Salvadora

Grayson responde


Richard olha para a figura a sua frente completamente confuso. Lá estava Yanca, uma mulher alta, esbelta e sua postura passava firmeza. Seus longos cabelos ligeiramente loiros caiam sobre os ombros largos, e o olhar azul quase tão claro quanto o de Richard o engolia numa intensidade que assustara o rapaz.

– O que nós precisamos conversar? - foi a única coisa que saiu de Dick. Apesar de a moça parecer séria, ele dizia num tom brincalhão, um sorriso infantil enfeitava-lhe o rosto de queixo largo.

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– Onde você ficou na festa do Mutano?

As lembranças daquela noite vieram na cabeça de Dick. Sempre que ele conseguia esquecer por algum momento daquela noite, alguém vinha e o lembrava. Yanca estava assumindo esse papel agora. Ele nao queria falar que estava com Kory, tampouco queria pronunciar esse nome, sintetizando assim tudo de ruim que estava na cabeça dele.

– Eu estava por aí, conversando com meus amigos Titãs. Você viu, eles vieram de diferentes lugares, eu queria revê-los... E você, por onde estava?

– Fiquei toda a festa com o Arauto... Mas vamos ao que interessa... Quero conversar com você justamente sobre isso, sobre a sua fuga!!!

Richard riu, ainda não conseguia entender do que a mulher estava falando.

– Minha fuga? Fuga de quê?

– De relacionamentos. Tá na cara que só usou a desculpa de gostar de alguém para me afastar. O que há de errado comigo?

Ele riu.

– Com você? Nada. Escuta, por que voce é sempre tão direta? Você é decidida, mas nao pode me colocar contra a parede assim... - ele deu um sorriso sem graça.

– Somos duas pessoas parecidas, com gostos em comum, por que você não pode nem se dar o trabalho de tentar? O que eu sinto por você não nasceu hoje, nem ontem. Já faz tempo que te vi e te reconheci como um herói nato, desde então te acompanho e tenho feito o possível para ajudar as pessoas e ser digna de uma heroina. Agora que finalmente estou par a par com você, não consigo entender por que é tão difícil você entender...

Dick a olhou incrédulo, se levantou e caminhou pela sala. Enquanto isso Yanca continuava no mesmo lugar que estava desde que chegara, em pé e encarando o menino-prodígio. A luz fraca, as fotos de cenas criminais nas paredes, e milhares de papéis espalhados pela sala davam ao lugar um clima de tensão, e aquela conversa só complementava ainda mais esse aspecto. Dick odiava ser pressionado, e não havia nada mais torturante para ele do que falar sobre sentimentos.

Na sala principal, Estelar deixava a janela. Olhou para Ravena, que ainda a encarava. O olhar da alien indicava que ela precisava conversar e a empata entendeu isso prontamente. Foram para o quarto de Estelar.

– Rachel... Eu... estou pensando em desistir dessa história toda com o Dick... Não aconteceu em anos, não vai acontecer agora...

– Por favor, não me diga que é por causa daquela Yanca!

– Não Rae! É que eu estou cansada de esperar pelo Dick. E também... quem sabe ela tenha mais paciência que eu... Além do mais... Aconteceu algo entre nós dois na festa do Mutano... Ele nem veio se desculpar... Ele nem... eu não sei - ela se sentou na cama, derrotada.

– Você não precisa me falar o que aconteceu, eu já tenho uma ideia... pela cara do Dick essa manhã... Se você pensa em desistir e dar um tempo, por causa do que aconteceu tudo bem. - Ela se sentou na cama, assim como a amiga - Mas não venha com essa de "quem sabe, ela tenha mais paciência que eu". Ninguém teria mais paciência pra esperar assim como você. Você já chegou tão longe, não desiste agora. Embora ele não mereça você, eu tenho total certeza que ele tem capacidade de te fazer feliz e te recompensar por todo esse tempo que você esperou.

– É isso o que eu pensava Rae - Estelar disse chorosa colocando as duas mãos no rosto, e sua voz ficara embargada - Mas agora que eu cheguei tão perto, parece que fica mais longe do estava antes, eu não sei se vou conseguir ficar sofrendo por tanto tempo assim...

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– Lutando por ele ou não, você vai acabar sofrendo, afinal você o ama. Mas é melhor sofrer com mais possibilidades de ser feliz no final... E isso se consegue lutando e não desistindo... Aposto que você não estaria falando essas coisas se não fosse pela Yanca...

Estelar mirou Ravena, que desviou o olhar, ela não conseguia entender a antipatia da empata pela atiradora.

– Ravena, eu sei que ás vezes sou boba e as pessoas tiram proveito disso. Mas a Yanca é sincera. Ela parece realmente amar o Richard. Ela pode não fazer força pra que eu e Dick fiquemos juntos, mas também não vai se forçar a deixar de amá-lo e eu compreendo isso... Nem sei se ele falou de nós dois pra ela, talvez ela nem saiba...

– Isso não existe. - Rachel se levantou da cama, e foi até a janela.

– Qual É o seu problema com ela? - Estelar perguntou séria. Nunca antes Ravena tinha visto a extraterrestre tão firme numa pergunta.

O silêncio permaneceu no local. Mas Estelar continuava parada esperando pela resposta. Ravena por sua vez olhava a bela vista da janela mirando uma parte mais montanhosa da cidade. O outono já havia chegado, o que deixava a cidade com uma bela vista. Pela manhã, estava mais ensolarada, mas agora pela tarde, embora o sol aparecesse, uma brisa gelada a percorria, e também invadia o quarto.

– Ela me lembra a Terra...

– O quê? - Estelar assimilava em alguns segundos o fato de toda aquela implicância com Yanca ter a ver com a ex-Titã que controlava a terra - Ravena isso já passou - Estelar caminhava em direção à amiga.

Para Ravena, Tara Markov estava mais do que viva, mesmo que sua estátua de pedra estivesse ali no memorial dos Titãs. Mesmo depois de tanto tempo, Rachel não superara a traição e desconfiava de todos, e a dor que a loira havia trazido foi dificilmente esquecida. Na mente de Ravena ela estava viva toda vez que Estelar conhecia um novo amigo, e o tratava da forma mais gentil e simpática que ela poderia tratar. Estava viva toda vez que os Titãs iam jogar voleibol. E principalmente, estava viva toda vez que Mutano ficava por horas no topo da Torre T, olhando para o horizonte. Nenhum evento marcara tanto a vida de Rachel Roth do que o dia em que compactuou com seu pai para o fim do mundo e o dia em que assinara o contrato de Judas. Ver alguém ali com as mesmas características da markoviana, não ajudava em nada no humor de Ravena.

– Amiga, a Tara se foi, mas ela nos salvou...

– Ela não devia ter traído o Mutano com nosso maior inimigo. Ele a amava. E ela se envolveu com ele sem pensar duas vezes... E a Yanca é igualzinha a ela. Ela quer separar você e o Richard para depois ver como o Richard é de verdade, não aturá-lo e descartá-lo. - O fato de Ravena dizer que Yanca era parecida com Terra ao separar um casal e depois traí-los, fez com que Kory pensasse que a desconfiança que Rae tinha em Tara, era acompanhada pela tristeza de sua suposta separação de Mutano.

Kory depositou seu queixo no ombro da amiga que ainda olhava para as montanhas.

– Rae, eu vi o que aconteceu na festa do Mutano...

Ravena se virou subitamente para Kory, que se afastou. A empata não disse nada, mas continuara encarando a amiga, assustada.

– Eu estava te procurando para me ajudar com Dick - ela se encolheu um pouco ao ter flashbacks do momento em que o rapaz tentou agarrá-la à força - foi quando eu vi que vocês se beijaram, vocês estavam realmente bêbados? - ela perguntou curiosa com um sorriso infantil no rosto.

Ravena continuou parada. Ela não imaginava que alguém vira aquela cena, e se viram, achou que ninguém lembraria. Ela mesma só havia lembrado por causa do espelho com passagem à sua mente.

O silêncio foi quebrado quando Mutano apareceu na porta.

– Ei meninas, por que estão distantes? - ele perguntou animado.

– Nós só estávamos conversando. - Estelar respondeu e Ravena entrou em pânico ao ver o rapaz. Ela esperava que ele se lembrasse e logo fosse tirar satisfação com ela, falar qualquer coisa a respeito do ocorrido.

– Hum, nós vamos jogar volei, querem ir?

– Eu aceito! - Estelar disse feliz e propositalmente saiu correndo do local para jogar com seus amigos. Ravena sentiu vontade de estrangulá-la.

– E você, não vai maninha? - Ele não havia lembrado. Estava nítido. Ele estava brincalhão novamente e não parecia fazer idéia do que tinha acontecido. Por um momento, Ravena não soube se estava triste ou aliviada.

– Eu... eu... n... não vou. - ela gaguejou.

– Ai, você é chata hein! - ele saiu andando deixando a empata perplexa na cama.

Estelar saira correndo de seu quarto. Um sorriso maroto preenchia seu rosto, por ter saído subitamente, deixando seus dois colegas de equipe lá. Ela passava pelo corredor do escritório de Dick, e logo ia desapressando os passos. Era como se sua força fosse diminuindo ao chegar perto dele e pensar no contato que poderiam ter. Tentou caminhar silenciosamente para que ela passasse por aquele corredor sem ser percebida, saindo dali o mais rápido possível. Foi quando ouviu a voz dele, um pouco mais alta do que o normal. A porta do escritório estava entreaberta, e pela parede ela escutava tudo o que era dito ali.

– Yanca, não é assim que as coisas funcionam. A gente não faz "bibidi bobidi boo" e tudo se realiza como num passe de mágica. Eu respeito seus sentimentos por mim, mas não posso correspondê-los, eu sinto muito. - Ele disse se reencostando na mesa em que estava trabalhando. Do lado de fora, os batimentos cardíacos de Estelar se aceleravam apenas ao ouvir a voz de Dick.

– Mas você nao tenta nem sentir... Vai acabar como Batman! Você teve algum trauma com a Batgirl? - Ela disse com as mãos na cintura. Dick se surpreendeu ao ouvir que Yanca sabia de sua história com Bárbara Gordon, agora, Oráculo. A loira realmente conhecia, mesmo que genericamente, sua história.

– Yanca, não acredito que estava falando disso. Oráculo faz parte do meu passado. Um bom passado, mas que se foi. Eu nao tive trauma nenhum. E não menti sobre gostar de outra pessoa. Vou ser sincero, é claro que tentaria algo com você - suas mãos que antes estavam no rosto agora se abriam e revelavam um Dick que parecia muito honesto. Estelar sentia essa honestidade transbordando na voz do rapaz e ficava cada vez mais atenta ao que diziam - Você é bonita, é adorável, uma boa guerreira e se parece comigo mas... a gente não escolhe por quem se apaixona.

Yanca finalmente se sentou, aos olhos de Dick, esse gesto indicava desistência. Ela se sentara, mas mantinha os olhos no rapaz. Já Koryander do lado de fora, fechara os seus, esperando pelas próximas palavras.

– E eu pelo menos posso saber quem é?

Dick hesitou, pensara muitas vezes se deveria falar. Mas àquela altura do campeonato, ele sabia que ficaria mais difícil de esconder o que sentia. E como sabia que Yanca perceberia, esperta como era, ele resolveu adiantar a conversa, que talvez mais tarde, viesse a se tornar desagradável.

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– É a Estelar - ele cruzou os braços esperando pela reação de Yanca Sergey. Que olhava incrédula.

– A Star? Mas... mas vocês ao menos se falam... - ela se inclinou enquanto dizia. E Richard puxou uma cadeira para se sentar mais próximo da moça.

– Pura idiotice minha...

– Há quanto tempo você gosta dela?

– Yanca - ele sorriu sem graça - Talvez desde que a conheço... Não tenho certeza, porque só me dei conta disso bem depois, e mesmo assim, eu a evitei ao máximo...

– Mas por quê? - Yanca parecia curiosa. A respiração da tamareana ao lado de fora estava descontrolada, ela iria ouvir a resposta pela qual sempre procurava.

– Por medo...

– E por que não teve medo com a Batgirl?

– Eu era jovem, apaixonado, não queria pensar muito... Vivemos bons momentos, até que ela quis se separar... Aquela cadeira de rodas... Além de outros eventos com o Batman que eu não quis copiar. Vou te falar uma coisa sobre os vilões, Yanca - ele se inclinou em direção à moça - Muito mais do que nos destruir como super heróis, eles querem nos destruir como pessoas, e se tiverem bons mecanismos para isso, eles vão usar. É por isso que eu tenho sido um babaca com a Estelar. Mas nesses últimos dias eu me superei.

Yanca ouvia todas aquelas revelações incrédula. Estelar era uma das útimas pessoas que ela veria como concorrente. E mesmo assim, ela não conseguia ver. Não era a melhor amiga da tamareana, mas sabia que era uma pessoa doce e bondosa. Começou a pensar também que Estelar sofria muito mais do que ela, porque a rejeição que recebia era tão silenciosa, que remetia ao desprezo.

– Por que você não diz isso a ela?

– Acho que ela não está muito a fim de conversar comigo - ele sorriu. E lágrimas desciam do olho de Estelar. - Talvez essa seja a minha sina, Yanca. Devo pagar pelos meus erros e falhas sempre. Eu não vou fugir agora... Estelar merece ser feliz. E eu já nem sei mais se tenho a capacidade de contribuir pra isso.

– Achei que gostasse dela - A loira sorriu.

– Eu não gosto... Eu amo. E pra mim nao existe nada pior que ficar longe dela. - ele disse e estava claro que ele estava falando de uma distância tanto física quanto emocional. E era exatamente aquilo que estava acontecendo.

Ali Yanca percebeu que não havia nada a ser feito. O coração de seu amado já tinha dona, e ele já tinha tantos problemas com isso, que ela viu que só iria atrapalhar. Mesmo tentando fazê-lo esquecer Estelar, Yanca sabia que aquela era uma história de anos. E no momento em que se viu sem possibilidades com o líder, percebeu o quão grande era seu sentimento por ele, uma vez que ela aceitava aquela condição, a condição de que ele só seria feliz se estivesse com a mulher que amava, e aquela mulher não era ela. Chegou à conclusão de que tinha conhecimento da história de seu super herói, Robin, mas não da história de Dick Grayson.

– Tudo bem Asa - ela começou visivelmente triste - me desculpe por toda essa situação que eu criei em torno de você, ao fim de tudo eu só somei problemas.

– Está tudo bem. - ele disse de cabeça baixa, percebendo que a mulher se levantara. O som da cadeira arrastando fez com que Kory acordasse de seu transe, originado de toda aquela conversa. Se escondeu atrás da parede do outro corredor que fazia curva com o qual ela estava.

– Só saiba que estarei sempre aqui pro que precisar - ela disse saindo da sala. Deixando Dick como estátua na cadeira. Respirou fundo ainda pensando em tudo o ele mesmo tinha dito e se assustava cada vez mais conforme descobria coisas sobre si mesmo em relação a Koryander. Recuperando-se do ataque de perguntas e respostas com Yanca, ele nao imaginava que a mais difícil das conversas iria vir à tona bem naquele momento.

– Tudo o que disse é verdade?

Estelar aparecera de repente na porta da saleta. Ela o encarava, e logo ele fez o mesmo. Seus corações batiam descompassados e ambos nem sabiam como começar aquela conversa, mas sabiam que ela teria que acontecer. Corajosa, a tamareana deu o primeiro passo. Após um longo silêncio ele respondeu.

– Absolutamente tudo... - disse sem tirar os olhos dela.

– Por que é tao difícil dizer essas coisas pra mim, Richard?

– Acho que você já deve ter percebido que não sou muito bom com palavras - ele sorriu timidamente.

– Com demonstrações também não é - ela caminhou pela sala analisando cada detalhe daquele lugar, escuro, frio, sem janelas, sua única abertura era aquela pequena porta, a pintura estava vencida e algumas partes da parede estavam caindo aos pedaços... a sala era um retrato de seu dono - mas agora eu entendo muitas coisas...

– Você não devia ter vindo aqui - ele se levantou esfregando impacientemente as mãos - eu que devia ter te procurado, mostrado caráter e respeito por você. Eu... queria me desculpar pelo o que eu fiz, eu não devia ter bebido, aquela noite foi uma das melhores da minha vida, de repente se tornou a pior... Eu sinto muito pelo que tentei fazer.

A tamareana ficou em silêncio. Havia muitas coisas sobre o passado de Dick que ela não sabia. Ela tinha conhecimento da trágica história da sabotagem com os trapézios e a infelicidade que acompanhou Dick desde esse dia. Ela queria curá-lo, e sabia que podia fazer isso, queria apartar sua dor e fazer dele o homem mais feliz, só não entendia por que essa relação era tão complicada. Eles se amavam e ambos sabiam disso, mas Kory temia que um relacionamento anterior tivesse traumatizado Dick a ponto de fazê-lo não querer mais se aventurar num romance.

– O que aconteceu a você e Oráculo?

A pergunta surpreendeu Dick, que procurou seguir a alien e olhar em seus olhos.

– Por que pergunta, Estelar?

– Você nunca me falou dela... - o olhar da ruiva era vazio, e Richard hesitou um pouco antes de começar:

– Nós nos amávamos, e éramos imbatíveis juntos - ele sorriu enquanto começava a história - mas um dia, um palhaço apareceu na vida dela - seu sorriso desmanchou ao lembrar de quando Coringa fez com que Bárbara Gordon ficasse paraplégica, de certa forma o inferno de Dick sempre estava ligado ao circo - ela passou a usar cadeira de rodas... Ela me completava, mas era orgulhosa. Não queria se sentir diminuída em relação a mim, é claro que eu ainda a via como a mulher mais poderosa e corajosa que eu já tinha conhecido, mas ela não pensava da mesma forma... Até removeu as manoplas da cadeira para não ser empurrada... Uma grande besteira - ele sorriu de novo olhando para Estelar, que permanecia atenta a tudo que Dick falava. - Depois de um tempo ela quis terminar - ele olhou para o chão - e mais tarde eu conheci você... - olhou novamente para a moça naquela sala.

– Ela ainda está na sua vida... - ela se virou cortando o contato visual e deu um sorriso tristonho olhando para chão.

– Só existe uma mulher na minha vida! - ele caminhou prontamente até ela e segurou seu antebraço, induzindo-a a olhar para ele.

– Ás vezes eu penso em desistir e...

– Por favor não... - ele pegou em seu rosto levemente. - Eu sei que fui um estúpido com você, mas não foi por mal, eu sou assim. Eu só queria te proteger, talvez de mim mesmo...

– Não quero ser protegida de você, Dick. Até porque isso é impossível. Você me fere muito mais quando está longe de mim. Quanto mais você tenta me proteger, mas você me machuca. Tudo o que eu sempre quis era estar lado a lado com você... como guerreira, como companheira, um prazer, o qual nunca esteve ao meu alcance - ela ainda mantinha os olhos no rapaz.

Mais uma vez ele tirara sua máscara. Seus olhos agora apresentavam um filete de desespero. Ele estava pagando pelos seus impulsos, por querer controlar toda e qualquer situação. O que ele não esperava no decorrer de sua vida é que encontraria alguém a altura, para desafiá-lo e dar novo rumo a seu fluxo de emoções à flor da pele. Dick a abraçou, e ela retribuía o abraço na mesma intensidade. O cheiro dos cabelos ruivos invadiam as narinas do moreno, e ele ansiava por aquele cheiro ainda mais. O odor do rapaz também a inebriava, era um de um perfume terráqueo masculino que se juntava ao perfume natural de Dick. Aquele odor ficaria impregnado na roupa dela por dias.

Muito antes desse abraço, Asa decidiu tomar uma decisão, dessa vez não agiria por impulso, realizaria um desejo que a muito tempo guardava dentro de si. Já vinha pensando nisso há dias, e não queria adiar ainda mais seu compromisso com a própria felicidade. Seus lábios estavam próximos da orelha da moça, era uma forma mais do que íntima para que ele fizesse a pergunta que traria alegria às duas vidas naquela pequena sala.

– Koryander, você quer ser oficialmente minha namorada?

O som da voz de Dick fez com que Kory sentisse um leve arrepio, ainda mais com a pergunta que ela sempre quis ouvir.

– Não faça por piedade... - ela apertou os fortes braços do rapaz.

– Estou fazendo porque eu quero - ele pegou seu rosto com as duas mãos e olhou nos olhos da moça - Porque... eu te amo.

– É tudo o que eu mais quero, Grayson - ela disse e seus olhos esverdeados estavam sorrindo, ainda entre as grandes mãos de Dick. Encostaram suas testas e mesmo assim, um podia ver o grande sorriso nos lábios do outro.

Chegando a seu quarto, Yanca caminhava triste. Eddy a encontrou no corredor e logo percebera que havia algo de estranho com a moça. Ele recusara o jogo de volei, para encontrar a moça, e agora estava ali, frente a frente com ela.

– O que aconteceu, Yanca? - Eddy disse segurando os ombros da moça.

– Conversei com o Asa - ela foi franca e direta. - Ele ama outra mulher, nunca ficaremos juntos. Eu... ignorei completamente a vida dele como homem, só pensei em mim mesma e no meu ego...

– Você não é egoísta - ele levantou o rosto da moça para que ela olhasse em seus olhos - apenas lutou pelo que queria.

Ela continuava olhando para ele, mas dessa vez sorria.

– Ele te disse quem é a moça, Yanca?

Ela sorriu como se fosse uma piada.

– Adivinha?! - ela falou e ele levantou uma sobrancelha - A Star!

– Nunca desconfiaria... - ele deu um abraço na moça.