O Sangue do Olimpo
Jason
Acordei caído no chão. Estava dolorido, de novo.
– Jason... – Gaia estava parada em um canto.
– O que você quer? – Perguntei, enquanto arfava para tirar a camiseta. Estava empapada de sangue.
– Eu já disse o que eu quero... – Ela sussurrou e veio para mais perto.
Gaia era linda e mortal. E eu a odiava. Era estranho querer bater em uma moça, e então eu lembrava o que ela havia feito e isso meio que não importava. Seu vestido verde-folha estava todo manchado de terra e partido em várias partes, como fendas. Quando ela girava, a saia abria-se como um leque mal feito, e quando ela brandia aqueles malditos chicotes, seu cabelo castanho escuro voava.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Jason... Responda-me uma coisa. – Ela sentou-se ao meu lado. – Por que ainda não fez o que lhe pedi?
– Por que você me faz reviver a mesma coisa várias vezes? – Indaguei, colocando uma camiseta limpa.
– Você não revive as coisas várias vezes. – Ela revirou os olhos. – Bem, talvez de vez em quando. Hoje tudo foi real até a parte em que Piper apareceu de costelas quebradas. Você veio para baixo e a partir dali tudo foi um sonho. Entendeu?
– E para os outros? – Peguei minha espada e apontei para sua garganta. Gaia nem piscou.
– Para eles tudo aconteceu como no seu sonho. Até a parte em que você desceu. – Ela bocejou. – Aí tudo foi uma mentira.
– Era bom que voltasse a ser uma mentira.
– Que pena. – Ela sorriu. – Porque vai se transformar em realidade.
Gaia levantou-se e arrombou a porta, e eu a segui. Cheguei ao convés, e não vi ninguém.
Um desespero começou a me atormentar.
– Jason? – Piper me chamou, parecia vir da enfermaria. Houve um grito. – Jason!
Comecei a voltar, preocupado, mas então alguma coisa me segurou.
– Shh! – Frank me disse.
– Ficou louco?! – Exclamei. – Piper está...
– Eu estou aqui, Jason. – Piper estava do meu lado em um instante. – Eu também ouvi isso.
Os quatro pareciam alarmados, e eu nem adivinhava a cara que eu tinha naquele momento.
Lentamente nos afastamos, até nos encostar a amurada.
– Gaia. – Eu disse.
Ninguém se mexeu.
Ouvimos passos nos degraus. Alguém estava subindo.
– Pelo mar Egeu irei navegar... Pelo mar Egeu irei me afogar... Pelo mar Egeu as águas se levantarão... E pelo mar Egeu, todos morrerão... – Gaia apareceu, cantarolando. – Sabem em que mar estamos? – Ela sorriu. – Egeu.
– Jason, querido, venha cá. – Ela estalou o chicote no chão. – Os sete melhores guerreiros dos deuses estão com medo?
– Ninguém têm medo de você, sua bruxa. – Piper cruzou os braços.
– Uma costela não foi o suficiente, McLean? – A deusa inquiriu, estalando o chicote. – Deveria ter contado a ele – ela me apontou – que lhe fiz uma visitinha esta noite.
– Piper? – Olhei para ela.
Ela ficou em silêncio.
– Piper? – Voltei a perguntar.
– Desculpe, Jason. – Ela estava enraivecida. – Pensei que talvez ela não fosse te procurar se eu não contasse.
Gaia sorriu mais uma vez. A maldita havia dito a mesma coisa para mim, mas com algo em troca.
– Troca. – Ela ecoou meus pensamentos. – Jason, você vem para ao meu lado, e nada acontece aos outros.
– Jason, não a ouça. – Annabeth alertou. – Ela já levou Leo e Hazel, agora quer levar você.
– Mas os deuses disseram que estávamos sendo levados para... – Comecei.
Annabeth me fuzilou com o olhar. Parei instintivamente.
– ...Levados para? – Gaia levantou uma sobrancelha, divertida.
– Para serem treinados no combate contra forças malignas de Gaia. – Annabeth completou, exasperada.
– Jason, eu já pedi pra que você venha aqui. – A Mãe-Terra rosnou.
– Não vou. – Sentenciei.
A uns dez metros de distância vi sua pupila se retrair. Ela estalou o chicote, e Piper gritou.
– Você disse que eu não ia reviver aquilo de novo! – Berrei.
Gaia deu de ombros.
– Às vezes eu também quebro promessas.
Andei em sua direção e agarrei-a pela garganta. Ela, por um momento, apenas por um momento, pareceu fraquejar. Então Piper parou de gritar e Gaia torceu meu braço.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Fique aqui. – Ela me segurou. – Você vai comigo. E você também. – Indicou Frank com o queixo.
Ele não se mexeu. A deusa rolou os olhos e passou a mão pela extensão de um de seus chicotes. Brandiu-o, enrolando a corda na perna de Frank.
– Vem arrastado. – E puxou-o.
Ajudei meu amigo a se levantar.
Gaia havia ido até a amurada, onde os outros três estavam.
Piper estava de queixo erguido.
– Solte-os. – Ordenou.
Gaia sorriu e enfiou um dedo no ouvido. Lá de dentro tirou um bolo de algodão pequeno e compacto.
– Proteção contra poderes de semideusas atrevidas. – E o recolocou lá dentro. – Mas não se preocupem, queridos. Eu arranjei algumas outras maneiras de me reclusar a vocês.
A deusa virou-se para Percy e Annabeth.
– Como foi a viagem ao Tártaro? – Perguntou docemente.
– Amaldiçoei você a cada segundo. – Annabeth respondeu no mesmo tom. – Pena que as arai não podem subir aqui em cima.
– Você é quem pensa, menina. – Gaia retrucou. – E não ouse ser mais sábia do que eu.
Surpreendendo a todos, Gaia esbofeteou Annabeth. Acho que a menina sentiu mais choque do que dor, e não reagiu.
– Não tente ser corajoso, filho de Poseidon... – Ela direcionou-se a Percy. – Não irei dar um tapa em você. Sua dor virá mais cedo ou mais tarde... Já você...
Ela havia chego em Piper. Levantou a mão.
– Pare. – Piper disse.
Não sei se o algodão não funcionou ou alguma coisa deu errado, mas Gaia abaixou a mão. Ela deu um jeito de parecer normal, mas ela não bateu em Piper.
– Vamos. – Ela veio para o nosso lado.
Frank, num ímpeto, transformou-se em lobo e a atacou. Ambos caíram no chão. Peguei a espada e tentei ajudar, mas em um segundo Frank estava enrolado nos chicotes. Eu apontava a espada para a garganta de Gaia.
– Tente um golpe e eu puxo o laço. – Ela ameaçou. – Não se mova! Sabe que eu passei um pouquinho de vidro celestial nas cordas. Um movimento e o transformo em carne moída.
Não baixei a espada.
Annabeth aproximou-se por trás e agarrou a deusa pelos cabelos.
– Um dia... Eu irei provocar dor em você. – Annabeth rosnou. Gaia começou a fazer alguma coisa para feri-la. – E esse dia vai...
Gaia bateu com o cotovelo no ombro de Annabeth, e ela saiu voando para trás. Percy cortou os chicotes com a espada, e Frank voltou ao normal. Piper abriu um corte no braço da deusa, do qual começou a verter icor dourado. Gaia ficou tão estupefata que esqueceu-se do ato por um segundo. Chutei-a no abdome, e ela gritou.
Em um fragmento de segundo eu, Percy, Frank e Piper a tínhamos cercado.
– Meus peõezinhos. – Ela ronronou. Bateu o pé do chão, e um vórtice de terra se abriu do nada. Ela pulou em minha direção. E então não vi mais nada.
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