Acordo com a luz do sol batendo no meu rosto, ela me incomoda, mas resolvo permanecer deitada. Sabe, nunca me imaginei como estou hoje, mesmo depois de tanto tempo, mesmo depois de tudo o que passou.

Olhando para tudo o que conquistei, eu realmente sinto que não mereço tudo isso, até acho que conquistar não seria a palavra que se encaixa nessa frase, acho que ganhar se encaixaria melhor.

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Nós, semideuses, não temos muita expectativa de envelhecer, casar, ter filhos e todas essas coisas que qualquer adolescente normal sonha um dia, então realmente tenho muita sorte.

Mesmo tendo me afastado por um tempo de todas as pessoas que me fizeram algum bem - e até mesmo mal– estou mais feliz que nunca agora que os nossos laços estão mais fortes do que nunca.

Se eu me arrependo de muitas coisas que fiz? Com certeza, fiz coisas que me envergonho e arrependo profundamente, mas isso são apenas pequenos detalhes que estou consertando com o passar do tempo. Se eu fosse ficar perdendo tempo pensando no que eu poderia ter feito, não vou ficar animada pensando nas coisas que eu ainda posso fazer.

Se ainda tenho problemas? É claro, os monstros– da mitologia e da vida real por assim dizer - não desapareceram com o passar dos anos, mas agora estão mais fáceis de lidar.

Levanto e sigo em passos lentos para o quarto ao lado. Me aproximo lentamente do pequeno berço branco que reside no meio do quarto e observo aquele pequeno ser dormir tranquilamente, meu maior presente.

Só eu sei o que passei para colocar aquele pequeno ser no mundo, mas olhando aquele rosto tão pequeno e delicado, vejo que cada esforço valeu a pena. Sorrio.

Sorrir. Uma ação tão normal e natural para as pessoas que agora executo muitas vezes por dia.

Sinto alguém me abraçar por trás.

Viro o rosto e olho para ele, nunca imaginei que terminaríamos juntos, e, deuses, o tempo só o fez bem.

Nem eu sei o sufoco que ele deve ser passado para namorar comigo, até porque eu nunca fui uma pessoa fácil de se lidar. Sorrio com esse pensamento.

– Porque está sorrindo? - pergunta ele confuso.

– Nada amor - repondo - vamos voltar a dormir.

Deitada na cama novamente, me sinto finalmente completa, e quero sentir isso até o último dia da minha vida.