Capítulo 1 - Novo mundo

- Ei... Ei...

Era tão frio... A brisa era intensa, o chão era frio e sujo com rachaduras enormes... Havia muita poeira junto ao vento, o ar era sufocante e pesado, a cada sopro de vento que eu sentia em meu corpo, sentia mais areia passando por mim...

- Ei... Você tem cigarros ai?

Não conseguia respirar, o ar me sufocava a cada instante... Não me deixava respirar, por mais que eu tentasse, toda vez que eu tentava o ar entrava mais nunca saia. Deixando-me mais sufocado a cada instante.... Logo comecei a me contorcer no chão, procurando algum alívio, comecei a me remexer tentando respirar a qualquer custo. Levei rapidamente minhas duas mãos até meu pescoço, o segurei com firmeza e comecei a apertá-lo com força e ao mesmo tempo o puxava.... Na esperança de conseguir respirar. Quando estava perto de meu fim senti meu corpo ser puxado e empurrado um pouco rapidamente, senti alguns cutucões em meu braço. Logo ouvi aquela maldita voz entrando em meus ouvidos novamente, não me dando sossego... Foi inevitável... Perdi minha consciência... Morrer sufocado sem saber nem onde estou... Que belo fim para mim...

- Eu só quero um cigarrinho vai... Eu sei que você tem um ai.

Não sei ao certo quanto tempo fiquei deitado ali... Mas assim que abri meus olhos, o céu era estranho. Havia muitas nuvens e uma enorme lua... Levantei-me rapidamente. Fiquei sentado, olhando para meu corpo todo, passando a mão em minha roupa, limpando a mesma. Assim que olhei para meu lado, me deparei com aquela coisinha me olhando... Esperando alguma coisa... Com um olhar curioso, me olhando todo, procurando algo em mim. Sem tirar meus olhos dessa criatura, fui me levantando pouco a pouco... Ela seguia com seu olhar cada movimento que eu fazia ao me levantar. Eu apenas a olhava meio desconfiado. Levantei-me e ainda continuei a encarando...

Era baixinha, com seus braços pequenos e pernas menores ainda... Mas não sei ao certo se eram braços ou patas. Ela tinha um rabo pequeno, dois chifres curvados para trás de sua cabeça, com um olhar sombrio, seus olhos eram totalmente brancos e ela tinha uma pelagem rosada... Com certo medo nos olhamos por alguns instantes. Não tirei meu olhar dela nem um segundo... Limpei minha blusa com as mãos, fiquei alguns segundos parado olhando para ela... Eu estava com medo não sabia que lugar era aquele e nunca tinha visto tal criatura. Logo vi que ela não iria dizer nada. Alisei meu cabelo jogando-o para trás, passei a mão em minha testa, limpando meu suor, a encarei, criei coragem e disse.

- O...

- Cigarro?

- Hã?

- Os cigarros?

- Eu não tenho cigarros...

- Como assim?

- Não fumo...

- E o que isso quer dizer?

- Hã... Isso quer dizer que eu não fumo.

- A é?

- É...

- Mas você tem cigarros né?

- Você é demente ou algo do tipo?

- O que, que você disse?

- Eu? ... Nada não.

- Hum... Mas você já viu se tem algum cigarro ai nos seus bolsos?

- Minha senhora da um tempo vai.

Assustada ela me olhou e ficou de boca aberta... Olhando-me paralisada.

- O que você disse?

- Como assim?

- Repete o que você tinha dito...

- Não tenho cigarros?

- Não, não... A outra frase.

- Minha senhora da um tempo?

- Corre...

- Hã?

- Corre.

Sem fazer perguntas, me virei e comecei a correr sem olhar para traz, no começo eu apenas corria, mas depois de um tempinho, assim que olhei para trás, aquela coisa estava vindo atrás de mim... Era muito veloz, assim que senti ela se aproximar de mim, comecei a correr mais rápido e mais rápido sem olhar para traz.

- Eu sou homem! Eu sou um senhor! Sen! Hor! Senhor!! Não fui eu que escolhi ser rosa! Maldita mãe natureza.

Segurando-me para não rir e ao mesmo tempo assustado e em pânico. Continuei correndo dele por alguns metros e logo cansei... Parei aos poucos... Minha respiração estava ofegante. Fiquei o olhando chegar perto de mim, eu já estava muito cansado para tentar correr, apenas o olhei se aproximar de mim... Quando ele chegou ao meu lado, parou e sentou-se... Com a respiração ofegante, me sentei ao seu lado. Ficamos ali por um tempo descansando, tendo um momento de trégua... Depois de um tempo reparei que o cenário de onde estávamos tinha mudado. Dessa vez estávamos em um bosque, com bastante neblina, úmido e nefasto, era pouco iluminado pela luz do luar, com barulhos de animais bem sinistros. Fiquei assustado de imediato. Aquele local me dava calafrios... Fiquei olhando em volta em todo o local, com árvores grandes e velhas. Logo olhei para o lado, vendo aquela coisa ainda ali descansando, bem distraído. Tentei iniciar uma conversa.

- Olá...

Ele permaneceu calado e de olhos fechados, ainda descansando... Não tive outra escolha a não ser falar mais alto.

- OI!!

Ele abriu seus olhos lentamente e limpou aquela baba nojenta que saia de sua boca... Olhou-me nos olhos, levou dois dedinhos dele até seus olhos e em seguida com esses dois dedinhos levou até próximo aos meus olhos.

- To de olho em você.

- O que eu fiz?

- Sem comentários.

- Hã... Então ta...

Fiquei um tempo o olhando e logo continuei a conversa.

- Hã... Você sabe onde estamos?

- Em um pântano.

- Isso eu sei, mas. O que tem aqui?

- O que? Esta me achando com cara de rei da cocada preta? Eu sei lá caramba.

- Ta de sacana...

- Que?

- Eu estou em um lugar sinistro com uma coisa que eu nem sei o que é, e ainda por cima ela nem sabe onde estamos.

- Eu sei sim ta!

- Onde então?

- Hã... Em... Pântano... Hã... Do... Do... Esquecimento!

- Que mentiroso você nem sabe onde estamos!

Sem mais delongas me levantei e comecei a caminhar sozinho, fiquei aborrecido. Segui a direção do rio que havia ali, na esperança de achar algum lugar habitado por pessoas normais. Sem saber para onde ir, tive medo em quanto caminhava, olhando para as árvores, via vultos e ouvia barulhos na mata. Fiquei atento, olhando tudo em volta. Lentamente me agachei, fiquei passando minhas mãos pelo chão até achar um galho. O segurei firme e logo levantei. Olhando para os lados, segurei o galho com minhas duas mãos, fiquei ali parado por um tempo olhando tudo a minha volta.

- NÃO ME DEIXA AQUI!!

- AAHH!!

Com um movimento rápido, virei meu braço com toda força e rapidez. Acertando o que vinha atrás de mim... Assim que virei avistei aquela coisa rosa nocauteada no chão, com a língua para fora. Fiquei de olhos arregalados em quanto via ele se levantar e colocar suas mãos em sua cabeça. Alisando ela bem rápido, levantou-se e logo me olhou, apontou seu dedo para mim e quando ia começar a falar algo, com uma cara de raiva e com um galo enorme na cabeça, ele sentiu algum cheiro... Ficou um tempo parado, na mesma posição, farejando em volta.

Logo que o olhei percebi que ele estava tenso. Fiquei olhando em volta, assim que escutei um barulho de um galho se quebrando, comecei a correr. E assim que olhei ao meu lado ele estava lá correndo pela sua vida e eu pela minha... Não sabia o que era aquilo, ou onde eu estava ou nada disso, só sabia que eu não queria ficar ali para descobrir. Em quanto corríamos algo pulou atrás de nós dois, fazendo eu e ele gritarmos ao mesmo tempo em quanto corríamos. Tropecei e cai. Mas o que nos seguia ainda estava atrás dele, quando aquilo pulou encima dele e o agarrou fez com que eles rolassem pela mata. Pararam em um lugar onde a luz do luar batia no chão. Assim consegui ver quem era aquele que nos caçava... Era uma garota... Uma garota muito... Feia... Nossa ela era feia... Poe feia nisso... Ela tinha dentes afiados, cortes em seu rosto, alguns pontos, seu rosto era dividido ao meio, um lado era diferente do outro seu cabelo era estranho, tinha um sorriso macabro e uma roupa de menina bem rasgada.

- Lento.

- Ridícula.

- Por onde esteve?

- Me perdi.

- Mentiroso você sabe que não pode vir até aqui, só vale ficar perto.

- Eu me perdi!

- Acredito sim, bom vamos?

- Vai indo na frente chegou um novo, avise a todos.

Ela olhou para trás e me olhou em quanto conversavam.

- Aquele.

- Ta vendo mais algum por aqui.

- Engraçadinho.

- Vá logo, eu já estou indo

- Não se atrase Boris, você tem essa mania.

- Diz uma vez que me atrasei?

- Essa é difícil. Posso fala quando não se atrasou?

- Não enche vai logo.

Ela o soltou e levantou, me deixando mais curioso ainda. Então aqui deve ter uma cidade! Lentamente ela caminhou em minha direção e ao passar por mim parou ao meu lado, me olhou de cima a baixo e logo disse.

- Bem vindo.

Fiquei apenas a olhando, ela sorriu, seu sorriso era sinistro, tinha sangue em seus dentes, eram afiados e estranhos, não dava para achar ela bonitinha. Ela não me esperou responder, logo virou de costas para mim e foi caminhando, sumindo pouco a pouco, fiquei a olhando e logo me levantei, ajeitei-me, o rosinha fez o mesmo, cheguei próximo a ele em quanto o olhava, ele ainda coçava sua cabeça, onde eu tinha sem querer acertado com um galho.

- Então seu nome é Boris

- Uma hora você estará desprevenido, olhando para o lado, ou dormindo, e eu estarei esperando por isso.

- Ta com raiva ainda?

- Quer saber mesmo?

- Ahh... Ta já entendi esta com raiva...

Logo ele começou a andar, obviamente eu não iria ficar ali sozinho, fui caminhando ao seu lado, olhando em volta, vendo para onde ele estava me levando.

- Hãm... Pode me dar algumas informações?

- Diga.

- Estou sonhando?

- Todos pensam estar, mais depois caem na real.

Fiquei trêmulo e de olhos arregalados, mais ainda caminhava pensativo em quanto o olhava andando ao meu lado, ele parecia não se importar, apenas caminhava, logo me controlei e voltei a falar com ele, bem assustado.

- Por favor, me diz o que ta acontecendo...

- Quer saber mesmo?

Fiquei surpreso e logo afirmei que sim com a cabeça.

- Ele sorriu e disse claramente.

Bem vindo ao inferno.

Ele disse sorridente e feliz, me olhando enquanto ria, ainda caminhando ao meu lado, fiquei pálido... Será que eu morri mesmo?