Pov’s Jack

Não sei o que mais me assustava, se era ter perdido muito sangue ou se era Rapunzel com seu cabelo que brilha. Eu não sei o que ela fez mas na hora que ela cantou uma musiquinha o cabelo dela brilhou e parei de sangrar.

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– S-Seu cabelo brilha?

– E não é só o brilho

– Não?

– Parou de sangrar? – Rapunzel tirou o meu casaco do local do ferimento

– Sim, parou

– E ainda está sentindo dor?

– Não... o que tem haver?

– Tem tudo a ver, o meu cabelo não só brilha mas ele também cura qualquer ferida ou doença

– Isso só pode ser brincadeira! – ameacei um sorriso

– Não, não é meu cabelo é mágico

– Rapunzel isso é incrível! Como? Por que? Desde de quando...?

– Acho que desde de sempre, mas meu cabelo tem um porém, ter ‘cabelos mágicos’ desperta ambição das pessoas. Imagine quantos médicos iriam querer comercializar meu cabelo para criar uma fórmula para cura, isso seria um grande conflito. Minha mãe disse que quando eu era pequena as pessoas tentavam cortar mas quando cortam – ela mostrou uma mecha castanha – ele fica castanho e perde o poder.

– Por isso você vive em um lugar tão afastado das pessoas?

– É

– Mas com você encontra suas amigas?

– Eu... eu... não tenho amigas...

– Como não tem?

– Eu vou ser franca, eu nunca sai daquela torre. Minha mãe sempre me protegeu lá e lá é meu lugar. Facilmente cortariam meu cabelo. Um poder desse deve ser preservado, pois é raro – ela disse em um longo suspiro e um olhar cabisbaixo

Olhei pra ela e já vi a cena, uma menininha que viveu a vida toda em uma torre sem nunca poder sair, vive reprimida naquele mundinho sem amigos, sem ninguém a não ser sua mãe e seu camaleão de estimação. Sozinha, ela talvez saiba o que é isso. Assim como eu ela não viveu com ninguém, não conheceu mais ninguém, não teve contado direto com a ‘sociedade’. Seria destino? Ou talvez muita sorte de conhecer a única menina com cabelos mágicos?

– Ham, bem – tentei puxar assunto com ela depois de uns minutos de silêncio – E seu pai?

– Mamãe disse que ele morreu quando eu era bebe

– Sua avó, ou outros membros da família. Algum sinal deles? – ela demorou pra responder ficou um tempo calada mas finalmente falou

– Minha família? Nem sinal deles. Minha mãe nem meu pai tinham irmãos, eram filhos únicos, ela disse que minha avó paterna sumiu do mapa. Já os meus avós maternos não a apoiaram quando ela se casou com meu pai, ela fugiu com ele e se mudaram pra Corona e eles nunca souberam nada sobre ela. Também disse que eles não se importavam com ela e que ela e nada era a mesma coisa. – não consegui responder em nada depois – As vezes eu penso se eles sabem que eu existo, que eu estou naquela torre, que minha mãe está sozinha.

– Então somos dois, achei que ninguém soubesse o que é viver isolado do mundo mesmo vivendo no mundo. Pode contar comigo.

– Posso – Rapunzel fez uma cara angelical quase que irresistível

– É claro que pode, só precisa confiar em mim

– Eu confio

...