Beauty Queen

Capítulo 16


Capítulo 16

Já amanhecia, o sol aparecendo timidamente no horizonte. Selene, Susana e Lúcia esperaram até que todos tivessem ido embora para que pudessem se aproximar do corpo de Aslam, estirado sobre a Mesa de Pedra, amarrado e sem o pelo majestoso de sua juba. Lúcia rapidamente subiu pelos degraus e se sentou na Mesa, ao lado de Aslam, enquanto Selene e Lúcia permaneciam em pé, perto da cabeça dele.

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Todas três ainda choravam.

Lúcia pegou o elixir que trazia no cinto e tentou abrir a tampa para pingar sobre a boca entreaberta do leão.

– Não... – disse Selene, entre soluços, segurando a mão da amiga para impedi-la. Lúcia olhou confusa para a menina.

– É tarde. – disse Susana, também soluçando. – Se foi.

Susana e Selene também subiram na Mesa e se sentaram ao lado do leão, deitando sobre e chorando.

– Ele sabia o que estava fazendo. – disse, olhando para Lúcia, mas acariciando o cabelo de Selene.

Selene forçava-se a parar de chorar, sabendo que dentro de alguns minutos ou algumas horas, tudo ficaria bem, tudo daria certo. Mas ver a morte de Aslam com os próprios olhos era completamente diferente de apenas ter consciência disso.

Ouviram um barulho vindo das cordas que amarravam o leão e Selene foi a primeira a levantar a cabeça, vendo ratos roendo-as. Susana e Lúcia logo os viram também.

– Saiam daí... Todos vocês! – disse Susana, tentando espantá-los.

– Não, olhe! – disse Selene.

Observaram enquanto os ratos retiravam as cordas. Susana logo se apressou a ajudar e Lúcia tirou as cordas que prendiam o focinho dele. Susana observou enquanto Lúcia e Selene secavam as próprias lágrimas.

– Temos que contar aos outros. – sussurrou.

– Mas não podemos deixá-lo. – disse Lúcia.

– Eu não quero deixá-lo. – completou Selene.

– Eles precisam saber. – insistiu Susana. – Não há tempo.

Lúcia e Selene olharam em volta, ouvindo o barulho do vento carregando as folhas.

– As árvores. – sussurrou Lúcia.

~*~

Edmundo e Pedro conversavam, dentro da tenda deles.

Sobre garotas.

– Eu sei, cara, eu sei. – disse Edmundo.

– Então finalmente assume que Selene é muita areia pro seu mini caminhãozinho? – perguntou Pedro sarcasticamente para o irmão, rindo.

– Sim, ela é muita areia pro meu mini caminhãozinho! – falou Edmundo, imitando a voz de Pedro, mas logo lhe tacando um travesseiro na cara. – Ah!, mas sei lá... – disse ele, voltando a se deitar e cruzando os braços sobre o peito, olhando para cima. – Acho que eu estou... – engoliu em seco, jamais dissera essa frase antes. – Acho que estou...

– Será que dá pra assumir logo que está apaixonado por ela?! – disse Pedro, fingindo estar nervoso.

– Será que dá pra ter paciência?! – retrucou o mais novo. – Não é fácil admitir isso não! – soltou um longo suspiro e logo depois voltou a respirar fundo.

Apenas vinte segundos de coragem, Eddie!, disse para si mesmo, aflito. Você consegue!

– Tá, tudo bem! Eu assumo! – contou que tinha ainda mais quinze segundos. – Eu estou apaixonado pela Selene.

A tenda ficou silenciosa. Pedro não imaginara que seu irmão iria realmente admitir algo que jamais conversara antes com ninguém. Pensou que ele iria enrolá-lo até que se desviassem do assunto; mas não.

Ele realmente admitira que amava Selene.

Edmundo de repente se assustara com o silêncio que o irmão fizera. Levantou-se da cama e o encarou surpreso.

– Não vai rir, falar que bobeira ou até mesmo dizer que estou mentindo?!

– Não. – respondeu Pedro. – Por que faria isso?

– Quem é você e o que fez com meu irmão?!

Pedro riu. - Sei lá, só não achei mesmo que você ia admitir.

– Não adiantava negar mesmo. - Edmundo deu de ombros.

– Mas você sabe que um dia vamos voltar pra casa, não sabe? - perguntou Pedro seriamente.

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– Eu sei. - admitiu o moreno. - Mas só quero aproveitar enquanto ainda estou do lado dela.

Pedro sorriu, sabendo que agora a felicidade de Edmundo dependia de uma garota. Uma garota forte, independente, misteriosa e que, definitivamente, era muita areia pro caminhãozinho dele. A tenda ficou novamente silenciosa. Exceto pelo som do vento que batia na entrada da tenda. De repente, flores entraram na tenda, formando a imagem de uma mulher. Pedro, por instinto, desembainhou a espada.

– Preparem-se, meus príncipes. – era apenas uma dríade. – Trago más notícias de suas irmãs e da feiticeira.

Eles se entreolharam, prevendo o pior. O que, na realidade, era.

~*~

Uma grande águia sobrevoava o campo de batalha, tentando avistar o exército inimigo. Edmundo, que operava com os guerreiros da retaguarda, estava aflito - mas aliviado por saber que Selene não participaria desta carnificina. Sabia que ela era capaz, sabia que ela podia vencer todo aquele excército sozinha, pois tinha força, habilidade e determinação - além de contar com uma ajudinha extra dos feitiços da neve que conhecia. Mas só porque Edmundo sabia que ela era capaz, não queria dizer que ele queria vê-la ferida.

A águia pousou ao lado de Pedro, que liderava as linhas de frente juntamente Oreius.

– Chegaram, Alteza. – disse a águia. – Em número e arma que superam em muito os nossos.

– Números não vencem batalhas. – disse Oreius, tentando tranquilizar o menino.

– Não. – respondeu o loiro. – Mas aposto que ajudam.

Ao longe, apareceu apenas um minotauro que subia a pequena colina. Ele levantou a foice que carregava e guinchou, rugindo. Fez sinal para que quem que estivesse atrás si, avançasse. E então apareceram milhares de soldados. Minotauros, anões, orcs e gigantes eram os que mais se viam. Mas havia também outras espécies de seres, todos provavelmente das profundezas de Nárnia.

A Feiticeira pôde ser vista ali no meio, em uma biga de ferro puxada por dois ursos polares. Em sua mão via-se o cajado de gelo e em volta de seu pescoço, algo que parecia um colar de pelos. Era o pelo da juba de Aslam. Pararam por um instante. Ambos os exércitos se analisando, procurando romper a forte barreira de ambos os lados.

Pedro deu rápida olhada para trás, para seu irmão Edmundo. O moreno apenas assentiu com a cabeça, encorajando o mais velho a seguir em frente e não desistir. Pedro voltou-se para frente e desembainhou a espada. Os guerreiros narnianos manejaram as armas e gritaram de entusiasmo e coragem.

– Não tenho interesse em prisioneiros. – disse a Feiticeira para seus aliados, ao ver a coragem do outro exército. – Matem todos.

O exército da Feiticeira urrou e avançou em direção ao outro.

Edmundo desembainhou a espada e respirou fundo, prometendo a si mesmo que se manteria vivo para ver Selene mais uma vez. O exército narniano esperou pelas ordens de Pedro. Pedro fez sinal para que as aves sobrevoassem o outro exército, prontas para atirar-lhes pedregulhos pesados o suficiente para esmagá-los.

– Você está comigo? – perguntou Pedro a Oreius.

– Até a morte. – respondeu o centauro.

– Por Nárnia e por Aslam! – gritou Pedro, puxando a linha de frente em direção aos inimigos, prontos para a batalha.