Beauty Queen

Capítulo 12


Capítulo 12

Finalmente.

Eles chegaram até o acampamento do exército de Aslam.Andaram pela relva verde, vendo as tendas vermelhas e douradas se estenderem por vários metros à sua frente. Animais de todos os tipos estavam ali. Várias espécies encontradas na Terra e outras que sequer chegaram a imaginar um dia que existiam: faunos, centauros, enormes águias, grifos e muitos outros.

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Ouviram o som de uma trombeta tocando e Selene procurou em volta. Viu que era um centauro por cima de uma grande rocha, há vários metros de distância dali. Sentiam o vento fresco batendo no rosto, jogando os cabelos para trás, enquanto observavam a linda paisagem da real Nárnia, sem nenhuma neve. Um riacho no canto, árvores com flores e folhas novinhas. Selene e Lúcia andavam um pouco afastadas dos outros, mais encantadas com tudo aquilo. Ouviram um som diferente atrás de si, um som de folhas voando em uníssono.

As duas se vivaram e viram as folhas de um lindo ipê rosa voando, se aproximando, e formando o corpo de uma mulher, que acenavam para elas. Lúcia acenou de volta, sorrindo, mas Selene apenas assentiu em respeito e cumprimento. Lúcia ouviu seu irmão chamando, deu uma última olhada para a mulher formada de flores e puxou Selene pelo pulso. Os irmãos Pevensie se aproximaram da tenda principal, com os castores ao lado e a feiticeira atrás. Todos os narnianos que ali estavam, paravam o que quer que faziam e os olharam surpresos, seguindo-os em direção a tenda onde Aslam repousava.

– Por que estão olhando para nós? – perguntou Susana, disfarçando a fala com um sorriso.

– Talvez achem você engraçada. – disse Lúcia, fazendo Susana sumir com o sorriso e Pedro e dar uma risada.

A Sra. Castor começou a ajeitar o pelo.

– Ei! – disse o Sr. Castor. – Deixe de bobagem. Você está linda.

Eles pararam em frente à grande tenda, onde todos se reuniram ao seu redor e um centauro, provavelmente o comandante, deu algumas trotadas à frente.

Pedro desembainhou a espada e a estendeu à frente, em sinal de respeito.

– Nós viemos para ver Aslam. – disse.

Não foi preciso o centauro se pronunciar. A entrada da tenda se remexeu e uma grande pata dourada a abriu. Todos os narnianos ali presentes se ajoelharam de frente para a tenda. Logo após saiu um grande e majestoso leão dourado. Os viajantes humanos e a feiticeira também se ajoelharam em sinal de respeito para aquele que claramente era o comandante de tudo ali.

– Bem-vindo Pedro, Filho Adão. – disse o leão com uma voz grave. – Bem-vindas Susana e Lúcia, Filhas de Eva. Bem-vinda Selene, Feiticeira da Neve. E sejam bem-vindos, castores. Agradeço a vocês. Mas onde está o quarto humano?

Os visitantes se levantaram e Pedro se pronunciou.

– Por isso viemos, senhor. Precisamos de ajuda.

– Nós... – começou Susana. – Tivemos um problema pelo caminho.

– Nosso irmão foi capturado pela Feiticeira. – disse Pedro.

– Capturado? – perguntou Aslam. – Como aconteceu?

– Ele... – disse o castor. – Os traiu, Majestade.

Houve murmúrios por toda a parte.

– Então traiu todos nós! – exclamou o centauro comandante.

– Paz, Oreius. – disse Aslam. – Sei que existe uma explicação.

– Foi minha culpa. – disse Pedro. – Fui severo com ele.

– A culpa é de todos nós. – disse Susana.

– Senhor, ele é nosso irmão. – disse Lúcia ao leão.

– Eu sei, minha querida. Mas isso torna a traição pior ainda. Será mais difícil do que pensam.

~*~

Cada um foi procurar seu próprio canto, mas Selene, porém, estava indecisa. Cumprira o que prometera a Tumnus antes de ser trancada em sua caverna. Levara Lúcia e seus irmãos até Aslam, mas ela não tinha mais nada a fazer ali. Ela sabia disso. Todos por quem ela passava naquele acampamento sempre tinham reações diversas à sua presença. Uns cochichavam, outros a encaravam e alguns simplesmente a ignoravam. Não que ela não esperasse. Ela sempre ajudou os narnianos, mas nem todos tinham algum crédito com ela. Além disso, ela sempre seria a irmã mais nova daquela que destruiu o reino deles. Não havia como mudar a realidade.

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Então não foi muito difícil tomar sua decisão. Saiu da tenda com um vestido branco mais leve, um cinto onde tinha repousada a espada, o vidro de gelo e o punhal. Tinha os cabelos negros presos em uma trança elaborada, feita por uma dríade, e uma capa cinza clara cobrindo as seus ombros. O inverno eterno finalmente acabara, mas por mais que a primavera narniana afetasse mais à sua irmã, os raios solares ainda prejudicavam sua pele branca como neve. Mas ela não se importava com isso no momento. Ela simplesmente colocou o capuz cobrindo seus cabelos e fazendo sombra em seu rosto e caminhou até a orla da floresta. Ali ninguém precisaria dela, então não perceberiam se ela saísse para ir atrás de um lugar onde ficaria sozinha dali em diante.

Sabe bem que não precisa ir.– ela ouviu uma voz grave atrás de si e parou. Já tinha adentrado boa parte da floresta, mas ainda ouvia o burburinho do acampamento.

– Eu preciso. - ela disse, virando-se para Aslam. Ainda sentia todo o poder e magnitude exalando dele e sentia-se fraca em comparação. - Meu lugar não é entre os narnianos.

– Está enganada. - disse Aslam firmemente. - Você tem um merecimento maior do que muitos narnianos presentes.

Selene, sem graça e desconcertada, abaixou a cabeça e encarou o chão à sua frente.

– Você fez coisas incríveis em favor do meu povo - continuou o leão -, mesmo sendo irmã de quem é. Família é importante, mas não pode-se fazer o desejo de alguém, quando sabe o que é o certo. Você mostrou ser digna do título que tem.

– M-mas... - ela gaguejou, receosa, mas foi interrompida.

– A Feiticeira não é, e nunca foi a Rainha de Nárnia. - disse Aslam, convicto. - Mas você, Selene, sempre será a Princesa de Nárnia.

Selene sorriu, mesmo envergonhada com tal elogio do Grande Leão.

– Mas nunca serei aceita.

– São coisas que levam tempo. - disse Aslam, sorrindo. - Se decidir por ficar, mostrará seu valor ainda antes do que espera, e encontrará sua verdadeira felicidade.

– Minha verdadeira felicidade? - ela perguntou, confusa e atônita.

– Saberá na hora certa.

Selene estava prestes a perguntar o que aquilo queria dizer quando ouviu um som de trombeta. Ela - com a espada já desembainhada - e Aslam correram até a margem do rio, com outros que se juntaram a eles no caminho, e encontraram dois lobos da Feiticeira Branca. Oreius, o centauro, apareceu pronto para matar o lobo chefe, mas Aslam o impediu.

– Não. Guardem as armas. – disse aos outros que apareceram em auxílio. – Esta batalha é de Pedro.

Selene embainhou a espada, mas avançou um passo.

– Pedro, ataque! - instruiu ela, sabendo que se Maugrin tivesse uma única brecha, iria despedaçá-lo com os dentes sem piedade.

– Ah, a pequena traidora! - grunhiu Maugrin. - Abandonar sua própria irmã para o inimigo!

– Minha própria irmã que está me caçando! - argumentou Selene, e virou-se para o loiro, que estava com a espada meio tremida nas mãos. - Pedro, vai! Você pode fazer isso!

– Ele não é capaz... - disse Maugrin. - Pode pensar que é rei, mas você vai morrer... Como um cão!

E pulou sobre Pedro. Mas o menino foi mais rápido, empunhando a espada mais acima, acertando o abdômen do animal, mas ainda assim, sendo derrubado.

– Pedro! – Lúcia gritou.

As duas pularam da árvore e correram até o irmão, retirando o corpo do lobo de cima dele. Pedro levantou-se, atordoado, e foi abraçado pelas irmãs.

Aslam soltou o lobo que prendia, que fugiu rapidamente.

– Atrás dele. – ordenou aos narnianos que ali estavam. – Vai levá-los a Edmundo.

Oreius assentiu e trotou atrás do lobo juntamente com um grande grupo de faunos e leopardos. Selene estava prestes a seguí-los, quando Aslam a impediu.

– Eles vão conseguir trazê-lo. - disse Aslam a ela, antes de se virar para o loiro. Pedro. Limpe sua espada.

Depois de feito isso, Pedro fincou a espada sobre a grama e se ajoelhou em frente à Aslam.

– Levante-se, Sir Pedro, Ruína dos Lobos... Cavaleiro de Nárnia.