O Crepúsculo do Eduardo
Algo à esconder?
Eles me levaram para fazer uma radiografia da cabeça. Eu disse que não tinha nada e estava com toda a razão. Eu perguntei a uma enfermeira se poderia ir embora, naquele momento já sentia tanta humilhação que poderia estrangular Clara quando a encontrasse, a enfermeira me falou que tinha que esperar o médico. Então fiquei preso na emergência, esperando, atazanado pelas desculpas constantes de Adriani e sua promessa de que iria me compensar – se calasse a boca já teria compensado.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Por fim fechei os olhos, trincando os dentes com tanta força que poderia quebrá-los e fingi que não a escutava.
- Ele está dormindo? – perguntou uma voz musical. Meus olhos se abriram.
Clara estava parada de pé, ao lado do meu leito, com um sorriso malicioso. Olhei para ela e toda a raiva se evaporou, só podia notar o quanto ela era bonita.
- Ei, Clara, me desculpe... – começou Adriani.
Ela ergueu uma mão para detê-la.
- Sem sangue, sem crime – disse ela, sorrindo e se sentando na beira do leito de Adriani. Desejei que ela tivesse sentado no meu leito. Para minha felicidade ela se virou para mim e sorriu com malicia novamente.
- E então, qual é o veredicto? – perguntou-me.
- Não há nada de errado comigo. Não me deixam ir embora. E por que você também não está numa maca?
Ela sorriu mais abertamente com minha obvia irritação.
- Tem a ver com que você conhece – respondeu ela – Mas não se preocupe, eu vim libertá-lo.
- Engraçadinha. – ela riu ainda mais.
Depois um médico apareceu e, caramba, me senti meio gay ao admitir o quanto ele era lindo. Ele era jovem, era louro... e muito mais perfeito do que qualquer astro de cinema. Mas era pálido e parecia cansado, com olheiras. Tentei não encará-lo, mas soube imediatamente que era o pai de Clara – pela beleza só podia.
- Então, Sr. Souza, – disse o Dr. Buzzi numa voz extraordinariamente agradável – como está se sentindo?
- Ótimo. – rosnei. Desejava sair daquela maca.
Os dedos frios do médico sondaram meu crânio. Mantive-me imóvel, embora sentisse uma leve dor na região da batida.
- Dolorido?
- Não. – menti.
Ouvi uma risadinha, olhei e vi o sorriso complacente de Clara. Meus olhos se estreitaram.
- Bem, sua mãe está na sala de espera... Pode ir com ela agora. Mas volte se sentir vertigem ou qualquer problema de visão.
- Posso voltar para a escola? – perguntei, seria melhor do que aguentar a neurótica da minha mãe.
- Talvez devesse descansar hoje.
Olhei para Clara.
- Ela vai para a escola?
- Alguém tem que espalhar a boa noticia de que sobrevivemos. – disse Clara, presunçosa.
Lancei um olhar irritado para ela.
- Na verdade, – corrigiu o Dr. Buzzi – a maior parte da escola parece estar na sala de espera.
- Ah não! – gemi, horrorizado. Aquilo seria vergonhoso. Ainda mais com a minha mãe por perto.
O Dr. Buzzi ergueu as sobrancelhas.
- Quer ficar aqui?
- Não, não. – pulei da cama, rápido demais, senti que tudo escureceu. Clara me segurou e nossos olhos se encontraram, ela parecia preocupada. Mas eu só conseguia encarar seus doces olhos esverdeados.
- Você está bem? – perguntou o Dr. Buzzi, um pouco mais alto que o normal, lembrei que estava me segurando na filha dele e a soltei.
- Estou bem. – confirmei.
- Tome um Tylenol para a dor. – sugeriu ele. – Parece que vocês tiveram muita sorte. – disse o Dr. Enquanto assinava meu prontuário com um floreio.
- A sorte foi Clara por acaso estar parada ao meu lado. – corrigi com um olhar duro para ela, que ainda tinha uma história para me explicar.
- Ah, bem, sim. – disse o Dr. e se ocupou e ir para o leito de Adriani.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Percebi que tinha algo que eles escondiam.
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