Eu estava por um fio... Na verdade por um machado, pendurado em um penhasco, a alguns metros do oceano que lavava o paredão de rocha na qual eu estava pendurado.

Demorou alguns minutos até que o susto inicial passasse. Após o susto, veio o medo e depois o instinto. Eu ainda não sei explicar como, ou o porquê, mas comecei a me mover para cima, indo em direção a terra. Meu corpo estava diferente, mais ágil, mais forte, e até um pouco mais leve?!

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Conseguia cravar o machado na rocha pura com uma facilidade assustadora, em poucos minutos consegui chegar até a terra firme.

Meu coração estava acelerado, deitei no chão e respirei fundo durante alguns minutos. Olhei para o céu e percebi a lua, estava linda como sempre. Após conseguir se acalmar, sentei no chão e olhei para o horizonte.

Era uma estranha floresta, haviam diversas montanhas, e também o que pareciam algumas construções no local.

Respirei fundo, sabia exatamente o que tinha que fazer. Se aventurar pela floresta, procurando os outros, quer dizer, presumindo que eles estão nesse estranho local.

Coloquei o machado de alpinismo na cintura, e tentei fazer magia para fazer uma tocha, mas adivinhem? Falei a palavra “Fogo” em egípcio umas trinta vezes e não consegui fazer uma fagulha... O que estava acontecendo?

Não haveria como entrar na floresta sem uma tocha, mesmo com a visão melhorada, resultado da experiência de Ártemis, seria muito perigoso, até mesmo para um semideus.

Foi aí que meus instintos assumiram, peguei novamente em minha cintura o machado, procurei no chão, uma pedra.

Achando uma delas, peguei um galho seco, e um pouco de palha de arvore. Utilizando o machado, comecei a bater na pedra com força, algumas fagulhas começaram a sair. Utilizei a palha como pavio, e quando ela acendeu, eu incendiei o galho seco. E pronto, estava acesa uma tocha, mal feita diga-se de passagem, mas útil.

Encarando a floresta, respirei fundo e comecei a andar, em direção as árvores e a escuridão.

Era úmido, o vento era frio, meu coração estava disparado. Mesmo com a tocha, era difícil encarar a escuridão. Entendam semideuses e semideusas, mesmo eu sendo um de vocês, eu ainda tinha medo do escuro. Talvez para um egípcio, o escuro tenha um sentido diferente do que para os gregos e romanos. É onde a serpente Apófis mora, onde o caos e os demônios se agitam, é o elemento das trevas, ao contrário de Rá, o deus sol, a ordem.

Avancei com dificuldade pela floresta, a mata era densa e muito fechada, e vamos dizer, que sem uma faca, ou uma espada, era muito difícil passar pelas árvores, arbustos e diversas outros tipos de plantas.

O tempo passou rápido, consegui me acostumar com o terreno e comecei a avançar com maior velocidade, até que eu cheguei a uma clareira.

Era realmente um caminho aberto no meio da mata, era estranho, a floresta ao redor era muito densa, mas a clareira era perfeita, parecia até uma estrada.

Cansado, sentei no chão por alguns momentos e observei o céu. Alguma coisa errada havia acontecido, aquela com toda a certeza não era uma floresta da Grécia, o portal estava estável, Sadie utilizou muita magia, assim como Walt. Mas alguma coisa havia desviado o portal, o que não fazia sentido! Deveríamos estar perdidos no Duat!

Pensei no que faria durante alguns minutos e olhei para a Lua novamente. Ela era diferente naquele lugar, parecia preocupada. Ótimo Connor, agora você está atribuindo emoções a um grande pedaço de rocha no espaço...

— Maldita selva! – Gritou uma voz feminina

O tom já era conhecido, e ela vinha em minha direção.

Saindo de outro lado da floresta, Piper vinha em minha direção, com o cabelo mais desarrumado impossível, e muito incomodada.

— Pipes? – Perguntei

Ela no início me encarou com raiva, mas logo depois sorriu. Piper era uma garota incrível, tinha a personalidade totalmente ao contrário da personalidade de Annabeth. Ela era uma garota apaixonada, não por mim ou por qualquer um de seus amigos, mas adorava tudo o que fazia. Como uma filha de Afrodite, ela era linda, mas parecia não se importar com isso.

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Ela poderia ser como qualquer outra garota com uma beleza acima da média, ser esnobe, arrogante... Mas não, Piper se importava com seus amigos, sofria quando via eles sofrendo, e embora as vezes sua atenção ficasse somente com Jason, ela era muito boa amiga.

— Oi Arty. – Ela sorriu – Graças aos deuses achei alguém! – Ela falou me abraçando

Era estranho, eu estava ligeiramente menor que Piper. E era engraçado, pelo menos na situação atual. Antes, quando eu a conheci, eu era mais alto que ela!

— Connor... Você encolheu? – Ela perguntou rindo

Eu não sei... – Dei risada – Alguma ideia de onde estamos? –

— Na verdade não... –

Nos encaramos por alguns minutos.

— Temos que continuar e achar os outros... Esse lugar é estranho! – Ela falou

Eu sei Pipes... Há algo estranho neste local! –

Ela fez que sim com a cabeça e pegou a tocha de minha mão.

— Eu vi algumas ruínas espalhadas pela floresta! Vários templos de pedra, e alguns que pareciam muito mais modernos! –

Templos? O que poderia ser este lugar?

Ajustei a mochila nas minhas costas e sorri para Piper, uma vontade incrível de fazer uma pequena exploração. A curiosidade tomou conta de mim, assim como um pequeno receio.

— Você quer ir até um desses templos, não é? – Ela perguntou

Curiosidade de Atena, você entende, não é? –

— Estou meio acostumada, a você e sua irmã fazerem bobagens por curiosidade... – Ela sorriu – Vamos, não temos nada a perder... –

E assim, com Piper guiando, voltamos a floresta.

Avançamos rapidamente, por um caminho que Piper havia aberto com sua espada, realmente, o caminho que ela havia feito era totalmente diferente, haviam diversas pedras, algumas tão grandes quanto carros, simplesmente no meio de uma floresta. Aquilo não combinava com o clima tropical da floresta.

Caminhamos por cerca de 15 minutos, até que paramos em frente a outra clareira. A grama era rapidamente substituída por pedras, as árvores por colunas jônicas, e o ambiente selvagem, pelo templo a um deus ou deusa.

Não era um templo grande como o Partenon, mas não era pequeno. Não haviam estátuas e ou qualquer imagem que identificasse a qual deus aquele tempo era dedicado.

— Interessante! –

— É assustador Connor! O que isso está fazendo aqui? –

Eu dei a volta em torno do templo, havia algo diferente. Uma espécie de entrada lateral, coisa que não era comum, na verdade nem existia em templos gregos.

Chamei Piper e nós dois decidimos explorar o templo.

Foi meio assustador, parecia que nenhum de nós gostava de lugares escuros e úmidos, a tocha iluminava pouco iluminava, a escada parecia não ter fim. E a cada passo, o ar parecia ficar mais pesado.

Com uma das mãos apoiadas em uma das paredes, continuamos descendendo, até o final da escadaria, que se abria em um grande salão.

Não precisávamos mais da tocha! O salão era iluminado, não sei como, mas havia uma luz azul que iluminava todo o espaço.

— Pela calcinha de renda de Afrodite! – Exclamei

Piper me olhou com raiva.

— Que foi? – Perguntei

Deixe as calcinhas da minha mãe fora disso... – Ela comentou

Eu comecei a rir e olhei para o ambiente.

Era incrível, uma estátua do tamanho da própria Atena de Partenos estava a nossa frente. Era feita de mármore e de mais algum metal que dava detalhes a deusa representada.

— Selene? – Perguntei

Piper me olhou e depois encarou a estátua.

— A antiga deusa da Lua? – Perguntou – Quer dizer... A Lua? –

— Sim... Ártemis substituiu ela por causa dos Romanos, e ela esteve desaparecida desde então! –

Aquilo era estranho, o que uma estátua de Selene estaria fazendo ali? O que era aquele lugar.

— Connor! – Piper Gritou – Você está... –

Eu olhei para minhas mãos, elas brilhavam... Era estranho, eu não queria ser uma fada ou um vampiro de Crepúsculo.

— O que está acontecendo? – Perguntou Piper

Eu olhei para as mãos da estátua, ela segurava alguma coisa, que brilhava assim como eu.

— Têm alguma coisa na estátua! –

— Vá ver então... Não fique aqui brilhando! –

E com um incentivo daqueles, eu comecei a ir em direção a estátua. E logo comecei a aprender a primeira regra de uma exploração em templos antigos... Sempre haverá armadilhas!

As tradicionais flechas começaram a ser disparadas de um lado para o outro da sala, em várias alturas.

Me atirei no chão para não ser atingido por nenhuma delas. Me arrastando pelo chão, consegui chegar aos pés da estátua, e a partir dali, eu finalmente entendi o significado do machado de alpinismo.

E ali eu inaugurei uma nova modalidade de alpinismo... O Alpinismo de Estátuas, com relativa facilidade, meus instintos assumiram e eu comecei a escalar a estátua rapidamente, visando alcançar os braços de Selene, e ver o que ela segurava.

Demorei alguns minutos, até que finalmente cheguei aos braços da estátua. Rapidamente me equilibrei e alcancei as mãos dela. Foi quando percebi, que o que brilhava nas mãos da estátua, era uma pedra avermelhada, do tamanho do meu punho.

Senti uma forte onda de calor vinda da mochila. Ao conseguir abrí-la, mesmo com grande dificuldade, percebi que o prendedor das caçadoras parecia brilhar em prata fraco.

Peguei o prendedor e ele virou um arco recurvo, o arco tradicional das caçadoras. Seguindo o instinto, me aproximei da pedra vermelha, e vi a magia acontecer.

Em um segundo, houve um clarão vermelho e prata, o arco de Bianca DiAngelo se combinou com a pedra da estátua de Selene. E após alguns segundos, o que se revelou, foi o arco de Bianca DiAngelo modificado.

O que antes era um arco recurvo, o tradicional, revelou um arco composto, com duas roldanas nas pontas, revelando um arco moderno.

E enquanto eu presenciava o show de luzes, Piper gritava para mim. Avisando sobre a outra armadilha, que foi iniciada logo após eu tocar na estátua.

A caverna da estátua, começou a se encher de água vinda das paredes. Quando eu olhei para Piper, ela estava com raiva e ensopada.

Eu acho que o destino gosta de acabar com minha felicidade e ou tentar me matar...

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.