Prólogo

‘Eu queria ser um escritor’ susurei olhando para o mar que criava suas ondas suavemente e que iam parar na costa agora à milhas de distância. Elas iriam viajar bastante ate chegar na praia, mas acho que elas não sabem disso e continuam tentando. Ri de mim mesmo e como sempre alimentei meu vício de tatear a bolsa de carteiro velha com alguns remendos. Tirei o livro de dentro e tentei ler a capa outra vez os símbolos; ‘C H A R L E S D I C K E N S’, as letras não fazem sentido. Como eu podeira ser outra coisa além de um trabalhador na fábrica se todo o resto me é desconhecido? Talvez eu devesse desistir de uma viagem tão cansatíva. Balançei a cabeça negativamente com este pensamento. Eu preciso encontrá-la.

Ela mandou. E se tem algo certo na minha cabeça é o fato de que se ela manda eu obedeço, mesmo se ela não tivesse colocado toda minha vida em risco para isso.

Olhei para a estrela brilhante no céu que conseguia ouvir meus pensamentos e mordi o lábio. Ela estava me encarando e eu conseguia a ouvir dizendo “Tragá-a para mim”.

Era como uma sereia lhe amaldiçoando. Lhe enfeitiçando. Minha mente ficava dividida entre pensamentos como se aquilo era minha vontade ou a vontade da estrela que antes fôra uma representação de vida na terra.

Talvez tenha lhe deixado um pouco confuso com esta história e o melhor seria explicar. Tente entender esta linha de raciocínio: Almas quando libertadas viram estrelas. Se eu lhe disser que entrego estrelas entenderia de um modo mais bonito?

Eu passeio pelos lugares e olho para as pessoas pensando no brilho que elas teriam. Fiquei tão acostumado em pensar que pessoas são estrelas que minha mente não me deixa ver a aparência das pessoas sem muito esforço, eu vejo o brilho delas. Claro que eu não posso contar isso para ninguem. Principalmente agora. Odiaria que o padre pensasse que eu estava amaldiçoado.

O mótivo da viagem não podia fazer mais sentido na minha cabeça. Eu estava realizando meu maior desejo. Eu mesmo iria virar uma estrela. Eu mesmo faria algo brilhante e eu brilharia o suficiente para que ela me encontrasse no seu, não importa a luz da cidade. Mas eu precisava de um plano, e precisava ser rápido já que minha data de expiração já estáva próxima.

Meu nome é irrelevante e incomum, as pessoas nunca o pronuciam direito e para que voce não o leia e depois o entône em um modo diferênte eu não vou lhe contar. Se realmente precisa de algo para me batizar pode me chamar de carteiro, todos fazem isso e mesmo assim, de modo algum voce irá pronunciar errado...