Peeta se aproxima de mim e me abraça. Ficamos assim por um tempo, apenas sentindo a paz que esse contato proporciona. Estou quase avançando nos lábios dele quando o telefone – a extensão dele, na verdade – toca.

Eu atendo e é Haymitch, perguntando se a foto chegou, dizendo que o bebê está quase recebendo alta do hospital e me pedindo para colocar mais ração para os gansos dele.

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Após isso, Peeta fica um pouco comigo assistindo a um programa de auditório na televisão e depois vai para casa para “resolver algumas coisas da administração da padaria”, mas promete voltar à noite.

À noite, fazemos o mesmo de sempre: Jantamos, assistimos ao noticiário noturno e depois nos encaminhamos para o meu quarto, para dormir.

– Boa noite, Katniss – diz ele.

– Boa noite, Peeta – respondo.

Ele me abraça forte e eu me entrego ao sono.

***

Estou andando num corredor escuro. Não me lembro de ter estado aqui antes, e nem ao menos sei como vim parar aqui. Vejo uma porta e, relutante, giro a maçaneta.

Quando abro a porta, tenho uma visão que me faz gelar. Um homem pequeno, grisalho e com olhos de serpente. Presidente Snow.

Ele olha para mim e sorri, um sorriso sádico que me gela a espinha.

– Senhorita Everdeen, pensei que nunca mais a veria – diz ele, enquanto ajeita sua flor na lapela.

– Você estava morto! – exclamo. – Eu vi você morrer, eu vi!

– Digamos que eu tenha defesas que a senhorita desconhece – diz ele, e eu vejo seus olhos de serpente cintilarem. – Eu devia imaginar que você viria. Não iria aceitar que seu marido morresse sem fazer nada por ele.

É aí que eu me viro e percebo que há uma parede de vidro do outro lado da sala. Do outro lado do vidro, está Peeta deitado numa cama, amarrado e desacordado.

– Peeta! – grito, correndo para a parede de vidro. Eu esmurro o vidro, angustiada, mas não consigo derrubá-lo.

– Pensando bem, é até bom você ver a cena a seguir, para ver que sua rebeldia não adiantou de nada – diz o presidente Snow.

Eu me viro para olhá-lo, e ele está apertando um botão. No mesmo momento, ouço barulho de animais correndo e me viro para a parede de vidro. O que vejo é assustador: Bestantes de lobo, iguais ao que apareceram na primeira arena, foram soltos do outro lado do vidro e estão atacando Peeta. Ele acorda, mas tudo o que pode fazer é gritar, já que está amarrado.

O que sinto é desespero, desespero puro. Me debato contra o vidro, chorando desesperadamente. Gritos agudos e apavorados escapam da minha garganta, mas não há nada que eu possa fazer além de assistir Peeta tendo seu corpo mutilado até a morte. Ouço a gargalhada fria do presidente Snow.

“Katniss, acorde.”

De onde veio essa voz?

Katniss, é só um pesadelo. Está tudo bem. Acorde.”

Sinto alguém me sacudir levemente e me acordo num pulo. O que vejo não é mais aquela sala horrível, e sim o meu quarto. Estou sentada na minha cama e todo o meu corpo está tremendo. Um suor febril escorre pela minha testa. Vejo Peeta ao meu lado, com uma expressão preocupada no rosto.

Peeta.

Eu me agarro a ele, chorando desesperadamente. Estou tremendo da cabeça aos pés e soluçando loucamente. Preciso ficar perto dele, preciso sentir que ele está vivo, que ele está comigo, que ele não me deixou.

– Katniss, o que... – começa a ele.

– Era Snow, Peeta! Ele levava você e ordenava que bestantes te atacassem! Eu via você sendo atacado e não podia fazer nada! Eu via você morrer na minha frente!

Peeta percebe meu desespero e me abraça forte.

– Por favor, prometa que nunca vai me deixar! Prometa! – peço enquanto choro desesperadamente.

– Eu nunca vou te deixar, mas, por favor, se acalme – pede ele enquanto me afaga em seus braços. – Está tudo bem. Eu estou aqui, com você, e Snow está morto. Ele nunca mais irá fazer nenhum mal a nenhum de nós.

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– Era tão real, Peeta! Eu me senti tão impotente, tão desesperada!

– Mas está tudo bem agora. Foi só um pesadelo – ele me tranquiliza.

– Eu não suportaria perder você – digo, já me sentindo um pouco mais calma. – Eu... eu não saberia viver sem você.

– Eu estou aqui, com você, e sempre vou ficar, meu amor.

Meu amor.

Rompo o abraço e fico de frente para Peeta. Tento ver algum indício de constrangimento nos olhos dele, mas não há nada disso. Ele sorri para mim com ternura e tira carinhosamente uma mecha molhada da minha testa.

– O que foi que você disse, Peeta? – eu ouvi perfeitamente, mas quero que ele diga de novo, para eu acreditar.

– Você ouviu bem – ele diz sorrindo. – Eu vou sempre ficar com você, meu amor – ele enfatiza as duas últimas palavras.

Isso mexe comigo de forma inexplicável. Aproximo-me de Peeta e grudo meus lábios aos dele, num beijo suave. Ele me puxa para seus braços, reduzindo a zero qualquer distância entre nós. O beijo, a princípio suave, vai se aprofundando. Logo, minha língua está, mais uma vez, desbravando aquela boca que já me é velha conhecida. Peeta não fica parado. Logo, sua língua vem de encontro à minha para acariciá-la.

Estou sentindo novamente aquela coisa, aquela ânsia que senti na praia da segunda arena. Peeta acaricia meu rosto enquanto me beija, e eu decido fazer o mesmo com ele. Passamos minutos assim, nos beijando, parando apenas por alguns segundos para respirar, mas isso não me satisfaz. É como se a cada beijo, a minha necessidade aumentasse.

Quando sinto um calor estranho perpassar meu corpo, sei que, definitivamente, beijos não serão o bastante para me satisfazer por completo.