Hazel não podia evitar que suas mãos tremessem. Rubis e topázios surgiam no tombadilho, só que todo mundo desviava enquanto ela ainda não os tinha recolhido.

Ela se sentia bem. Mais do que bem.

Quando a batalha no Parthenon terminara, os deuses disseram que dariam uma hora para eles, até que o navio surgisse em Long Island. Como isso aconteceria? Cortesia de Apolo, que tinha que voltar para o oeste impreterivelmente todos os dias.

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Um braço esquerdo deslocado, um talho nas costas, um talho na cabeça, uma flecha na coxa, uma costela quebrada, um punho distendido, um hematoma na nuca, um músculo seriamente rasgado na lombar, cortes por todos os lados, arranhões, e algumas dores de cabeça era o resultado daquela guerra. Nenhum deles corria risco de vida, mas isso não evitava a dor.

Frank sentou-se no meio do convés, tirou a armadura e a camisa esfarrapada. Hazel fez uma careta.

– Tá feio. – Ela sentiu pena, porém não iria demonstrar isso. Desde 1940 ela sabia que os garotos sentiam sua masculinidade meio ofendida quando acontecia isso.

Annabeth tinha duas tesouras nas mãos e uma linha. Ela tinha um saco de gelo pendurado no bolso, que colocava na cabeça para aliviar a dor do corte no couro cabeludo. Seus cabelos loiros estavam soltos, mas quando chegava perto da têmpora, se tornava vermelho e empapado.

– Vai doer. – Ela advertiu. – Quer que alguém segure você?

– Não é preciso. – Frank dispensou.

– Ninguém conseguiria mesmo. – Jason deu de ombros, rindo.

Annabeth jogou uma garrafa da água no talho das costas de Frank. Ele fez uma careta, e permaneceu imóvel. Ela jogou um pouco de néctar e deu ambrósia para ele comer.

Ela amarrou a linha numa agulha e começou a costurar o corte, puxando a pele, pedaço por pedaço.

– Isso aqui tem uns trinta centímetros. – Hazel arqueou as sobrancelhas.

– Não... Não é muito animador. – Frank contorceu-se.

– Ah, já está acabando. – Annabeth disse. E estava mesmo. Com rapidez, todo o talho tinha se fechado por pontos uniformes. Continuava feio e sangrento. Annabeth também tinha as mãos trêmulas e cheias de sangue. – Hazel...

– Eu continuo. – Hazel se prontificou. Annabeth foi lavar as mãos e se tratar. Hazel apenas pressionou uma gaze por cima do ferimento e beijou Frank. – Melhor?

– Com certeza. – Ele sorriu e a puxou, fazendo-a sentar-se na sua frente.

Era ela quem tinha uma dor insuportável nas costas e um arroxeado na nuca. Frank esfregou um pouco de néctar ali, e Hazel sentiu-se imediatamente melhor. Mas não tinham muito tempo. Eles levantaram-se, botaram as armaduras e se arrumaram para uma nova batalha.

– Seguinte. – Percy tinha uma fatia de pizza em cada mão. – Eu me seguraria. Já andei com Apolo, e ele é meio...

Ele não tinha terminado a frase, quando o navio inteiro entrou em colapso. Os motores rugiram, Festus cuspiu fogo, os noventa remos se ergueram, num barulho mil metralhadoras entrando em ação.

Quando o acesso parou, eles estavam ancorados na praia do Acampamento Meio-Sangue.

– ... Violento. – Percy completou e deu uma mordida em sua pizza.

– Olhem. – Piper indicou as fronteiras. Uma multidão estava lá.

Baixar a rampa levaria muito tempo, então os sete pularam a amurada e correram para o Pinheiro de Thalia.

Octavian estava do lado de fora, seguido por quase mil campistas romanos. Todos em trajes de batalha. Os gregos estavam em menor número. Hazel estimaria em umas oitocentas pessoas, mas igualmente letais. Um centauro estava na linha de frente, tentando aplacar a situação.

– Vocês irão morrer! – Octavian berrou. – Eu vou matar todos vocês!

– Mas a missão – Clarisse implorou. – A profecia.

Atena Partenos estava dentro dos limites do acampamento, imponente, reluzindo à luz da aurora. Eles tinham conseguido. Isso fez o coração de Hazel se alegrar.

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– Eu não me importo! – Octavian continuou a gritar. – Roma nunca se aliará com a Grécia! Somos maiores, somos mais fortes, fomos atacados e viemos matar!

– E os sete? – Quíron sacudiu a cabeça. – Que eu me lembre, três deles são romanos. E um deles é o pretor.

– Jason Grace? – Octavian desdenhou. – Que venha ele também!

– Já estou aqui. – Jason falou mansamente. – Vai lutar contra mim, Octavian?

Todo mundo levou o maior susto. Tanto gregos como romanos recuaram e fitaram os sete semideuses, aturdidos.

Octavian tinha perdido a cor.

– Eu não disse que iria lutar contra você. – Ele gaguejou. – A menos que fosse necessário.

– Não era isso o que eu o ouvi dizer. – Piper coçou o queixo casualmente. – Se me lembro bem, você estava declarando guerra, Octavian.

Octavian a fitou.

– Filha de Afrodite... – Ele cerrou os punhos. – Eu deveria acabar com você.

Piper sorriu a puxou a espada na bainha.

– Venha, moleque.

– Quem você chamou de moleque? – Um dos centuriões deu um passo à frente. Ele tirou um arco das costas e mirou na cabeça de Piper, e sem titubear, ele disparou.

O que não sabia era que o acampamento tinha fronteiras mágicas e invisíveis. E Piper estava dentro delas. A flecha retiniu contra a parede invisível e caiu aos pés de Octavian.

– O quê? Como... – Ele pegou a seta e a examinou. Então levantou a cabeça e analisou os arredores. – O pinheiro. O Velocino. Destruam-nos!

– PELEU! – Quíron gritou, e imediatamente o imenso dragão que guardava os limites surgiu dentre as árvores, planando com suas gigantescas asas. Ele pousou majestosamente na aglomeração e soltou fogo para o céu. – Eu aposto com você que não teria o mesmo efeito se Peleu tentasse jogar uma flecha em você. – Quíron disse.

Octavian estava indeciso, e seus centuriões também.

– A guerra não é essa. – Piper disse. – Gaia...

– Não me fale de Gaia! – Octavian retrucou. – Isso é... Mentira. Você está vendo algum gigante? Eu não.

– Você não está vendo nenhum gigante porque nós os matamos, seu idiota. – Frank rosnou.

– Como ousa...

– Eu sou o pretor, Octavian. – Ele disse. – Percy e Jason passaram o cargo a mim.

– Percy e Jason! – Octavian parecia entrar em combustão. – Inúteis! E aquela filha de Atena...

– O que tem ela? – Annabeth deu um passo para frente, fazendo-o dar um passo para trás. – Você está vendo alguma Atena Partenos? Eu estou. Mas parece que é mentira.

Octavian estava prestes a explodir.

– Precisamos acabar com isso. – Frank sacudiu a cabeça. – Sinto muito, Octavian.

– O quê? – Ele choramingou. – Sente pelo quê?

– Você estava errado. E teve mais de uma chance. – Frank se transformou naquela mesma pantera negra, saltou e mordeu a traqueia do menino. Hazel desviou o olhar, e quando voltou a observar, a visão não foi muito boa. Ela ergueu as mãos e silenciosamente abençoou o corpo. Octavian sumiu, deixando apenas um ursinho de pelúcia no chão.