Yin Yang

Batalha Final - Parte 2


Os inúmeros olhos espalhados na face larga de Yaoguai fixam nos dois mestres, as patas escamosas tentam agarrar Tigresa, que escala o antebraço do ser, mantendo a vista sobre ele. Tropeça em uma das pontiagudas escamas; a monstruosidade ergue o braço, as gigantescas unhas afiadas nos dedos atingem a própria camada de pele em um ato falho de ferir a mestre, sem causar dor ou ferimento.

Sente-se assustada, o olhar atento cai em Po, estando ela na curva do ombro, o vê rolar pela cauda e voar pela ponta em incerta direção, abre a boca de modo a gritar o nome dele, a criatura solta um potente rugido, derruba árvores e casas a poucos metros, seria capaz de sangrar os tímpanos de qualquer um, ela crava as garras na couraça impenetrável em busca de equilíbrio, ela grita por ele, o corpo do mestre jogado a metros de distância.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Seu coração palpita, uma gama de emoções turbilhão a alma da guerreira, a tempestade avança inclemente, as angústias se tornam inevitáveis, escala as costas do ser, para várias vezes para recompor-se, apoiar-se e sente a fraqueza consumir a força que resta. Mirume havia absorvido seu chi real, se não tivesse a força vital comum dos seres vivos estaria morta.

A maior dificuldade de Tigresa poderia ter, é continuar acreditando que tudo ficaria bem. Em outras situações, lutaria até o fim, como em Gongmen, mas naquele momento, a existência de vida mergulha em um profundo oceano de incertezas, medos e inseguranças, devido a isso, busca a paz interior.

O monstro não percebe a presença da felina, começa a andar, destrói o muro de proteção do vale, pedras de concretos e estátuas de tigres caem perto dela, deita-se, apertando as garras, o sangue faz uma linha entre os dedos e o pulso, volta-se o semblante cansado, repassa mentalmente as opções para detê-lo, os olhos brilham igual a duas lamparinas, a escuridão não é um inimigo, pois, é capaz de enxergar, identifica duas asas enormes.

Estando novamente em pé, enquanto Yaoguai caminha para fora do vale, vê a figura da irmã em um círculo de pedra, Tigresa franze a testa confusa, quando a rainha bate o cajado na região, um redemoinho de luz negra emana, assemelhando a linhas de um caracol, indo do centro e apoderando-se do corpo da rainha.

A mestre do palácio de jade fica completamente imóvel, presa em um estado de paralisia momentânea, vendo a irmã flutuar em determinada altura, em princípio a rainha não a vê, todavia após breves segundos o olhar sombrio e penetrante a mira, à medida que a irmã mais velha está suspensa no ar e encaminhando-se até ela, Tigresa persiste com contanto visual, séria e inexpressiva, os punhos fechados vigorosamente, o aspecto desafiador.

Então recorda o que está em jogo, um calafrio percorre nas costas da líder dos cinco furiosos, considera a possibilidade de matar a própria irmã, nunca foi uma assassina, mas se fosse preciso faria, ainda que um nó na garganta e o pulso acelerado dissesse o contrário.

A criatura para de andar com um sinal de Mirume, permanecendo imóvel, Tigresa sente aversão finalmente tendo-a defronte, a meio metro de distância, ambas em um silêncio mortal, a aura negra que nasce ao redor da majestade traz o desvio da atenção da furiosa, inclusive as partes do vestido rasgado, deixando amostra as feridas e cortes, o sangue quase invisível na escuridão.

Em determinado momento, quando a chuva ainda castiga à terra, e os trovões atingindo o solo, dá um passo a frente, um fio de dor resultante da queda do veículo da irmã, lhe atinge igual a um punhal, recusa manifestar na feição cansada, um rosnado curto se fez presente.

— Tenho todo o seu chi, a energia do colar em yang reduzi ao mau absoluto, seus supostos amigos são demônios, o panda qual amou não está aqui para protegê-la, a China está toda em meus pés, me diga querida Harume o que resta para você? — Tais palavras de Mirume não demonstram emoção, raiva, e sim superioridade, em um sorriso zombeteiro. Tigresa lhe devolve o sorriso, mas não ousa lhe dizer nada, incomodando a felina. — Por que sorri? — indaga ofendida, preenche o espaço vazio entre às duas.

De pálpebras fechadas, em um meneio com cabeça, sustenta a expressão facial.

— Perguntara o que me resta — volta a encara-la —me responda você, o que lhe resta? Não há mais ninguém aqui para ver seu triunfo, Daisuki, nossos pais, finalmente tem o poder que sempre quis, ainda assim consegue sentir? Está sozinha.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Rosna irritada devida à fala da irmã mais nova.

Sem respostas, Tigresa acrescenta:

— Jamais irei desistir daqueles que amo, lutarei até meu último suspiro, até minha última gota de sangue, mesmo quando meus ossos se quebrarem, vou lutar por todos eles.

O discurso parece ter efeito nela, pois, de imediato a expressão de Mirume se modifica, o espírito regulador da calma caí em um abismo, levando consigo a paciência, prontamente defere um soco, qual a irmã esquiva guiando a pata da rainha por cima do ombro, agarrando o pulso livre obrigando-a descer na cabeça de Yaoguai.

Evidente a raiva da majestade, não deixa de ocultar o desejo de feri-la, sem flutuar, concentra o fluxo de energia do peito, indo das veias e alterando para as patas, lança repetidamente esferas escuras, Tigresa desvia de cada uma, ora por cambalhotas, ora por saltos, sempre resultando na falha de Mirume, que empurra mais e mais chi, fazendo-a recuar em pulos distantes.

Após várias tentativas acerta o calcanhar da furiosa, ela perde o equilíbrio por um instante, é acertada no estômago, caí de joelhos, deposita as patas na região, ergue as órbitas oculares, existe irritação no semblante dela.

— Se esconde atrás dessa defesa. — murmura. Percorre na mirada a zona que tinha ao alcance.

Os passos de Mirume são curtos e calculados, aquelas palavras lhe valem um sorriso de ironia quase imperceptível, seus olhares se cruzam.

— É tão fraca Harume, não consegue me deter? — indaga.

A indignação faz que a mestre do palácio de jade salte, um chute lateral e outro, a rainha se esquiva dos socos, reparando no estilo tigre da irmã, onde usa o corpo com rapidez e força, estaria dominada se não fosse o chi real, em um instante de distração sente a cauda de Tigresa agarrar sua panturrilha, imobilizado-a por breves segundos, bate as costas contra a cabeça de Yaoguai, antes de levantar recebe um golpe, rola para o lado escapando.

Em pé, de punhos fechados, em pose de luta, Mirume sorri, de respiração ofegante, vestido rasgado, a aparência cansada, por enquanto decide entrar na batalha de forma limpa, considera divertir-se.

Olha diretamente para o sangue na qipao dourada, em seguida para os rasgos na calça, fixa atenção na irmã, limpa o líquido vermelho no lábio cortado, as pupilas de tonalidade amarelado brilham intensamente.

A raiva sempre foi algo que tentou controlar, julgada e condenada como um monstro, uma fera enjaulada, lembra-se dos dias de tortura no orfanato Bao Gu, a única criança que ninguém queria, quando finalmente conseguiu concentrar a força que possuí teve um lar, Shifu, jamais o julgaria ele lhe dera tudo, ainda que visse nela o espelho de Tai Lung, diferente de mestre Oogway, a tartaruga acreditava, sorri ligeiramente, em todas as ocasiões possíveis suas palavras de sabedorias traziam inspiração e paz, uma palavra tão fácil de escrever, no entanto, complicada para ter.

Suspira, as imagens dos amigos na mente, Víbora, Macaco, Garça e Louva-a-deus, todos especiais, os ama imensamente, nunca dissera o quanto.

Trata de ir atacá-la de novo, mas uma terrível pontada no cérebro lhe faz desistir, sente vertigem crescente, quase caindo, escuta a risada de zombaria de Mirume, uma voz, certamente imaginária, impossível de decifrar, fala em seu ouvido: “Harume, não deixe que a raiva te consuma, eu te peço que continue, seu passado não foi como você gostaria, mas o futuro pode ser melhor que imagina. Eu te amo.” Tudo fica em silêncio, nem mesmo a tempestade é ouvida, olhando para o vazio da própria alma, atordoada indaga:

— Mamãe?…

Um soco atinge sua bochecha esquerda, surpreendida encara a rainha, qual avança a cada bloqueio que faz, flexiona os joelhos fortemente, leva as patas na altura na mandíbula formando um X, impossibilitando os golpes, em um mortal retrocede o chute, deferindo no joelho da majestade, qual tem a região curvada perto da orelha de Yaoguai, efetua uma rasteira.

A mestre salta no instante golpeando-a na nuca, ela tem o rosto empurrado na pele escamosa da enorme criatura, os braços presos por Tigresa, utiliza as pernas para pular e soltar-se, ainda no ar é atingida no peito, voando para longe, grita exasperada, é a primeira vez que age desse modo, a raiva transforma as frustrações em combustível.

— Você é a responsável por tudo! — Levanta a voz, corre até ela, atacando-a bruscamente. — Os reis sempre amaram mais você, arrancaram minha coroa, de modo a uma idiota profecia! — As palavras são transformadas em golpes, as linhas da pelagem alaranjadas acentuam a face raivosa, e as presas comprimidas na boca, capaz de ferir a si própria. — Sou a mais forte, a melhor, a verdadeira herdeira do trono! — acrescenta.

A aura escura surgindo em redor de Mirume envolve Yaoguai por completo, sendo controlando pela raiva da rainha o ser acorda do sono profundo que foi posto por ela, abre as incríveis asas e no bater causa grande ventania, derrubando árvores e casas por perto, Tigresa equilibra-se da melhor forma possível.

Aquelas palavras resultam em Tigresa sua própria memória, deixando um gosto amargo na boca, o dia que Po foi nomeado dragão guerreiro. Nesse dia, sentira raiva e ódio, acusando-o por ser responsável por roubar seu título, um panda bobo, que fazia piada de tudo.

Tem a sensação do por quê de Mirume agir desse modo, se vê no lugar dela, sua dor já foi a dela.

Enquanto a rainha ataca repetidamente, a fisionomia da adulta franzida em fúria, indignação, tantos sentimentos juntos que ela usa da aura para elevar Tigresa no ar e envolver o pescoço, enforcando-a, a furiosa não contra ataca, não poderia, está cansada e exausta.

— Não és tão poderosa agora Harume. — murmura entre os dentes, as sobrancelhas quase se tocando no centro da testa.

As pálpebras fechando pouco a pouco, engasga sem oxigênio suficiente, a criatura voa mais alto, a chuva intensa jamais deixa o vale, a visão embaçada, como faria? Pensa em seu corpo caindo em um baque após ser morta, está em paz, o passado é uma parte de sua história, não o final.

Luz ofuscante e intensa surge no peito da mestre, surpreendendo a rainha, força mais o aperto, o braço treme, franze o cenho confusa, olha para a região, em seguida para irmã, cambaleia, quase cega pela energia azul, usa as duas patas para aumentar a intensidade, as cores se misturam no corpo de Tigresa.

— O quê?! — questiona em um grito indignada.

Sente os músculos do abdômen contraídos como molas.

A furiosa abre as pupilas, o olhar possuído pela mesmo brilho, os lábios pintados em um sorriso.

Desafia a rainha, ela roga cada vez mais fulgor, obsessivamente de modo a provar que é a melhor, ao contrário da mestre do palácio de Jade, seu espírito encontrasse pacífico, entendera as motivações da irmã.

No último raio de luz, Mirume grita raivosa, ocorre uma explosão, iluminando todo o vale, a criatura explode igual a um barril de pólvora, as cinzas espalha-se com a chuva.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Caindo rapidamente em direção ao solo, Tigresa recupera a consciência, vagueia atenção em direções onde a irmã poderia estar, localizando-a faz um sinal com a pata, contorna o corpo inconsciente da rainha com a última força que resta, assim como seu próprio, consegue pousar em segurança, minutos depois.

Mirume acorda lentamente, está de barriga para baixo, acorda lentamente, o cheiro da lama invade suas narinas, puxa um pouco da terra molhada, fecha os punhos com força, como se fosse um cobertor, ergue o rosto, apoia o cotovelo, por seguinte desloca-se dali, ainda se sente aturdida, por tudo o que acontece, curiosamente, procura pela fisionomia da irmã, durante esse tempo, nota suas crituras petrificadas, o amanhecer nascendo, sem chuva e a destruição do vale.

— Como? — pergunta de repente, sabendo da presença da mestre atrás de si. — Roubei seu chi, utilizei o colar yang, mas pudera fazer isso… Como — Apesar de a pergunta soar surpresa, ela não colocou nenhum tom de tristeza, quer ouvir a resposta sem ter que encara-la.

— Sei o que está sentindo.

— Você não sabe de nada. — interrompe exasperada.

Tigresa dá dois passos a frente, a luz da manhã a ilumina, enxerga o vestido negro rasgado, cortes nas omoplatas e nunca, o sangue, indício da batalha que tiveram.

— Na verdade, sei, me senti algum tempo assim. — pausa a voz, toma fôlego para continuar. — Você queria deixar nossos pais orgulhosos, acreditava que ser rainha seria uma das maneiras de realizar esse desejo, mas tirei isso de você, um filhote, boba e incapaz, herdeira do chi real.

Silêncio, escuta atentamente a fala, existe verdade, mas recusa responder.

— Tive esse tipo de percepção por Po, acreditava que ele roubara de mim o título de Dragão Guerreiro, mas nada acontece por acaso. — esboça um leve sorriso, devido à sensação de felicidade incerta. — Foi o destino, uma linha condutora nos guiando em caminhos quais são impossíveis de prever ou mudar.

A orelha esquerda se contraí ligeiramente, se vê obrigada a ouvir.

— Destino...— Mirume balança a cabeça, há sarcasmo no tom de voz, exerce pressão com a mão direita no barro. Seu corpo estremece, pressiona os lábios até perderem a cor, conhece a sensação de algo inevitável, ouvira de Fala Macia sobre seu futuro, enfurecia-se por não poder combater. — Vosmecê está enganada…

— Embora os acontecimentos — a ignora — , eu lhe perdoou.

Solta um riso incrédulo, nega a aceitar essa afirmação.

— Vejamos, deixarei o meu trono para me juntar a uma irmã sonsa. Considera mesmo que eu faça isso? Prefiro me jogar de um precipício a aceitar esse constrangimento.

Não obstante, a declaração dada, concentrada na distância da mestre, abruptamente em um rodopio Mirume empunha uma adaga — a mesma que usou para derramar o sangue de Daisuki — com o propósito de atacá-la, a vê recuar, zangada pela ação falha prossegue repetindo, à medida que continua sem resultados, deixa de lado o objeto cortante, empurrando cada vez mais o desejo incontrolável de feri-la, de modo a lutar novamente.

Embora Tigresa sente que sua paciência ia aumentando, fez o possível para que a mesma não a obriga a batalhar. Além de estar visivelmente afetada e ter um caráter duvidoso, a alteza pode utilizar inúmeras artimanhas para ter o que quer.

Uma vez caída no solo barrento, prestes a receber único golpe no peito, o grito de Dishi rouba atenção de ambas.

— Mamãe!

O som agudo e desesperado fez a adulta desviar o rosto na direção do filhote, remorso e culpa são transmitidos nas feições da felina, quer abaixar adaga, deixar o orgulho, apenas por ele, mas lembra-se de Harume, não pode evitar odiá-la, ela tem tudo que nunca teria, evidenciando as suas ações.

Remoendo toda a luta do seu espírito, o delicado azul dos olhos do filho, fez o coração se despedaçar, como muitas vezes antes, se lembra do dia do nascimento de Dashi intitulado agora por Dishi, procura extrair algum conforto daquilo que lhe vinha à mente, uma única lágrima solitária contorna sua bochecha, assemelha a um pedido de desculpas.

Quando Tigresa percebe o objeto vindo na sua direção, sua perna direita se transforma em algo mole, sem força, um lampejo de dor atinge o membro, impossibilitando qualquer tentativa de fuga, a adaga indo rapidamente contra si, de repente o colar Yang caí entre as duas, luminosidade envolve o local, um raio de cor branca arremete Mirume, surpresa e sem reação, é arrebatada pelo objeto em poucos segundos.

Perplexa, encara o objeto, que emana um tipo de vapor, certamente quando derrotou Yaoguai a peça voltou para o estado original, ela certifica a ausência da rainha, confirmando a vitória, percebe Po correr na sua direção, ele fica de joelhos e deposita a pata em seu ombro, procura no olhar âmbar dela, angustiado e preocupado, qualquer indício de aflição.

— Está bem? — indaga, a respiração ofegante entrega seus medos imagináveis. Tenta conter o tremor geral do corpo no instante que a vê enrugar a testa de dor, olha para a pata da felina sobre o joelho. — Tigresa?

A fala alcança seus ouvidos. Ela olha para cima. Grandes olhos verdes brilhantes, a maneira como ele diz o nome dela é quase uma carícia, acena com a cabeça.

Eles compartilham um sorriso, que permanece entre eles, quando a felina abre a boca para responder de uma maneira terna, a voz de Macaco a interrompe, demora um tempo analisando a figura do primata, o pelo dourado está sujo de sangue e lama, cortes no rosto e no topo da cabeça.

— Tigresa, é bom vê-la! — exalta animado. Na ocasião que o amigo panda ajuda ela levantar, com dificuldade, alcança seu corpo em um abraço apertado. — Pensamos que estava morta.

Irritada com ação, pede ajuda para Po, que ignora o pedido, vislumbra o momento sorrindo, ela suspira, em seguida sorri de canto, esquecendo a dor na perna.

— Sei que está feliz e tudo, mas poderia me deixar livre? — fala, sendo liberada. — Obrigada.

— Disponha. — responde, ficando ao lado de Po, os punhos fechados sobre a lama, equilibra seu peso.

— Ti, o que faremos agora? — pergunta, agarrando o colar em formato de sol do solo, seus dedos traçado linhas imaginárias na madeira.

Outro sorriso se forma nos lábios de Tigresa, tanto tempo sem escutar o apelido lhe trouxe sensação de conforto, está assim, quase inconsciente, entregue às seus pensamentos, quando, subitamente, encontra a silhueta de Dishi, logo depois o filhote deixa de estar ali, lágrimas escapam dos seus olhos, enquanto corre em disparada para o lado oposto.

Tigresa aperta a mirada com força e permanece assim, antes de Macaco perguntar o que houve, só ela e o dragão guerreiro tem conhecimento que Mirume é mãe do pequeno, os dois compartilham um sentimento de empatia, tudo o que ele passou assemelha a um tornando destruindo todas as reservas de amor.

— Perdi alguma coisa? — O primata pergunta, coça a cabeça, onde existe um enorme falha de cor preta.

— Depois explicamos. — sussurra Po, com a pata no canto da boca. — O importante é o que faremos? Estamos rodeados de criaturas imóveis, embora eu tenha medo, são nossos amigos e habitantes do vale. — acrescenta. De passos curtos, aproxima de um deles, cutuca o focinho e a bochecha esquerda.

— Olhando de perto, eles não dão tanto medo. — comenta Macaco, estando ao lado de Po. — Tirando as presas, os olhos, as escamas e todo resto.

Os dois guerreiros soltam um riso em uníssono.

Embora a visão de Mirume esteja em sua mente, a morte da irmã mais velha foi desvanecendo, igual a um pesadelo, conforme a mestre do palácio de jade concentra atenção nas criaturas paralisadas, ignora mais um dos comentários bobos de Macaco, com um passo a frente, a dor na perna se torna um fio condutor para a expressão dura, rosna baixo, os amigos estão alheios a situação, suspira, é contra a pedir ajuda, então aguenta firme.

— Po. — ela chama com dificuldade, aperta os dentes de modo a reprimir agonia, quão está exausta o tom de voz não é audível. — Po. — repete, desta vez o panda gira nos calcanhares, indo a seu encontro. Ele sustenta preocupação. — Iremos utilizar o colar Yang para reverter o que Mirume fizera.

— Show de bola! — anima-se, apoia o braço dela em seu ombro. — Como faremos isso mesmo? — pergunta confuso, a respiração atingindo a bochecha da amiga.

— Você fará. — engole em seco, fecha as pálpebras por breves segundos. — O protetor do lado bom, a luz, o sol…

— Ei, o quer dizer? Não existe yang sem yin, como não existe macarrão sem tempero.

Ela ri, um riso curto, devido a comparação.

— Estou sem o chi real e o colar yin.

— E daí? Você ainda continua sendo uma protetora, assim como eu.

Suspira incrédula.

— Não fui nem capaz de guardar um colar, me chamar disso…

— Ti, olha para mim. — interrompe, coloca as patas nos ombros da felina, obrigando-a a vê-lo diretamente. — Desconheço uma mestre tão durona, capaz de colocar a própria vida em risco para proteger a todos, mesmo sem ajuda de um colar, você jamais se importou. — Por cima do tecido dourado do qipao, com os polegares massageia levemente os ombros da felina.

Em seu semblante, Po nota que há tranquilidade, até certa paz, assemelha a ele na ocasião que encontrara a paz interior, acaso está pronto para questionar, mas ao ouvi-la fecha a boca, imediatamente.

— Estamos juntos. — Coloca a pata por cima da dele, em sua espalda.

Entreolham-se sorrindo.

— Pessoal, isso foi lindo, mas precisamos resolver o problema. — interrompe Macaco, sentando, usando o punho para apoiar o queixo.

— Dá para dar um tempinho, estou meio ocupado aqui. — diz, meio sem graça o guerreiro preto e branco.

Outro sorriso se forma nos lábios de Tigresa, ela está em paz.