Eu saí correndo para procurar Kim, enquanto Peter ia para casa com Sadie. Acabei achando Star e Michael no pátio principal. Parei na frente deles, ofegante, enquanto os dois me encaravam:

– Os cartazes. – Star suspirou. – Você já viu?

– Sim! Quem fez isso? – Perguntei, já com fôlego, irritada como nunca.

– Não sei! Era o que estávamos tentando descobrir. Procuramos Kim, mas não sabemos onde ela está, espero que ainda não tenha visto. – Michael disse, nervoso.

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– Eu vou ligar pra ela e então vamos todos encontrá-la, ok? – Resolvi. Eles assentiram. – Já volto.

Enquanto discava o número, me encaminhava para o banheiro feminino para ver se ela estava lá, até que uma sombra mais alta que eu se projetou em minha frente. Dei com a cabeça em seu tórax.

– Ei! – Me afastei e vi que era Yalle, com seu sorriso preguiçoso e o moicano. Usava uma camisa do AC DC e jeans, e me olhava com superioridade. – O que você quer?

– Já viu os cartazes? – Ele olhou ao redor, orgulhoso, vendo os cartazes nas paredes. – Bonitos, né? Eu que fiz.

Uma raiva gigante surgiu no meu peito.

– Você o quê?! Por quê?! – Perguntei, e ele deu uma risadinha afetada.

– Eu e Tracy nos juntamos. Eu queria afetar Peter, e ela queria te afetar. Então decidimos que eu poderia brincar com sua amiga para te deixar mal, não acha brilhante? Eu ouvi vocês no ônibus e resolvi me aproveitar da situação.

– NÃO! Kim não tem nada haver com Peter e com você, ou comigo e com Tracy. Não mexa com ela.

– Ah, poxa... Mas estava tão divertido! – Essa fala me deixou mais irritada do que eu já estava.

Juntei toda minha força para dar um soco em seu rosto, e acho que foi forte o suficiente. Mesmo ele sendo tipo, uns quinze centímetros mais alto, eu consegui derrubá-lo e ele caiu, segurando a face direita. Tá bom que eu não era nenhuma profissional, mas aquilo causaria um belo estrago.

– Eu tenho nojo de você – Falei, com todo o desprezo que consegui, e saí para o banheiro enquanto ele me olhava, ainda no chão.

Kim não estava lá. Liguei para seu celular, mas não obtive resposta mais de uma vez. Enviei várias mensagens, também sem resposta, e comecei a ficar nervosa. Chamei Michael e Star, e decidimos ir até a casa dela para ver se estava tudo bem.

Contei sobre Yalle, e sinceramente, Michael ficou com tanta raiva que me deu até medo de ficar perto. Quando chegamos na casa, não tinha ninguém. Lembrei que a mãe de Kim tinha um compromisso e tinha levado a menina, então pelo menos ela estava bem, pensei. Isso, é claro, até eu ver o Sr. Johnson saindo apressado do carro que estacionara.

– Sr. Johnson! – Star se colocou na frente dele. O homem estava afobado e corado por causa do calor, e sei lá porquê ele me lembrava o Clark Kent. – Kim... Onde ela está?

– Então quer dizer que vocês não sabem? – Ele parecia que iria chorar. – Me esperem aqui. Vou pegar umas coisas e já volto. Vou levar vocês para vê-la.

Esperamos ali no gramado, impacientes, até que o pai de Kim voltou e nós entramos no carro.

– Perdeu sangue. – Ele disse, no banco da frente, com a voz trêmula. – Sabe, Kim sempre teve problemas de autoestima. Nós sempre dissemos que ela é linda, que Deus a criou assim e ela é perfeita do seu jeito, mas nunca acreditou. Então parece que aconteceu algo na escola e ela se... Ela se cortou. Perdeu sangue. Está no hospital.

Senti como se o sangue se esvaísse do meu rosto. Michael baixou o olhar ao meu lado e Star emitiu um som como se engasgasse, e depois disso ninguém mais falou nada. Eu sei que devia contar para ele sobre os cartazes, mas o momento não era agora, naquele carro. Eu o chamaria num lugar reservado mais tarde para contar, afinal acho que nem ele nem a Sra. Johnson sabiam que Kim era bulímica. De qualquer maneira, aquilo era minha culpa. Se eu não tivesse comprado briga com Tracy, nada disso aconteceria.

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“Você está viva?” Recebi a mensagem de Peter. “Se não me responder em dez minutos vou por seu nome no obituário do jornal. Beijos”.

Dei um mínimo sorriso antes de dizer que sim, estava viva e ele não poderia comer meu frango do jantar, mas que demoraria para voltar. Antes que eu imaginasse chegamos ao hospital, e nem prestei muita atenção nas coisas, até que...

Avistei a Sra. Johnson, com os olhos vermelhos e a pele pálida, parecendo que a qualquer toque quebraria. Kim não devia estar nada bem. Primeiramente, o Sr. Johnson se precipitou até ela, que o abraçou e chorou. Desviei o olhar em respeito, mas deu na mesma, já que Michael estava se contendo assim como Star.

Foi triste. Todos ficamos ali, parados por mais ou menos meia hora, até que o médico chegou. Nós nos levantamos, apreensivos, quando o senhor calvo anunciou o nome de Kim.

– Somos seus acompanhantes. – A mãe disse.

– Bem, Sra. Johnson, creio que esteja tudo bem com sua filha. – Pareceu que haviam tirado as torres gêmeas dos meus ombros. – Embora ela tenha que passar mais algum tempo aqui. Kimberly perdeu muito sangue, a lâmina atingiu uma veia, e ela poderia ter morrido. Está com sérios problemas alimentares, tenho que dizer também, o que está dificultando a coagulação, mas tudo ficará bem em alguns dias.

Nós suspiramos em alívio, e ele sorriu suavemente.

– Kimberly acordou e pediu para que eu chamasse uma menina chamada Celina, ela está aqui? – Perguntou, olhando de um em um. Dei um passo para frente.

– Sou eu, senhor.

– Ah, muito bem. Siga-me, então.

Olhei para trás, me certificando, e os pais de Kim pareceram meio decepcionados por eu ter sido chamada. De qualquer maneira, segui o doutor.