O Lado Escuro da Lua

Capítulo Dezessete


O Lado Escuro da Lua – Capítulo Dezessete

Lily fez questão de ir embora naquela mesma tarde, sem dirigir a palavra a Artemis enquanto se despedia dos colegas de forma lacrimosa, fazendo promessas vazias do tipo estar sempre à disposição e, ah, com certeza ir visitá-los. Folheando sua revista, Artemis ignorou os olhares hostis em sua direção, refletindo que, com certeza, havia problemas maiores em sua vida do que um punhado de bailarinos irritados.

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(Problemas loiros, por exemplo, com sorrisos perfeitos).

Michael Holland, o famoso monitor, chegou no dia seguinte. Se Artemis alguma vez havia pensado que Lily tinha um ar maternal, tudo em Michael a fazia pensar em um pai de família, desde o cavanhaque milimetricamente aparado aos olhos azuis tempestuosos, que não paravam de percorrer o dormitório à espera de algo fora do lugar.

Gabriel havia lhe dito que ele tinha vinte e cinco anos, mas a permanente linha em sua testa o fazia parecer um homem de trinta. Andrew estava tentando explicar a saída de Lily quando Isabella os interrompeu para lhe apresentar Artemis.

— Artemis Lancaster? – foi o que ele disse, encantado, ao estender a mão. – É um imenso prazer conhecê-la. Assisti à sua apresentação há dois anos, em Nova York – explicou, ainda soando maravilhado. – Você foi a melhor Giselle que eu já vi. Quando chegou?

Artemis foi impedida de responder por Gabriel, que, sempre um exemplo de sutileza, se aproximou dando um tapa audível na bunda do recém-chegado. Pelo modo como Michael respirou fundo, aquilo obviamente já havia acontecido antes.

— Gabriel – ele disse, em tom de aviso.

— Michael, durinho como sempre! – Gabriel elogiou, satisfeito. – Como foi a viagem? Sentiu minha falta?

— Você nem imagina – o monitor respondeu, de forma seca, mas acabou perdendo um pouco da compostura quando Gabriel abriu um sorriso que mostrava suas covinhas. – Andrew disse que vocês vão fazer um coquetel amanhã à noite. Um coquetel que eu não pedi – acrescentou, aprofundando o vinco em sua testa. – Conhece as regras. Não se esqueça do toque de recolher, não ligue a música alta e nada de ficar bêbado.

A gargalhada de Gabriel foi histérica.

{...}

Quando Artemis desceu as escadas na quinta-feira à noite, foi mais por aparências do que por vontade. Gabriel havia passado à tarde inteira lhe dando todos os motivos pelos quais o resto da Academia a odiava – e a lista, infelizmente, era bem grande; o interesse de Apolo por ela também incluso na conta – e tentando lhe convencer a ser o que ele chamava de "pessoa melhor".

Um argumento que, é claro, não funcionou. Artemis só concordou em ir porque Gabriel ameaçou não só contar às garotas do quarto período onde era a loja que vendia pó-de-mico, mas também dizer que ela havia "partido o coração de Apolo". Artemis podia lidar com pessoas não gostando dela, mas ter a sua apresentação sabotada seria horrível.

Com um suspiro de resignação, ela nem se surpreendeu ao ver o dormitório insuportavelmente lotado, bebidas coloridas – e certamente alcoólicas – sobre o balcão da cozinha, as músicas estranhas de Gabriel saindo do moderno equipamento de som perto da televisão.

Estava prestes a ir até a pequena cozinha sem prestar atenção em ninguém quando algo chamou a sua atenção – aquele era David sentado na poltrona do canto? Estreitando os olhos, surpresa, Artemis viu que, realmente, aquele era mesmo o professor mais odiado do mundo, bebericando uma taça de vinho e olhando para os alunos ao seu redor com uma expressão entediada.

Só para tornar a cena mais confusa, Gabriel – com uma calça branca justa e uma camiseta do musical Hair – estava ao seu lado, dizendo qualquer coisa enquanto se sentava no braço da poltrona. Artemis assistiu a David responder qualquer coisa que fez o sorriso sumir do rosto do garoto, mas logo Gabriel já estava falando de novo.

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Desistindo de entender o garoto e suas incoerências, Artemis estava voltando a fazer seu caminho até o balcão da cozinha quando reparou no silêncio que havia caído naquela parte da sala. Desconfiada, olhou ao redor e viu metade dos alunos a encarando, a outra metade olhando na direção oposta. Ela seguiu essa linha, e o que viu fez sua garganta secar.

Eu deveria ter imaginado.

Apolo estava sentado em um sofá, uma perna dobrada sobre a outra, apoiado tão confortavelmente no estofado que era como se estivesse em casa. Talvez fossem as luzes, ou a camiseta azul-escura do Led Zeppelin, mas seu cabelo parecia mais claro. Havia pelo menos dez pessoas ao seu redor, e era esse grupo que havia se calado quando Artemis passara por perto.

A resposta, ela supôs, estava no olhar de Apolo em sua direção.

Embaraçada, tomou consciência do acerto do vestido escuro em sua cintura, e de que o tecido chegava a pouco acima do seu joelho. O cabelo estava preso em uma trança, com aquelas mechas teimosas escapando, e ela havia se olhado tempo o bastante no espelho para chegar à conclusão de que estava tão linda quanto como se sua mãe a houvesse arrumado.

Apolo parecia pensar o mesmo.

Desviando o olhar, Artemis voltou a andar, ouvindo a conversa voltar ao volume normal. Ainda estava um tanto desconcertada enquanto se aproximava do balcão, sentando-se em um banquinho e fazendo questão de manter as costas na direção de Apolo.

Era Andrew quem, aparentemente, estava cuidando das bebidas, muito bonito em uma camisa branca e jeans escuros, o cabelo cuidadosamente arrumado. (Artemis se lembrou de Apolo correndo os dedos pelo próprio cabelo, mais o bagunçando do que arrumando.) Isabella estava ao seu lado, enchendo uma travessa com salgados delicados enquanto falava sobre alguma coisa.

O olhar que Andrew deu a Artemis tinha a mesma admiração, mas perdia muito na intensidade quando comparado ao de Apolo.

É claro que sim.

— Precisa de ajuda? – perguntou a Isabella, antes que Andrew dissesse alguma coisa. Até onde sabia, Bella gostava do garoto, e não seria nada bom se ela percebesse que ele estava interessado em Artemis.

— Não, não precisa – e Isabella sorriu. – Você demorou, achei que não fosse vir. O seu cabelo está lindo.

— Obrigada – Artemis agradeceu, mais à vontade. O cabelo escuro de Isabella estava preso em um coque elaborado, e sua maquiagem era impecável. Artemis nunca dominara a técnica perfeita daquele blush bem-feito e daquele delineador preciso. – O que o pessoal da Berklee está fazendo aqui?

— Michael não quiser ser o único responsável pela nossa dignidade, alguma coisa assim – foi Andrew quem, infelizmente, a respondeu, Isabella parando o que estava fazendo para prestar atenção ao que ele dizia. – Quis chamar um professor, e Gabriel foi correndo chamar aquele da Berklee – apontou com o copo na direção em que David estava sentado. – Acho que Gabriel está interessado nele, mas em quem ele não está? – Brincou, ganhando uma risadinha de Isabella. – Daí alguns alunos acabaram vindo.

— Não todos – Bella disse a Artemis, como se fosse algum consolo. – Só alguns, e com certeza foi Gabriel quem os chamou, não o professor.

Artemis se lembrou de Gabriel a incentivando a sair com Apolo, e respirou fundo.

— Provavelmente. Onde está o Michael?

— Ele estava conversando com Apolo – Andrew a respondeu, com uma casualidade forçada. – Deve ter ido ao banheiro ou algo assim.

Artemis assentiu, tentando considerar qual seria a pior opção. Aguentar Apolo ou tentar passar algumas horas com Andrew e Isabella? Ao menos as duas possibilidades são melhores do que assistir a Gabriel dar em cima de David, ela procurou se consolar. Oh, falando nele...

— Humm, que bartender mais lindo! – Gabriel exclamou, se aproximando. – Você deveria usar camisas assim mais vezes, fica sexy nelas – comentou, sorrindo para Andrew enquanto se apoiava no balcão, empinando a bunda para trás de forma desnecessária.

Artemis quis rir, mas se conteve.

— Atirando para todos os lados, Gabriel? – provocou, abrindo um pequeno sorriso.

— Artie! – Gabriel exclamou, radiante, ao se virar para ela. – Nada como ouvir essa voz petulante de novo, é música para os ouvidos. Por que não ainda não foi se sentar com Apolo? Ele tem te encarado desde que você chegou, e olha que eu nem sou de fazer fofoca.

— Não, não é, imagine – Isabella ironizou, achando graça, enquanto Andrew, parecendo mal-humorado, servia alguma coisa para Gabriel.

— Vi você perto do David – Artemis comentou, ignorando a menção a Apolo. – O que aconteceu? Achei que ele estivesse tentando te evitar.

— Ah, e ele está. Ou estava, sei lá – Gabriel enfiou um canudinho em sua bebida, mexendo as pedrinhas de gelo com ele. – Não importa. Viu como ele fica bem de preto? Essa noite vai ser ótima, tenho certeza.

— Me lembro de quando ele dizia isso sobre você – Isabella disse a Andrew, cujo humor pareceu piorar ainda mais com o comentário.

— Bons tempos – Gabriel balançou a cabeça, dramático. – Andrew foi facinho perto do David.

— Fui o quê? – Andrew repetiu, incrédulo. – Você desistiu porque não conseguiu nada!

— Oh, estamos perto das meninas, desculpe – Gabriel adotou sua cara de maior sinceridade, o que, para Artemis, era um claro sinal de que estava mentindo. – Sim, sim, meninas, não aconteceu nada. Aham – e ele deu uma piscada exagerada para Andrew, que, enquanto Isabella gargalhava, se apressava a explicar que nada daquilo havia acontecido.

Sem lhe dar atenção, Artemis retomou sua conversa com Gabriel em tom baixo.

— Por que os chamou para cá? – E não era nem preciso explicar a quem ela estava se referindo.

— Por que não? – Gabriel usou seu canudo de forma obscena. – Vamos lá, Artemis. Tente se dar bem com Apolo, todo mundo aqui o adora. Você sorri, finge que é normal, faz com que ele goste de você, e todos logo esquecem que você é uma vadia antipática.

— Eu não preciso que gostem de mim.

Gabriel revirou os olhos de forma dramática.

— Então só senta lá e aproveita a atenção de Apolo. Você está muito linda, a propósito. Eu sairia com você na rua só para deixar todo mundo com inveja de mim.

— Que linda forma de me fazer sentir um objeto.

— É a sua mania de ver tudo pelo lado ruim, eu só te fiz um elogio. – E então Gabriel sorriu. – Eu vou lá voltar para o David, ele vai ter que desistir uma hora. Divirta-se.

Artemis bufou em descrença enquanto Gabriel se afastava, o garoto ainda sorrindo. Estava prestes a perguntar sobre o que Isabella e Andrew estavam falando – não que realmente se importasse – quando uma voz feminina bem conhecida a chamou.

— Artemis?

Ela se virou, encontrando a garota chamada Anna ocupando o espaço onde Gabriel estivera milissegundos antes. A loira usava uma boina verde de crochê, um vestido escuro e o lenço mais colorido que Artemis já vira. O efeito era bonito, de uma forma estranha. O sorrisinho esperto continuava lá, e Artemis escondeu seu desconforto mais uma vez.

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— Anna.

— Apolo está te chamando. Ele gostaria de conversar com você.

Artemis respirou fundo.

É pelo bem da minha apresentação, não é?

— Se eu não for para lá, ele provavelmente vai vir para cá uma hora, não é?

Anna pareceu feliz que Artemis houvesse entendido a situação tão rápido.

— Pode ter certeza disso.

Artemis lançou um último olhar para Andrew e Isabella, que estavam conversando e mal notaram sua saída, antes de acompanhar Anna até onde Apolo estava. O grupo que estivera o cercando já havia se dispersado, e Michael havia voltado de onde quer que estivesse, sentado muito eretamente na poltrona mais alta.

O monitor poderia ter sido confundido com um professor, de camisa e calça social, e não era preciso um segundo olhar para se ter certeza de que ele estava no comando da situação. Era algo diferente da incerteza de Lily, algo que fazia com que Artemis se lembrasse de seu pai. Era reconfortante, de certa forma.

Apolo, no sofá ao seu lado, estava incrivelmente bonito sem nem ao menos tentar – de perto, Artemis podia ver que sua camiseta estava amassada, e seus tênis eram gastos. Todos os seus colegas estavam tão regiamente arrumados que era como se estivessem em um coquetel da alta sociedade, mas Apolo poderia estar a meio caminho de um show ao vivo em algum bar.

— Artemis – ele a cumprimentou, abrindo aquele sorriso que ela odiava tanto. Para seu crédito, o garoto não encarou suas pernas ou a curva do seu corpo, mantendo os olhos castanhos nos dela. – Sente-se aqui – e ele chegou para mais perto do braço do sofá, abrindo espaço.

Artemis considerou suas opções antes de ver que, na verdade, não havia outra se não aquiescer. Sentou-se ao lado dele, cruzando as pernas e olhando para Apolo de soslaio, constrangida diante do sorriso tranquilo que o garoto abrira enquanto a observava.

— Achei que não fosse vir.

Artemis inclinou a cabeça em concordância.

— Eu não queria.

Apolo pareceu achar graça.

— Pode acontecer a mesma coisa amanhã.

— Oh, o nosso encontro – Artemis fingiu descaso. Como se pudesse ter se esquecido.

— É assim que você está chamando? – Apolo perguntou, divertido. – Eu disse que queria sair com você, não que seria esse tipo de encontro.

Artemis lhe lançou um olhar sério, e Apolo fez seu melhor para manter o rosto inexpressivo, mesmo que ela pudesse ver os cantos de seus lábios tremendo.

— Você é um caso perdido – Artemis decidiu, balançando a cabeça. – Não vai desistir, não é?

— Artemis, eu tenho quase certeza de que se você parasse por meio minuto de reclamar da minha existência, iria acabar gostando de mim.

E é por isso que eu não posso parar, não é mesmo?

— Oh, você acha? Bom, para começar, você poderia parar de dar em cima de mim. É seriamente irritante.

Por algum motivo, Apolo riu.

— Artemis, você saberia se eu estivesse dando em cima de você.

Ela teve vontade de lhe perguntar o que haviam sido todos aqueles esbarrões casuais e toques premeditados no restaurante, mas não encontrou palavras para isso. Se recompondo, levantou uma sobrancelha.

— Então o que foi aquela intimação de ontem para que eu saísse com você?

— Um convite para que você assumisse seu interesse por mim – Apolo a respondeu, placidamente. – Não preciso dar em cima de você quando, obviamente, você já está interessada.

— Estou interrompendo? – Michael chamou, obviamente interrompendo a resposta de Artemis. – Eu preciso falar com você.

Aliviada por ter sua conversa com Apolo temporariamente suspensa, Artemis assentiu.

— Claro.

— Precisamos de outro monitor. – E, quando Lily buscaria sempre a enrolação mais diplomática, Michael foi direto. – Lily deixou o lugar vago, e os professores me pediram para indicar alguém. Você se importaria?

Surpresa, Artemis o encarou.

— Não posso ser monitora. – Os alunos me odeiam. — Acabei de chegar.

— Não vai soar lisonjeiro, mas quem mais? Seus ensaios não serão prejudicados, garanto.

— Por que eu?

— Gabriel me disse que você pode, uh – Michael pareceu desconcertado. – As palavras "vadia autoritária" foram usadas.

Enquanto Apolo ria, Artemis revirou os olhos.

— É a cara dele dizer isso. – Encarou Michael. – O que eu teria que fazer, supondo que aceitasse?

— Manter todos eles na linha, fazer uma ronda ou outra pelos corredores – Michael pareceu tão tranquilo que era como se Artemis já tivesse aceitado. – Posso te deixar a par de tudo amanhã. Os bônus compensam, garanto.

Compensam tanto que você nem para na cidade.

— Podemos conversar amanhã – Artemis respondeu, evasiva. Teria que pensar naquilo, já que a responsabilidade parecia grande, por mais que Michael houvesse disfarçado. – Vou considerar isso.

— Claro – Michael concordou, um pouco incomodado por não haver recebido uma confirmação.

— Vocês não estão com fome? – Anna perguntou de repente, se aproximando com uma travessa de salgados. – A comida daqui é maravilhosa, achei que fosse viver de shakes emagrecedores e saladas até o fim do ano.

Michael abriu um sorriso paciente e começou a lhe explicar a dieta que a nutricionista da Academia havia montado, enquanto a loira se sentava e ouvia com interesse.

— Você vai adorar ser monitora – Apolo comentou, parecendo achar graça enquanto olhava para Artemis. – É mandona e irritada – acrescentou. – Deve ser por causa do seu cabelo.

Artemis o encarou.

— Meu cabelo?

— Ruivos, aquela coisa toda – Apolo deu de ombros.

— Está me julgando pelo meu cabelo? – Artemis deixou bem claro, chocada.

— E você não me julgou por muito menos? – Apolo devolveu a pergunta, não sem um pouco de ironia. – Mas eu gosto do seu cabelo – acrescentou, observando a trança que caía sobre seu ombro.

Desconfortável, ela desviou o olhar, flagrando David dizer algo qualquer coisa para Gabriel que fez o garoto se levantar, indignado. Levantando uma sobrancelha, ela se virou para Apolo.

— Apolo, eu sei que David tem todos os motivos para evitar um ser como Gabriel, mas ele é ao menos gay, não é?

— Gabriel vai descobrir logo. Por que a preocupação? – Apolo deu de ombros, parecendo satisfeito com o que quer que Artemis houvesse dito. Ela levou meio segundo para se lembrar de que havia usado o nome do garoto, o que não melhorou seu humor.

— Por que eu não digo a ele que você é gay e está a fim dele? Porque eu me importo.

Quando Apolo sorriu, o tom de castanho dos seus olhos pareceu mais quente.

— Está vendo, Artemis? Eu não posso desistir de você.

{...}