Ainda é cedo...

Prólogo


"Uma menina me ensinou
Quase tudo que eu sei
Era quase escravidão
Mas ela me tratava como um rei

Ela fazia muitos planos
Eu só queria estar ali
Sempre ao lado dela
Eu não tinha aonde ir

Mas, egoísta que eu sou,
Me esqueci de ajudar
A ela como ela me ajudou
E não quis me separar

Ela também estava perdida
E por isso se agarrava a mim também
E eu me agarrava a ela
Porque eu não tinha mais ninguém"
(Ainda É Cedo - Legião Urbana)

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Prólogo: Ainda É Cedo


Era mais um dia. Mais um dia de céu azul límpido e alegre. Isso só o deixava mais triste. Parecia que o mundo estava feliz depois daquilo. Era injusto. Como raios o mundo podia parecer bonito depois de tudo o que aconteceu? Se ele pudesse controlar o tempo, deixaria tudo escuro e triste. E choveria. Muito.

Com esses pensamentos em mente, ele nem notou quando a aula acabou, exceto pelo som que assinalava a hora de sair. Calado e de cabeça baixa, arrumou as suas coisas e se dirigiu à porta.

Era uma rotina que cultivava o vazio que se agarrara ao seu peito como uma erva daninha e que sugava a sua vontade de viver. Ele simplesmente andava até ficar sem forças sequer para pensar. Parecia que Shu vivia celebrando uma lúgubre missa para os mortos. E viva repetindo para si mesmo:

Inori morreu...

... e com ela se foi a minha vontade de viver.

-x-

Fazendo o familiar percurso para a sua casa, ele ia se lembrando de tudo o que passara. E que nada fora de grande ajuda para derrotar o GHQ. Aquilo era um maldito fogo-cruzado que o arrastara para o Inferno. Mas, se não fosse isso, ele não teria conhecido ela...

- Inori... - o som saiu de seus lábios como uma oração.

Mas, se ele não a tivesse conhecido, não estaria sofrendo. E, se ele não a tivesse conhecido nesse inferno que sugara os dois para uma batalha de vida ou morte, eles se conheceriam de outra forma? Provavelmente não. Por que as circunstâncias foram tão adversas? Por que eles não poderiam ser estudantes normais que acabariam se apaixonando e se casando? Constituindo uma família? Tendo levado uma vida com preocupações tão prosaicas, tão pequenas, que nem ligariam para a batalha que se desfraldava entre o Funeral Parlor e o CHQ?

Uma lágrima solitária desceu por um de seus olhos, riscando a face como o afluente de um rio.

Ela, às vezes, lhe dava medo. Sim, isso ele admitia. Mas ele não a amava.

Ele aprendeu a amá-la. Era diferente. E talvez graças a isso, ou justamente por isso, que era mais intenso. E mais sofrido.

Ela morreu.

E os últimos olhos que ela viu foram os meus.*

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Com esses pensamentos, mal notou quando chegou em casa e se dirigiu ao quarto. Ia se jogar na cama, mas já havia alguém sentado nela.

- Olá, Ouma-kun - disse um garoto de uns 14 anos, com cabelos pretos que iam quase até o chão, um manto que parecia feito de petróleo e olhos azuis e tristes, como se o céu fosse chorar, e não chover. Ele sorria de um modo triste, como se tentasse não chorar, acentuando a melancolia em seus olhos. Aquela expressão parecia bizarramente familiar, mas Shu não sabia o porquê - Eu estive te esperando.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.