Um começo diferente

Xeque Mate!


Todos estavam muito agitados naquela tarde.

Kim e Teresa não saíram para poder ajudar Mary com o jantar, assim como Gregory dissera.

– Teresa, sabe o que eu estava pensando? – perguntou Gregory entrando na cozinha

– Não. O que?

– Você poderia fazer uma torta de amora, o que acha? – Teresa nada respondeu, apenas riu.

Quando Greg e Mary ainda eram namorados, Teresa aproveitara uma tarde que os dois saíram e a deixaram sozinha, para pegar o livro de receitas da mãe e arriscar alguma coisa.

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O resultado foi (além de uma pia repleta de louça) a melhor torta de amora que Gregory e Mary tinham alguma vez provado.

Desde então, Gregory aproveita cada oportunidade que tem para pedir à sua enteada que ela prepare sua especialidade.

E, desta vez, Teresa o fez.

Pegou todos os ingredientes necessários e os colocou em cima da pia.

Kim os guardava na medida em que eram usados, para ajudar a irmã, e em pouco tempo a torta já estava pronta para ser levada ao forno.

– Pronto! É só esperar dourar... – anunciou Teresa

– Ótimo! Agora eu quero as duas subindo, tomando banho e colocando a melhor roupa! – ordenou Greg – Eles devem chegar aqui em breve...

– Mas, Greg, eu ainda preciso de ajuda aqui com a mesa – disse Mary

– Não tem problema, quando elas terminarem de se arrumar elas põe a mesa.

Já eram seis e quarenta quando as duas meninas desceram bem vestidas e perfumadas para terminarem de ajudar a mãe.

Teresa estava com uma calça capri de cintura alta, uma camisa desenhada com pequenas flores e os primeiros botões abertos, e uma camiseta básica azul por baixo. Já Kim usava um vestido cor de rosa sem estampa e uma tiara com enfeite de flor nos cabelos.

– Muito bem meninas! – parabenizou Mary ao ver o trabalho das duas, tanto na mesa de jantar, quanto em sua aparência.

– Estão lindas, princesinhas do papai! – disse Greg e abaixou para abraça-las

Não tardou muito para que Alex e Patrick Jane chegassem, apesar de seu pequeno atraso de quinze minutos.

Teresa correu para abrir a porta assim que ouviu a campainha soar.

Alex Jane era muito diferente do que ela imaginava. Ele era esguio, tinha os cabelos castanhos escuro levemente bagunçados e seu olho era azul acinzentado. Ele não aparentava a idade que tinha... Parecia alguns anos mais velho. Porém essa era uma coisa que Teresa nunca admitiria para ninguém, pois ia contra a educação que seus pais lhe haviam ensinado.

– Boa noite, pequena! – disse Alex sorridente – Seu pai está?

– Está sim, senhor Jane. Estávamos esperando pelo senhor... Por favor, entre! – convidou Teresa

– Obrigado! – Alex entrou na casa, e Teresa pôde ver seu filho atrás dele.

Patrick Jane também era diferente do que Teresa imaginava.

“Diferente não... Melhor!” pensou ela.

Ele tinha cabelos loiros, era alguns centímetros mais alto do que ela, seu sorriso era perfeito. E seus olhos... “Oh... Que olhos” Azuis claríssimos, que não apenas representavam sua cor favorita, como também tranquilidade.

– Boa noite! Eu sou Patrick Jane – disse ele e estendeu sua mão, porém, ao contrário do que Teresa pensava, ele não chacoalhou a mão dela em um cumprimento, mas levou-a até seus lábios e beijou delicadamente, como um cavalheiro. Teresa corou e sorriu.

– Boa noite, eu sou Teresa Lisbon – respondeu ela

– Teresa... Lindo nome!

– Obrigada – Teresa sentia não apenas suas bochechas arderem, mas seu rosto inteiro.

Patrick seguiu cumprimentando os outros moradores da casa, mas Teresa não prestara muita atenção na conversa.

Foi apenas quando ouviu sua mãe anunciar que o jantar estava servido que ela saiu do mundo das fantasias e voltou para o planeta Terra.

Durante o jantar, Greg relembrava de como havia conhecido Alex e também sobre todas as histórias engraçadas e improváveis que os dois viveram juntos.

Teresa, que prestava bastante atenção na conversa, descobriu que Patrick era conhecido no circo como o “Garoto Maravilha” por conta de seus dons de leitura da mente. Mas também descobriu que tudo aquilo não passava de uma simples leitura corporal. Armação.

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Quando o jantar estava quase no fim e a hora da sobremesa se aproximava, para a alegria de todos, Alex disse que estava mudando de cidade pois percebera que estava dando um mal exemplo ao seu filho. Que enganar as pessoas é errado, e que agora ele queria que Patrick tivesse boas companhias para que se tornasse um homem melhor do que ele.

Gregory aplaudiu a decisão e ofereceu ajuda no que fosse necessário.

Teresa considerava em sua mente se era esse o motivo da visita, quando, passeando com seu olhar pela sala de jantar, pegou Patrick Jane com os olhos sobre ela.

Era pouco provável que fosse apenas uma coincidência, pois eles estavam sentados em lugares distantes um do outro, e Teresa teve a confirmação de que ele olhava propositalmente para ela quando, no encontrar dos olhares, Patrick desviou-o e passou a encarar seu prato vazio.

Porém tímido Patrick Jane não era... Então, cedo ou tarde, ele encontraria um modo de conversar com a pequena morena de olhos verdes que o deixou impressionado por sua beleza natural.

Mary foi até a cozinha e voltou com a torta que Teresa fizera, disposta em um prato grande. Gregory, sem aguentar a ansiedade, pegou a espátula e dividiu a torta em oito pedaços enquanto Mary os colocava nos pratos.

A sobremesa fora igualmente admirada, tanto pelos pais, quanto pelas visitas.

– Foi Teresa quem fez! – exclamou Mary, orgulhosa

– Teresa... – começou Patrick – Você cozinha divinamente!

– Obrigada! – respondeu a menina envergonhada.

Como num passe de mágica, a torta desapareceu dos pratos de todos e os adultos seguiram para a sala, onde a conversa teria continuação, deixando Teresa, Patrick e Kim à sós.

– Então Teresa... – disse Patrick – O que mais você sabe fazer bem?

– Ah, eu... Sou campeã de xadrez...

– Tem algum tabuleiro onde possamos jogar?

– No escritório... – intrometeu-se Kim – Sabe, Patrick, eu vivo pedindo para Teresa me ensinar a jogar... Mas ela nunca o faz – mentiu Kim, e Patrick percebeu a mentira

– Ótimo! Você pode aprender enquanto nos assiste jogar...

Bem, essa não era exatamente a resposta que Kim Fischer esperava, mas antes isso do que nada.

Todos os jovens se dirigiram até o escritório, e cada um se posicionou em seu lugar: Teresa do lado das peças claras, Patrick do lado das peças escuras e Kim em uma cadeira ao lado do tabuleiro.

O jogo começou, e Kim, tentava de diversas formas entrar em algum assunto com Patrick, mas ela não teve sucesso.

Foi então que Gregory Fischer apareceu na porta do escritório, encontrando-os, e disse:

– Kim, vá ajudar sua mãe a tirar a mesa...

– Depois eu vou, pai, agora estou jogando xadrez – respondeu a menina sem tirar os olhos do tabuleiro, por mais que não conseguisse entender nada do que se passava no jogo.

– Patrick e Teresa estão jogando xadrez... Não você. Agora vá ajudar sua mãe com a mesa!

Kim revirou os olhos e saiu do escritório para a sala de jantar, deixando Patrick e Teresa sozinhos com seus sorrisos tímidos.

– Então quer dizer que você consegue ler o pensamento das pessoas?!! – indagou Teresa

– Sim... Agora mesmo você está pensando “Que bom que ele não pode realmente ler os pensamentos” – constatou Patrick fazendo Teresa rir – Por que não chama o senhor Fischer de pai? – Teresa espantou-se com a pergunta – Sabe?! Kim chama a senhora Lisbon de mãe, apesar de ser a madrasta...

– Meu pai morreu em um acidente de carro, mas antes disso nós éramos muito amigos... Greg nunca será como o meu pai!

– Entendo... Mas pelo menos você e sua meio irmã são próximas...

– Eu e Kim? Próximas? – Teresa soltou uma gargalhada irônica – Ela está apenas tentando parecer gentil...

– É de se entender – Patrick riu um pouco – Filha única... Mimada pelo pai – constatou – Você, por outro lado... Três irmãos, não é?! – Teresa assentiu com a cabeça – Não que seus pais não te mimassem, afinal você é a mais velha e a única menina, mas você sempre soube dividir a atenção... – Patrick moveu um peça do tabuleiro – Xeque!

– Hum, você é bom... – disse Teresa analisando o jogo – Mas não tanto como eu – ela então faz sua jogada – Xeque Mate!

– Nossa... Eu perdi para uma garota! – disse Patrick em tom de brincadeira e Teresa riu

– Campeã por quatro anos seguidos na escola! – Teresa levantou-se e estendeu sua mão para Patrick apertar, e ele assim o fez.

– Você está estudando naquela escola aqui perto? – perguntou Patrick

– Sim

– Eu também... Eu estava pensando se... Poderíamos ficar juntos no intervalo... É que eu sou novo, ainda não conheço ninguém...

– Claro! – respondeu Teresa

– Patrick, filho, está na hora de irmos... – Alex gritou desde a sala

– Bom, eu tenho que ir... Foi um prazer conhecer você Teresa! – ele se abaixou um pouco e a abraçou.

– O prazer é todo meu! – disse ela envergonhada

Patrick se despediu dos outros, assim como também seu pai, e saíram da casa para irem até seu carro, e depois se foram.

Teresa não quis conversar mais aquela noite, apenas colocou sua camisola azul e se deitou em sua cama e olhando para o teto, pensando em Patrick Jane, adormeceu.