaz de os identificar, e não conseguia testar o tato. A audição, para meu descontentamento, era impecável.
Quando pensei que nada poderia piorar a situação, o impossível aconteceu. A dor, que sentia no meu cérebro, aumentou até proporções insustentáveis. E mais imagens, do que seria humanamente possível processar, passaram pela minha mente.
Um Sonho
Uma palestra
Um grupo
Uma viagem
Uma beleza selvagem
Uma casa
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Um amor que não pode ser apagado
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Um grito
Um salvamento e um desmaio
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Um caminho demasiado longo e confuso
O cansaço e uma paragem
Medo e uma prece
Um milagre
Olhos azuis, quase cinzentos
Um olhar perdido e confuso
Olhos de gato
Um olhar que tem dona conhecida
Um corpo delgado
Uma fragância doce
Um nome
–MARGUERITE!
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