– Prólogo

A chuva forte caía inconstante, atendendo as preces do povo do Hemisfério Sul doplaneta Terra, lavando o suor do corpo dos latinos cansados por mais um dia intenso de trabalho. Mary Jane elevou os olhos ao monte mais alto de Machu Picchu e deixou que a forte trovoada estremecesse seu (aparente) frágil corpo. Nada fez. Sabia quem estava chegando. Mas sabia também que seja lá o que ele tivesse que falar, ela não aceitaria. S.H.I.E.L.D. é passado. Gotham é passado. Sua antiga vida é passado. Tudo o que ela queria era sossego, e tinha conseguido por um ano, ou dois. Mas no meio daquela tempestade em plena tarde de segunda-feira tudo estava para mudar.

– Vai se molhar.– Murmurou a voz masculina e familiar que poderia ser confundida facilmente com o último trovão. Mary Jane ignorou e continuou olhando para a montanha Hayauna. Seus nervos estavam tranquilos, pois ela sabia o que queria. Mas o deus do trovão estava disposto a insistir.

– Precisamos de você, Mary.– Agora ele falou num tom mais suave, e com isso, ela sentiu cada célula do seu corpo reclamar do frio que fazia. Estranhamente, ela sentiu. Isso era o que acontecia quando se estava perto dele. Ela pôde sentir os suspiros dele, assim como jurava escutar o seu coração pulsar de uma forma absurdamente rápida. E depois foi ela quem suspirou, fechou os olhos, os punhos, e perguntou:

– Precisam só de mim?– Suspiros, e uma mente não preparada para qualquer resposta dele.

Thor apenas concordou com a cabeça, e ela sabia que ele havia confirmado mesmo não olhando para ele.

Mary Jane não relaxou o corpo. Apenas riu silenciosamente, achando graça daquilo tudo de uma forma sádica, e respondeu:

– E o que eu vou ganhar tentando reuni-las de volta?– 'Bingo!'. Pegou o poderoso deus na mosca, de novo.

– O que você quiser.– Thor respondeu ríspido, mas suave ao mesmo tempo. Ele, melhor do que ninguém, sabia que ia ser necessário jogar esse jogo.

– O que eu quero não existe.– Mary Jane não iria sair dali até ser convencida de quê teria que sair depois de tudo o que aconteceu. Thor segurou firme em seu poderoso Mjölnir e respondeu a altura.

– Então vamos fazer com que exista, senhorita Holland.

Tudo o que ocorreu depois é história. Mas eu estou disposta a contar que Mary Jane esboçou o seu velho sorriso debochado e retornou com o deus trovão para o lugar que devia.