Surviving the love.

Capítulo 44: Máscaras.


– Ovos! Adoro ovos no café! – comemoro assim que entro na cozinha e vejo Carol.

Não foi fácil dormir. Uma parte de mim mandava-me contar o que aconteceu comigo a Patrick, outra sentia tanta vergonha que não aguentaria ver sua reação. Isso é uma parte muito importante da minha vida que precisa estar na confiança de alguém.

Mas Patrick é meu namorado e precisa saber disso. Tenho que confiar nele, ele é tão adorável comigo — mesmo tendo uma reação daquela — poderá me entender e ate mesmo me fazer esquecer o que aconteceu.

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– Eu vou precisar de sua ajuda. Estou atolada com os problemas de WE, preciso de uma auxiliar. Você topa? – ela pergunta.

– Vou ganhar salário com isso? É bem importante, afinal, é trabalho escravo. – brinco dividindo meu tempo em falar e comer os ovos.

– Se encontramos uma nota nesse mundo, ela será sua.

– Ótimo! Vou esperar com muita ansiedade.

Termino meus ovos mexidos e vou arrumar minha cama. Estou feliz em fazer algo de útil nesse dia, assim posso pensar melhor em como contar a Patrick o que aconteceu comigo. Encontro com Carol e saímos. Está um bom dia de sol, bastante sol.

– Por onde vamos começar? – pergunto animada, tentando acompanhar seu ritmo na caminhada.

– Começaremos pelos danos nos muros, depois as mortes e por último, a colheita do mês. – ela me responde apressada.

– E onde Daryl Dixon se encaixa nesse dia tão agitado?

– No final da tarde, visitaremos seu pai. – ela fica em silêncio. – Posso te fazer uma pergunta? Por que nunca chamou Daryl de pai?

– Minha mãe nunca chamou Daryl de pai perto de mim. Ela sempre dizia que pai era quem cuidava e essas coisas... Acabei me acostumando a chama-lo assim. – conto.

– Daryl foi embora? O que aconteceu?

– Ele acabou sendo preso. Minha mãe falou que ele não queria me visitar por sentir vergonha. Estranho né?

– Sim... Muito. – ela concorda pensativa.

Dei de ombros e continuamos a andar. Mich e Ty contaram que os tiros atraíram mais zumbis para cá e realmente, nossos muros estavam cheio deles. Precisávamos inventar algo para afastar os zumbis dos muros e acabamos com eles. Mesmo querendo me intrometer, fiquei quieta no meu lugar ouvindo tudo. Eu queria poder relatar como estava acontecendo às mudanças em WE. Com a chegada e ameaças de Negan, nossas mudanças serão muitas.

Depois de uma grande conversa, Carol e eu saímos para o outro ponto, o mais triste. Fomos ate o nosso cemitério improvisado para vermos quantas pessoas perdemos. Jesus, Abraham e Glenn abriam as covas para os mortos, pelo que contei, eram 10 covas ao todo.

– Foram perdas grandes. – Carol suspirou.

– Todos não tinham famílias, exceto por Noah, mas sua mulher não quis fazer um enterro. Trágico. – Jess comentou.

– E quantas pessoas restaram?Como está nossa cidade? – sei como é estranho ter uma reação como Carol teve, mas essa é a nossa situação de hoje. Não devemos sofrer por muito tempo.

– Rick e Maggie estão cuidando disso agora. Eu ainda não sei, mas parece que temos, no máximo, 45 pessoas, sem contar com o meu filho. – Glenn respondeu, pude sentir uma animação em falar no bebê com Maggie.

– Verei isso com eles. – Carol fala antes de sair.

Enquanto a sigo, vejo como parece que tudo está bem em WE. Depois do ataque, das perdas, as pessoas parecem esquecer e volta a tudo ser normal. Eles não sabem como é difícil tentar manter uma cidade longe de zumbis e inimigos. Como sinto raiva disso.

– Você poderia fazer assado no jantar, não acha mãe? – sem querer, a palavra mãe escapa da minha boca, novamente.

Carol demora a responder por alguns minutos. Sinto-me arrependida em chama-la de mãe novamente, talvez ela não goste ou não quer que ninguém a chame assim, não mais.

– Claro; querida! – ela responde sorrindo.

O prédio do conselho fica, praticamente, no centro de WE. É um prédio antigo, avermelhado. Não é tão grande, tem apenas dois andares, mas varias salas e janelas para fora. Parece muito com nosso centro de enfermagem, mas é totalmente diferente, tem pessoas trabalhando.

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Carol entra na sala e eu sento no sofá, ao lado de Lauren. Faz tempo em que não vejo Lauren, ela acabou ficando de castigo e não podia sair de casa. Seu pai estava conversando com Rick e Maggie sobre as rondas e busca por mantimentos que teríamos.

– Preciso te contar uma coisa. Eu estou confiando em você. Por favor, não me magoe. – peço.

– Tudo bem... Pode contar. – ela me garante.

Lauren era minha melhor amiga depois da minha irmã. Eu preciso perguntar a alguém o que devo fazer, alguém de fora, Mika me diria que eu não deveria contar, que isso precisava ficar somente em família. Preciso de uma opinião realista.

– Você sabe o que aconteceu comigo, não sabe? – ela assente com a cabeça. – Você sabe que nunca contei a Patrick... Mas desta vez, acho que tenho que contar. Patrick é confiável?

– Nunca contei meus segredos ao Patrick, mas ele é alguém confiável. Ele te ama e vai te entender como eu te entendi.

Lauren está certa, eu devo contar. Ele me ama e vai entender, isso é algo trágico para acontecer com qualquer pessoa. Ele me entenderia.

– Vamos Lauren... Você ainda está de castigo. – o pai de Lauren corta o clima, chamando-a para ir embora. Lauren revira os olhos e me abraça antes de ir.

Vou ate a mesa onde Carol, Rick e Maggie ainda estão discutindo. A mesa está cheia de papeis com todas as informações de WE. Os resultados da colheita estavam ótimos, Glenn estava certo, tínhamos 45 pessoas sem contar com seu bebê. Os reservatórios d’água estavam cheios. Nosso gestor de energia funcionava perfeitamente. Nada de errado.

– Isso seria um atrativo a Negan. – Rick disse.

– Nossa maior preocupação hoje, é ele. – Carol fala. – Precisamos de mais guardas nos portões, em todos os portões.

– Não temos homens suficientes para isso. Homens corajosos. – Rick concerta.

– Precisamos fazer mudanças vigorosas na cidade, caso tenhamos outra guerra com Negan. – Maggie fala.

– Certo! Amanhã teremos a festa da colheita, junto a isso a saída de Daryl. Podemos discutir isso em casa, com todos do conselho reunidos. – Carol fala.

Os dois concordam. Carol tem um dia exaustivo, não é fácil ter que cuidar de tudo dentro de uma cidade dentro do apocalipse zumbi. Mas o bom é que no final disso tudo, vou ver como Daryl está. Encontramos com Mika no centro de enfermagem, ela ficou brava por não chamarmos ela, mas Carol conseguiu contorna-la.

– Você soube Daryl? Voltará para casa amanhã. – Carol conta animada a Daryl.

Ele está bem melhor, não parece que levou um tiro na barriga. Consegue sentar normalmente na cama e está entediado por ficar sozinho.

– Vou poder tomar umas boas cervejas amanhã no festival. – Daryl comemora.

– Vamos com calma... Você não vai poder passar de duas cervejas. – Mika retruca.

– Vai ter que se contentar com duas. – debocho dele.

– Vocês duas... – ele aponta para mim e Mika. – São minhas pestinhas preferidas.

Nós abraçamos rápido. Carol contou tudo que está acontecendo em WE e contou como foi o ataque de Negan. Daryl está louco para sair dessa cama, voltar a ficar forte para arrebentar a cara de Negan. Ele é engraçado quando está impossibilitado.

Sem que ninguém percebesse, eu saí da sala e fui ate lá fora. Esse era o momento perfeito para conversar com Patrick sobre o que aconteceu comigo, não tinha ninguém no meu pé e poderia ser somente nós dois.

Achei estranho não encontrar Carl por hoje, ele não saiu de casa? Antes mesmo que terminasse de pensar nisso, Carl veio correndo ate mim. Ele parou ao meu lado, recuperando seu fôlego completamente ofegante.

– Eu preciso te contar uma coisa...

– Não Carl... Eu tenho que procurar por Patrick. – volto a andar, mas Carl não me deixa.

– É sobre ele. Você precisa saber. – ignoro-o falando e continuo.

Estranho é ver Patrick conversar com Isabelle. Ele não me vê pois está de costa para mim. Carl tenta me impedir de continuar, isso está muito estranho, ele está muito estranho. Quando me aproximo totalmente de Patrick e consigo ouvir sua conversa, começo a chorar. Nunca imaginei que ele pensaria isso de mim.

– Ela é uma vadia. Uma verdadeira vida. Só estou com ela por sexo, desde o começo. Emma é uma garota que se apaixona fácil, só não consegui tê-las em mãos. Ela foi estuprada, deve saber como excitar um homem.

Rapidamente as lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto. O sorriso nojento de Isabelle me fazia sentir ainda mais raiva, Patrick finalmente virou-se e encarou minha imagem, perplexo. Estava tão magoada, com o coração destruído e não sabia o que fazer ou falar.

– Você é um grande filho da puta. Idiota! Eu... Eu me apaixonei por você e é assim que você me trata? Me chamado de vadia? Ser estuprada não é excitar os homens. É horrível! E você... – aponto para Isabelle. – É uma vadia. A verdadeira vadia em questão.

– Não mandei roubar meu namorado. – ela retruca.

– Seu namorado?! Eu não roubei nenhum namorado de ninguém. Carl terminou com você porque quis. Eu não mandei.

– Você ficava se exibindo para ele. Fale a verdade. Queria estar com nos dois ao mesmo tempo, porque sente a garota mais especial do mundo. Você é uma verdadeira vadia! – Patrick me insulta.

Minha única reação foi dar um soco na cara de Patrick. Foi o soco mais forte que conseguir dar, e mesmo querendo parar, dei outro em Isabelle. Ela caiu no chão, eu iria para cima dela, mas Carl me segurou e praticamente me arrastou ate em casa.

– Carl vai embora! Vai embora! Eu não quero conversar com você! Eu não quero falar com você! – começo a bater no peito dele. Ele segura minhas mãos e me encara por alguns segundos, e depois, me abraça.

Foi momentâneo, eu me confortei no seu abraço e continuei a chorar. Carl parecia me entender ou eu só precisava de um ombro amigo para chorar. Será que todas as coisas ruins que acontece comigo precisam ser catástrofe?

– Eu sou uma pessoa muito má. – choramingo encarando Carl.

– Você não é uma pessoa má. Só é uma pessoa boa a quem coisas ruins acontecem. – ele sorri torto. Como é lindo esse sorriso.