Com a visão embaçada

– Estou morrendo... – Ela disse.

– Eu sei. – Respondeu o demônio.

Apoiada em uma parede de pedra, a pequena Blood Elf sentia sua vida se esvaindo de cada um dos ferimentos abertos. As vestes de tecido rasgadas e empapadas no sangue grudavam na pele. Seu cajado havia sido o primeiro a ser dilacerado por um daqueles monstros repugnantes. Terrorfiend era como os nativos de Outland os chamavam.

Agora, ali estava ela: Roupas rasgadas e ensanguentada, rosto sujo de sangue e terra, o peito arfando numa tentativa inútil de conseguir ar. Maldita Outland. Maldito Illidan. Maldita Vash’jir.

Lágrimas rolaram de seus olhos, deixando um caminho por entre a sujeira. Kael... Príncipe Kael’thas Sunstrider. O motivo de ela ter ido para Outland. Salvar o seu amado príncipe. Não podia ser tarde demais. Ela não queria acreditar nessa possibilidade.

– Gorlok... Nosso contrato está chegando ao fim.- Ela disse para seu fiel Felguard.

– Foi um tempo curto, menina, mas muito valioso. Você me deu a chance de me aperfeiçoar em batalha. Eu sinto por não poder fazer nada por você nesse momento.

– Seu demônio mentiroso. Nem em um milhão de anos você sentiria compaixão por alguém como eu. – Ela tossiu e grandes golfadas de sangue saíram de sua boca.

– Eu estive com você por um longo tempo, pequena criatura. Vi você se aperfeiçoar em suas magias e aumentar seu poder. Inúmeras vezes eu a vi em batalha e, claro, lutei ao seu lado. E não foram poucas as vezes em que você foi tão cruel e demoníaca quanto eu ou qualquer outro demônio. Agora, se você pode ter momentos demoníacos, porque eu não poderia ter momentos de humanidade. Eu aprendi muito com você, Tiri’el.

Nesse momento, o Felguard não tinha certeza se sua mestra ainda o escutava. Sua presença alí era uma prova de que ela ainda não estava morta. Mas por quanto tempo?