Radioactive

Capítulo 09 : Breakaway


Após tudo o que houve o dia finalmente clareou e o sol ergueu-se do horizonte iluminando todo aquele mundo. Anne e Lucy estavam acordadas, haviam pego o último da vigília a qual Ryan não pôde participar por considerarem que ele não estava em estado de atenção requerida para a vigilância.

– Então, o que você fazia? – Perguntou Lucy, tentando quebrar o silêncio.

– Nada de especial. – Respondeu de imediato a morena sem olhar para Lucy.

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– Qual é, fala! – Persistiu a loira.

– Nada de especial. – Repetiu a morena.

– Porque é sempre assim? – Questionou Lucy virando-se para Anne, estava agora com outra expressão.

– Assim como? – Anne também se virou para encarar a loira.

– Me trata diferente, é grossa e rude comigo. Evita até me olhar. – Explicou-se.

– Eu sou assim com todos, e estou olhando para você agora, não? – Ironizou a morena.

– Não seja estúpida, se você não gosta de mim pelo menos fale o porquê. – Cuspiu Lucy.

– Porque isso agora? – Disse Anne referindo-se ao interrogatório iniciado por Lucy.

– Estamos convivendo juntas, somos um grupo! E vamos conviver por mais tempo, ter uma relação assim não é ideal para o desenvolvimento do grupo. – Desabafa a loira.

– Olha aqui, você não me engana com esse jeitinho de loira sonsa, só faz merda. É o que queria saber? Pois bem, torne-se útil e talvez eu te trate com um mínimo de respeito. – Falou a morena, desabafando em tom sério.

– Não vou mudar quem sou pra te agradar, estranha. – Rebateu Lucy devolvendo o olhar de seriedade á morena. As duas estavam prestes á continuar a discursão até que Dean emerge da barraca e profere:

– Estou interrompendo algo?

– Nada que seja de sua conta. – Respondeu Anne, ríspida como de costume.

– Quanta simpatia... Bem, o Ryan esta terminando de comer e a Quinn já vêm também. – Anunciou o rapaz.

– E o que tem de importante nisto? – Perguntou Anne, interessada.

– Eu quero propor algumas coisas ao grupo. – Explicou Dean e logo após Anne deu um sorriso sarcástico e rebateu:

– E desde quando você se importa tanto com o grupo?

– Tem certeza que é ele quem não se importa, Anne? – Questionou Lucy, encarando-a.

Antes que a morena pudesse rebater á provocação, Ryan sai da barraca. Seus cabelos estavam em desalinho e sua face carregava uma expressão ainda tristonha, logo atrás vinha Quinn ostentando um belo e amigável sorriso. Os dois se juntaram aos três outros sobreviventes e formaram um círculo até que Dean iniciou a apresentação de suas propostas.

– Bem, esse lugar é habitável e isso é até óbvio, mas apesar de tudo aqui ainda é um ponto dentro de uma floresta, ou seja, estamos em uma cabana em meio ao mato e walkers.

– Espera, isso pode ser verdade mas nada de sério aconteceu conosco ou com o acampamento. – Disse Ryan.

– Ainda. – Corrigiu Dean e continuou. – Ryan, eu sei que esse lugar foi útil e tal, mas qualquer um pode perceber que ele está com os dias contados. Cada dia que se passa mais Walkers nos encontram aqui, é perigoso demais.

– Está sugerindo que nos mudemos, é isso? – Resumiu Ryan.

– Exatamente, temos uma boa visão do horizonte daqui e podemos ver sempre que algo se aproxima, mas a questão é que uma hora os Errantes serão tantos que mais cedo ou mais tarde teremos que abandonar o acampamento. E se isto for acontecer que seja calmamente e não ás pressas. – Respondeu Dean.

– E para onde iremos? – Quis saber Quinn.

– Esta é a segunda proposta, dois de nós poderiam vasculhar os arredores em busca de algum lugar seguro para a estadia. – Sugeriu o homem.

– Não acho uma boa ideia. Mas diante das circunstâncias... – Opinou Ryan.

– É só. – Terminou Dean, entrando novamente na barraca para se alimentar. Lucy o seguiu e Anne fez o mesmo. Ryan sentou-se no chão próximo as brasas apagadas da fogueira e limitou-se á olhar o chão com um ar de tristeza, até que Quinn sentou-se á seu lado.

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– Vai ficar tudo bem Ryan, sério. – Disse Quinn.

– Não vai, não o culpo por querer o bem de todos mas isso é ridículo. Devemos aproveitar esse lugar o tanto quanto pudermos!

– Tudo em excesso é veneno, você sabe.

– Espera, você está do lado dele? – Perguntou Ryan, sentia-se traído por aquela que considerava sua melhor amiga.

– Eu não estou do lado de ninguém, só quero dizer que se ficarmos aqui por muito mais tempo podemos acabar morrendo. E não estou exagerando, as consequências podem ser severas. – Tentou se explicar Quinn.

– Não é porque vivemos em um mundo de Caos que todo o final tem que ser destinado á desgraça Quinn!

– Não foi você mesmo quem disse que todos nós nascemos para morrer?! – Proferiu em um tom mais alto.

– Este é um caso á parte. Não seja tão inocente, você sabe que se ficarmos vagando por aí de um lugar para outro vamos acabar loucos, morreremos aos poucos! Você chega a me irritar com sua estupidez!

– Do que você me chamou seu babaca imprestável!

– Eu sou o imprestável?! Sério mesmo?

– Sim! E egoísta acima de tudo você é egoísta Ryan. Você não consegue aceitar nada de ninguém!

– Não seja ridícula, que tipo de egoísta se juntaria á um grupo?!

– O tipo de egoísta imprestável que tem medo de enfrentar as coisas só e se junta á outras pessoas, pois sabe que sozinho não consegue fazer nada! – Exclamou a mulher, desta vez levantando-se e encarando-o de cima.

– Não me confunda com você sua vaca idiot... – Proferiu levantando-se, mas antes que pudesse terminar de nomeá-la indevidamente, Quinn desferiu uma tapa sobre sua face fazendo-o recuar alguns passos.

– Nunca mais fale comigo Ryan, nunca mais! – Disse Quinn, sua expressão estava séria e seus olhos exalavam fúria. Ryan também sentia-se enfurecido, pela suposta traição de Quinn e pela atitude da garota. Na cabeça de ambos, só conseguiam ver e ouvir o que o outro lhe dissera em xingamentos, em anos de amizade eles nunca haviam tido uma briga com um grau de seriedade tão elevado quanto esta.

A gritaria atraiu os olhares dos outros três sobreviventes, Dean ao perceber a seriedade da situação pôs-se entre os dois e olhou-os com curiosidade.

– Parem já! Mas que merda é essa? Estamos no meio de um mundo tomado por retardados carnívoros que querem nos devorar e vocês ainda ficam brigando por aí?! Não acham que já temos problemas demais, hein?! – Exclamou Dean, pondo ordem na briga. Embora seu sermão fosse direcionado á Ryan e Quinn, Lucy e Anne também sentiram a força das palavras do rapaz. Embora que em nenhum dos quatros as palavras serviram de algo, a discórdia havia sido plantada.

– Preciso me deitar. – Anunciou Ryan, rangeu os dentes ao passar por Quinn e adentrar á uma das cabanas. Quinn nada disse e apenas entrou em outra cabana.

As duas mulheres restantes saíram cada uma de sua respectiva barraca e juntaram-se á Dean a fim de ver se o rapaz teria algo á dizer.

– Ótimo, o plano de procurar por outro lugar foi para o quinto dos infernos. – Esbravejou Dean. Com o pesado clima entre Quinn e Ryan ele teria de mandar duas pessoas fortes o bastante para sobreviverem á missão e ainda manter alguém autoritário para manter ordem entre os Ryan e Quinn.

– Tem que ter outra solução, você vai con...- Disse Lucy tentando anima-lo quando foi interrompida com Anne.

– Ah, não começa com suas baboseiras de apoio moral. Ninguém quer ouvir essas suas besteiras.

– Você se acha muito não é Anne? Mas pelo que sei, correu para nós quando estava na pior. É tão covarde quanto diz que eu sou. – Defendeu-se a loira.

– Faz-me rir. – Debochou a morena.

– Vou é te fazer sangrar! – Ameaçou Lucy.

– Será que ninguém aqui pode ficar sem brigar? Mas que droga! Lucy vem comigo, você e a Quinn vão atrás de um lugar pra gente. Anne, eu e Ryan ficamos aqui. Não vou mandar aqueles dois e nem vocês duas juntas e como eu não posso ir porque se não é capaz de vocês se matarem... Que vá um de cada grupo idiota de briguinha. Partam logo e voltem logo. – Anunciou o rapaz.

Dean conversou com Quinn sobre a decisão, explicando-lhe o porquê daquilo e o que deveria ser feito. Após, Lucy e Quinn prepararam uma mochila com poucos alimentos e pegaram armas, o revólver ficou com Quinn e o facão com Lucy. Quando saíram da barraca para enfim se porem em Marcha rumo á cidade vizinha depararam-se com todos os três restantes ao redor da fogueira... Não houve cumprimentos ou despedidas elas apenas partiram.

O caminho até a cidade mais próxima era bastante longo, mas Quinn sabia como contorna-lo e fazer das circunstâncias um atalho benigno.

– Vamos atravessar o rio.

– Espera, não é arriscado? – Disse Lucy, incerta.

– E porque seria? Sabemos nadar. – Disse confiante.

Lucy nada disse, apenas seguiu sua amiga. O rio não era profundo e atravessá-lo não foi nada difícil, após elas seguiram caminho por entre a mata durante quinze minutos até poderem avistar as primeiras casas da cidade.

– Não vamos olhar todas.

– Concordo, vamos começar por essa aqui. – Acrescentou Lucy, guiando Quinn até a porta de uma grande casa de madeira branca, aparentemente abandonada e bem cuidada. A casa não tinha janelas então as duas foram direto á porta principal do casebre. A porta estava trancada, mas alguns poucos chutões foram suficientes para abri-la. Adentraram á casa em silêncio e com suas armas em riste, atentas. Permaneceram juntas e vasculharam cada cômodo da casa.

– Nada. Que sorte, essa parece ótima! – Festejou Lucy, animada.

– Né, essa foi de primeira mesmo. – Falou Quinn, continuado posteriormente. – Vamos ficar um tempo no acampamento ainda, então é melhor vasculharmos os suprimentos daqui.

Pegaram tudo o que coube na mochila e estavam prestes á sair quando um barulho ecoou pela casa. As duas ficaram imóveis e atentas, e após alguns segundos o barulho surge novamente, mais forte.

– Que merda é esta? – Sussurrou Quinn.

– Nada visível. – Afirmou Lucy.

Os barulhos continuaram, e como nada era visível para as duas mulheres elas decidiram seguir o barulho. Ao chegarem próximo ao término da sala, sentiram o chão de madeira tremer abaixo de seus pés á medida que o barulho continuava.

– Embaixo da casa?! – Espantou-se Lucy.

Quinn abaixou-se de modo que pudesse obter uma melhor visão do piso, a loira tateou o chão com a mãe até sentir um volume abaixo do tapete que encobria o chão, afastou-o e vislumbrou uma maçaneta adjunta ao piso emadeirado.

– Um porão. Não me diga que tem Walkers aqui embaixo. – Concluiu Lucy.

As duas sequer se atreveram á olhar, apenas saíram da casa enquanto os barulhos aumentavam de intensidade, fazendo a porta do porão tremer e quase abrir.

– Pelo barulho deveriam ser meia dúzia ou mais. – Sugeriu Quinn.

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– Vamos dar uma olhada pelo quarteirão. Vão gostar de saber como são os vizinhos. – Brincou Lucy.

As duas deram a volta no quarteirão e nenhum numero grandioso de Walkers foi notado, era o melhor que encontrariam. Passaram meia hora vasculhando a casa e mais dez minutos analisando o quarteirão até decidirem que era hora de retornar ao acampamento.

– É perfeito o lugar, ao menos parece. – Comentou Lucy durante o trajeto de volta, decidiram não voltar pelo rio e seguir a pé.

– Pois é. – Respondeu desanimada.

– É o Ryan não é? – Compreendeu Lucy.

– Não tente amenizar a situação me falando dele, ou acabaremos nós brigando. – Disse Quinn, direta.

– Como queira. – Disse Lucy em tom de desprezo, tomou a dianteira e seguiu guiando de volta ao acampamento.

Durante o trajeto houve poucos Errantes, todos foram finalizados por Lucy e sua faca, queriam evitar gastar munição. Levaram menos de uma hora até que chegaram ao acampamento. Dean não estava ao redor da fogueira, apenas Anne e Ryan.

Os intrigados olharam-se ferozmente, estavam perturbados e nervosos. Uma briga poderia explodir a qualquer momento, até que...

– E então? – Quis saber Anne, perguntando á Quinn e ignorando a existência de Lucy.

– Olhamos poucas casas, todas já habitadas se me entende. Mas em geral o quarteirão está estranhamente livre de Walkers. – Respondeu Quinn.

– Quando acha que o Dean vai nos varrer daqui? – Perguntou Ryan á Lucy.

– Bem, vamos ter que voltar lá mais vezes pra olhar melhor. Mas não vai demorar muito, e é melhor que realmente não demore mesmo. – Respondeu Lucy.

– Você também está do lado dele? – Perguntou Ryan em tom de desprezo.

– Vai começar... – Proferiu Quinn, impaciente.

– É lógico que ela tá do lado dele essa daí é louca pelo Dean, claro que vai fazer tudo o que ele quer. – Cuspiu Anne.

– Não se mete sua ridícula, e não seja paranoico Ryan! – Disse Lucy em resposta aos dois.

– Ryan paranoico? Nossa que blasfêmia! – Ironizou Quinn.

– Menos Quinn, eu não quero atiçar uma briga. Só não quero que certo alguém fique falando merda sobre mim. – Disse Lucy, séria.

– Impedir alguém de fazer algo já é forçar uma briga, esperta. – Disse Quinn.

– Eu falo merda? Você que fala merda!

– Isso é ridículo, como alguém pode apoiar essa decisão de se mudar daqui!?

– Quinn eu já disse que não quero atiçar uma briga, então não me provoque!

– Vocês são todos uns loucos!

E uma briga generalizada iniciou-se em meio ao acampamento. Nada de gritos, apenas reclamações e provocações. Todos discutiam com todos, até que param de súbito ao notarem a presença de Dean entre eles.

– Sinceramente... Cada um de vocês vem com uma liçãozinha de moral no fim de cada dia e ficam falando baboseiras de sobrevivência... Olhem para vocês agora, mal conseguem sobreviverem entre si, imaginem se conseguirão á todo esse mundo. Se quiserem brigar, briguem. Matem-se até, só não me venham com um discursinho de bosta no final sendo que logo depois vão se contradisser. Quanta infantilidade...

Anunciou e após isso deu breves passos para a floresta até ser questionado por Lucy:

– Pra onde você vai?

– Caminhar, e quando eu chegar é melhor que tenham resolvido isto. Sério. – Disse sem se virar para encará-los e continuou á caminhar deixando para trás o acampamento e com ele os quatro intrigados em clima de tensão. Em um mundo apocalíptico onde sobreviver é o que importa, convivência é requisito fundamental e conturbado... Conturbado...