Capítulo XXXXIII

A casa era enorme. Grande demais para três pessoas. Obvio que eu e James íamos dividir o quarto, então, tirando o de Sirius, sobravam três. A escadaria levava aos quartos e cada um já vinha mobiliado. O meu e de James era o único com cama de casal e eu entendi a indireta muito bem. Quatro filhos? Quatro quartos. Com certeza ele não esperava pelo pequeno imprevisto com o Lorde das Trevas. Ouvi-o engolir em seco quando entrei no quarto do lado esquerdo da casa, com um berço de bebê e ursinhos.

Sirius não parecia se importar muito com nada, já que tinha virado umas duas garrafas de Uísque de Fogo goela a baixo. Afinal, tem que aproveitar! Vamos ficar aqui só dois dias e tem que ter uma historia ou duas. Fora seu argumento ao abrir o armário com as bebidas. Não queria ter mais nenhuma historia louca com Sirius Black e bebidas, mas James sim, então eu deixei para lá.

Chegamos já era tarde então só deu tempo de Amolfadinhas se embebedar, James despachar a carta e fazer o jantar, e eu ficar passeando pelo jardim, imaginando uma criança ruiva descabelada com olhos castanhos determinados que nunca correria, pularia, riria ali comigo. Eu decidi ler um livro que estava em uma prateleira isolada, o nome manchado por uma substancia que eu preferi não tocar.

Quando eu abri o livro um vento frio saiu dele e, o que antes era uma mancha, foi desflorando, revelando na capa verde o que eu menos esperava ver, mas o que eu devia saber que ia estar lá. O brasão de Salazar Slytherin em prata reluzente, o nome Tom Riddle no canto inferior esquerdo em letras formosas, brilhando como se tivesse acabado de ser escrito, coisa que eu sabia ser impossível. Tom Riddle, o nome começou a martelar em minha cabeça. Eu já ouvi falar desse fulano, mas lembrar, até parece. Quando eu o abri paginas que pareciam ter acabado de ter tomado um banho de café se revelaram, coisa que também não estava ali da primeira vez.

Fui passando as paginas, revelando mais da escrita formosa do tal de Tom. Estava escrito em uma língua que eu não conhecia, de forma que eu só reconhecia uma palavra por pagina, mais ou menos. Dumbledore, Potter, Hogwarts, Slytherin, Sonserina, Varinha e... Horcruxes. Eu tinha uma leve noção do que aquilo significava.

–Meu Merlin! –eu murmurei- Bom... Esta vai ser uma ótima história.

***

Caro Dumbledore,

Você provavelmente vai estranhar minha pergunta e vai querer me internar, mas isso é incrivelmente sério. Hoje mais cedo, aqui na casa de James em Godric’s Hollow, eu fui procurar uma coisa para ler e achei um livro. Esse livro pertence a Tom Riddle. Quem ele é? Não, essa não é a pergunta, já chego lá. Na capa do livro, que é verde, tinha em prata, o brasão da Sonserina. O que me deixou perguntando, não essa não é a pergunta louca, o que esse Tom tem a ver com Salazar Slytherin? Quando eu abri o livro um vento muito frio saiu dele, e me deixou arrasada, como se eu nunca fosse ser feliz novamente. O que é isso? Não, essa também não é a pergunta. Enfim, eu fui folheando, topando com nomes conhecidos com Eugene Potter, Salazar Slytherin, Albus Dumbledore e com palavras como Varinha, Hogwarts e Horcruxes.

Senhor, se Horcruxes forem o que eu estou pensando temos um sério problema com Tom Riddle, mas eu não tenho certeza. Agora a pergunta que eu espero que não me renda um esquadrão do Ministério atrás de mim, o que diabos são Horcruxes?

Afetuosamente,

Lily Evans. Estudante.

***

Me deitei na cama e torci o nariz, ainda pensando em Tom e suas façanhas, e James, sendo o melhor namorado do mundo, percebeu que tinha algo errado. Eu agradeci o fato de que ele me conhece e se preocupa, mas é meio chato quando a pessoa começa:

–O que foi, meu amor? Você está bem?

Me deu uma vontade incontrolável de gritar “NÃO! TEM UM LOUCO AI ANDANDO COM IDEIAS NA CACHOLA DE QUE HORCRUXES É BOM, INTEGRIDADE É RUIM! EU NÃO POSSO TER FILHOS! O QUE VOCÊ ACHA, QUE ESTÁ TUDO BEM? POIS EU DIGO NÃO, NÃO ESTÁ!”, mas me acalmei, sorri e simplesmente dei um selinho na garoto e fui dormir, as 22h30min, com um lindo garoto sem camisa na mesma cama do que eu.

Maravilhoso, Lily. Você realmente sabe como aproveitar suas oportunidades.

***

Na manhã seguinte, nossa segunda e última na casinha em que viveria se e quando me casasse com James, tudo estava melhor que o esperado na questão de arrumação. Nossas malas já arrumadas, elas foram desarrumadas por um Sirius bêbado, se você quer saber, e nossas varinhas em punho. Sendo eu, James e Sirius os mais novos alvos de comensais, tínhamos permissão para usar magia hoje.

Porém, se comensais atacassem estávamos perdidos. Um cara de ressaca, que de arma secreta só tinha a beleza, o outro passando meio mal por que comeu um peixe suspeito as sete horas da manhã, e uma eu com terríveis dores na barriga, como contrações. Viva o Time Black-Potter-Evans.

–Eu não vejo a hora de voltar para Hogwarts. –disse, contradizendo minhas reclamações dos dias anteriores. Eu precisava de uma enfermeira.

–Eu quero a Amanda. –ouvi Sirius gemer, muito baixinho, mas suficientemente alto para eu ouvir e ficar com lagrimas nos olhos. Me virei de costas para o carro do Ministério, que nos levaria até King’s Cross, onde pegaríamos o trem um dia antes por questões de segurança, e só deu tempo de me abaixar quando uma coruja albina chegou atrapalhada, voando em direção a minha cara.

–MEU DEUS! –eu berrei- Mais um segundo e teria ficado cega!

–Calma Lil. –disse James, se abaixando para pegar a carta na perna da coruja. –É de Dumbledore. Para você - ele falou, estendendo a carta para mim. Abri o envelope com cuidado, e ele revelou a tão conhecida escrita do diretor:

Prezada Lily,

Eu creio que falar de Horcruxes com qualquer um seja extremamente perigoso. Explicar-te-ei tudo sobre o Sr. Riddle quando você chegar aqui, em Hogwarts. Só estou mandando essa mensagem por um motivo: acredito que encontrei uma cura para seu problema de engravidar. Informar-te-ei mais quando chegar aqui mais tarde.

Atenciosamente,

Professor Dumbledore.