— O que foi que você disse? — perguntou Ralph, a cara toda contorcida de raiva.

Kenrick engoliu em seco.

— Disse que você é um babaca, Lestrange. — afirmou ele, a voz firme. — Você até era tolerável quando o conheci, mas agora passou dos limites. Paige não fez nada para você! Como ousou machucá-la?

Ralph pareceu se inflamar com aquele comentário. Ele apontou a varinha para Kenrick.

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— Já chega! — irritou-se ele. — Avada...

— Não! — Liadan correu para perto de Ralph, interrompendo-o. — Não! Ralph, acalme-se! Por favor!

Quem diria. Liadan Blackwood estava impedindo uma briga, ao invés de incentivá-la.

— Foi você — disse Ralph, dirigindo-se a Kenrick, ignorando Liadan. — Foi você que trocou a poção de Greyback e causou sua morte. Queria eliminá-lo, pois ele era o mais forte de todos, não é? Queria desestruturar o grupo, roubar minha liderança.

— O quê? Eu não...

— Você é inteligente, Kenrick. Sempre pareceu não ligar para nada, quando no fim das contas estava tentando me derrubar.

— Não fui eu...

— Não negue! Não sei com o que estava na cabeça quando o convidei para vir para cá...

— Quer saber?! — indagou Kenrick, gritando. — Eu não vou aguentar mais isso. Vou embora daqui. Você e seu grupo ridículo que se danem, eu me viro sozinho.

O garoto se virou para sair. Paige estava no chão ao lado da escada, e começava a abrir os olhos. Kenrick parou subitamente, e se ajoelhou novamente para ela.

— Paige — chamou ele, sussurrando. — Nós vamos embora. Levante-se...

— O quê? — perguntou a garota, confusa. — Embora? Para onde?

— Não sei. Qualquer lugar. Vamos, não quero deixar você aqui...

A menina agora parecia completamente acordada.

— Não! Não, eu não vou embora, eu não posso ir embora. Não posso deixar Ralph...

— O Ralph enlouqueceu — disse ele, virando-se para trás e encarando-o severamente. — Precisamos ir embora...

Ralph Lestrange os observava como se tudo fosse um teatrinho infantil.

— Vocês não podem ir embora — disse ele.

— Pois nós vamos — cuspiu Kenrick com desdém. — Levante-se, Paige...

A garota ficou de pé e passou a mão pela cabeça dolorida.

— Não — disse ela. — Não, eu não vou embora.

As sobrancelhas de Kenrick se arquearam de confusão.

— Mas Paige, Ralph acabou de te estuporar...

— Não importa, eu vou ficar. — afirmou ela com convicção. — Ralph é meu Senhor.

Kenrick estava boquiaberto.

— Eu pensei que você fosse minha amiga, e...

— Ela não é sua amiga, idiota — confessou Ralph, sorrindo perversamente para o garoto. — Mandei ela te espionar, a fim de saber se você era o culpado pela morte de Greyback.

— O quê? — Kenrick simplesmente não podia acreditar naquilo. A amizade que tinha conquistado com Paige era falsa? Todas as conversas, as risadas... era tudo mentira? O estômago dele se embrulhou de náuseas, e sua garganta se fechou.

— Se quer saber de uma coisa, Ralph — conseguiu falar ele, com um pouco de dificuldade. — Não fui eu quem trocou a poção de Greyback. Foi Liadan...

A irmã dele arregalou os olhos, subitamente ansiosa.

— Não tente jogar a culpa nela — disse o Lestrange, um leve sorriso na direção da garota. Como ele pode ser tão estúpido?, pensou Kenrick.

— Liadan — chamou ele. — Liadan, diga que foi você. Diga, Liadan...

A garota não abriu a boca. Pelo menos teve a cortesia de corar um pouco.

— Está bem — disse Kenrick, abatido por todas aquelas mentiras. Ele estava sozinho agora. Como sempre fora, e como sempre seria. — Ninguém precisa de mim, aqui, pelo visto. Querendo ou não Lestrange, eu vou embora.

O outro garoto balançou a cabeça negativamente.

— Não vai, não. — e apontou sua varinha para o Blackwood.

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Antes que pudesse pronunciar alguma coisa, Liadan foi até Ralph e encostou sua boca no ouvido dele, sussurrando alguma coisa que Kenrick não pôde ouvir bem. Ralph riu com o comentário e baixou a varinha.

— Vá então, Blackwood — disse ele. — Seu destino no mundo bruxo será pior do que a morte.

Kenrick não pensou duas vezes. Deu meia-volta, subiu as escadas e caminhou para seu quarto. Arrumou suas poucas coisas na mochila, deu uma última olhada para o cômodo e desaparatou, sem se despedir de ninguém.