The Moon Over Me

O Bracelete


De um lado ainda mais complicado da situação, Ariel lançava poções desidratantes no corpo da bruxa, limitando seus movimentos. Também escalava-lhe o corpo para alfinetá-la com um pedaço de lança, o que já lhe rendera quedas magistrais no mar. A sereia só não havia se machucado mais seriamente devido aos poderes que a lua cheia lhe conferia. Lançara fogo em Úrsula, o que foi o que mais a debilitou, mas logo ela o apagou com o tridente e ficou ainda mais enfurecida. A horda de Tritão estava reduzida e ferida, e até mesmo Ariel tinha obtido uma queimadura no braço após o lançamento de um raio do tridente que por muito pouco não lhe atingira em cheio no peito.

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As esperanças da jovem já começavam a desaparecer, mas ainda assim insistia como se a possibilidade de perda não lhe assustasse. Porém, algo lhe surpreendeu. Um navio se aproximava. Um navio que ela não confundiria nem se estivesse no horizonte. Jolly Roger.

Hook olhou Ariel bem nos olhos e fez-lhe uma breve continência. Ela não entendia muito bem, mas aquilo lhe revigorara os ânimos.

– Vocês me cansam! – a Bruxa gritou. – Minha paciência acabou.

Colocou o tridente na água e fez movimentos circulares, o que gerou um rodamoinho e enormes ondas. Úrsula tentou aproveitar-se da inconstância do mar para tentar atingir Ariel com os raios do tridente, mas ela era ágil e escapava muito bem. Porém, a partir da quinta tentativa, o corpo da sereia começou a demonstrar sinais muito grandes de cansaço, e ela sabia que não iria aguentar muito mais. O Jolly Roger lutava contra as onda s e aproximava-se da Bruxa, distraída com seu próprio ódio pela própria sereia.

Lançou um novo raio que, dessa vez atingiu-a em uma parte da cauda. Ariel gritou de dor, e Úrsula gargalhou. O grito da moça encheu o capitão de fúria, que direcionou o navio para o monstro e navegou como se fosse a última coisa que faria na vida. E então, o riso de Úrsula se interrompeu, pois que a extremidade do Jolly Roger enterrou em seu estômago, atravessando-a. Úrsula urrou de dor e fúria, mas não tinha mais forças para reagir, pois que a vida lhe esvaía. Sua forma foi se reduzindo, assim como seus próprios sentidos e logo afundou.

Logo, um turbilhão de sereias apareceu para tomar-lhe o corpo em um bizarro rito fúnebre: uma ceia.

– Saiam da água! – Ariel gritou em um último esforço.

Os tritões nadaram rapidamente para longe, mas Anastasya sabia que aquilo não seria suficiente. Enquanto Ariel subia no Jolly Roger por uma corda que Hook lançara, começaram então a perceber outras criaturas na água e começaram a cobiçar por mais carne. Entretanto, Anastasya fora mais rápida e despejara uma mistura que certamente iria repeli-las rapidamente na água.

Ao ver o mar começar a tranquilizar, Ariel suspirou e agradeceu mentalmente a presença de Anastasya. Depois, olhou para cima e gritou para Hook:

– Se quiser seu feitiço de volta, não saia daí! – e saltou na água.

O capitão deu um sorriso torto: por um momento quase esquecera de sua poção. A sereia certamente iria querer algo em troca e isso era algo característico de piratas. A convivência lhe transformara e ele se orgulhava disso.

Enquanto isso, Ariel usava o resto de suas energias para nadar com a cauda ferida até a caverna, onde encontraria seu pai e Anastasya.

– Ariel! – o Rei Tritão abraçou-a antes que ela se desse conta. Estava novamente forte e revigorado, e essa visão encheu o coração de Ariel com uma nova energia.

–Papai, eu sinto tanto...

Ele secou as lágrimas dos grandes olhos da filha, sorrindo. Pegou-a no colo logo após e colocou-a na superfície.

– Venha você deve se tratar.

Anastasya sorriu para a amiga enquanto colocava uma espessa mistura verde sobre o ferimento em sua cauda. Em pouco tempo, a ferida se fechara e ficara apenas com uma cicatriz.

– Você é boa mesmo nisso. – a sereia ruiva elogiou a outra.

– Não é mais que minha obrigação. – deu uma piscadela e jogou-lhe o frasco da poção de volta. – Acho que isso é seu.

– Não de verdade. – riu. Depois olhou com carinho a sereia que tanto lhe ajudara. – Obrigada... Eu não sei o que eu faria sem você. – e a abraçou.

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Tritão também agradeceu encarecidamente à Anastasya e, em seguida, voltou-se novamente para sua filha.

– Ariel, tudo o que você fez foi de um risco sem tamanho. As consequências disso poderiam ser desastrosas... – dessa vez, sua filha o olhava nos olhos, ciente de tudo aquilo, mas disposta a ouvi-lo. – Mas, não foram assim tão ruins. Você tomou suas próprias decisões e lidou com suas consequências. Você amadureceu de um jeito que não faria se não tivesse tomado as decisões que tomou. – ele sorriu. – Portanto, agora você tomará todas as suas decisões, e eu espero que as suas escolhas sejam boas.

Ariel saltou para o mar e nadou velozmente até o pai.

– Eu te adoro, papai. – ela abraçou-o carinhosamente.

Ele afagou seus cabelos e depois entregou-lhe sua bolsa. A sereia sentiu algo dentro:

– O que é isso?

– É um presente meu e do seu pai. – Anastasya disse, enquanto se colocava na água. – Use apenas quando estiver perto da superfície.

– Tudo bem. – uma curiosidade repentina atingiu-a. - Mas o que vocês vão fazer agora?

– Eu vou pegar todos esses ingredientes pra mim e melhorar minha magia. – Anastasya sorriu. – Vai ser ótimo.

– Voltarei para Atlântida. – o pai da sereia disse. – Mas e quanto a você?

– Quanto a mim? –ela ergueu uma das sobrancelhas. - Eu tenho um navio pirata para tomar.

****

Depois de fornecer estoques de cura para os tritões da horda do Rei, Anastasya, Ariel e todos os outros se dirigiram para perto do navio pirata. O primeiro sol de Neverland já começava a raiar.

Assim que Hook viu a sereia e seus acompanhantes se aproximarem, desceu a escada de corda do navio. Ariel esticou seu braço, pronta para subi-la, mas então, lembrou-se do presente. De certa forma, ela estava perto da superfície. O Jolly Roger era sua nova superfície agora. Abriu a bolsa e sacou o bracelete que estava lá dentro, colocando-o logo em seguida.

O mar ao seu redor começou a se agitar e ela sentiu seus membros inferiores borbulhares e tremerem por dentro. Seu corpo estava mudando e ela sentia isso de uma forma inacreditável. Quando o mar amansou, ela teve que se esforçar mais para se manter nadando, mas a sensação lhe era familiar. Suas pernas estavam ali novamente. Sorriu radiante para seu pai e Anastasya e começou a subir no navio pelas cordas.

O vestido branco que aparecera em seu corpo tremulava com o vento e a brisa em seus cabelos a instigava a subir. O capitão via a luz solar refletir no rosto da moça, maravilhado. Então, finalmente chegou ao convés com o auxílio do capitão.

O Rei Tritão lançou um olhar ameaçador para Hook, que retribuiu com uma continência. Depois, olhou com carinho para a filha, que retribuiu com um sorriso e um aceno. Por fim, todos os seres do mar que ali combateram, mergulharam e se dirigiram para o portal que levava à Atlântida.

– Pensei que eu não devia confiar em piratas. – ela desafiou.

– Felizmente, eu sou o último deles com bons modos. E quando devo algo, eu pago.

– Curioso. – debochou.

– Bem... – Hook observou Ariel. – Acho que não devemos mais nada um para o outro. Quitamos nossas dívidas. – ele limpou a garganta, e ergueu uma das sobrancelhas para a moça. – Acho que devíamos encerrar isso em grande estilo.

Ela balançou a cabeça negativamente, desaprovando o jeito do pirata, mas logo sorriu e ambos tiveram o mesmo impulso. Seus corpos se envolveram em um abraço e seus lábios em um beijo.

Para o Capitão, o beijo da sereia era doce e incomparável como sua própria voz. Para a sereia, o beijo do capitão era intenso e reverberante como a sua própria voz. Perceberam que aquela junção era mais poderosa do que imaginaram.

Ariel se afastou com um sorriso enorme, recolheu um chapéu de pirata um tanto maior que sua cabeça e colocou-o. Depois subiu as escadas até a área de navegação e bradou:

– Piratas, ainda não acabou! Levem esse navio para fora daqui!

– O que estão esperando?! – Hook reforçou.

Assim, logo estavam na mesma praia em que Ariel chegara a Neverland pela primeira vez.

– Chegou a hora. – ela disse para o capitão enquanto se dirigia ara a frente do Jolly Roger.

Olhou para a sereia entalhada na dianteira do navio com simpatia e despejou o líquido dourado sobre os cabelos dela. Logo, todo o navio tomou-se de dourado, maravilhando os olhos de todos que assistiam à cena. Por fim, voltou ao normal.

Deu uma breve olhada para trás e viu um menino sentado sobre uma árvore, observando tudo. Viu também uma fada irrequieta, curiosa, tilintando. Acenou para eles e, sem esperar resposta, voltou-se novamente para o navio.

– E agora? – Hook perguntou.

– Vamos mergulhar. – ela disse empolgada enquanto corria para o timão.

Olhou para o objeto de madeira e seguiu sua intuição sem pensar duas vezes. Com toda sua força, girou o timão com tudo para estibordo. Imediatamente, o navio começou a virar.

– Segurem-se! – gritou.

– Você sabe o que está fazendo?! – Hook exclamou com um sorriso nervoso.

– Não faço ideia, mas pode confiar!

Ariel ria desenfreadamente enquanto se segurava em um mastro e ficava de cabeça para baixo. Logo, Jolly Roger já estava todo submerso e terminava a rotação de 360°, ficando em posição normal.

Sem fôlego, o corpo dos piratas acabou buscando por ar. Ficaram então, desesperados, pois, embaixo d’água, certamente se afogariam com essa atitude. Mas a magia não falhara, e logo perceberam que podiam respirar normalmente. Começaram a comemorar, dançando pelo convés e bebendo restos de rum.

Hook ficara tão feliz que tomou mais uma vez Ariel nos braços e a beijara. Todos gargalhavam contentes. Era bonito demais para ser real.

Mas antes que comemorassem demais, a moça passou mais comandos:

– Agora vamos para nosso destino! – tirou o bracelete, guardou-o e antes que a transformação terminasse, saltou do navio, recuperando sua cauda.

– E qual é o nosso destino? – Hook perguntou enquanto tomava o posto no timão.

– Não faço ideia, mas pode confiar.

E assim que avistou um portal, guiou o Jolly Roger até lá.

E, dessa forma, descobriram diversos lugares, saquearam cidades, recrutaram mais marujos, enriqueceram e fizeram a fama do temido Jolly Roger. O que as pessoas não sabiam era do trunfo que esse navio possuía. Até porque não é todo navio pirata que possui uma sereia de verdade em um posto de comando.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.