Amanda segurava minha mão com força quando sai da enfermaria no dia 24 de março. Os olhos castanhos da garota estavam cheios de expectativa e medo. Por mim? Eu não sei. Quero pergunta-la se está tudo bem, mas se eu abrir a boca vai ser para vomitar.

–Lil, você ‘tá bem? –Ela perguntou e eu assenti- Que bom. Você consegue falar? –Balancei a cabeça negativamente. – Ótimo, por que eu tenho que te contar uma coisa e não preciso das suas lições de moral. Quer ouvir?

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Eu abri a boca, tentando soltar um “óbvio”, mas foi uma tentativa em vão.

–Eu... –Ela abaixou a voz, de modo que apenas eu pudesse ouvi-la – Eu... Eu acho que estou grávida... E o pior? Não é de Lupin, ou Sirius.

Eu a encarei boquiaberta. Se pudesse falar construiria um discurso com as palavras: irresponsável, traição, além de vai ficar tudo bem e quem?

Olhei a loira com os olhos arregalados, esperando que ela me contasse quem era o pai então, e ela entendeu o recado porque revirou os olhos. Ela me encarou, mordendo os lábios por dentro e lagrimas se formando.

–Eu não posso. Eu não posso! Mesmo Lily! –Ela acrescentou quando viu meu olhar. – Ele é meio que um... Futuro comensal da morte.

Pensei nas possibilidades. Avery, Crabbe, Goyle, Malfoy (MALFOY!), minha consciência berrou, e Sev. Ela não faria aquilo com Crabbe ou Goyle. Ela não me “trairia” com Sev.

–Malf... –Falei entre tossidos. - Malfoy? Averry?

Ela deve ter percebido meu sotaque de francesa falso, pois deu um sorrisinho. Mas depois voltou a sua cara séria.

Ela abriu e fechou a boca antes de murmurar algo como “Aly” e eu realmente não entendi. Algum deles se chamava Alyson? Não, acho que não.

–Avery –Ela falou quando entramos em um corredor vazio- Ou Malfoy. EU NÃO SEI LILY! Eu meio que... Foi com os dois... Eu...

Ela começou a chorar. Mesmo sentindo raiva, meu coração ficou do tamanho de uma ervilha e eu a abracei com força. Se fosse comigo? Eu falaria com Dumbledore. DUMBLEDORE! É depois de amanhã! Meu bom Merlin!

Quando ela parou de chorar, já estávamos 15 minutos atrasada e eu desisti de ir à aula de Poções naquele dia.

Alguns meninos da Sonserina passaram e isso só serviu para fazê-la chorar mais. Murmurando palavras de consolo, eu levantei o rosto dela pelo queixo.

–Esstá toddo bme. –Eu falei, errando as palavras por total. E foi a única coisa que falei no dia inteiro.

***

Falava animadamente com Mari, comemorando a volta da minha voz, quando me dei conta que estava atrasada para a aula de Voo.

Mesmo tentando me concentrar na vassoura, as palavras Dumbledore e hoje martelavam em minha cabeça. Por mais comum que eu tentasse parecer, algo em mim parecia chamar a atenção de todos, especialmente de Potter. Ele me olhava sempre que podia, e ficava a beira que cair todas as vezes que eu correspondia olhar. Eu gostava de ter esse poder sob Potter.

A aula ia bem, o vento batia em mim e eu ria freneticamente a 15 metros do chão. Sentia algumas pessoas me olharem, mas duvidava que fossem me ver quando ultrapassei as nuvens, pois eu mal conseguia enxergar a um palmo de distancia.

–Ei Evans! –Ouvi uma voz me chamar, vindo de trás- Você até que voa bem!

–Cala essa boca, Potter! Eu voo bem melhor que você!

Isso pareceu deixar James maluco, pois ele ficou ao meu lado, rumando à frente, tentando me ultrapassar. Eu ri do moreno e ele retribuiu. Quando o vento diminuiu, começamos a conversar normalmente, como se não estivéssemos a quase 30 metros acima do chão.

–Então, Evans. –Ele começou- Você está melhor?

–Eu estou! Voar me deixa tão bem...

–Amo garotas que sabem voar bem. –Ele falou, com aquele sorriso maroto.

–Ama é? –Eu falei – E eu amo garotos que jogam Quadribol.

–Se declarando para mim, Evans?

–Estou, Potter.

Ele sorriu, eu sorri e nós descemos, recebendo aplausos de todos ao nosso redor pelo nosso voo. Mas não pude deixar de perceber o olhar assassino de Malfoy e Sev.

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***

Entrei na sala de Dumbledore no horário marcado. O diretor me encarava, os olhos azuis dele mirando os meus. Ele pode estar lendo minha mente que não vou saber. Tirei da cabeça o pensamento Como diabos a gárgula aceitou que a senha fosse Gárgulas Fedidas? E comecei a pensar no que estava fazendo ali. Não era a primeira vez que a pergunta invadia minha mente. Eu não era nada demais ou de menos. Tudo bem, eu tinha como bicho papão o Little Voldemort, mas e ai? O que isso tem de demais?! Milhões de bruxos por todo o mundo devem temê-lo incondicionalmente.

–Srta. Evans sente-se, por favor. –O diretor se pronunciou, falando de trás de sua mesa de carvalho escuro. Eu o obedeci. –Imagino que está se perguntando por que está aqui.

–Você lê mentes, diretor? –Eu perguntei e ele riu. Porque eu não sei, já que foi uma pergunta séria.

–Não, Srta. Evans. Mas eu reconheço um feitiço de poderoso de bloquear a memoria assim que chego perto. E no seu caso, Srta.Evans, o feitiço é quase tão poderoso quanto o bruxo que o aplicou em você. E, para nossa falta de sorte, esse bruxo é o bruxo das trevas mais poderoso do mundo magico atual. –Ele falou.

Eu queria falar, mas minha voz parecia ter sido roubada. Voldemort e eu já... Eu já tinha visto o bruxo? E ele não me matou? Mas... Eu sou uma sangue ruim! Ele mata sangues ruins!

–Professor... –Eu comecei, mas Dumbledore me cortou.

–Eu acredito que posso desfazer esse feitiço, Lily. –Ele disse, e eu fiquei preocupada com o uso do meu primeiro nome. –Mas vai doer. Você gostar...

–SIM! –Eu gritei, assustando alguns quadros- Arranque meus miolos se quiser, mas sim, por favor, eu preciso saber!

–Então me encontre aqui daqui a exatos um mês, pois esse será o tempo que levará para a poção ficar pronta.

Eu assenti e fui andando até a porta.

–E, Srta.Evans, -Eu me virei- não fale nada sobre isso. Com ninguém.

–Nem com James? –Eu falei, involuntariamente.

–Nem com o Sr.Potter.

***

O segredo estava me matando. Mari e Amanda não perguntaram nada, pois eu as pedi, mas a proibição de contar para James deixava ainda mais tentador. Queria subir na mesa do Salão Principal e gritar para todos ouvirem.

Decidi ir sozinha para a aula de DCAT na manhã do dia 27 de março, mas antes de sair um coro de “Parabéns para você” começou. Demorei muito tempo para perceber que era aniversario de Potter. Eu soltei uma gargalhada ao pensar que o apanhador era mais novo que eu.

O que eu daria de aniversario para Potter? Ele me deu uma coruja eu tinha que dar um presente a altura, certo?

Como uma lâmpada, o que eu daria para James brilhou em minha mente.

***

A aula de DCAT foi tranquila, assim como a de Herbologia e a de Feitiços. Nada de novo acontecia, e isso parecia preocupar mais todos. A atmosfera era pesada no jantar, murmúrios e olhares de lado em todas as quatro mesas. Eu tenho que falar com James, pensei, eu tenho que falar com James.

Quando o apanhador foi com os marotos ao Salão Comunal, eu os segui. Eles riam de Pettigrew. E Sirius brincava com o cabelo de Potter.

–Aah, para. –Potter protestava

–Como se seu cabelo fosse piorar, Pontas. –Sirius rebateu, provocando risadas.

–JAMES! –Eu gritei. Ele não ouviu- JAMES EU NÃO SEI SEU NOME DO MEIO POTTER!

Dessa vez ele ouviu e parou.

–Hey, Evans. O que você quer?

–Posso conversar com você? –Eu disse, retomando o folego. – Tipo... Agora?

–Pode uai. –Ele disse sem mover um musculo

–Em particular, James. –Eu disse. Os outros três deixaram claro que estranhavam o uso do primeiro nome do aniversariante por minha parte.

–Pontas vai se dar bem! - Sirius falou, rindo, quando achou que nos estávamos longe do alcance auditivo, mas evidentemente, não estávamos.

Ao chegarmos às masmorras, em um lugar que eu desconfiava ser o salão comunal da Sonserina, eu comecei a falar.

–Feliz Aniversario. –Eu disse. O moreno me encarou, a boca entreaberta.

–Você me fez andar o castelo inteiro para me dar parabéns? –Ele disse entre raiva e incredulidade.

–Não –Eu disse muito sincera- Eu te chamei aqui pra isso.

Eu passei os braços pelo pescoço do garoto, me levantando e abaixando-o. Eu o beijei. Sabia que ele estava de olhos abertos, pois senti suas piscadelas. Mas eu não.

Acho que as pessoas fecham os olhos durante os beijos para desligar os outros sentidos além do paladar.Pois, vamos admitir, beijar é muito melhor sem preocupações.