Capítulo 1

O vento balançava as árvores fazendo cair pequenas flores brancas em meu cabelo loiro como flocos de neve, mas ao mesmo tempo sobre o tumulo de meu pai, sim eu estava sobre seu tumulo, sobre o tumulo de meu herói mas ao mesmo tempo vilão dos meus piores pesadelos e juro que pude sentir uma lágrima escorrendo e finalmente caindo sobre a terra molhada.

Valentim pode não ter sido o melhor dos pais, mas ele era meu pai. Por mais que ele me batesse, com armas demoníacas para deixar arder, ele fazia isso para meu bem, para aprender a obedecê-lo, para ser um bom soldado cujo de tão sangue frio, poderia matar qualquer um sem um pingo de remorso e ainda nascer um sorriso nos cantos dos lábios.

Enquanto eu aprendia a arte da batalha e pintava com sangue, Jace aprendia a tocar piano e falar outras línguas. Enquanto eu matava pássaros a pedradas, ele os curava com direito a hospedagem em uma caixa macia Às vezes parecia que Valentim o amava mais que a mim, e certamente, eu não me importo e não será agora que irei me importar.

A única coisa que sinto é aquele vazio em meu peito como se ninguém me amasse, ou pelo menos me entendesse e acho que estou certo, afinal, quem amaria um monstro?! Quem amaria um demônio que só sabe destruir?!

Nunca senti algo por alguém a não ser ódio e desprezo, mas existem exceções, como Clary, seus cabelos ruivos como o central park no outono e suas bochechas sempre coradas e mostrando o quão humana e frágil ela é. E nas vezes que estou com ela – por mais que ela me odeie - eu me sinto de certa forma, um pouco humano. Meu demônio interior se isola quando a vejo, e só consigo sentir o que era para eu ser, um tipico adolescente preocupado com a faculdade ou garotas, mas infelizmente Valentim não me criou para essas proezas, eu fui treinado para ser o melhor, o herdeiro do mundo e minha sede de sangue não irá se acabar até que o corpo de meu adorável irmão esteja em meus braços, morto, pois assim que isso acontecer, Clary vai me ver como o homem perfeito para ela, o homem que a desiludiu por ter acreditado amar um garoto fraco que nem sequer conseguiu se proteger.

Deixo uma rosa escarlate ao lado do tumulo de meu pai e entro dentre as sombras.