Royals

12 - Amor.


Valentina e Aspen acordaram simultaneamente. Antes do pequeno começar a chorar, Zachary já estava de prontidão segurando o filho perto da mãe. Ela não demorou a despertar, esticou-se e ajeitou a camisola, sorrindo para o bebê. Assim que ele se acostumou e se concentrou no alimento, a ruiva se virou para o marido.

– Boa madrugada. – Brincou com a voz cansada. – Não dormiu de novo?

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Ele forçou um sorriso, porém suspirou sob o olhar inquisidor da mulher.

– Temos visitas.

Ela abriu a boca para contestar, porém entendeu tudo. Crispou os lábios e fixou o olhar na parede oposta.

– Eu não sabia.

– Acredito em você. – Olhou para o filho, procurando forças.

Permaneceram em silêncio até o bebê virar o rosto e coçar os olhos, sonolento. Zachary o ajeitou para dormir então tornou a deitar com a esposa. Aproximou-a com cuidado e a aninhou em seu peito, apreciando o raro momento que possuíam sozinhos e juntos.

– Quer uma notícia boa? – Valentina perguntou se aninhando no peito dele. – Os remédios vão chegar amanhã.

– Não vão estragar? Nós temos um lugar para mantê-lo.

– Essa é a notícia não tão boa. – Seu rosto se contorceu. – Não vou esperar mais. Não sei se aguento.

Zachary não respondeu de imediato. Já haviam conversado algumas vezes sobre o tratamento dela e entrado num consenso de que este deveria esperar até a criança crescer um pouco, para não prejudicar a amamentação. Sentindo a tensão do marido, ela continuou.

– Eu conversei com o Doutor, ele já conseguiu algumas vitaminas e vai montar uma dieta para Aspen. – Ele permaneceu calado. – Não queria te deixar preocupado.

– Não é questão de me preocupar. – Suspirou, se controlando. – É o nosso filho. Eu entendo que você queira começar este tratamento, mas poderia ter falado comigo antes.

– Eu sei. – Escondeu o rosto. – Estou com medo. – Confessou com algumas lágrimas. – Não tenho nenhuma garantia de que qualquer remédio pode me ajudar e também não sei se vou poder cuidar do meu próprio filho.

– Você é Valentina Leger Schreave. – Deu ênfase no sobrenome, com uma risada nervosa ao final da frase. – Pode fazer tudo o que quiser e mais um pouco.

Valentina riu, por força do habito, sentou-se ereta e estalou alguns ossos, tornando a relaxar a postura, porém ainda mantendo-se afastada do marido.

– Eu quero você.

A princípio, ele não entendeu, contudo, quando o fez, sentou-se ao lado dela e a abraçou.

– É perigoso... – Disse num tom não mais alto que um sussurro.

– Eu sei que eu não me pareço nem de longe com o que era quando nós nos casamos, mas-

– É perigoso. – Zachary a cortou.

– Cinco meses, Zach. – A ruiva se sentou de frente a ele e segurou o rosto do marido, colando suas testas. – Não me diga que isto não o incomoda.

– É claro que me incomoda. – Não tentou se afastar, segurou os lençóis com força, controlando as mãos. – Mas não podemos arriscar.

Zachary tentou puxá-la para um abraço, porém ela se afastou, fitando-o séria. Ele soube o que a esposa pensou no momento em que seus olhares se encontraram, abriu a boca para contesta-la e a fechou em seguida, sem nada para falar.

– Quando eu aceitei essa vida, eu te pedi poucas coisas, Zachary. - Valentina falava pausadamente, contudo sua voz já estava embargada. - Uma delas era a sua fidelidade.

– Fidelidade a que? - Ele passou a mão pelo rosto, considerando o que deveria falar. - Você aceitou se casar comigo por isso. - Fez sinal ao quarto ao seu redor. - Você nunca foi minha, Valentina, não tem o direito de me pedir para ser seu.

– Mas eu pedi. E você concordou. - Tornou a deitar e virou para o lado oposto. - Me deixa descansar.

O loiro pensou em desistir e sair do quarto.

Era orgulhoso demais para ficar.

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Para negar as acusações silenciosas.

Não era tão honesto ao ponto de ter que provar coisa alguma.

Não precisava ficar.

Contudo, não podia obedecê-la com tanta facilidade – esta foi a desculpa encontrada pelo Rei. Por isto, continuou sentado de cabeça baixa e começou a falar, sem saber se estava sendo ouvido.

– Eu sei que você acha que você não vai acreditar em mim. Eu nem... – Sentia-se emasculado ao confessar isto. – Sonhei com qualquer outra desde o dia do nosso casamento. – Passou a mão pelos cabelos e se deitou desconfortável. – E não foi porque você me pediu. – Prendeu a respiração. – Foi porque eu te amo.

Esperou por uma resposta, mesmo sabendo que não a teria.

Só então se retirou do aposento.

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O café da manhã foi silencioso e desconfortável. O único barulho, além dos talheres, vinha de Aurora alimentando seu filho. Maxon tentara um contato com Zachary, porém o rei estava fechado e não parecia disposto a nenhuma espécie de reunião familiar. Ele foi o primeiro a se retirar. Apenas se levantou e saiu.

Nem considerou estar sendo seguido até ouvir as batidas na porta de seu escritório.

Maxon entrou sem se anunciar.

– Não é mais o rei. – O mais novo resmungou, afundado em sua poltrona enquanto massageava as têmporas.

– Ainda sou seu pai. – Maxon respondeu severo, sentando-se de frente ao filho. – Ela vai melhorar?

Pela primeira vez, encarou o pai. Assentiu.

– Dificilmente ficará sem sequela alguma. Talvez precise de ajuda para andar ou algo parecido, mas vai sobreviver. O bebê está sugando tudo dela, então quando ele crescer um pouco, talvez já mude muita coisa.

– E você? Vai ficar com alguma sequela também?

Engoliu em seco antes de responder.

– Eu... Eu pedi por isso. Pedi que nos deixasse sermos felizes. – Maxon fez menção de interromper, porém Zachary levantou uma mão, pedindo que ele esperasse. – E você nos abandonou. Eu sei que era o certo a fazer, mas... – Soltou a respiração com força. – Senti a sua falta, pai.

Não havia nenhuma testemunha na sala.

Ninguém poderia provar que o Rei chorava.

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Ele foi ao quarto dela novamente.

O único contato que tiveram durante o dia foi através de empregados, apenas com atualizações de saúde e coisas relacionadas ao herdeiro.

E lá estava ele novamente.

Ao entrar no quarto, o nó se formou em sua garganta quando viu, próximo ao berço de Aspen, uma pequena geladeira com mamadeiras.

Ela o esperava.

Estava sentada no centro da cama, envolta pelos travesseiros mais macios de todo o reino com os olhos fechados. Não fez nenhum movimento que indicasse que percebera a presença do marido.

Após beijar o filho, ele se dirigiu à esposa.

Passou a mão pelo rosto dela e o virou para si enquanto ela abria os olhos.

Cada um passara o dia pensando no que falar, entretanto todas as palavras foram limpadas de ambas as mentes quando os olhares se tocaram.

E se apenas um toque de olhar foi o capaz de uma amnesia momentânea, imagine o que o toque daqueles lábios fez naquela noite.