Passado, Presente e Futuro

Presente de apelidos


–Mas eu preciso de mais pêssego!

Touya suspirou, amaldiçoando internamente quem teve a brilhante ideia de fazer pêssego em conserva. Yukito ignorou a expressão zangada do outro rapaz e cruzou os braços, o rosto calmo revelava uma convicção inabalável: ele não daria mais um passo sem suas latas de pêssego.

–Você está apenas sendo teimoso. Nós compramos uma tonelada de latas de pêssego faz só três dias. Você não pode comer tanto dessa coisa. Vai ficar obeso!

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–Touya, nós dois sabemos que eu não vou ficar obeso! – Yukito devolveu cruzando ainda mais os braços.

Era verdade, depois de meses ao lado de Yukito, Touya tinha certeza que ele jamais ficaria obeso, não depois da enorme quantidade de alimentos que o menino tinha ingerido até então.

–Você está sendo teimoso – Touya soltou com exasperação.

–E você não está?

Os dois se olharam com seriedade, até Touya suspirar e sorrir, sim, ele era teimoso, mas quando queria, Yukito era mais teimoso do que ele.

–Você está certo. Está bem, vamos levar suas preciosas latas de pêssego.

E lá estava ele, o sorriso sincero de Yukito que chegava até os seus olhos, iluminava sua face e tudo que houvesse ao redor. O sorriso que Touya sempre tentara ver. Todos os dias. Com mais e mais frequência, como se fosse uma necessidade. O sorriso do menino menor só aumentou conforme ele lançava latas e mais latas de pêssego na cesta que Touya estava segurando, o moreno riu internamente, eles tinham ido ao mercado para comprar um quilo tofu para a escola de Sakura, só isso. E até o momento, Touya estava carregando dez latas de pêssego, dois sacos de pão, dois pacotes de farinha e de açúcar, duas garrafas de leite, uma caixa de ovos, três barras de chocolate e um quilo de tofu. Ele achou que uma cesta daria conta do recado, claro que não deu, não quando ao seu lado estava Tsukishiro Yukito e sua fome insaciável.

–Veja Touya, latas de brigadeiro!

O moreno suspirou, se divertindo cada vez mais e mais enquanto o garoto de cabelos prateados corria no mercado como uma criança feliz. E de fato, cada dia provava para Touya que aquele menino era mais criança do que homem, ingênuo, sincero, ainda possuía aquela qualidade incrível de se espantar com as coisas pequenas e sorrir apaixonadamente para a vida, rejeitava a maldade que o cercava, buscando sempre algo bom em tudo, nas pessoas, nas provas, nas dificuldades, e principalmente na comida…

Sempre com uma palavra bondosa, sabia o momento de calar e o de insistir, de ser teimoso e deixar Touya liderar, mesmo que no fundo o moreno sempre fizesse a vontade do menor. Yukito tinha uma paciência inquebrável, uma vez que sua presença na casa do amigo estava cada vez mais frequente, Sakura decidira que ele seria seu professor de matemática e o menino concordara com prontidão. Muitas vezes Touya chegou de um trabalho e encontrou os dois na sala, enquanto Fujitaka fazia o jantar, revendo exercícios e se preparando para a prova.

A sabedoria de Yukito também era algo que Touya admirava. Mesmo tendo a plena confiança dos três Kinomotos, ele nunca os visitava se Touya ou Fujitaka não estivessem presentes, respeitava Sakura de mais e equilibrava seu carinho com a prudência. Mas a sabedoria dele não estava apenas em sua relação com Sakura, e sim sua relação com o mundo, sem fazer julgamentos precipitados, sem responder antes de pensar ou ter convicção, com tranquilidade e bondade, ele atravessava cada dia dando o devido valor a vida e as pessoas.

Era calmo e tinha a capacidade de fazer os outros calmos. Quando Touya estava furioso, prestes a mandar o mundo todo explodir, era o menino quem o acalmava com uma palavra amiga, uma brincadeira boba, uma provocação, ou apenas ouvindo o moreno reclamar. Entretanto, havia uma coisa que Yukito tinha, consciente ou não, que era mais poderoso que qualquer outra coisa para acalmá-lo: seu olhar. Não importava o quanto ele estava bravo, bastava encontrar o olhar do menino dirigido para si, aquele tom de âmbar translucido revelando uma alma doce e bondosa. Fazia bem mais do que só acalmá-lo, na verdade, o olhar de Yukito podia fazer qualquer coisa com Touya.

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–Touya?

O moreno piscou, o garoto menor estava a sua frente, carregando sete latas de brigadeiro, os óculos escorria em seu nariz delicado, com um pequeno sorriso o moreno colocou os óculos para cima de novo, estendendo a segunda cesta para que o outro depositasse as latas.

–No que você estava pensando? – Yukito perguntou sorrindo.

–Em coisas boas. Já pegou tudo o que queria?

Yukito assentiu e eles foram para o caixa. Quando deixaram o mercado, eles levaram as coisas para a casa de Yukito, que prometeu levar o tofu para Sakura na manhã seguinte, depois os dois garotos aproveitaram o resto da tarde no jardim bem cuidado de Yukito, de toda a casa, aquela era a parte favorita de Touya, havia vida, luz, cor, aroma, combinava perfeitamente com o menino ao seu lado, já o interior da casa era sempre frio, impessoal, faltava personalidade, o único cômodo que era diferente era o quarto de Yukito.

O maior se acomodou melhor na grama, olhando o céu azul estendido sobre eles, a paz ali era tão grande que ele se permitiu sorrir por um breve momento.

–Você devia sorrir mais vezes, sabe. Ninguém vai te reprovar por isso.

Ele olhou para o lado, um menino pálido estava de pé, regando algumas flores, vez ou outra olhando o rapaz deitado.

–Por que eu vou sorrir? Não há nada de engraçado acontecendo – respondeu sério.

–Porque sorrir faz bem tanto para quem o faz como para quem o vê.

–Para um inglês, você esbanja sabedoria oriental – Touya provocou com sarcasmo.

–Seu mau-humor não vai estragar meu dia – o outro cantarolou regando o último canteiro.

–Eu não estou de mau-humor. Só não sou um idiota sorridente.

Assim que as palavras saíram de sua boca, ele percebeu a besteira que tinha dito e se arrependeu na hora, afinal Yukito sempre sorria, mas não era um idiota, na verdade, naqueles últimos meses Yukito se tornara uma das pessoas mais importantes da vida do rapaz.

–Yukito, eu…

–Então eu sou um idiota sorridente?

Pela primeira vez, o moreno não soube como o outro estava se sentindo, seu rosto era vazio e sua voz estranhamente calma.

–É isso, Kinomoto?

–Yukito, me desculpe, eu não…

–Não! – e o rapaz foi se aproximando – Eu não vou te desculpar.

A testa do moreno foi franzida enquanto ele sentava na grama, era estranho olhar para Yukito e não ter ideia do que ele faria em seguida. E o que o rapaz fez certamente nunca passou pela cabeça de Touya.

Com um movimentou rápido que Touya não conseguiu prever, Yukito derrubou o menino de volta na grama, jogou os braços de cada lado de seu corpo e iniciou um implacável ataque de cócegas. O moreno reagiu no mesmo instante, sacudindo o corpo e tentando escapar das garras do outro, enquanto ria descontroladamente, ele diria que foi sua força que finalmente conseguiu libertá-lo, o garoto pálido sabia que tinha sido o som da risada de Touya, um som incrível que ele jamais pensou que pudesse existir, que fez com que ele afrouxasse seu domínio e deixasse o outro escapar. Independente da versão, um Touya vermelho de tanto rir rolou pela grama, escapando de um menino sorridente que se divertia vendo o outro rapaz.

–Isso foi golpe baixo, Tsukishiro – um Touya mais composto grunhiu.

–Não faça drama Kinomoto, você pediu por isso.

Touya riu, afinal não havia mais sentido em manter sua expressão séria depois de um ataque de cócegas.

–Tsukishiro, eu te odeio – brincou com leveza para que o menino tivesse certeza que ele estava apenas provocando.

–Eu não me importo – Yukito revidou com um sorriso sereno – Pelo menos eu te fiz rir. Quem sabe um dia eu não faço você sorrir?

Touya não entendeu a mensagem de primeira e nem teve tempo para pensar naquilo direito, pois o estômago de Yukito anunciou o inevitável: ele estava com fome. Ainda rindo um pouco, os dois voltaram para dentro da casa e fizeram um lanche, a conversa amigável em torno da escola, do time de futebol, do clube de arco e flecha… Foi só quando Yukito estava cantarolando baixinho e lavando a louça – que Touya secaria para ajudar – que finalmente o moreno teve tempo para pensar na frase que acabara de ouvir.

“Pelo menos eu te fiz rir. Quem sabe um dia eu não faço você sorrir?”

Qual era a diferença? Para um menino sempre sério, nenhuma, só que parecia haver para Yukito e ele se esforçou um pouco mais para compreender. Ele riu por que Yukito fez cócegas nele. Também ria sozinho em casa quando assistia a uma comédia muito boa, rir era algo que as pessoas fazem quando acham graça de alguma coisa. Ele não estava acostumado a sorrir, sorriu para Sakura toda noite antes de dar seu beijo de boa noite, sorriu para Oto-san em seu aniversário e para Yukito quando ele ganhou o campeonato. Sorrir era demonstrar carinho, afeto, mesmo que não houvesse algo exterior. Foi ai que Touya encontrou a maior diferença: rir normalmente era provocado, sorrir era dado, Yukito faria Touya rir, mas não sorrir, pois só Touya escolheria para quem e quando sorrir.

Após sua descoberta, voltou seu olhar para o rapaz que cantarolava, ele parecia tão feliz lavando a louça, uma pequena mancha vermelha estava no canto de sua boca, como sempre acontecia quando se somava Yukito com molho.

–Yukito.

O menino virou para ele, silenciando sua cantoria. Touya respirou fundo e… sorriu. Foi estranha a sensação das bochechas se mexendo junto com os lábios. Ainda mais estranho foi manter o sorriso lá, mesmo que a motivação por trás dele fosse real – estava na frente do rapaz.

–Obrigada por me fazer sorrir – o moreno agradeceu com sinceridade.

–To-ya!

Yukito largou os talheres de qualquer jeito, unindo as próprias mãos em felicidade contagiante, estava recebendo um sorriso de Touya, um sorriso gigante que tomava boa parte de seu rosto e iluminava os olhos escuros do rapaz. Ele mal percebeu que chamou Touya pelo nome que lhe dera em seus pensamentos, embora o moreno certamente reparara a diferença na pronúncia, era como se o nome dele de repente tivesse se partido em duas partes ditas muito perto, mas ainda separadas, e não era só isso, Yukito o chamara de uma forma meio cantada, reflexo da música anterior ou da nova pronúncia, o moreno não sabia ao certo.

–Do que me chamou? – o moreno quis saber, o rosto ainda guardando um pequeno sorriso.

Só então Yukito percebeu o que tinha feito e corou de leve, as maçãs do rosto sempre pálidas ganhando um leve tom de rosa.

–É que… bem, eu pensei…

Ele lutava com as palavras, sem saber como explicar. Yukito tinha aprendido algumas coisas sobre os costumes japoneses e um que ele adorou foi sobre os nomes e seus sufixos. Ele sabia a diferença entre san e kun, entre chamar alguém pelo sobrenome e pelo nome, também sabia que chamar alguém sem sufixo algum representava algo muito especial e em sua escala mental, um apelido era o rei supremo da amizade. Durante várias noites, enquanto não pegava no sono, ele imaginou qual apelido daria ao moreno se um dia pudesse ter o nível de intimidade e amizade suficientes para isso, e To-ya foi a melhor opção.

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Kinomoto observou o rapaz a sua frente se perder em meio as palavras, completamente confuso e tímido. Como todo bom japonês, ele sabia o que um apelido significava e percebeu que a palavra tinha saído dos lábios do outro sem um pensamento formal, tinha sido um reflexo, algo natural. E aquilo, seu primeiro apelido, o fez feliz como poucas coisas tinham feito até então.

–Está tudo bem – ele garantiu tocando de leve o ombro do menino menor – Vamos terminar logo essa louça, Yuki.

Sim, Tsukishiro não tinha sido o único a passar algumas horas escolhendo um apelido apropriado para o outro. Olhos de âmbar ficaram imensos e uma forte emoção os percorreu quando ele ouviu seu nome ser dito daquela forma pela primeira vez, numa voz terna e carinhosa.

–Sim, To-ya – ele respondeu emocionado.

E como resposta, Touya sorriu mais uma vez.

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O apelido não foi usado quando havia alguém por perto. Yukito foi Yukito na escola, perto de Sakura, perto de Fujitaka… Touya jogava bola, respondia à pergunta do professor, fazia vários trabalhos para comprar sua moto.

Yukito foi Yuki na sorveteria, depois de se lambuzar com calda de morango. Também foi Yuki quando estavam no jardim, ou no quarto do moreno fazendo dever de casa. To-ya era paciente no mercado, dividia seu almoço e ligava toda vez que Yukito não foi a casa dos Kinomoto.

Yuki fez sua primeira panqueca certa depois de inúmeras tentativas, mas não chegou a experimentá-la. To-ya sorriu quando ele recebeu o prato com a panqueca.

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–Tsukishiro, você é o próximo – o professor avisou.

Ele assentiu, voltando sua atenção para a flecha em suas mãos suadas. Estava muito nervoso, aquele seria seu primeiro torneio no clube de arco e flecha e mesmo que fosse o melhor do clube, ele não tinha a segurança necessária ainda. Na verdade, ele foi mais confiante jogando futebol do que ali, algo a ver com o fato que tudo não dependia só dele, havia uma equipe por trás, um enorme time formado por jogadores oficiais e reservas, ele tinha Higaka ao seu lado, uma garantia que tudo daria certo mesmo se ele fizesse besteira, e, claro, havia Touya…

Ele sempre se sentiu seguro ao lado do garoto, sempre acreditou que tudo terminaria bem se Touya estivesse por perto. Foi seu rosto a primeira coisa que ele viu quando abriu os olhos no hospital estranho, foi sua voz que o tirou das trevas quando levou sua primeira surra, foi sua confiança que o motivou a marcar seu primeiro gol em um jogo oficial. E acima de tudo, foi o seu sorriso que mostrou o quanto a amizade podia ser bonita.

O moreno tinha pedido desculpas por não estar presente no campeonato, mas seu emprego de meio período não podia ser ignorado, ainda mais pela quantia que ele ia receber pelo dia de trabalho – o suficiente para que Kinomoto finalmente comprasse sua moto. Yukito sorriu quando recebeu a notícia e disse que estava tudo bem. E estava. Ou quase.

Um menininho passou correndo perto dele para parabenizar um dos rapazes, a semelhança entre eles deixava bem claro a ligação de sangue que os unia. O garoto maior sorriu e bagunçou os cabelos do irmãozinho, empurrando-o levemente antes deles saírem do campo de visão de Yukito.

Porque só por uma vez eu queria que alguém estivesse na arquibancada por minha causa. Só por minha causa

Ele quebrou a linha de pensamentos, aquilo não o ajudaria em nada, o que ele precisava agora era de concentração. Por isso, quando seu nome foi chamado, o garoto andou firmemente até sua marca, pegou a primeira flecha com delicadeza, sentindo a suavidade das plumas em uma das pontas e a textura da madeira, ajeitou o arco para que ficasse confortável o bastante e fechou os olhos brevemente, sem hesitar, lançou a primeira flecha, acertando muito perto o centro do alvo. Era um bom lance, mas ele teria que fazer melhor se quisesse ganhar a competição. A segunda flecha chegou mais perto, entrando no circulo central, e a terceira e última atingiu em cheio o centro do alvo, só depois dela é que ele se permitiu sorrir e relaxar. Ele ouviu os aplausos e a cara feliz de seu professor enquanto voltava para o banco e o próximo arqueiro se preparava para o lance.

–Muito bem Tsukishiro – o professor elogiou.

Mais três arqueiros se apresentaram e a competição foi encerrada, a contagem de pontos foi feita e o garoto pálido e pequeno sorriu quando seu nome foi anunciado. Tinha ganhado em segundo lugar!

O primeiro lugar foi para outra escola, o arqueiro tinha sido muito bom e acertara o centro em seus três lances, mostrando uma calma e segurança que Yukito esperava conseguir com o tempo. O rapaz cumprimentou Yukito e o outro menino que ficou em terceiro lugar, eles receberam suas medalhas – um disco de tamanho considerável onde estava desenhado um arqueiro pronto para o lance em uma face e na outra um arco com flechas ao redor.

O garoto guardou suas coisas, trocou de roupa e fez seu caminho para fora da escola. Se tivesse sorte, quando chegasse em casa Touya já teria deixado o trabalho e ele poderia ligar e contar que ganhara o segundo lugar. Talvez eles pudessem tomar um sorvete para comemorar…

–Eu ainda acho que você merecia o primeiro lugar.

Yukito deu um pequeno pulo, assustado com a intromissão e principalmente com o som daquela voz.

–To-ya!

O garoto moreno sorriu de leve, rindo um pouco com a expressão surpresa no rosto do outro. Ele estava encostado em uma árvore, a expressão tranquila, cabelos caindo sobre seus olhos escuros, mãos dentro do confortável moletom que estava usando. Yukito correu até ele, sorrindo de orelha a orelha.

–Você veio! – Yukito constatou em pura felicidade.

–Sim – Touya respondeu com simplicidade.

–Mas… E o seu trabalho? – e o sorriso diminuiu um pouco. Bem pouquinho – Ah To-ya, você tinha que trabalhar e não vir aqui…

–Yuki.

O menino se calou ao ouvir o apelido carinhoso, seu coração doendo de tanta felicidade, Touya o encarou por alguns segundos, lendo nos olhos de âmbar o que a boca do rapaz tentava negar: sim, ele tinha que estar lá.

–Eu avisei que não poderia ir e eles entenderam e chamaram outra pessoa no meu lugar.

–Mas…

–Não – e deu as costas para o menino pequeno – Se você continuar nesse assunto, eu não te levo para tomar sorvete.

Yukito riu, correndo para alcançar o garoto moreno, uma expressão satisfeita em seu rosto.

–Obrigada To-ya.

–Não precisa agradecer. Eu vou estar lá para você – e um pequeno tom rosado ganhou as bochechas morenas.

–Você é muito bonzinho To-ya – Yukito disse com sinceridade.

–Cala a boca Tsukishiro.

–Agora você está sendo mal-humorado Kinomoto – Yukito provocou segurando uma risada.

–Eu vou te afogar com calda de morango – o moreno ameaçou.

–Hum… Acho que vou precisar de uma colher bem grande então.

Os dois meninos riram, o maior com relutância, o menor com toda a felicidade que havia no mundo. Afinal ele se tornou Yuki e agora tinha alguém que estaria lá por ele. Só por ele.

–To-ya, a gente pode passar no mercado depois? Meu pêssego acabou…

–Yuki, nós fomos lá não faz nem 10 dias!

–Mas eu preciso do meu precioso pêssego! – e ele olhou para Touya com um falso desespero – Ah To-ya, não seja mal, To-yaaaaaaaaaaaa…

Kinomoto bateu a mão na testa, fingindo tédio e irritação mortal. Mas o sorriso vitorioso no rosto do garoto pálido mostrou que ele sabia que por trás daquela fachada, seu amigo estava se divertindo.