Undersclose desires

Cap26 - Without quick tears


Eu poderia ter ficado ali com Gabe eternamente, mas lembrei que minha mãe poderia chegar a qualquer momento, empurrei Gabe para o lado e catei minhas roupas:

–Afe! O que foi?- Ele reclamou.

–Mãe nervosa e selvagem! - Resumi

–Ah Deus, esqueci completamente!Imagine se ela nos pega aqui? Bronca dupla pra você- Ele riu

Eu não respondi, parei para me olhar no espelho, e fiquei surpreso em como meu cabelo estava grande, estava com uma franja estilo ídolo teen, usei assim dos dez aos treze anos, depois cortei para facilitar a vida e não ter que ficar cuidando, além de que eu fico bem mais bonito com o cabelo cortado.

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Gabriel chegou por trás, apoiou a cabeça no meu ombro e perguntou:

–Preocupado com algo?

–Não, só tentando lembrar onde é que fica o barbeiro que sempre vou...

–Ata! Te levo lá amanhã, não gosto do teu cabelo assim!

–Ah obrigado pela sinceridade! - disse ironicamente.

– Você queria que eu mentisse?

Não respondi, me encarei, ou melhor, nos encarei no espelho denovo, foi aí que fiquei preocupado, as lembranças vieram todas de uma vez, me dando dor de cabeça, me esforcei para não demonstrar, mas falhei:

–Relaxe Fê, posso lhe assegurar que nem eu, nem você vamos aparecer grávidos daqui há algum tempo!-ele disse se jogando na cama.

–Não é isso, é só que quero saber quanto perdi de aula!

–Ah sim! Começam nessa segunda, hoje é sexta...Você perdeu praticamente as férias todas.

–Ah bosta!

–Graças à sua aventurinha pela interestadual! - ele ralhou

– Pois é- sorri nervoso, estávamos chegando no assunto que eu mais queria evitar.

–Falando nisso o que cargas d'água você estava fazendo lá?

–Aí para! Isso me dá dor de cabeça- sentei na cama com as mãos na cabeça esperando que ele acreditasse nisso.

–Ah desculpe! Quer água?

–Sim, vou com você até a cozinha, afinal eu só quase morri!- brinquei

***

Fomos para cozinha e ficamos ali mesmo, sentados na bancada conferindo as lembranças de infância, eu lembrava de tudo, mas dizia que tinha esquecido algumas de nossas histórias só para ouvir ele contanto, empolgado, como uma criança que acabou de chegar da escola e está contando para a mãe como foi seu dia.

Foi só pensar nisso que minha mãe chegou, ouvi a porta se abrir, seu salto ecoando pela casa toda, ela provavelmente foi até o armário deixar o casaco, a bolsa e os sapatos e em questão de segundos virá até aqui na cozinha pegar uma barrinha de cereal.

Não demorou nem cinco minutos para isso tudo acontecer, mas quando ela entrou na cozinha parou assim que me viu, encarou por uns segundos não acreditando no que via, e depois finalmente se convenceu que era verdade veio correndo me abraçar:

–Felipe! Graças a Deus, eu rezei tanto para não te perder!

–Calma mulher! Estou vivo, inteiro, pode contar, dezenove dedos ao todo...Ops espera aí!

–Ah meu querido, fico feliz que está bem! Se lembra de tudo?

–Sim, mais ou menos, as memórias estão vindo aos poucos, mas já lembro de grande parte!

–O médico até disse que ele acordou do coma como se só tivesse tirado uma soneca!- Gabe completou

–Ah que bom! Porque você está de castigo Felipe! - ele falou quase gritando e me deu um tapa no braço.

–Mãe! Castigo? Aos dezessete? Vai me botar para encarar a parede?

– Muito engraçado você! - ela falou séria

–Ah Dona Maria, como eu te amo!- eu a abracei

–Você não vai me amolecer com isso, agora dá licença que eu vou fazer um bolo pra você.-ela falou abafando uma risada, por estar se contrariando assim tão descaradamente, eu e Gabe rimos e fomos pegamos os ingredientes que ela ia pedindo.