A janela vizinha

Hermione


Hermione ficou matutando as palavras de Draco por horas e horas, sentada silenciosamente na estufa. O remorso parecia um bicho com febre dando voltas e voltas em sua barriga.

Você reclama por que Draco é um estúpido e grosso, mas você não é tããão diferente não, querida...

Então uma única lágrima correu pelo seu rosto e pingou em seu braço.

Sua irritante voz interior continuava a falar. E no meio da verborreia de sua consciência, ela percebeu uma coisa. Draco definitivamente queria alguma coisa a mais com Hermione, e ela queria também. Sempre tivera uma quedinha pelo rapaz. Mas ultimamente, ela tinha aumentado, e virado uma réplica em tamanho real do Grand Canyon, e ela só percebera agora.

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– Estúpida, estúpida, estúpida! - Ela disse batendo repetidas vezes na cabeça - É claro que ele estava te dando indiretas, pra uma menina inteligente você é bem burra, Hermione.

Ela dizia para si mesma. A lua já brilhava no céu escuro quando respirou fundo para bater na porta da casa do louro... mas não bateu. Subiu até seu quarto e ligou para Ronald.

– Hermione..!

– Me deixa falar.

– Uau, tudo bem...

– Escute, Ronald, se você pensa que eu sou idiota ou alguma coisa assim...

– Não é o que você pensa!

Palmas para Hermione. Boa! Arrancou alguma coisa!

– O quê não é o que eu penso?! - Ela disse com raiva.

– Eu não estou te traindo com a Lilá, eu só...

– Ah, muito obrigada, Ronald. Eu não sabia que você estava com ela também.

– E-e-e-eu... Não est-tou...

– Eu não sou idiota, Ronald.

– Me desculpe, Hermione. Eu juro que nem falarei mais com ela!

– Faça o que você quiser com ela, Weasley. Eu não quero saber mais de você. - Ela dizia com uma calma cruel.

– Hermi...

– Cale a boca. E não me procure mais.

E simplesmente desligou. Se sentia culpada e aliviada ao mesmo tempo. Seu sorriso ofegava, e ela desceu correndo pelas escadas.

– Hermione! Onde vai? - Sua mãe perguntou.

Não respondeu, e aos tropeços foi saindo porta à fora.

Bateu com força na porta e esperou ofegante.

Draco apareceu depois de uns dois minutos. Em um segundo, Hermione registrou olhos vermelhos e cansados, cabelo bagunçado, sem camisa, rosto vermelho e arranhado. E sem pensar em mais nada, pulou em seu pescoço e lhe lascou um beijo.

Não, idiota! E se ele não quiser te beijar?! Você erra os cálculos de vez em quando, sabia?!

Ela sabia, mas pouco lhe importava. Draco ficou paralisado por um momento, mas logo a abraçou pela cintura e aumentou o ritmo do beijo. Hermione se afastou sorrindo. Draco revesava entre rir e ofegar. O rapaz deu um beijo curto na garota e sorriu novamente.

– O que diabos deu em você? - Ele perguntou sorrindo e fechando a porta atrás dela.

– Eu sou um pouco devagar para algumas coisas... - Ela riu, mas seu rosto se fechou, e mordeu o lábio inferior - Eu acho que eu te amo, Draco.

O rapaz arfou, fechou os olhos e sorriu.

– Eu tenho certeza de que te amo, Granger.

Ela sorriu de canto e desviou o olhar.

Ele a pegou pela cintura e a prensou contra a parede.

– Tem algum ruivo no caminho? - Ele perguntou, erguendo a sobrancelha.

Ela sorriu e fez que não com a cabeça.

– Ótimo, estava querendo fazer isso já faz um bom tempo...

Ele a beijou, dessa vez deslisando as mãos pelo corpo da garota.

– Draco..?

Os dois olharam para o lado e viram os pais de Draco.

– Vocês não estavam viajando? - Draco perguntou confuso.

– Estávamos... - Os dois disseram juntos.

– Ah... Sei.

– Vocês dois não se odiavam? - O pai de Draco perguntou.

– Não mais... - Draco respondeu, comprimindo os lábios e erguendo os ombros.

– Estou vendo... - A mãe disse rindo - Bem, se divirtam, estamos lá em cima.

– Hermione riu e eles se afastaram um pouco.

– Eu vou...

– Fica. - Draco a cortou.

– Não posso... Desculpa. - Ela sorriu, os dois se beijaram pela última vez na noite e ela saiu.

Com a mão sobre a boca, ela riu. Não podia acreditar naquilo.

– Onde esteve? - Seus pais perguntaram ao entrar.

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– Fui falar com Draco... - Ela disse indo para seu quarto.

E bateu a porta, se trancando lá dentro. Ficou olhando a janela ao lado, e se imaginando criança novamente, olhando para o rosto pálido de um menino sem nome e com olhos cor de metal, quando esse rosto apareceu por entre as cortinas e lhe sorriu, apaixonado.