O Acordo

Clichê


Eu sempre fui o tipo de garota que revirava os olhos ao ver algo clichê, e agora, encarando meu reflexo no espelho, eu rio ao perceber que entrei na coisa mais clichê do mundo.

Existe coisa mais clichê que amar afinal?

O mais engraçado é que amor é uma coisa tão estranha e sem explicação. O mundo nos últimos dias vem entrando em colapso. A guerra está estourando, pessoas estão lutando, sendo mortas ou perseguidas. O medo começou a se espalhar... Mas basta um segundo, basta eu olhar nos olhos dele ou receber um sorriso maroto que só ele consegue dar, ou então abraça-lo e beija-lo... e tudo parece ficar mais claro, tudo parece mais fácil e suportável.

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Olhando para trás eu não sei como consegui fazer tudo aquilo. Como vivi tanto tempo negando estar ao lado de James, o ignorando, aceitando participar de planos malucos que no fim podiam magoa-lo... James é meu porto-seguro hoje em dia, é tudo que eu tenho.

Os últimos dias de férias foram os melhores do ano. Nós todos juntos, animados e despreocupados. Até mesmo Pedro tinha vindo no fim da semana para aproveitar conosco. Mas voltar a Hogwarts foi como sair da uma bolha. Nós começamos a enfrentar o pânico, as noticias que toda hora chegavam sobre as famílias dos estudantes e tudo mais. E além disso ainda tinham os problemas normais de uma escola, como o fato de todos resolverem comentar e fofocar sobre meu namoro com James.

Muitos boatos envolvendo poções do amor, planos e discussões se espalharam pelos alunos, e eu tinha quase total certeza que os boatos começaram com Bertha. Aquela menina, por incrível que pareça, sabia praticamente tudo. Sobre a discussão com Emma e James, ela ter usado uma poção para ir para a cama com ele, eu ter saído com Marcos... T.U.D.O. Mas é claro que hoje em dia os boatos já são que eu duelei com Emma por James, ou que eu traia meu namorado auror, e até que Marcos era meio irmão de James!

Mas é claro que boatos e fofocas não me assustavam ou incomodavam. Depois de muito tempo eu estava feliz, estava com James, e isso me bastava.

*

Já havia se passado um mês desde o Natal. A neve havia começado a dar uma trégua e sumir aos poucos. As aulas estavam puxadas e os NIEM’S mais próximos do que nunca, tanto é que passo a maior parte do tempo na biblioteca estudando, como agora.

_ Já terminou? – James pergunta impaciente me fazendo desviar a atenção do texto sobre dementadores.

_ Você me perguntou cinco minutos atrás e a resposta ainda é NÃO. – respondo virando a pagina e o ouço bufar. – Se não tem paciência para estudar nesse belo sábado porque quis vir comigo?

_ Vários motivos. – ele diz e eu repouso meu livro na mesa e me viro da lado para encara-lo curiosa. – Primeiro, eu não posso deixar minha linda e perfeita namorada andando por aí sozinha. Segundo, eu pensei que podia estudar um pouco também. E terceiro, eu achei que poderia te convencer a fazer alguma coisa mais interessante nesse belo sábado. – e com isso ele se aproxima me roubando um beijo. – O que acha? Nós podíamos passear lá fora, ou quem sabe ir escondido até Hogsmeade..?

_ Deixa eu ver... Estudar para o exame mais importante das nossas vidas, ou sair com meu namorado irresponsável? Acho que vou ficar por aqui mesmo...

_ Acrescente Lindo, perfeito, romântico, maravilhoso, ótimo senso de humor e perdidamente apaixonado em você na lista de qualidades do seu namorado, e eu acho que muda de ideia. – ele diz me fazendo rir. – Vamos Lily...

_ Não. – respondo voltando a ler a livro e já iria agradecer o silencio quando sinto sua mão retirar meu cabelo no pescoço e depositar um beijo ali me fazendo arrepiar. – James... Para!

_ Só se você mudar de ideia e vir comigo fazer algo mais divertido. – ele responde no meu ouvido e morde levemente o lóbulo da minha orelha.

_ N-Não... – gaguejo sentindo seus beijos pela minha mandíbula.

_ Não? Ora, vamos meu lírio... – James passa a outra mão pela minha perna enquanto sua boca causa arrepios pelo meu corpo. – Vem comigo...

_ Eu. Odeio. Você. – murmuro agarrando a cola da sua camisa e lhe beijando vorazmente. James me puxa para mais perto dele fazendo com que eu quase fique no seu colo. Pode parecer estranho, mas sempre que eu o beijo eu sinto uma coisa nova, uma coisa boa... maravilhosa. Talvez isso seja consequência do clichê amor, não sei. Só sei que é muito bom.

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Sinto James me içar para cima segurando minha cintura e logo estou sentada na mesa da biblioteca com minhas pernas em volta a sua cintura. Minha mãos afoitas começam a jeito inconsciente de desabotoar sua camisa enquanto suas mãos e beijos deixam um rastro quente sobre meu corpo.

_ Nós não íamos sair daqui? – pergunto entre o beijo sentindo seu peitoral com minhas mãos.

_ De repente a biblioteca se tornou interessante. – James diz cafajeste como sempre mordendo de leve o meu pescoço.

_ Você é impossível. – murmuro voltando a beija-lo e mais uma vez esquecendo de todo o resto.

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_ Nem sequer olhou para mim, pode isso? Não, não pode! – Marlene reclamava enquanto entregávamos nosso trabalho de Herbologia. Ela e Sirius estavam brigados desde o volta as aulas quando o moreno flagrou minha amiga conversando com Amos Diggory. Marlene afirma estar só coversando mesmo com o Diggory, e eu acredito nela já que sei que a morena é apaixonada pelo outro maroto, mas Sirius armou um escândalo falando que Lene estava praticamente se jogando para o outro. E aqui estamos. Eu, James, Pedro, Remo e Dorcas temos que ouvir dia e noite os dois reclamando, resmungando e brigando por causa disso. E pelo jeito, o gênio do Sirius só pirou ainda mais situação.

_ Você não viu exatamente ele beijando ela. – Dorcas comenta dando de ombros e tirando suas luvas sujas de terra.

_ Dorcs, me anjo, eu vi o safado do Black saindo de dentro de uma sala vazia junto com aquela idiota. E eles estavam todo sorrisinhos, e vermelhinhos, e suados e o que o energúmeno fez quando me viu lá? Ele só sorriu e passou por mim! Como se não tivesse feito nada! – Marlene exclama levantando os braços e gesticulando nervosa, chamando a atenção de muita gente ali.

_ Tecnicamente, vocês não estão juntos. Então ele não estava fazendo nada errado! – digo recolhendo meu livro e indo com elas para fora da estufa em direção ao castelo.

_ É claro que estava! Nós nem terminamos direito! E isso é uma escola! É uma pouca vergonha! – Marlene diz e eu troco um olhar com Dorcas.

_ Eu disse tecnicamente. E desde quando você pode dar lição de moral e bom comportamento Marlene McKinnon? – pergunto arqueando as sobrancelhas e Marlene bufa.

_ Quero ver se fosse você no meu lugar e James no lugar de Sirius! – ela diz e eu pondero a questão. – Se bem que vocês são tão melosos agora que eu nem sei...

_ É tão estranho a tranquilidade que é com eles juntos finalmente, eu até tenho saudades das brigas. – Dorcas diz sorridente.- Eu adorei aquela de ontem, me fez ficar nostálgica.

_ Eu não entendo vocês. – exclamo vendo Lene concordar com a loira. – Quando eu brigava com James vocês defendiam ele e diziam que eu devia dar uma chance. Agora que eu namoro ele você reclamam também...

_ Não estamos reclamando, mas bem que você podiam brigar um pouquinho mais né? – Marlene diz com um sorriso arteiro. – Afinal, agora você tem jeitos mais interessantes de se reconciliar!

_ Ok, eu não vou ficar aqui ouvindo isso! – digo revirando os olhos mas acabo rindo com elas. – Vejo vocês no jantar, tenho que entregar um livro na biblioteca e tirar uma duvida com o Professor Sluggorn.

_ Tá bom Sra. Lily Potter, até o jantar! – Lene diz rindo e vai embora puxando Dorcas, ei apenas reviro os olhos e vou para o biblioteca.Acabei saindo de lá com mais dois livros que achei interessante, e como meu estomago já começava a reclamar apertei o passo em direção as masmorras.

Infelizmente o universo não conspira ao meu favor. Ao virar a esquina eu encontrei a pessoa que eu tenho evitado lindamente todo esse tempo. Emma Mills.

Emma estava bem diferente da garotinha apaixonada que eu conheci no começo do ano. Ela tinha cortado o cabelo nos ombros, estava mais magra e seus olhos tinham um brilho estranho. Emma parecia assustadora e frágil ao mesmo tempo.

Respirei fundo e tentei passar fingindo que não a vi mas ela veio até mim, barrando meu caminho.

_ O que você quer? – pergunto entre dentes enquanto a morena que encara com uma posse superior.

_ Eu quero justiça Evans! – ela responde com a voz meio esganiçada. – Você... Você tirou James de mim!

_ Emma... James nunca foi seu. – explico lentamente. Pode parecer estranho, mas eu sentia pena de Emma, porque tudo que ela se tornava era por causa da obcessão que ela tinha por James. – Ele nunca te amou! Tudo que ele gostava em você era mentira!

_ Por sua culpa! – Emma diz, seus olhos estavam meio lacrimejados e seu queixo tremia. – Eu amo James! Sempre amei e sempre vou amar! Ele é meu! O meu homem! E ele me fez dele naquela noite...

_ Ele estava sobre o efeito de uma poção. – digo um pouco menos calma do que antes.

_ James me ama... Ou pelo menos poderia me amar, se não fosse você... – ela murmura me fitando intensamente.

_ Olha, Emma, entenda... James e eu estamos juntos. – afirmo dando a volta nela. – Se eu fosse você aceitava isso e seguiria em frente. Você tem potencial, é bonita... Vai se apaixonar de novo.

_ Eu nunca vou amar outra pessoa. – ela me responde se virando para mim novamente. – Pode parecer clichê o que eu vou dizer, mas se James não for meu... ele não será de mais ninguém.

_ Sim, é bem clichê. E doentio. – rebato apertando minha mão em punho e me viro novamente indo embora dali.

_ Você não ama ele Lily! – ela diz me fazendo parar depois de quase virara esquina do corredor. - Não como eu amo. Você só está com ele por capricho... Porque não queria perder seu cachorrinho, que te segue e te venera. Você é a doente! Você é a vilã aqui!

_ Emma... – me viro sem paciência mas minha voz some. A morena, com lágrimas caindo pela face levanta a manga do braço esquerdo. Uma marca negra, ali, pregada na pele dela. – O que você fez?

_ Recursos. – ela responde abaixando a manga, limpando as lagrimas e apontando o dedo tremulo para mim. – Eu terei James de volta Lily. Ou então... Eu vou me certificar que ele não seja nunca mais seu!