Mais um ano letivo se iniciava na Boarding School. Um belíssimo ano letivo. Pelo menos, era isso que se esperava.

O ano anterior foi marcado pela fundação da Boarding House, muitos semideuses foram para as férias aliviados e preparados para enfrentar os monstros, a diretora ficou contentíssima pela iniciativa de JC, uma de suas melhores alunas.

Primeiro dia, reencontros. Um dos mais esperados foi quando JD entrou correndo pelo portão e avistou a namorada de costas, ela se virou quando suas amigas apontaram e logo estava sendo beijada apaixonadamente pelo rapaz.

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JD e JC haviam começado a namorar no ano anterior e rapidamente se tornaram o casal maravilha do colégio, amados por todos, faziam com que todos se sentissem bem, parte de uma família. Eles eram perfeitos.

Além do casal, a Boarding House contava com o braço direito e melhor amiga de JC, CG. As duas eram inseparáveis desde que J ajudou C com seus problemas familiares, fazendo com que ela se sentisse querida e amada.

Mas os problemas de CG estavam apenas começando, já que sua mãe cobrava dela coisas das quais não tinha culpa alguma. Ela queria a filha perfeita. A melhor. C estava feliz em ser a segunda, desde que tivesse J&J ao seu lado, seus melhores amigos. Mas a mãe dela não. A mãe dela queria mais.

- C? Tudo bem? Você está aérea. - Ah. Claro. Era uma reunião da Boarding House, ela deveria estar prestando atenção e opinando sobre os novos projetos.

- Claro, J, é minha mãe, como sempre. - Sorriu tímida, mas JC apenas apertou sua mão como um sinal de que conversariam mais tarde.

- Então é isso, espero que esse ano seja tão bom quanto o ano passado. - Encerrou e todos foram saindo, menos CG e JD, que queriam conversar com JC. Em particular.

- C, você pode esperar lá fora certo? Já falo com você. - A garota assentiu e saiu da sala, já sabendo exatamente o que JD iria propor. Eles namoravam há um ano, e ela se lembrava muito bem de quando interrompeu os dois em uma cena muito... particular. No dia seguinte JC agradeceu a ela por ter aparecido, já que não queria perder a virgindade num dia qualquer apenas por impulso.

Mas agora, ela sabia que JD ia sugerir que os dois saíssem, sabia porque ele mesmo pediu à CG que deixasse o dormitório livre naquela noite, já que enquanto não tinham aulas a segurança era menos pesada. Assim o casal teria uma noite inteira só deles.

Respirou fundo e ouviu a porta se abrir, JC agarrou seu braço e arrastou-a pelo corredor.

- Você sabia e não me disse nada! - Sussurrou acusadora, mas divertida. A amiga riu e deu de ombros.

- Era pra ser surpresa! - J então abraçou-a e saltitou.

- Vai ser incrível! Vai ser perfeita! A melhor noite da minha vida! - Comentou com ar sonhador. - E você, o que aconteceu com a sua mãe? Ela está te chateando de novo? - JC era a única que sabia da história de CG, a única que a entendia. Teoricamente, é claro, já que ela não escondia nada do namorado, JD também sabia da história, mas era discreto. Sem CG não queria que ele soubesse, então ele fingiria não saber.

- Ela... - Suspirou. - Ela pediu para eu fazer algo, pra conseguir ser o que ela quer que eu seja. - Não conseguia olhar nos olhos da amiga. - Se eu fizer isso, vou conseguir o que ela pediu, mas vou perder algo muito importante pra mim. - JC assentiu, estava acostumada as respostas evasivas.

- Isso vai ferir alguém? - CG assentiu.

- Eu não sei o que fazer. Eu quero que minha mãe se orgulhe de mim, mas não quero magoar ninguém. - Os olhos mostravam toda a dor que ela sabia que sentiria.

- Faça o que acha que é certo, sim? Pense no que vai ser melhor. - CG balançou a cabeça e saiu de perto da amiga, que encarou-a pesarosa, pressentindo o que viria a acontecer.

Fechou os olhos e refletiu, sorrindo para quem passava e a cumprimentava, mas por dentro estava pensativa. C faria algo, era óbvio, mas ela temia que isso que ela fizesse magoasse muito mais que uma pessoa. Magoasse a ela mesma, ela tinha medo que o que quer que a mãe de CG mandasse ela fazer, ferisse a própria filha.

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Os compromissos do dia se passaram e ela conseguiu esquecer parcialmente o problema da amiga, tinha mais motivos para ficar feliz que se entristecer.

- Te vejo hoje a noite? - A voz do namorado a fez sorrir.

- Claro. - Beijaram-se calmamente, e sorriram em seguida. JD deu mais um beijo na garota antes de sair da sala rindo com os amigos. Quando JC chegou ao quarto C já saia levando uma bolsa. - Já vai?

- Não quero estar aqui quando ele chegar. - Piscou para a amiga com um sorriso malicioso e entrou no quarto de MH, amiga das duas, e que aceitou de bom grado que CG dormisse ali, já que sua colega de quarto ainda não chegara das férias.

- Obrigada. - JC fechou a porta do quarto e juntou as duas camas de solteiro, arrumou tudo da maneira mais aconchegante possível.

- Oi. - Sussurrou o rapaz.

- Oi. - Respondeu ela caminhando até ele, os dois se beijaram e logo estavam deitados, aproveitando da melhor noite de suas vidas.

- C deixou uma coisa pra gente. - O rapaz lembrou-se. A menina foi procurá-lo pouco depois de ter conversado com a namorada e disse ter deixado o presente na gaveta. "Mas comam só depois de terminar, ok?", riu ao lembrar do que a garota dissera. Inclinou-se para a cômoda e pegou a caixa, abrindo-a e entregando um bombom a JC, que comeu-o. Ele comeu o outro e deixou a caixa de lado. Os dois se beijaram e logo dormiram, no sono mais pesado que jamais tiveram.

Enquanto isso, do outro lado do corredor, CG já havia feito com que MH comesse a trufa e a garota dormia na cama, profundamente. C abriu a porta do dormitório e olhou dos dois lados, a câmera pendurada no pescoço. Pegou a chave do bolso e abriu a porta do dormitório que havia vagado naquela noite, deixando uma lágrima cair silenciosa, antecipando o que faria.

Sem medo e confiando no efeito da trufa batizada que dera aos amigos, agradecendo aos céus por ver a caixa aberta e vazia sobre a cômoda, empurrou JD para o lado, fotografando a amiga em toda sua nudez. Friamente checou que o garoto não aparecesse nas imagens e tirou mais. E mais. Tirou tantas fotos que chegou a encher seu cartão de memória, e quando se deu por satisfeita empurrou o rapaz novamente para perto de JC. Suspirou e beijou a testa da amiga, sussurrando e deixando algumas de suas lágrimas serem derramadas pelo sorriso que ela estampava.

- Me perdoe. Eu te imploro. - Segurou um soluço. - Me perdoe.

Fechou a porta e entrou no quarto de MH, deitando-se na cama e passando as fotos para o computador. Enviou para o e-mail da mãe, recebendo a resposta logo em seguida.

RE: Fotos

De: harmonnyg@outlook.com

Para:Você

Ótimas fotos. Pelo menos teve coragem. Vou imprimir e daqui a dois dias essa garota vai estar no plano de fundo de todos os garotos desse colégio.

Beijinhos.

RE: RE: Fotos

De: Você

Para:harmonnyg@outlook.com

Você tem certeza, mamãe? Ela é minha amiga, não queria fazer isso, tem certeza que ela vai ficar melhor na caçada?

RE: RE: RE: Fotos

De:harmonnyg@outlook.com

Para: Você

É lógico que tenho certeza, honey. Não se preocupe, sua amiga vai ser bem cuidada por Ártemis, ela vai acolhê-la de braços abertos.

O que importa é que consiga ter o controle da BH, sabe o quanto isso me deixaria orgulhosa, querida? Queria poder te amar, mas até agora, você não conseguiu me agradar o suficiente.

RE: RE: RE: RE: Fotos

De: Você

Para:harmonnyg@outlook.com

Estou tentando, mamãe! Agora vou dormir. Boa noite, amo você.

Sabia que seria inútil esperar um resposta, por isso limpou toda sua caixa de mensagens com a mãe e deletou as imagens, limpando a lixeira também. Não queria ter nenhuma daquelas provas perto de si. Guardou a câmera, também sem nenhuma imagem, e deitou-se tentando dormir. Depois de muito rolar olhou para a caixa de bombons, com alguns ainda não comidos. Pegou um, cortou-o ao meio e jogou na boca, esperando o efeito do sonífero. Só assim para conseguir acalmar sua consciência o suficiente para cair no sono.

---x---

Passaram-se dois dias, exatamente como sua mãe dissera. JC veio acusá-la, por culpa das trufas, mas ela negou e disse não saber a existência do doce, com lágrimas nos olhos acariciou o cabelo da amiga constatou o falso óbvio: JD a usara.

- O que eu faço, C? Minha vida acabou! - Agarrada com toda suas forças ao ombro da companheira soluçava, sem poder conter as lágrimas que caiam desesperadas.

- Eu... Só tem um lugar pra onde você pode fugir sem ser julgada. - Olhou firmemente nos olhos da amiga. - A Caçada.

- Mas... Isso significa ficar longe de J! Eu não vou suportar! - CG pressionou JC novamente contra si, controlando-se para não confessar tudo que fizera.

- Querida, ele que fez isso com você, o melhor a se fazer é fugir de tudo isso, só lá ninguém vai te criticar. - JC assentiu e no dia seguinte já fazia seu juramento e partia com Ártemis e suas caçadoras.

CG gritou com JD na frente de todos no pátio, falou que ele não tinha o direito de fazer o que fez. Disse que ele tinha descumprido todos os ideais da Boarding House, em contrapartida o garoto a acusava de ter armado tudo, mas ela pediu para que qualquer um perguntasse à MH, onde ela estava na noite que passaram juntos?

- Você me deu aquele bombom! Você nos dopou! - Ela encarou-o horrorizada.

- Não seja louco, eu nem sei de que bombom está falando! A partir de hoje está proibido de citar o nome de JC, de mencionar que um dia fez parte da Boarding House de até mesmo de se dirigir à mim! Qualquer um que se juntar a você será considerado um traidor da memória de JC! - Cuspiu. - Eu te odeio, JD, nunca vou te perdoar.

- Você, C, é a única aqui que precisa de perdão. - E saiu pisando duro. CG começou a soluçar e jogou-se de joelhos no pátio, chorando. Todos encararam aquilo como uma demonstração das saudades que tinha da melhor amiga, todos sabiam que CG "me sinto culpada por ter vagado o quarto aquela noite e ter dado a chance dele fazer o que fez". Mas ninguém sabia que aquelas lágrimas que escorriam eram, na verdade, por arrependimento.

Depois disso a Boarding House começou a ser administrada única e exclusivamente por CG, em companhia de sua fiel escudeira, MH, que lhe dera o álibi perfeito: "Ela passou a noite comigo! Não saiu do quarto em nenhum momento!".

Depois disso JC nunca mais foi citada no colégio, apenas por poucos, que reverenciavam sua memória como a de uma guerreira.

Depois disso JD e todos que andavam com ele foram considerados traidores e julgados por algo que não fizeram.

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Depois disso, Boarding School nunca mais foi a mesma.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.